por Talis Andrade
No espelho dos teus olhos
o desejo de me ver
que seja uma única vez
Eu pago o preço
mesmo que custe
o temido castigo
de ter os olhos
para sempre vendados
com uma faixa tecida
por hábil tricotadeira
todos os dias
ajoelhada
com as companheiras
junto à guilhotina
alegre vivandeira
do terror
o terror político
transformado
em espetáculo
O rosto voltado
para a terra
a cabeça decepada
em um só golpe
a cabeça jogada
no cesto forrado
com seco capim
para absolver
o sangue golfado
No horrendo cesto
sanguinoso cesto
em que revoam
um enxame de almas
a cabeça mumificada
por Davir
os olhos abertos
revirados de cego
que mais desejam ver