Grécia. O nazismo e o movimento antifascista

O crescimento da Aurora Dourada

por Ricardo Cabral Fernandes

Manos Symeonakis

Manos Symeonakis

Em período de estabilidade e legitimidade do sistema político e de crescimento económico as forças políticas de extrema-direita costumam situar-se à margem da competição eleitoral, pois os seus discursos de ódio e de violência afastam o eleitorado. No entanto, perante uma situação de instabilidade e deslegitimação do sistema político e confrontados com uma severa crise económico-financeira e social estes partidos têm um terreno fértil para crescerem por se assumirem como forças anti-sistema e capitalizarem o descontentamento, principalmente entre o eleitorado de direita e de centro-esquerda. As causas económicas não explicam por si só a ascensão da extrema-direita, tendo também de ser contempladas as causas políticas sistémicas.

À medida que a crise económico-financeira e social grega se foi acentuando depois dos Memorandos com a troika, o Aurora Dourada, um partido que se inspira claramente na ideologia nacional-socialista, obteve um crescimento eleitoral que surpreendeu, ao mesmo tempo que consolidava a sua implantação na sociedade grega, principalmente nos bairros mais atingidos pela pobreza e desemprego. A sua ascensão eleitoral começou com a eleição do seu líder, Nicos Michaloliakos, para o Conselho Municipal de Atenas nas eleições autárquicas de 2010 com 5,29% dos votos. Nas eleições seguintes o partido continuou a sua ascensão, tendo-a consolidado. Nas eleições legislativas de Maio de 2012 elegeu 21 deputados (6,97% dos votos) e nas de Junho do mesmo ano elegeu 18 deputados (6,92%), fortalecendo a sua posição eleitoral e parlamentar mesmo que tenha perdido três deputados. Pela primeira vez desde o pós-guerra um partido de extrema-direita tinha entrado num parlamento nacional europeu, afirmando-se como a terceira maior força política parlamentar do sistema político grego. Ao mesmo tempo o bipartidarismo grego, entre o Nova Democracia e o PASOK, colapsava, originando novos fenómenos políticos, como a ascensão do Syriza como segunda maior força parlamentar. Nas eleições autárquicas de 2014 o Aurora Dourada conseguiu eleger deputados municipais para todas as autarquias em que apresentou listas eleitorais, o que demonstra o seu avanço em quatro anos: de apenas um lugar no Conselho de Atenas passou a ter deputados municipais em quase todas as autarquias. Nas eleições europeias e legislativas de Janeiro e Setembro de 2015, o Aurora Dourada continuou a consolidar-se eleitoralmente, mesmo sendo alvo de processos criminais após a morte do rapper antifascista Pavlo Fyssas em Setembro de 2013. Nas eleições europeias elegeu três eurodeputados (9,4%), nas legislativas de Janeiro elegeu 17 deputados (6,28%) e nas de Setembro de 2015 18 (6,95%). Estes resultados demonstram que o Aurora Dourada conseguiu consolidar o seu sucesso eleitoral apesar do assassinato de Pavlo Fyssas, dos respectivos processos criminais que alguns dos seus dirigentes de topo são acusados, incluindo o seu líder, por criarem uma organização criminal e pelas declarações de responsabilidade política no assassinato de Fyssas dois dias antes das eleições de Setembro de 2015. Os resultados eleitorais do partido apesar de todos estes acontecimentos são deveras preocupantes, pois demonstram possuir um eleitorado fiel e não volátil.

Aurora Dourada: nascimento, ideologia e actividades
Símbolo oficial da Aurora Dourada grega

Símbolo oficial da Aurora Dourada grega

É importante referir que o Aurora Dourada recupera a cultura autoritária que caracteriza certos períodos da História contemporânea grega: a brutal ditadura do general Ioannis Metaxas (1936-41), a ocupação nazi e o colaboracionismo de certos sectores da direita grega com os ocupantes (1941-44) e a ditadura dos Coronéis (1967-74). As forças fascistas, mesmo tendo sido durante muito tempo residuais e desagregadas, sempre estiveram presentes na política grega, sendo que muitos dos seus apoiantes se encontravam no principal partido de direita, o Nova Democracia. No entanto, com a questão da Macedónia, os discursos nacionalistas ganharam novo ímpeto e com eles as forças de extrema e direita-radical. É na década de 90 que se começa a assistir a um fortalecimento, ainda que residual, das forças fascistas na Grécia. E foi precisamente neste período que o movimento antifascista começou a assumir uma posição cada vez mais essencial na contenção destas forças, mesmo que o próprio movimento não possuísse tanta força como actualmente.

Em Setembro de 2000, com a cisão de uma parte da ala mais radical do Nova Democracia, encabeçada por Georgios Karatzaferis, e a criação de um novo partido de direita radical, o LAOS, a convergência das forças de extrema e direita-radical deu um grande passo. Entre 2000 e 2010 era comum membros do Aurora Dourada integrarem listas eleitorais do LAOS. No entanto, a crescente ascensão do Aurora Dourada e o apoio do LAOS ao Memorando de Entendimento (2010) e ao governo tecnocrata de Lucas Papademos, em 2011, criaram divergências entre os seus militantes e prejudicaram este último em termos eleitorais, enquanto o primeiro crescia, ao mesmo tempo que absorvia alguns dos membros do primeiro. A extrema e direita-radical gregas foram-se concentrando no Aurora Dourada, mesmo com o aparecimento do ANEL de Panos Kammenos em 2010, após a cisão da sua ala com o Nova Democracia, após este ter apoiado e aplicado políticas de austeridade.

O Aurora Dourada nasceu nos ínicios da década de 80, assumindo-se como uma fractura do movimento neo-nazi 4 de Agosto. No início os seus membros apenas publicavam um boletim de ideologia nacional-socialista com pouco sucesso, mas rapidamente começaram a praticar acções violentas, comportando-se mais como um gangue do que como um grupo político, o que caracteriza em parte os neonazis. Foi então que decidiram criar a Associação Popular – Aurora Dourada em 1983, concorrendo pela primeira vez em eleições mais de dez anos depois, em 1994, e tendo obtido um resultado muito marginal na ordem dos 0,11% (7242 votos). Entre o período da sua fundação até às eleições de 2010 o Aurora Dourada oscilou frequentemente entre actividades de violência nas ruas e a disputa de eleições, sem nunca se conseguir impor em ambas as vertentes. No entanto, o despoletar da crise internacional e os seus efeitos na Grécia criaram novas oportunidades ao partido à medida que a deslegitimação do sistema político grego aumentava a par da crise social, ao mesmo tempo que foi consolidando a sua posição política face a outros partidos e militantes, albergando estes últimos. A forte imigração que a Grécia tem acolhido nos últimos anos foi também um factor importante de conquista do seu eleitorado. Como qualquer partido de extrema-direita, o Aurora Dourada culpabiliza a imigração pela crise, pela perda de postos de trabalho e pela severa situação social que a sociedade atravessa, originando um efeito spill-over aos restantes partidos da direita, como é o caso da Nova Democracia, que intensificou o seu discurso e políticas anti-imigração para não perder eleitorado para o Aurora Dourada. Este último conseguiu obter algum controlo sobre a agenda política grega, obrigando os partidos de direita a assumirem posições próximas das suas.

Nas mais de três décadas de bipartidarismo entre o Nova Democracia e o PASOK, os armadores e os empresários da construção civil (e o poder financeiro) financiaram continuamente as suas campanhas eleitorais com o objectivo de influenciar (ou controlar) os governos para se protegerem contra o pagamento de impostos. Historicamente os armadores são um dos poderes privados mais poderosos na Grécia por causa da importância da posição geopolítica do país, possuindo a segunda maior frota mercante do mundo. Já os empresários da construção civil expandiram os seus negócios no país, principalmente após a entrada da Grécia na União Europeia e, mais tarde, com a entrada na zona euro e as respectivas taxas de juro baixas, criando uma bolha imobiliária. Mas com a crise económico-financeira, a aplicação das políticas de austeridade, o acentuar das manifestações dos movimentos operário e social, o colapso do bipartidarismo e a ascensão do Syriza, os armadores e os empresários começaram a financiar o Aurora Dourada para fazer pela via da violência o que os partidos do “arco da governação” não conseguiam. O Aurora Dourada começou a reprimir especificamente os trabalhadores grevistas, os sindicalistas e os militantes de Esquerda de forma violenta com os seus Esquadrões de Ataque, quer de dia quer de noite, sem o poder político reagir. Se os partidos tradicionais não conseguiam travar o movimento operário e a ascensão de uma força política de Esquerda Radical, então os armadores e empresários decidiram apoiar o Aurora Dourada para salvaguardaram a sua taxa de acumulação e os seus privilégios, o seu poder na sociedade grega. Todas as ditaduras na Grécia contaram com o apoio dos armadores, bem como da banca grega.

Com mais dinheiro o partido pôde intensificar a sua propaganda e estruturas locais, dando-se a conhecer às camadas mais desfavorecidas da sociedade grega. À medida que se foi consolidando e os partidos de direita-radical, como o LAOS, foram perdendo eleitores em seu favor, foram ganhando eleitorado, entrando primeiro no Conselho de Atenas e depois no parlamento grego. Com os financiamentos parlamentares fortaleceram ainda mais a sua máquina partidária e propagandística, criando distribuições de roupas e alimentos e uma rede de “solidariedade” chamada “Médicos Gregos” – mas apenas para os “gregos” que o provem ser – e um site on-line, onde todos os dias publicam notícias sobre as suas actividades. Uma das alterações do partido em termos propagandísticos foi o investimento na propagação das suas ideias racistas, nacionalistas, homofóbicas, xenófobas, entre outras, através das redes sociais e das novas tecnologias para chegarem aos jovens, principalmente aos estudantes. No entanto, desde que alguns dos dirigentes superiores, e o partido no geral, se confrontam com processos criminais que as verbas de financiamento do parlamento foram cortadas, o que lhes dificultou o financiamento e, por inerência, a realização de actividades.

As principais características do partido são: grande concentração de poder no líder, o fuhrer Nicos Michaloliakos; forte inspiração no nacional-socialismo; a defesa da superioridade da nação helénica e na separação entre pessoas por meio de identidades étnicas, como raça, sangue e credo religioso; um severo discurso anti-política e sistema; e a rejeição da democracia substantiva. Todas estas características permitem, de acordo com a constituição grega, ilegalizar este partido, acção que os anteriores partidos do “arco da governação” decidiram não encetar. No entanto, podemos ainda acrescentar uma outra característica que poderá, eventualmente, colocar em risco a democracia-liberal grega: a influência que o Aurora Dourada possui entre o aparelho repressivo do Estado, as forças políciais e armadas. São comuns os relatos de o partido e as forças policiais se comportarem de uma forma que parece que trabalham de forma algo coordenada ou, no mínimo, permissiva. É comum as forças de extrema-direita, que possuem um discurso e práticas militarizadas, terem influência nas forças policiais e armadas, principalmente nestas últimas se no passado intervieram na política através de golpes de Estado, como é o caso da Grécia. Um dado concreto é o facto de nas eleições as forças policiais votarem em locais distintos dos restantes eleitores, o que permite apurar directamente o número de votos que vão para a Aurora Dourada no seio da polícia. De acordo com um militante antifascista, se naquele distrito os votos no partido se situam entre os 4%na generalidade dos eleitores, então entre a polícia serão aproximadamente 8%. Ou seja, a polícia vota o dobro no Aurora Dourada que os restantes eleitores dos vários distritos, principalmente entre as forças de intervenção. A permeabilidade das forças policiais aos ideais nacionais-socialistas do Aurora Dourada é uma questão a ter em conta.

Perante uma situação de instabilidade e deslegitimação do sistema político, uma severa crise económico-financeira e social comparável à da Alemanha pós-guerra e a ascensão de um partido neonazi como o Aurora Dourada, são cada vez maiores as especulações sobre se estaremos, ou não, a assistir à “Weimarização” da Grécia.

Escrito a partir de Salónica, Grécia

Cuando lo mataron, la gente de aquí – no los italianos y mucho menos el Vaticano – los salvadoreños, nuestros pobres, dijeron inmediatamente: “¡Es santo!”.

Jon Sobrino: Hace tiempo nos pusimos en guardia para que no beatifiquen a un monseñor Romero aguado
 Allan Macdonald

Allan Macdonald

por Alver Metalli
Tierras de América
En el Centro Monseñor Romero, plantado en el corazón de la Universidad Católica, Jon Sobrino se mueve como si danzara. Lo fundó después de la masacre de sus hermanos jesuitas –”no terminé como ellos sólo porque estaba en Tailandia”, recuerda- y a él se dedica como si fuera la última misión de su vida, que ya llega a los 77 años. Un promedio de unos veinte años más de lo que vivieron Ignacio Ellacuria y sus compañeros, derribados por balas asesinas el 16 de noviembre de 1989.

Jon Sobrino conoce muy bien las resistencias, las acusaciones de izquierdista y filoguerrillero que llovían contra Romero en El Salvador y que recibían oídos condescendientes en Roma. Por eso no puede dejar de alegrarse por la beatificación. Pero no es así. O por lo menos tiene que puntualizar muchas cosas al respecto.
Le preguntamos si hace unos años hubiera imaginado que llegaría un día como hoy, como el sábado 23 de mayo, para ser exactos. En la sala principal del mausoleo de los “mártires de la UCA”, agita el cuerpo delgado y suelta un provocatorio “Nunca me interesó”. Vuelve a repetirlo, para que quede bien claro. “En serio… lo digo en serio: nunca me interesó la beatificación de Romero”.

Esperamos la aclaración. Debe haber una, lo que acaba de decir no pueden ser sus últimas palabras. “Cuando lo mataron, la gente de aquí –no los italianos y mucho menos el Vaticano- los salvadoreños, nuestros pobres, dijeron inmediatamente: “¡Es santo!”. Pedro Casaldáliga cuatro días después escribió un gran poema: «¡San Romero de América, pastor y mártir nuestro!”. Recuerda que también Ignacio Ellacuría, abatido a pocos metros del lugar donde nos encontramos, “tres días después del asesinato de Romero celebró misa en un aula de la UCA y en la homilía dijo: “Con monseñor Romero Dios ha pasado por El Salvador”.

Respira hondo como si le faltara el aire. “Eso sí. Nunca hubiera imaginado que alguien pudiera decir algo así. Que lo beatifiquen está bien; tardaron 35 años, pero no es lo más importante”. Se asegura de que el interlocutor haya recibido el golpe. “¿Entiendes lo que te estoy diciendo?”, exclama dibujando una sonrisa indulgente en sus labios finos.

Por toda respuesta recibe otro pedido de explicación. “Se entiende que no lo convence algo de lo que está ocurriendo…”. Cerca de nosotros están descargando los paquetes con el último número de Carta a las Iglesias, la revista que él dirige. “Está bien que lo beatifiquen, no digo que no, pero me hubiera gustado que fuera de otra manera… y todavía no sé lo que va a decir el cardenal Angelo Amato pasado mañana; no sé, no sé si sus palabras me van a convencer o no”.

Pero Sobrino no podrá escuchar la homilía del Prefecto que viene de Roma, o no quiere escucharla. “Sabemos que se va, que ha programado un viaje y que el sábado no estará en la plaza junto con todos. ¿Lo hizo a propósito?”.

Demora en responder, como si se estuviera preguntando cómo se supo. Después llega la aclaración: “Voy a Brasil, porque en Río de Janeiro se celebran los 50 años de la revista Concilium. He trabajado en esa revista los últimos 16 años. Debo dar un discurso y me retiro de la revista. La beatificación coincide con este encuentro. No es que me vaya, veré por televisión la ceremonia de beatificación y un poco antes del mediodía iré al aeropuerto”.

Dieciséis años en Concilium y Sobrino que se retira el día de la beatificación de Romero. Esto también es una noticia.

En la pared que tenemos delante, los “Padres de la Iglesia latinoamericana” escuchan muy serios. La galería comienza con monseñor Gerardi, asesinado en Guatemala en 1998, y prosigue con el colombiano Gerardo Valente Cano, el argentino Enrique Angelelli asesinado en 1976, Hélder Pessoa Câmara, brasileño en olor de santidad, el mexicano Sergio Méndel Arceo con otro compatriota al lado, Samuel Ruiz, y el ecuatoriano Leónidas Proano, seguidos por monseñor Roberto Joaquín Ramos (El Salvador 1938-1993) y el padre Manuel Larrain, chileno y fundador del CELAM, para terminar con el sucesor de Romero, el salesiano Arturo Rivera y Damas, figura clave en la historia de Romero e injustamente ignorado en las celebraciones de estos días.

El sábado al mediodía, según el programa que difundió el Cominé para la beatificación, se debería leer el decreto que incluirá formalmente al siervo de Dios Óscar Arnulfo Romero y Galdámez entre los beatos de la Iglesia Católica. Probablemente Jon Sobrino no tendrá tiempo de escucharlo. Pero no le preocupa. Explica en cierta forma sus razones presentando el material de Carta a las Iglesias año XXXIII, número 661, que lleva en la tapa un mural que representa a Romero llevando de la mano a la hija de un campesino que acaba de cortar con una hoz un racimo de bananas.

“Dos artículos son críticos. El padre Manuel Acosta critica la actuación de la comisión oficial de preparación de la beatificación. Luis Van de Velde es más crítico con la jerarquía. Se pregunta si monseñor Romero se reconocería el día de su beatificación. Hace tiempo que pusimos en guardia para que no beatifiquen a un monseñor Romero aguado. Existe ese riesgo; esperemos que beatifiquen a un Romero vivo, más cortante que una espada de doble filo, justo y compasivo”.

La ropa que vestían los jesuitas amigos y colegas suyos el último día de su vida se exhibe colgada en una vitrina de la sala contigua, como si estuviera en un armario. La sotana marrón de Ellacuría, un albornoz, un par de calzoncillos un poco amarillentos, todos perforados por los proyectiles que los militares no se molestaron en ahorrar. Resuta natural pensar en ellos y en el proceso de su beatificación que empezó hace poco.

“Eso tampoco me preocupa”, exclama Sobrino. “Estaba en Tailandia ese día y por eso no me mataron. He visto correr la sangre de mucha gente en El Salvador, no me interesan las beatificaciones, espero que mis palabras ayuden a conocer más y mejor a Ellalcuría, tratamos de seguir su camino. Éso es lo que me interesa”.

¿Ni siquiera una señal de reconocimiento para el Papa argentino que impulsó la causa de Romero? “No, no me interesa aplaudir, y si aplaudo no es por el hecho de que el Papa sea argentino o jesuita, sino por lo que dice, por la manera como se comportó en Lampedusa, por ejemplo. Lo que me interesa es que haya alguien que diga que el fondo del Mediterráneo está lleno de cadáveres. Yo no aplaudo la resurrección de Jesús. Aplaudir no es lo mío”.

La atención se dirige ahora a pasado mañana. “He visto horrores que nunca se denunciaron, como los denunciaba monseñor Romero. Veremos si el sábado resuenan sus palabras”. Para estar seguro de que no lo malinterpreten, Jon Sobrino las recita de memoria: “En nombre de Dios y en nombre de este pueblo sufriente, les pido, les ruego, les ordeno en nombre de Dios que termine la represión”. Ésto se lo escuché a él y me quedó grabado en la cabeza”.

El resto de su pensamiento sobre Romero, un Romero “no edulcorado”, el Romero “real”, se encuentra en el artículo que escribió para la Revista latinoamericana de Teología de la Universidad Católica, en cuyo comité de dirección figuran entre otros Leonardo Boff, Enrique Dussel y el chileno Comblin.

“Muestro lo que monseñor Romero sintió y dijo en el último retiro espiritual que predicó un mes antes de ser asesinado; después ofrezco tres puntos de reflexión que considero importantes. Recuerdo que un campesino dijo:

“Monseñor Romero nos defendió a los pobres; no solo nos ayudó, no solo hizo la opción por los pobres, que eso ya es un eslógan. Salió a defendernos a los pobres. Y si uno viene a defender es porque alguien necesita que lo defiendan, y necesita defensa el que es atacado. Por eso –dijo con segura certeza este campesino- lo mataron. Madre Teresa que era buena y no molestaba a nadie, recibió el premio Nobel; monseñor Romero que dio fastidio, no recibió ningún premio Nobel”.

A traição da Força Sindical, uma central de trabalhadores que defende o emprego terceirizado

OLIVEIRA terceirização apatia povo

A Força Sindical é uma central de trabalhadores, que conta com 445 entidades associadas, e 4.215.927 trabalhadores na base. Esses trabalhadores estão sendo traídos por pelegos sindicais nazi-fascistas.

A Força Sindical tem como presidente o deputado direitista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, um dos fundadores e presidente do partido Solidariedade, que apresentou o pedido de urgência para votação da lei da terceirização na Câmara dos Deputados.

E junto com o PMDB, liderado por Eduardo Cunha, e com o PSDB e outros partidos da direita e da extrema direita, aprovaram o emprego terceirizado, isto é, a terceirização geral, ampla e irrestrita, criando um novo tipo de escravidão do trabalhador brasileiro.

Aroeira

Aroeira

O apoio da Força Sindical vem sendo explorado pela imprensa conservadora. Diz o jornal Zero Hora, de Porto Alegre, na sua primeira página: “Terceirização vira temas de palanques no Dia do Trabalho.

Em eventos da Força Sindical, em São Paulo, oposição ataca Planalto e defende projeto da terceirização”.

Oposição representada pelo Paulinho da Força e do Solidariedade, e pela presença de Aécio Neves do PSDB.

BRA_ZH terceirização palanque primeiro maio

1º de Maio, terceirização e compromisso com os trabalhadores e com o Brasil

por Jacy Afonso de Melo

A evolução das relações sociais apontam que a terceirização adequa a força de trabalho, fonte de criação de riquezas, aos interesses do mercado e ao fomento da lucratividade das empresas. Potencializa a desigualdade social e

Aprovado pela Câmara dos Deputados com truculência, apesar da resistência de organizações sociais e de trabalhadores lideradas pela CUT, ao retirar os freios colocados para a contratação de terceirizados, o PL 4330 libera-a também para as atividades fins, mercantilizando ainda mais o trabalho humano e fragmentando profundamente os rotos laços de solidariedade do processo civilizatório. A ampliação da terceirização é mais um item do retrocesso social escancarado no Brasil após as eleições de 2014, quando o conservadorismo fez crescer suas garras na sociedade brasileira.

O debate sobre a terceirização tem sido apresentado somente como uma disputa entre trabalhadores e empresários. Evidentemente que é fundamental o destaque de que a terceirização ampla e sem critério implica em maior degradação do nível de relacionamento entre empregado e empregador, desestruturando as categorias e enfraquecendo o movimento sindical. O terceirizado, além de receber salários inferiores, é o maior afetado por doenças e acidentes de trabalho, não se identifica com as categorias profissionais da empresa tomadora de serviços e tampouco com os da empresa empregadora, que nem sempre tem um ramo de especialidade, simplesmente fornecendo mão-de-obra. Essa situação mercantiliza o trabalho e desconsidera as relações do processo civilizatório jogando a todos na selva do salve-se quem puder.

A maioria das pessoas assiste ao debate, como se não lhe dissesse respeito. Parece que não se sente desconfortável com o fato de que uma parcela significativa de trabalhadores e trabalhadoras está à mercê de explorações descabidas. Aparentemente, nem sequer percebe a possibilidade de ser atingido pelo processo terceirizador.

Infelizmente, a maior parte da população que exerce seu direito de voto não se vê como coautora do processo desrespeitoso e abusivo estabelecido na Câmara dos Deputados. É comum que ainda hoje muitos votem em pessoas e por outras motivações outras que não o compromisso solidário de escolher represenantes que defendem o interesse da maioria e não os de grupos específicos que, em geral, não veem os iguais seres humanos como merecedores de direitos. Achamos absurda a escravização de trabalhadoras e trabalhadores, mas não conseguimos associar que aqueles que defendem a terceirização representam segmentos que tiveram suas campanhas eleitorais financiadas por empresas que mantêm trabalho escravo. Coincidência? Claro que não! Pesquisas do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp apontam que 90% dos trabalhadores resgatados do trabalho escravo eram terceirizados.

Consequências da terceirização atingem toda a sociedade

As consequências da terceirização sem limites também serão sentidas em todo o lastro social.

Na economia, a diminuição do poder aquisitivo de um número muito maior de trabalhadores terceirizados, reduz a capacidade de compra e provoca a contração no ciclo econômico, o fechamento de postos de trabalho e o desemprego. O aumento dos acidentes de trabalho impulsiona o número de benefícios previdenciários que são resultados solidários da contribuição de todos nós.

Os direitos sociais serão atingidos frontalmente. Com a diminuição da massa salarial e os possíveis impactos nos programas sociais, as desigualdades e a discriminação serão aprofundadas, violando os direitos fundamentais e o princípio constitucional de que todos somos iguais.

No âmbito sindical, longe de resolver a questão da sua estrutura, a terceirização sem controle levará ao esfacelamento das representações. Afinal, a atividade da empregadora é fornecer mão-de-obra e os trabalhadores podem estar cada dia em uma tomadora de serviços diferente, inseridos em locais de trabalho distintos, convivendo com categorias diferenciadas e, portanto, sem identificação com o segmento econômico da empresa-cliente.

No campo público, terceirizar a atividade fim impacta na alocação de servidores, ampliando as possibilidades da contratação sem concurso público, conquista da cidadania contra o clientelismo e o nepotismo. Retira significativamente a transparência da gestão da administração pública.

Na educação, os efeitos da terceirização são sentidos há algum tempo. À medida que serviços como segurança, limpeza e alimentação passaram a ser realizados por terceiros, as preocupações aumentaram. A educação é responsabilidade de todos os que fazem parte do ambiente escolar. As relações estabelecidas com merendeiras, com o pessoal da limpeza e com os vigilantes também educam. A inclusão de empresas terceirizadas, com constante rotatividade de trabalhadores e trabalhadoras, não permite a criação de vínculos com os estudantes e gera insegurança, pois pessoas desconhecidas das crianças e que as desconhecem entram e saem constantemente do ambiente escolar. Pergunta-se: com a possibilidade de terceirizar todos os setores, os professores e professoras também serão substituídos sempre que for do interesse das empresas? Como fica o processo educativo diante de tantas incertezas?

A terceirização de atividades com finalidade pública causa estragos incalculáveis. Empresas como as de água e energia, originalmente públicas, passaram a vender suas ações a entes privados, abrindo espaço para que os acionistas contratem trabalhadores terceirizados, provocando intensa rotatividade dos profissionais especializados. Essa forma de trabalho não estabelece comprometimento contínuo com o local e a atividade e inviabiliza estudos sequenciais e aprofundados. Em consequência a avaliação das dificuldades, o planejamento ao longo prazo e a propositura de soluções para problemas atuais e futuros fica prejudicada. Exemplo concreto é o da Sabesp, que com 49% de suas ações nas mãos de grupos privados, não conseguiu estabelecer ações que inviabilizassem a crise hídrica enfrentada pelo Estado de São Paulo. Mesmo com o serviço público de distribuição de água comprometido, os acionistas não permitiram investimentos em obras, provocando o colapso da água. Mas a crise não inviabilizou que continuassem a receber seus dividendos independentemente de a população ter ou não acesso à água.

Está evidente que a terceirização, por exemplo de engenheiros, que são trabalhadores que exercem atividades-fim em empresas públicas de saneamento, água e energia elétrica, deixará essas instituições vulneráveis ao descompromisso social da iniciativa privada e sem condições de atender com qualidade as necessidades da população, que novamente pagará a conta.

Esses e outros exemplos apontam que a terceirização diz respeito efetivamente a toda sociedade, pois seus impactos nocivos se espraiarão por todos os aspectos de nossas vidas. Isso sinaliza que o modelo proposto no Projeto de Lei 4330 não é adequado à chamada “modernização” das relações de trabalho, não condiz com mudanças positivas na estrutura sindical e não considera os interesses fundamentais da sociedade brasileira.

A Plataforma da Classe Trabalhadora e o protagonismo da CUT

A CUT tem assumido a defesa intransigente dos direitos dos trabalhadores. Na luta contra ao PL 4330 capitaneou as negociações do projeto desde 2004, quando apresentado à Câmara dos Deputados. Costurando acordos na mesa quadripartite formada por representantes dos trabalhadores, empresários, legislativo e do governo federal, instalada em 2013, elaborou uma proposta sobre a regulamentação da terceirização no Brasil.

Para além do PL da terceirização, a CUT tem assumido o protagonismo no enfrentamento dos grandes temas nacionais, como o da reforma política, passo fundamental para pavimentar o caminho para outras como a tributária e a agrária. E não perde de vista a urgência da democratização dos meios de comunicação.

Essas mudanças são determinantes para a consolidação de um projeto de desenvolvimento capaz de ampliar a capacidade do Estado em investir em infraestrutura e em políticas públicas, especialmente as de educação, saúde, mobilidade urbana, segurança e proteção social. Atua ainda para a garanta e ampliação dos direitos conquistados e para o fortalecimento dos processos de democracia direta e participativa.

A CUT não aceita retrocessos. Por isso, além das lutas imediatas, a intensificação da estratégia organizativa e de lutas, construindo propostas e diretrizes para um projeto nacional de desenvolvimento é imperativa. A Plataforma da Classe Trabalhadora, lançada pela CUT em 2014, aponta ações fundamentais para construir um estado democrático com desenvolvimento sustentável, igualdade e inclusão social, e valorização do trabalho.

Conforme diz a apresentação do documento (que pode ser acessado aqui), “Convictos de que o pleno exercício da cidadania é essencial na formação da consciência crítica e da caminhada para uma nova sociedade, arregacemos novamente as mangas para mais uma árdua tarefa: disputar os rumos do Brasil”.

1º de Maio: A luta continua e se fortalece

Em 1886, realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago, com finalidade de reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias, pois já naquele tempo se trabalhava até doze horas por dia. Jornada próxima à realizada hoje pelos trabalhadores terceirizados. Esse ato teve a participação de milhares de pessoas e deu início uma greve geral nos Estados Unidos. Três dias depois ocorreram conflitos com a polícia que resultaram na morte de três manifestantes. Em 4 de maio uma nova manifestação foi organizada como protesto pelos acontecimentos dos dias anteriores. O lançamento de uma bomba por desconhecidos para o meio dos polícias que tentavam dispersar os manifestantes matou um agente. A polícia então abriu fogo sobre a multidão, matando dezenove e ferindo dezenas de manifestantes.

Três anos mais tarde, no dia 20 de junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu convocar anualmente uma manifestação para lutar pelas 8 horas diárias de trabalho. A data escolhida foi o 1º de Maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago. Em 1º de maio de 1891 uma manifestação no norte de França é dispersada pela polícia e resulta na morte de dez pessoas. Esse novo drama serve para reforçar o dia como um dia de luta dos trabalhadores. Meses depois a Internacional Socialista de Bruxelas proclama 1º de Maio dia como o dia internacional de reivindicação po condições dignas de trabalho.

Passados 129 anos do primeiro embate, a exploração capitalista se repete e se renova com o nome de reestruturação produtiva. Este tipo de organização do trabalho é pai da terceirização, do aprofundamento da exploração e da desqualificação dos serviços públicos. O modelo de sociedade em que estamos inseridos está organizado para fazer girar a engrenagem da economia e do lucro, atropelando, adoecendo e matando pessoas.

As reivindicações da luta daqueles trabalhadores do século XIX, por incrível que possa parecer, ainda persistem. Exigem maior comprometimento e solidariedade de classe, especialmente a partir da aprovação do Projeto da Terceirização. Mais do que nunca nosso papel de sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores, a CUT, é o de coordenar a resistência. A discriminação nos locais de trabalho e a diferenciação de tratamento, de salários e de benefícios, isolam pessoas de uma mesma classe, rompem os laços que os podem unificar. Estimula a acomodação e o desânimo, desencorajando trabalhadoras e trabalhadores para a luta por vida digna.

E cabe perguntar: A sociedade brasileira está disposta a lutar para que se cumpram os preceitos da “Constituição Cidadã” de 1988 que determina “construir uma sociedade livre, justa e solidária; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; e promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”? Ou os interesses econômicos particulares, as conveniências político-partidárias e as lógicas corporativas continuarão ditando nossos comportamentos e nos isolando mutuamente?

As respostas precisam ser imediatas e levando em consideração o que Kafka nos ensina: “A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana”. A consciência de classe é o que nos agrega, fortalece nossas lutas e nos faz avançar. Este 1º de Maio nos chama às ruas para construir a resistência e fortalecer a luta contra a terceirização e todas as outras formas de exploração. Mais que isso, a unificação da classe trabalhadora é imprescindível para ampliar direitos e conquistas para todas e todos.

terceirizado terceirização

TERCEIRIZAÇÃO Conheça o voto do seu deputado

Novo empregado apresentação por Eneko trabalho emprego

 

A Câmara dos Deputados aprovou na noite da quarta-feira 8, por 324 votos a favor, 137 contra e duas abstenções, o texto principal do projeto de lei que trata da regulamentação do trabalho terceirizado no Brasil. Os destaques e sugestões de alterações serão discutidos na próxima semana.

Apenas três partidos – PT, PCdoB e PSOL – orientaram seus parlamentares a votar contra o projeto. O Pros e o bloco formado por PRB, PTN, PMN, PRP, PSDC, PRTB, PTC, PSL e PTdoB liberaram as bancadas.

PSDB, PSD, PR, PSB, DEM, PDT, Solidariedade, PPS, PV e o bloco composto por PMDB, PP, PTB, PSC, PHS e PEN determinaram voto a favor da terceirização.

Os partidos da direita e da extrema-direita votaram favoráveis ao emprego indireto, terceirizado e precário. Isto é, votaram contra os direitos humanos e os direitos dos trabalhadores. Clique nas tags deste blogue para conhecer os efeitos maléficos da terceirização.

Zop

Zop

Veja como votou cada deputado, conforme lista disponível no site da Câmara dos Deputados:

DEM

Alberto Fraga DF Sim
Alexandre Leite SP Sim
Carlos Melles MG Sim
Efraim Filho PB Sim
Eli Côrrea Filho SP Sim
Elmar Nascimento BA Sim
Felipe Maia RN Sim
Hélio Leite PA Sim
Jorge Tadeu Mudalen SP Sim
José Carlos Aleluia BA Sim
Mandetta MS Sim
Misael Varella MG Sim
Moroni Torgan CE Não
Onyx Lorenzoni RS Sim
Osmar Bertoldi PR Sim
Pauderney Avelino AM Sim
Paulo Azi BA Sim
Professora Dorinha Seabra Rezende TO Não
Rodrigo Maia RJ Sim
Total DEM: 19

PCdoB

Alice Portugal BA Não
Aliel Machado PR Não
Carlos Eduardo Cadoca PE Sim
Chico Lopes CE Não
Daniel Almeida BA Não
Davidson Magalhães BA Não
Jandira Feghali RJ Não
Jô Moraes MG Não
João Derly RS Não
Luciana Santos PE Não
Orlando Silva SP Não
Rubens Pereira Júnior MA Não
Wadson Ribeiro MG Não
Total PCdoB: 13

PDT

Abel Mesquita Jr. RR Sim
Afonso Motta RS Sim
André Figueiredo CE Sim
Dagoberto MS Sim
Damião Feliciano PB Não
Deoclides Macedo MA Sim
Félix Mendonça Júnior BA Sim
Flávia Morais GO Sim
Giovani Cherini RS Sim
Major Olimpio SP Sim
Marcelo Matos RJ Não
Marcos Rogério RO Não
Mário Heringer MG Sim
Roberto Góes AP Sim
Sergio Vidigal ES Sim
Subtenente Gonzaga MG Não
Weverton Rocha MA Sim
Wolney Queiroz PE Não
Total PDT: 18

PEN

André Fufuca MA Sim
Junior Marreca MA Sim
Total PEN: 2

PHS

Adail Carneiro CE Sim
Carlos Andrade RR Sim
Diego Garcia PR Não
Kaio Maniçoba PE Sim
Marcelo Aro MG Sim
Total PHS: 5

PMDB

Alceu Moreira RS Sim
Baleia Rossi SP Sim
Cabuçu Borges AP Sim
Carlos Henrique Gaguim TO Sim
Carlos Marun MS Sim
Celso Jacob RJ Sim
Celso Maldaner SC Sim
Celso Pansera RJ Sim
Daniel Vilela GO Sim
Danilo Forte CE Sim
Darcísio Perondi RS Sim
Dulce Miranda TO Sim
Edinho Bez SC Sim
Edio Lopes RR Sim
Eduardo Cunha RJ Art. 17
Elcione Barbalho PA Sim
Fabio Reis SE Sim
Fernando Jordão RJ Sim
Flaviano Melo AC Sim
Geraldo Resende MS Sim
Hermes Parcianello PR Não
Hildo Rocha MA Sim
Hugo Motta PB Sim
Jarbas Vasconcelos PE Sim
João Arruda PR Não
João Marcelo Souza MA Sim
José Fogaça RS Sim
Josi Nunes TO Sim
Laudivio Carvalho MG Sim
Lelo Coimbra ES Sim
Leonardo Picciani RJ Sim
Leonardo Quintão MG Sim
Lindomar Garçon RO Sim
Lucio Mosquini RO Não
Lucio Vieira Lima BA Sim
Manoel Junior PB Sim
Marcelo Castro PI Sim
Marcos Rotta AM Sim
Marinha Raupp RO Não
Marquinho Mendes RJ Sim
Marx Beltrão AL Sim
Mauro Lopes MG Sim
Mauro Mariani SC Sim
Mauro Pereira RS Sim
Newton Cardoso Jr MG Sim
Osmar Serraglio PR Sim
Osmar Terra RS Não
Pedro Chaves GO Sim
Rodrigo Pacheco MG Sim
Rogério Peninha Mendonça SC Sim
Ronaldo Benedet SC Sim
Roney Nemer DF Sim
Saraiva Felipe MG Sim
Sergio Souza PR Sim
Silas Brasileiro MG Sim
Soraya Santos RJ Sim
Valdir Colatto SC Sim
Veneziano Vital do Rêgo PB Sim
Vitor Valim CE Não
Walter Alves RN Sim
Washington Reis RJ Sim
Total PMDB: 61

PMN

Dâmina Pereira MG Sim
Hiran Gonçalves RR Sim
Total PMN: 2

PP

Afonso Hamm RS Sim
Aguinaldo Ribeiro PB Sim
Arthur Lira AL Sim
Beto Rosado RN Sim
Cacá Leão BA Sim
Conceição Sampaio AM Sim
Covatti Filho RS Sim
Dilceu Sperafico PR Sim
Dimas Fabiano MG Sim
Eduardo da Fonte PE Sim
Esperidião Amin SC Sim
Ezequiel Fonseca MT Sim
Fernando Monteiro PE Sim
Guilherme Mussi SP Sim
Iracema Portella PI Sim
Jerônimo Goergen RS Sim
Jorge Boeira SC Não
José Otávio Germano RS Sim
Julio Lopes RJ Sim
Lázaro Botelho TO Sim
Luis Carlos Heinze RS Sim
Luiz Fernando Faria MG Sim
Marcelo Belinati PR Não
Marcus Vicente ES Sim
Mário Negromonte Jr. BA Sim
Missionário José Olimpio SP Sim
Nelson Meurer PR Não
Odelmo Leão MG Sim
Paulo Maluf SP Sim
Renato Molling RS Sim
Ricardo Barros PR Sim
Roberto Balestra GO Sim
Roberto Britto BA Sim
Ronaldo Carletto BA Sim
Sandes Júnior GO Sim
Simão Sessim RJ Sim
Toninho Pinheiro MG Sim
Total PP: 37

PPS

Alex Manente SP Sim
Arnaldo Jordy PA Não
Carmen Zanotto SC Sim
Eliziane Gama MA Não
Hissa Abrahão AM Sim
Marcos Abrão GO Sim
Moses Rodrigues CE Não
Raul Jungmann PE Sim
Roberto Freire SP Sim
Rubens Bueno PR Sim
Sandro Alex PR Sim
Total PPS: 11

PR

Aelton Freitas MG Sim
Alfredo Nascimento AM Sim
Altineu Côrtes RJ Sim
Anderson Ferreira PE Sim
Bilac Pinto MG Sim
Cabo Sabino CE Não
Capitão Augusto SP Sim
Clarissa Garotinho RJ Não
Dr. João RJ Sim
Francisco Floriano RJ Sim
Giacobo PR Sim
Gorete Pereira CE Sim
João Carlos Bacelar BA Não
Jorginho Mello SC Sim
José Rocha BA Sim
Lincoln Portela MG Não
Luiz Cláudio RO Sim
Luiz Nishimori PR Sim
Magda Mofatto GO Sim
Marcio Alvino SP Sim
Maurício Quintella Lessa AL Sim
Miguel Lombardi SP Sim
Milton Monti SP Sim
Paulo Feijó RJ Sim
Remídio Monai RR Sim
Silas Freire PI Não
Tiririca SP Não
Vinicius Gurgel AP Sim
Wellington Roberto PB Sim
Zenaide Maia RN Abstenção
Total PR: 30

PRB

Alan Rick AC Sim
André Abdon AP Sim
Antonio Bulhões SP Não
Beto Mansur SP Sim
Carlos Gomes RS Sim
César Halum TO Sim
Cleber Verde MA Sim
Fausto Pinato SP Sim
Jhonatan de Jesus RR Sim
Jony Marcos SE Não
Marcelo Squassoni SP Sim
Márcio Marinho BA Não
Roberto Sales RJ Sim
Ronaldo Martins CE Não
Rosangela Gomes RJ Sim
Tia Eron BA Sim
Vinicius Carvalho SP Sim
Total PRB: 17

PROS

Ademir Camilo MG Não
Antonio Balhmann CE Sim
Beto Salame PA Não
Domingos Neto CE Sim
Dr. Jorge Silva ES Sim
Givaldo Carimbão AL Sim
Hugo Leal RJ Sim
Leônidas Cristino CE Sim
Miro Teixeira RJ Não
Ronaldo Fonseca DF Sim
Valtenir Pereira MT Sim
Total PROS: 11

PRP

Alexandre Valle RJ Sim
Juscelino Filho MA Sim
Marcelo Álvaro Antônio MG Sim
Total PRP: 3

PSB

Adilton Sachetti MT Sim
Átila Lira PI Não
Bebeto BA Não
Fabio Garcia MT Sim
Fernando Coelho Filho PE Sim
Flavinho SP Sim
Glauber Braga RJ Não
Gonzaga Patriota PE Sim
Heitor Schuch RS Não
Heráclito Fortes PI Sim
Janete Capiberibe AP Não
João Fernando Coutinho PE Sim
José Reinaldo MA Sim
Jose Stédile RS Não
Júlio Delgado MG Sim
Keiko Ota SP Sim
Leopoldo Meyer PR Sim
Luciano Ducci PR Sim
Luiz Lauro Filho SP Sim
Luiza Erundina SP Não
Maria Helena RR Não
Marinaldo Rosendo PE Sim
Pastor Eurico PE Sim
Paulo Foletto ES Sim
Rodrigo Martins PI Sim
Stefano Aguiar MG Sim
Tadeu Alencar PE Não
Tenente Lúcio MG Sim
Tereza Cristina MS Sim
Vicentinho Júnior TO Sim
Total PSB: 30

PSC

Andre Moura SE Sim
Erivelton Santana BA Sim
Gilberto Nascimento SP Sim
Irmão Lazaro BA Sim
Júlia Marinho PA Sim
Marcos Reategui AP Não
Pr. Marco Feliciano SP Não
Professor Victório Galli MT Sim
Raquel Muniz MG Sim
Silvio Costa PE Sim
Total PSC: 10

PSD

Alexandre Serfiotis RJ Sim
Átila Lins AM Sim
Cesar Souza SC Sim
Danrlei de Deus Hinterholz RS Não
Delegado Éder Mauro PA Abstenção
Diego Andrade MG Sim
Evandro Rogerio Roman PR Sim
Fábio Faria RN Sim
Fábio Mitidieri SE Sim
Fernando Torres BA Sim
Francisco Chapadinha PA Sim
Goulart SP Sim
Herculano Passos SP Sim
Heuler Cruvinel GO Sim
Irajá Abreu TO Sim
Jaime Martins MG Sim
Jefferson Campos SP Sim
João Rodrigues SC Sim
Joaquim Passarinho PA Sim
José Carlos Araújo BA Sim
José Nunes BA Sim
Júlio Cesar PI Sim
Marcos Montes MG Sim
Ricardo Izar SP Sim
Rogério Rosso DF Sim
Rômulo Gouveia PB Sim
Sérgio Brito BA Sim
Sergio Zveiter RJ Sim
Sóstenes Cavalcante RJ Não
Walter Ihoshi SP Sim
Total PSD: 30

PSDB

Alexandre Baldy GO Sim
Alfredo Kaefer PR Sim
Antonio Imbassahy BA Sim
Arthur Virgílio Bisneto AM Sim
Betinho Gomes PE Sim
Bruna Furlan SP Sim
Bruno Covas SP Sim
Caio Narcio MG Sim
Célio Silveira GO Sim
Daniel Coelho PE Sim
Delegado Waldir GO Sim
Domingos Sávio MG Sim
Eduardo Barbosa MG Sim
Eduardo Cury SP Sim
Fábio Sousa GO Sim
Geovania de Sá SC Não
Giuseppe Vecci GO Sim
Izalci DF Sim
João Campos GO Sim
João Castelo MA Sim
João Gualberto BA Sim
João Paulo Papa SP Sim
Lobbe Neto SP Sim
Luiz Carlos Hauly PR Sim
Mara Gabrilli SP Não
Marco Tebaldi SC Sim
Marcus Pestana MG Sim
Mariana Carvalho RO Sim
Miguel Haddad SP Sim
Nelson Marchezan Junior RS Sim
Nilson Leitão MT Sim
Nilson Pinto PA Sim
Otavio Leite RJ Sim
Paulo Abi-Ackel MG Sim
Pedro Cunha Lima PB Sim
Pedro Vilela AL Sim
Raimundo Gomes de Matos CE Sim
Ricardo Tripoli SP Sim
Rocha AC Sim
Rodrigo de Castro MG Sim
Rogério Marinho RN Sim
Rossoni PR Sim
Samuel Moreira SP Sim
Shéridan RR Sim
Silvio Torres SP Sim
Vitor Lippi SP Sim
Total PSDB: 46

PSDC

Aluisio Mendes MA Sim
Luiz Carlos Ramos RJ Sim
Total PSDC: 2

PSL

Macedo CE Não
Total PSL: 1

PSOL

Cabo Daciolo RJ Não
Chico Alencar RJ Não
Edmilson Rodrigues PA Não
Ivan Valente SP Não
Jean Wyllys RJ Não
Total PSOL: 5

PT

Adelmo Carneiro Leão MG Não
Afonso Florence BA Não
Alessandro Molon RJ Não
Ana Perugini SP Não
Andres Sanchez SP Não
Angelim AC Não
Arlindo Chinaglia SP Não
Assis Carvalho PI Não
Assis do Couto PR Não
Benedita da Silva RJ Não
Beto Faro PA Não
Bohn Gass RS Não
Caetano BA Não
Carlos Zarattini SP Não
Chico D Angelo RJ Não
Décio Lima SC Não
Enio Verri PR Não
Erika Kokay DF Não
Fabiano Horta RJ Não
Fernando Marroni RS Não
Givaldo Vieira ES Não
Helder Salomão ES Não
Henrique Fontana RS Não
João Daniel SE Não
Jorge Solla BA Não
José Airton Cirilo CE Não
José Guimarães CE Não
José Mentor SP Não
Leo de Brito AC Não
Leonardo Monteiro MG Não
Luiz Couto PB Não
Luiz Sérgio RJ Não
Luizianne Lins CE Não
Marco Maia RS Não
Marcon RS Não
Margarida Salomão MG Não
Maria do Rosário RS Não
Merlong Solano PI Não
Moema Gramacho BA Não
Nilto Tatto SP Não
Odorico Monteiro CE Não
Padre João MG Não
Paulão AL Não
Paulo Pimenta RS Não
Paulo Teixeira SP Não
Pedro Uczai SC Não
Professora Marcivania AP Não
Ságuas Moraes MT Não
Sibá Machado AC Não
Toninho Wandscheer PR Não
Valmir Assunção BA Não
Valmir Prascidelli SP Não
Vander Loubet MS Não
Vicente Candido SP Não
Vicentinho SP Não
Waldenor Pereira BA Não
Weliton Prado MG Não
Zé Carlos MA Não
Zé Geraldo PA Não
Zeca Dirceu PR Não
Zeca do Pt MS Não
Total PT: 61

PTB

Adelson Barreto SE Sim
Alex Canziani PR Sim
Antonio Brito BA Sim
Arnaldo Faria de Sá SP Não
Arnon Bezerra CE Sim
Benito Gama BA Sim
Deley RJ Não
Eros Biondini MG Não
Jorge Côrte Real PE Sim
Josué Bengtson PA Sim
Jovair Arantes GO Sim
Jozi Rocha AP Sim
Luiz Carlos Busato RS Sim
Nelson Marquezelli SP Sim
Nilton Capixaba RO Sim
Paes Landim PI Sim
Pedro Fernandes MA Não
Ricardo Teobaldo PE Sim
Ronaldo Nogueira RS Não
Walney Rocha RJ Sim
Wilson Filho PB Sim
Zeca Cavalcanti PE Não
Total PTB: 22

PTC

Brunny MG Não
Uldurico Junior BA Não
Total PTC: 2

PTdoB

Luis Tibé MG Sim
Pastor Franklin MG Sim
Total PTdoB: 2

PTN

Bacelar BA Não
Christiane de Souza Yared PR Não
Delegado Edson Moreira MG Sim
Renata Abreu SP Sim
Total PTN: 4

PV

Evair de Melo ES Sim
Evandro Gussi SP Sim
Fábio Ramalho MG Sim
Leandre PR Sim
Victor Mendes MA Sim
William Woo SP Sim
Total PV: 6

Solidariedade

Arthur Oliveira Maia BA Sim
Augusto Carvalho DF Sim
Augusto Coutinho PE Sim
Aureo RJ Sim
Benjamin Maranhão PB Sim
Carlos Manato ES Sim
Elizeu Dionizio MS Sim
Expedito Netto RO Sim
Ezequiel Teixeira RJ Sim
Genecias Noronha CE Sim
Laercio Oliveira SE Sim
Lucas Vergilio GO Sim
Paulo Pereira da Silva SP Sim
Zé Silva MG Sim
Total Solidariedade: 14

 

 

As compensadoras doações eleitorais. Uma lei para beneficiar Gilmar Mendes

Para os candidatos das elites, o dinheiro das grandes empresas, nacionais apenas no nome 

 

Por Pavel

Por Pavel

 

Os partidos dos ricos no Brasil são favoráveis às doações milionárias das empresas, principalmente os da direita e da extrema-direita.

Hoje temos uma Câmara de Deputados e um Senado Federal conservadores. Legisladores proprietários de milionárias fortunas e/ou lobistas de grandes empresas.

O alto custo de um voto, obviamente,  explica porque os candidatos populares, os candidatos dos partidos mais próximos dos interesses dos sem terra, dos sem teto, dos sem nada, não tem como comprar um mandato legislativo.

As campanhas eleitorais ficam cada vez mais caras. Apesar de, no Brasil, o Tribunal Eleitoral pagar a propaganda “gratuita” nas televisões e rádios.  Guias eleitorais regiamente financiados com o dinheiro do povo.

Se a propaganda é “gratuita”, não há explicação legal para tanta gastança, principalmente, nas campanhas majoritárias.

Também não tem explicação para o ministro Gilmar Mendes travar uma decisão do Superior Tribunal Eleitoral  sobre as doações privadas.

Estranhamente, senadores e deputados estão prestes a conceder mais cinco anos de poder a Gilmar Mendes, nomeado ministro por Fernando Henrique. Falta apenas uma votação na Câmara para a aprovação da imoral Lei da Bengala ou Lei do Viagra, que vai terminar aumentando, de 70 para 75 anos, a aposentadoria por tempo de idade para os anciãos, a maioria desempregada desde os 40/45 anos. Que a velhice começa aos 60 anos. Aos 65 anos, idoso. Depois dos 70, a ancianidade.

pec bengala gilmar

40 PAÍSES JÁ PROÍBEM DOAÇÕES DE EMPRESAS A CANDIDATOS

por Mariana Schreiber, da BBC

O debate sobre a necessidade de mudar o modelo de financiamento de campanhas no Brasil voltou a ganhar fôlego em meio as denúncias de que propinas cobradas em contratos da Petrobras acabavam irrigando partidos políticos e candidatos como doações oficiais de campanha.

A crescente preocupação com o assunto, porém, não é exclusividade do Brasil. Um monitoramento internacional sobre financiamentos de campanha em 180 países, realizado há quinze anos pelo Instituto Internacional pela Democracia e Assistência Eleitoral (Idea, na sigla em inglês), indica uma tendência mundial de aumento – ainda que lento – da restrição a doações empresariais.

A proposta de eliminar ou reduzir drasticamente o financiamento de campanhas por empresas não busca apenas atacar o problema da corrupção, observa o diretor da área de Partidos Políticos do Idea, Sam van der Staak. O princípio central que norteia essas medidas é a preocupação com a influência desproporcional que as empresas teriam sobre o Estado por causa dos volumosos recursos destinados a eleger políticos, seja no Executivo ou no Legislativo.

“Em todo o mundo, a política se tornou um negócio caro, em tal magnitude que o dinheiro é hoje uma das maiores ameaças à democracia”, afirma um relatório de janeiro do instituto.

Segundo Staak, o número de países que baniu completamente o financiamento por empresas cresceu levemente nos últimos quinze anos. Já a criação de limites para as doações “tem sido discutida de forma mais ativa em muitos países”, nota ele.

Propostas

No Brasil, o PT e os movimentos sociais estão à frente da proposta de proibir totalmente o financiamento por empresas – dessa forma as campanhas seriam bancadas exclusivamente por recursos públicos e pequenas doações de pessoas físicas.

Os números oficiais mostram que hoje as empresas são as principais financiadoras da disputa eleitoral no Brasil. Nas últimas eleições, partidos e candidatos arrecadaram cerca de R$ 5 bilhões de doações privadas, quase na sua totalidade feitas por empresas. Além disso, receberam no ano passado R$ 308 milhões de recursos públicos por meio do Fundo Partidário, enquanto o tempo “gratuito” de televisão custou R$ 840 milhões aos cofres da União por meio de isenção fiscal para os canais de TV.

No momento, o Supremo Tribunal Federal (STF) julga uma ação movida pela Ordem dos Advogados do Brasil questionando se a doação por empresas é constitucional. Dos onze ministros, seis já votaram pela proibição desse tipo de financiamento, no entanto, o ministro Gilmar Mendes pediu vista do processo em abril do ano passado e até hoje não proferiu seu voto, no que tem sido criticado como uma manobra para impedir a conclusão do julgamento antes que o próprio Congresso analise a questão.

O PMDB, que hoje tem a presidência da Câmara e do Senado, quer uma alteração menos radical desse modelo. Uma proposta apresentada pelo partido na semana passada sugeriu que empresas só possam doar diretamente a um único partido, mas sem indicar limitação de valores.

Outra proposta, encampada pelo Instituto Ethos e alguns cientistas políticos, prevê que as doações por empresas continuem sendo permitidas, mas que haja um teto baixo para essas transferências. O objetivo, com isso, é reduzir o poder de influência de cada financiador – já que haveria mais doadores transferindo valores semelhantes.

O Instituto Ethos foi criado para incentivar práticas socialmente responsáveis no setor privado. Ele tem 585 empresas associadas, entre elas grandes doadoras de campanhas eleitorais como os bancos Bradesco, Itaú e Santander, a construtora WTorre, a rede de frigoríficos Marfrig, e até mesmo empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, como Camargo Corrêa e Odebrecht.

O instituto defende hoje a adoção de regras que limitem drasticamente as doações por empresas e mesmo a proibição nos casos de companhias que tenham contratos com governos ou sejam sócias de bancos públicos.

Se tal proibição existisse hoje, atingiria diretamente o grupo JBS, maior doador da campanha de 2014. Tendo o BNDES como sócio, o grupo destinou mais de R$ 350 milhões a diferentes políticos na eleição do ano passado e foi também o maior apoiador tanto da campanha da presidente Dilma Rousseff, como da de seu principal adversário, o tucano Aécio Neves.

“A eleição (brasileira) está virando quase que um plano de negócios de mercado”, afirma Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos, fazendo referência a um instrumento do mundo corporativo usado para definir os objetivos de uma empresa e o que será feito para alcançá-los.

“Os estudos que fazemos indicam que a eleição a cada ano fica mais cara e o número de votos que os partidos recebem é proporcional aos recursos que eles ganham (de empresas). Na medida em que você limita (as doações), você vai diminuir o peso desse poder econômico”, acrescenta Abrahão.

Levantamentos dos jornais Folha de S.Paulo e Estadão com base nas milhares de declarações de candidatos ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) indicam que, em 2014, as doações privadas somaram cerca de R$ 5 bilhões no Brasil – quase o dobro do valor arrecadado em 2006 (R$ 2,6 bilhões, já atualizado pela inflação).

Sam van der Staak, do Idea, nota que as eleições brasileiras são relativamente caras. Segundo levantamento do instituto, o valor gasto em média por voto aqui (US$ 19,90) é cinco vezes maior do que no México (US$ 4,20) e o dobro do que na Costa Rica (US$ 9,60), países onde as doações de empresas são proibidas.

Pelo mundo

O banco de dados do Idea – organização intergovernamental que hoje tem status de observadora na ONU – revela que 39 países proíbem doações de empresas para candidatos, como México, Canadá, Paraguai, Peru, Colômbia, Costa Rica, Portugal, França, Polônia, Ucrânia e Egito. O mais novo integrante do grupo pode ser a Espanha, que atualmente estuda adotar a medida.

Outros 126 países permitem o financiamento de candidatos por empresas, como Brasil, Reino Unido, Itália, Alemanha, Noruega, Argentina, Chile, Venezuela e praticamente toda a África e a Ásia.

A proibição formal, porém, nem sempre impede que o capital corporativo encontre outras formas de influenciar o jogo político, nota Staak. Os Estados Unidos, por exemplo, proíbem doações diretas de empresas, mas como elas são autorizadas a fazer suas próprias campanhas a favor e contra candidatos, na prática os efeitos da restrição são nulos.

Tampouco a corrupção desaparece de uma hora para outra. Um relatório do instituto aponta que o número de infrações detectadas em doações políticas em Portugal cresceu fortemente desde o ano 2000, quando o país proibiu o financiamento empresas.

Em parte, isso é reflexo da fiscalização mais dura que também foi implementada no período, nota o documento. Mas, por outro lado, também observou-se o desenvolvimento de práticas para burlar as restrições às doações privadas, como lista de doadores fantasmas.

“A corrupção tem muito a ver com as atitudes culturais. Muitos países que são menos corruptos (como Noruega e Suécia), até recentemente, não tinha sequer muitas das leis necessárias para conter escândalos de financiamento político. As reformas devem, portanto, ter o objetivo de tornar mais difícil as doações irregulares e ficar sempre um passo à frente dessas práticas”, afirma Staak.

Defensor da proibição do financiamento por empresas no Brasil, o filósofo Marcos Nobre, reconhece que a medida não terminará com a corrupção no país como mágica, mas ainda assim defende sua adoção. “O que (a proibição) vai fazer é tornar a disputa eleitoral menos desigual e isso é bom para a democracia”, nota ele.

“Para evitar o crescimento do caixa 2 (doações ilegais), o fim do financiamento por empresas tem que vir acompanhado do fortalecimento do Ministério Público e da Justiça Eleitoral”, ressaltou.

Limite de doações

Já Cláudio Abramo – ex-diretor da Transparência Brasil, organização especializada em contas eleitorais – critica a proposta por considerar que ela inevitavelmente levaria ao aumento das doações ilegais e também por ver pouco espaço político para sua aprovação no Congresso.

Ele defende que a criação de limites baixos para as doações de empresas seria o melhor caminho para tornar o sistema político mais justo.

“É preciso atacar o problema principal do financiamento hoje, que é a inexistência de limites reais (ao financimento). Então, você tem uma desigualdade imensa entre os doadores de forma que alguns poucos ganham um poder de influência muito maior que outros doadores. A ideia seria limitar muito drasticamente a quantidade de dinheiro que cada grupo empresarial possa dar, reduzindo portanto a influência de cada um deles”, afirma.

O levantamento do Idea mostra que 55 países restringem de alguma forma os financiamentos, seja de empresas ou pessoas físicas.

O Brasil estabelece um teto para as doações, mas a regra adotada não segue o padrão internacional e acaba sendo inócua. Enquanto a maioria dos países que têm limites estabelecem valores absolutos (por exemplo, 7,5 mil euros por pessoa, na França), aqui o teto máximo da doação é um percentual dos recursos do doador – 2% do faturamento no ano anterior, no caso das empresas, e 10% da renda, no caso das pessoas físicas.

Grandes empresas e pessoas ricas, portanto, têm um potencial muito maior de influir no processo eleitoral.

Carlinhos Metralha, o cara que foi sócio do cabo Anselmo nos 6 assassinatos do Recife em 1973, aparece na passeata paulista como herói

“Carlinhos Metralha foi o apelido que os comunistas me deram, porque me respeitam até hoje. Já andei infiltrado na organização terrorista VPR, conheci pessoalmente alguns desses delinquentes que estão aí, não metralhei porque não tive essa oportunidade. Se eu tivesse, faria com o maior prazer”. Mais adiante, aparece marchando com um velho. Impune. Os pés que ele bate ritmado no chão pisam sobre os democratas e o sangue de brasileiros assassinados pela ditadura. A isso, a militante comunista Mara Loguercio respondeu por email:

“Isto já é provocação. Caberia, no mínimo, ao meu juízo uma ‘notitia criminis’. O cara dizer que não metralhou nenhum de nós porque não teve oportunidade, embora tenha participado do assassinato de vários, mas que se tivesse (a oportunidade) o faria com prazer, se isto não é crime eu jogo todo o material de estudo e prática de advocacia e magistratura no lixo!!!!

por Urariano Mota

 

Nunca mais

 

Eu relutei, tive dúvida em relatar um fato desagradável acontecido comigo no mais recente dia 13 de março, aqui no Recife. Mas agora mudei pra não ser mudo. Vocês já vão entender a razão.

Para a defesa da Petrobras e do governo Dilma, antes de sair de casa no dia 13, aconselhei aos filhos e esposa:

– Olhem, vão acontecer provocações da direita. Mas a gente não tem olhos nem ouvidos para a provocação. Faz de conta que não vemos nem ouvimos, e vamos em frente.

Mas eu próprio não resisti a 2 minutos de insulto fascista. Assim se deu. Quando a passeata da multidão vestida de vermelho saiu da Avenida Guararapes, e dobrou para a avenida Dantas Barreto, antes da Igreja de Santo Antonio, notei que a minha mulher respondia a um senhor forte, de cabelos brancos. Dizia ela:

– Todos nós somos trabalhadores.

Então voltei e me acerquei dele. E ouvi:

– Era bom metralhar, fuzilar todos os petistas, tudo que é comunista.

– Como é? – perguntei.

E o animal:

– Tem que cortar a cabeça de todos eles.

– Que é isso? Que estupidez é essa? – perguntei.

E o animal, passando a mão na cintura me soltou mais um coice:

– Vou marcar a sua cara. Pra no dia em que a gente voltar…

Olhem, entre as minhas raras qualidades não se encontram a coragem ou o desassombro. Mas diante daquela agressão verbal, pior, mais que verbal, diria, pela promessa que encerrava e cerrava, com c ou com s, a democracia, na hora me subiu uma onda que não pude segurar, um calor, um sangue quente veio, e respondi ao fascistão:

– Marque a minha cara, que eu marco a sua – disse-lhe com os dedos da mão direita em V sobre os meus olhos. – Marque a minha, que eu marco a sua. Mas vamos prum combate aberto, franco. Não de modo covarde, não na maior covardia, como vocês fizeram – e neste ponto eu lhe apontava o dedo, que eu desejava fosse um soco na sua carantonha criminosa – Não na covardia, como vocês fizeram com os presos políticos na ditadura. Vocês assassinaram pessoas algemadas, presas, desarmadas, sob torturas.

Ao que o fascistão, réu confesso, sentindo-se identificado, saiu puxando a perna como um diabo coxo. Não sei, tive vontade de segui-lo, mesmo sabendo que entre nós a civilização estava morta, que palavras mais não se deviam pronunciar porque eram surdas e absurdas. Um companheiro que ainda não sei quem é, se acercou de mim e me tocando o ombro procurava me pôr de volta à sensatez:

– O que é que tá acontecendo com você? Relaxe, amigo.

A pressão estava alta e desnorteada, e eu não soube como reagir de modo mais sereno .

Contei isso agora porque uma ameaça maior veio na movimentação no dia 15, em São Paulo. A ótima coluna Notas Vermelhas já havia chamado a atenção para o vídeo que “mostra manifestantes idolatrando o famigerado torturador e assassino Carlinhos Metralha, agente do DOPs que aparece orgulhoso de sua ‘atuação’ durante a ditadura e cercado por ‘admiradores’ ”.

Carlinhos Metralha, o cara que foi sócio do cabo Anselmo nos 6 assassinatos do Recife em 1973, aparece na passeata paulista como herói. Os caras não estão folgados. Estão ais que isso, estão livres, soltos e ameaçadores. Olhem o vídeo onde ele aparece com a cara obscena

ou aqui

No vídeo, ele mostra um cartaz onde se lê: “Quero ser ouvido pela Omissão da Verdade”. Mas notem que o corajoso delegado Carlos Alberto Augusto, ou Carlinhos Metralha, herói dos coxinhas de São Paulo, foi convocado, no fim de 2013, para um depoimento na Comissão da Verdade de Pernambuco, e não quis vir. Por excesso de valentia, digamos. Mas no vídeo, ele faz declarações orgulhosas dos seus crimes:

“Carlinhos Metralha foi o apelido que os comunistas me deram, porque me respeitam até hoje. Já andei infiltrado na organização terrorista VPR, conheci pessoalmente alguns desses delinquentes que estão aí, não metralhei porque não tive essa oportunidade. Se eu tivesse, faria com o maior prazer”. Mais adiante, aparece marchando com um velho. Impune. Os pés que ele bate ritmado no chão pisam sobre os democratas e o sangue de brasileiros assassinados pela ditadura. A isso, a militante comunista Mara Loguercio respondeu por email:

“Isto já é provocação. Caberia, no mínimo, ao meu juízo uma ‘notitia criminis’. O cara dizer que não metralhou nenhum de nós porque não teve oportunidade, embora tenha participado do assassinato de vários, mas que se tivesse (a oportunidade) o faria com prazer, se isto não é crime eu jogo todo o material de estudo e prática de advocacia e magistratura no lixo!!!!

Se mais alguém topar a ideia, eu penso que nos caberia. Ou no mínimo, uma interpelação judicial ou uma representação para o Conselho do Ministério Público ou até para a Comissão da Anistia.

Não dá é para ficar inerte diante disto. Isso é mais do que passividade, passa a ser cumplicidade da nossa parte. É minha visão”.

É a nossa visão também. Porque em outro vídeo, a extrema-direita fala em gravação para pegar em armas, assassinar Dilma e seguidores:

Trata-se do ex-comandante da Policia Militar de Goiás, olhem só, ex-comandante de uma policia militar, o coronel Pacheco. No vídeo ele insulta a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, além de ameaçar “pegar em armas” para destituir do poder o atual governo federal – eleito através do voto.

Exaltado, Pacheco chama Dilma de “chefe de quadrilha” e o ex-presidente Lula de “ladrão”. Ele diz, ainda, que não tem medo dos “guerrilheiros” da petista. Diz o fascistão, pago com o dinheiro de todos nós, civis, intelectuais e povo desarmados:

“Quero dizer pra você Dilma, pra você Lula ladrão, que eu não tenho medo dos seus guerrilheiros, e tenho certeza que as centenas de milhares de policiais militares dos diversos Estados desse País também estão prontos para ir para a luta armada para defender esse País”. E mais:

“Nós policiais militares da reserva, não aceitamos mais ser roubados e ainda por cima, agora, ser ameaçados e oprimidos. Nós vamos defender a nossa sociedade e estamos prontos para qualquer convocação, seja oficial ou não, para lutar contra os seus guerrilheiros”, completou Camilo, que informou ser coronel da reserva remunerada há três anos.

Observo que nunca é demais lembrar que, de um ponto de vista legal, a Constituição da Federal em seu artigo Artigo 5º :

“XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;

XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;”

E então? Vamos continuar à mercê dos criminosos e torturadores, que mal satisfeitos com a impunidade dos seus crimes, nos ameaçam agora com novos assassinatos, a nós, que fazemos parte da civilização e da humanidade brasileira? É claro que deveremos reagir com medidas legais e com movimentos de opinião pública, com uma política de reassentamento da democracia real. Para que se levem a sério as novas ameaças dos fascistas.

Ou iremos todos para o suplício como novos cordeiros para o sacrifício final. Em um novo silêncio dos democratas, que não viram a tempo a aberração da existência desses velhinhos dos quarteis.

 

—-

Urariano Mota escritor, romancista, jornalista, cronista, professor, pesquisador, escreveu o clássico da Literatura do Brasil

Soledad

Soledad no Recife, que narra o massacre praticado por Cabo Anselmo e Carlinhos Metralha no Recife e outros legionários da Morte, como o delegado Fleury, cuja esposa também estava na ordem unida de 15 de março.

Leia o romance de Urariano Mota e conheça Soledad, poetisa, heroína que lutou no Paraguai, Chile e Brasil contra as ditaduras do Cone Sul, e que foi martirizada no Recife em uma sessão de tortura.

Soledad Barret estava grávida quando foi executada.

Trazo fino

Hace tiempo que el fundamentalismo (sobre todo el islámico) se encuentra en la mira de la izquierda y de la derecha. Todos nos unimos en su contra, con trazo grueso. Pero vale la pregunta: ¿qué individuos, qué particularidades son aplastados bajo ese rótulo? ¿Cuántas reflexiones, mea culpas y aberraciones se simplifican bajo el grito de “¡Soy Charlie!”?

hipocrisia

por Flavio Rapisardi


¿Je suis ou je ne suis pas Charlie? Desde el asesinato de doce personas por presuntas ofensas al Islam en la revista liberal de izquierda Charlie Hebdo, la sensibilidad media argentina —tan rápida al escozor ante el dolor de los demás (Susan Sontag dixit) mientras sean rubios, europeos, es decir, como dicta el imaginario tilingo que cree describirnos— reaccionó casi convocando a una nueva marcha para cantar La Marsellesa en la Recoleta. Facebook y Twitter fueron un campo minado: opiniones, debates y alguna puteada. Dejando de lado las teorías conspirativas, que de tan ficcionales ya no podemos dejar de sospechar sobre lo real que allí adviene (recordemos cómo la serie Rubicon, que relataba la participación de la NSA y agencias tercerizadas en supuestos atentados islámicos no fue soportada por espectador*s yanquis y fue levantada luego de 13 capítulos), repasemos opiniones, recorramos su historia, reubiquemos los sentidos que produce ese humor. Charlie Hebdo tiene una historia de crítica a todos los fundamentalismos religiosos: cristiano (en sus variantes), judío (en sus variantes), islámico (en sus variantes). También una clara posición pro vida, es decir pro aborto, ya que oponerse a la interrupción voluntaria del embarazo es condenar a muerte a millones de mujeres. En sus tapas y en sus páginas nadie duda de que circulaba un río de ironía “crítica” al decir de Richard Rorty bajo la forma del humor, ese ¿género? que cuesta tanto tratar de convertir en objeto de reflexión cuando grupos vulnerados son objeto de sus retóricas narrativas y visuales.

El chiste malo

Cuando googleé los ejemplares de Charlie Hebdo me vinieron a la memoria Satiricón y Humor, dos revistas que supieron colar palazos a la dictadura, pero que también reproducían un machismo y una discriminación hacia el colectivo lgbt que daba para preguntar: che muchach*s, ustedes de tan crític*s, ¿no sabían nada de Stonewall, el FLH, Perlongher, la persecución franquista a las maricas catalanas o las brutales palizas a gays y trans en las comisarías? La excusa del “contexto”, el “momento histórico” y similares ya me hartan: cuando distintos grupos son marcados, discriminados y hasta exterminados (a Daniel Feierstein le debemos estas reflexiones), no usemos a la “Historia” como blanco al que le endilgamos responsabilidad. En nuestras terapias sabemos que eso se llama neurosis y en la cultura, irresponsabilidad, cuando no fascismo.

Mientras mis dedos posteaban o tuiteaban por el tema, me acordé de un libro: La lengua del Tercer Reich. Apuntes de un filólogo, de Victor Klemperer. Lo cito textual, ya que en primera persona cuenta una situación que a él, como intelectual judío en la Alemania nazi, le tocó vivir: “Nos anotamos en una excursión sorpresa. Dos autobuses llenos, unas ochenta personas, el público más pequeño burgués imaginable… En Lübau, parada para tomar un café, con actuaciones cabaretísticas… El presentador empieza con un poema patético al líder y salvador de Alemania… La gente se mantiene en silencio, apática, y el aplauso de una sola persona al final… Luego, el hombre cuenta una historia… Una señora judía pide que le ondulen el pelo. ‘Lo siento, señora, pero no puedo.’ ‘¿Cómo que no puede?’ ‘¡Imposible! El Führer aseguró solemnemente en el boicot a los judíos, y eso sigue siendo válido a pesar de las leyendas negras que circulan por ahí, que en Alemania no se le debe tocar el pelo a ningún judío…’ Risas y aplausos durante minutos. ¿No puedo sacar una conclusión? ¿No son el chiste y su acogida importantes para cualquier análisis sociológico o político?” Fin de la cita.

Izquierda y derecha unidas

En este marco de posts y tuits, los liberalismos de izquierda y el ateísmo militante que festeja solsticios el 24 de diciembre sin saber que está reviviendo un rito mitraico, es decir, la religión de las sanguinarias y machistas legiones romanas, sostienen que está bien la crítica a todas las religiones y todos los fundamentalismos. Separemos, condición inicial de todo análisis. Nadie duda de la crítica a los fundamentalismos, ni que Charlie Hebdo les dio palos al catolicismo y al judaísmo ortodoxo, pero lo hizo en el marco de un país católico y en una geopolítica en la que Israel, ahora “Estado judío”, masacra pueblos sin ningún tipo de respeto a los derechos humanos. ¿Justifico aquí la ablación de clítoris y la burka? Bajo ningún concepto. Sólo me parece que hay que estar atent*s sobre qué se convierte en objeto de humor y qué no. ¿Hacemos humor con la bota o con el/la aplastad*? Las críticas de Charlie Hebdo contra el fundamentalismo islámico son necesarias; la pregunta es: ¿de qué modo esas críticas no refuerzan la conformación del Islam como la nueva barbarie contra la que se mide el Occidente “moderno”? ¿Se pueden leer las tapas de Charlie Hebdo donde critican todos los fundamentalismos en el mismo registro en el contexto (sí, contexto) actual?

Yo estuve en Ginebra con motivo de la revisión de la Conferencia de Durban, donde se revisaba la aplicación de la resolución que varios países, entre ellos el nuestro, habían suscripto en Sudáfrica. Allí, en el paquete edificio de las Naciones Unidas, vi cómo el bloque europeo, que hace rato quiere hacer naufragar esta conferencia (EE.UU. e Israel ya se fueron en su inauguración por no soportar la presencia palestina) porque su profundización implicaría, por ejemplo, avanzar con la reparación a Africa por las secuelas del sistema esclavista, se retiró del recinto cuando el delirante ex presidente iraní Mahmud Ahmadinejad iba a hacer uso de la palabra y Holanda, cabeza de la vanguardia de retiro, decía que no quería convalidar a un presidente “homofóbico”. ¡No en mi nombre, estimado continente! Sólo la presencia del bloque de América latina y el Caribe, Africa y Asia aseguraron que no cayeran las negociaciones de una conferencia enclenque, pero que es algo mejor que nada. Y al negacionista Mahmud le respondió el embajador argentino en su propia cara; no sólo atacó su antisemitismo y negacionismo de la Shoá sino que también nombró todas las formas de discriminación que la conferencia estaba dejando afuera: diversidad sexo-genérica, personas privadas de libertad, entre otras. ¡Eso es democracia, Europa!

La población lgbt y las mujeres no la pasan nada bien en algunos países islámicos. Tampoco en otras naciones de diversas religiones: el pentecostalismo africano quema putos vivos, y las africanistas que no permiten que mujeres o gays hagan su camino de Ifá, es decir, su consagración religiosa superior, compiten por el siniestro podio.

homofobia

 

Sólo basta recorrer los países donde todavía la pena de muerte pende sobre nosotr*s. Y como el imperialismo es hábil, creó un concepto que much*s suelen confundir con “derechos humanos”: me refiero a “human security”, concepto que abarca la vulneración de derechos de las mujeres, lgbt, “minorías” y otros grupos como pretextos para una invasión. Claro, pretexto: porque las razones son siempre la industria armamentista, el petróleo y otros recursos naturales.

matar fanatismo religião terrorismo

 

Esto es algo que Judith Butler, una intelectual que tuvo el coraje como intelectual judía, lesbiana y neoyorquina de entrar al BDS, es decir, a la iniciativa internacional de boicot a Israel, la que con su pluma implacable nos alerta que “los debates sobre la política sexual se asocian invariablemente a la política de las nuevas comunidades migrantes, puesto que se basan en las ideas fundacionales de cultura que precondicionan la asignación de derechos básicos”. Por esto no fue casual que en el año 2006 la candidata “socialista” Ségolène Royal y el derechista Nicolas Sarkozy cerraran filas políticas y dijeran que los disturbios de 2005, donde se quemaron coches por parte de jóvenes desempleados, fueran producto de un deterioro en la relaciones familiares entre los migrantes: todo un canto al más conservador de los familiarismos que Benedicto XVI consagró en sus exhortaciones apostólicas.

Butler no defiende el Islam así como critica al Estado judío. Pero muy inteligentemente nos advierte sobre los posibles usos de nuestros reclamos en una narrativa de una pretendida guerra de “civilizaciones”: ahora resulta que una institución misógina y machista como las fuerzas de seguridad tercerizadas de Guantánamo “resocializan” musulmanes varones, obligándolos a toqueteos mutuos y fellatios. O arrancan el velo a mujeres musulmanas en Abu Ghraib para hacer circular instantáneas que pretenden “comunicar” liberación. Los musulmanes están siendo configurados como el abyecto externo contra el cual el “moderno” Occidente justifica su superioridad mientras invade por recursos y reactiva su industria armamentista y de la construcción, y paralelamente convierte a las comunidades migrantes islámicas en el blanco del odio, ya que se las pretende mostrar como la “emasculación del Estado”. ¿Por qué ell*s deben gozar de derechos como la salud con nuestros impuestos? No sólo en la Argentina se debaten dos modelos. El capitalismo —que siempre está en crisis, pero nunca terminal como señala cierta izquierda— está en una nueva etapa de “culturización” en la que a mujeres y a l*s lgbti se nos pretende convertir en signos de una nueva evangelización modernizadora. Butler, alertando sobre las conquistas de nuestros colectivos como un paraíso encarnado para siempre, nos alerta a pensar “ahora” para que nuestra libertad no sea parte de una cultura que sancione formas de abyección y de odio de un Occidente tan monstruoso para tant*s. Por eso, ahora, no en mi nombre. Je ne suis pas Charlie.

“Sólo pedimos que se nos considere franceses”

“La discriminación no nos volvió inhumanos”, asegura Mourad, un joven del barrio de Amedy Coulibaly. No fue a la manifestación. Su rechazo a la violencia es proporcional a la ofensa que siente ante las caricaturas del semanario.

Un grupo de musulmanes reza durante Ramadán en la vereda de una calle de París. Imagen: Corbis

Un grupo de musulmanes reza durante Ramadán en la vereda de una calle de París.
Imagen: Corbis

 

Por Eduardo Febbro/ Página 12
Desde París

La frase, ya borrosa, “Yo no soy Charlie”, pintada sobre una pared de Grigny traza el territorio de la fractura social. “Aquí estamos aterrados, llenos de tristeza, solidarios con las víctimas del atentado contra Charlie Hebdo pero en total desacuerdo con las caricaturas y más aún con ciertas falsedades que se escriben en la prensa”, dice Mustafá, un joven habitante de esta zona suburbana de París que se ha convertido en el blanco de retratos abusivos y desacertados publicados en la prensa porque aquí, en el barrio de la Grande Borne, junto a sus padres oriundos de Mali y sus nueve hermanas, creció Amedy Coulibaly, el cómplice de los hermanos Kouachi que asesinó a cuatro personas en un supermercado judío del este de París y a una mujer de la Policía Municipal. Entre ser Charlie y no serlo, dos mundos en cuyos intersticios caben un montón de fantasmas. Hastiados de las mentiras y las aproximaciones, unos 30 jóvenes de estos barrios, donde muchos crecieron en las mismas condiciones que los hermanos Kouachi o Amedy Coulibaly, publicaron un video en YouTube donde se defienden. Agrupados en la asociación Jóvenes Reporteros ciudadanos de Grigny, los jóvenes explican: “Rehusamos la amalgama que dice: ‘jóvenes, negros, árabes, musulmanes igual a terroristas, a antisemitas, a delincuentes incultos, a antirrepublicanos y antifranceses’”. El video abarca todo el abanico con el cual, a menudo, estos jóvenes son vistos por una parte de la sociedad: “Terroristas en potencia”, “franceses de segunda categoría”, “malas hierbas”, “vagos”.

terror terrorismo morte

La Francia multicultural tiene un rostro muy distinto de la imagen escabrosa que los atentados del 7 de enero pudieron insinuar. Es una Francia bella, joven, musical, potente y marginada. En uno de sus editoriales, el matutino Libération escribe: “Si no lo habíamos entendido hasta ahora, está claro que en adelante una buena cantidad de franceses, a menudo en los suburbios, está en disidencia moral y social en su propio país”.

Esa disidencia se siente en la piel, sobre todo ahora que decenas de periodistas venidos del mundo entero aterrizaron aquí y “nos trataron como si fuéramos un zoológico”, asegura, molesto y desconfiado, un maliense de la Grande Borne. Los vecinos están horrorizados, sean o no sean Charlie. “La discriminación no nos volvió inhumanos”, asegura Mourad, un joven del barrio de Amedy Coulibaly. Como muchos otros habitantes de este barrio, Mourad no fue a la gran manifestación del domingo 11 de enero. No es lo que se puede decir un “Yo no soy Charlie”. Su rechazo a la violencia es proporcional a la ofensa que siente ante las caricaturas del semanario. “El profeta es sagrado, ese humor no entra en los valores de los musulmanes. Hubiese ido a manifestar, pero siendo solidario con las víctimas habría sido también, de alguna manera, como una forma de aprobar el sentido de esas caricaturas. No podía.” Las palabras se mueven aquí en un delgado pasadizo de sentidos. Ser francés y no ser tratado como tal. Ser musulmán en una de las grandes culturas de Occidente. Grigny está en el departamento de L’Essone, el número 91. En los departamentos contiguos, 92 –Hauts-de-Seine–, 93 –Seine-Saint-Denis–, o 94 –Val-de Marne– durante los días posteriores a los atentados y al de la manifestación se vivieron escenas similares. La gente se juntaba en los barrios sin sumarse al gran movimiento de unión nacional. La discriminación deja huellas profundas que poco tienen que ver con los principios religiosos. “De nada sirve que Mammadou o Abdallá tengan un bachillerato y cinco años de estudios universitarios si después no pueden encontrar trabajo porque tienen un nombre árabe”, explica Nordine Iznasni, consejero municipal de la localidad de Nanterre (departamento Hauts-de-Seine) y figura histórica de las marchas por la igualdad de los años ’80. Mohamed Mechmach, copresidente de la coordinadora Pas Sans Nous (No sin nosotros) es también un emblema de la lucha por la igualdad en los barrios populares. “Sólo pedimos una cosa: que se nos considere plenamente como franceses, y no como franceses aparte”, exige. Su lectura de los atentados es amplia, dolorosa, entre la lucidez, el temor y la esperanza. “Al matar a Charlie Hebdo también nos mataron a nosotros”, explica. Se trata, ahora, de salir de la trampa que los hermanos Kouachi y Amedy Coulibaly le tendieron a todo el mundo. Como arenas movedizas, como esas miradas esquivas de Grigny y ese temor a hablar sin sentirse desigual. “Uno puede llamarse Pierre, Mohamed o Daniel, los habitantes de los barrios populares son las primeras víctimas de lo que ocurrió. Llamarse Mohamed y vivir en un suburbio era complicado, ahora lo va a ser todavía más. Pero los suburbios no son un depósito de culpables, son lugares de solidaridad con las familias de las víctimas. Los suburbios son una parte de la solución. Nos hace falta un debate de fondo para restaurar la justicia social”, asegura Mohamed Mechmach.

Esa pulsión colectiva, ese deseo de volver a empezar de nuevo, esa sensación de que de este drama que sobrecogió al mundo algo nuevo va a salir, se incrustó en el clima como una canción de cuna. La prensa de este fin de semana testimonia ese clamor, a menudo con títulos que se repiten. “Siete días que cambiaron a Francia”, escribe el diario Le Monde en su primera plana. “Los 5 días que nos cambiaron”, anota Le Parisien mientras que Libération titula: “A los actos ciudadanos”. Bajo este titular, el matutino francés ofrece a sus lectores “5 pistas para una renovación republicana”. El mismo presidente francés, François Hollande, llama al país a “un sobresalto nacional”. Son, por ahora, tiempos de refundación, de solidaridad, de recuperación de ese espacio imaginario y colectivo de identificación. Pero también están los excluidos y las consecuencias sociales, culturales y económicas de la exclusión.

diferente homofobia

 

Hay dos países en uno y la reconexión es un trabajo mutuo. Nordine Iznasni es consciente de que ese clima de desconfianza entre los excluidos no desaparecerá con una gran manifestación: “La tentación del repliegue sobre sí mismo es fuerte, tanto más cuanto que mucha gente se siente rechazada y lleva cierto tiempo escuchando insultos contra los musulmanes. El entorno se vuelve un enemigo y así nace la cultura de encerrarse en sí mismo”. De esa exclusión se nutre la Jihad. En esos barrios desconectados y al desamparo deambulan los promotores de la guerra. Aunque se reivindican de movimientos jihadistas adversos, Al Qaida en la Península Arábiga (AQPA) para los hermanos Kouachi y el Estado Islámico para Amedy Coulibaly, sus trayectorias son idénticas, guiadas por las mismas fracturas sociales que caracterizan lo que la prensa llama “la Jihad francesa”: la pobreza, la dificultosa integración escolar, las trabas para acceder al mercado del trabajo, la pequeña delincuencia, la cárcel, la deriva social y una voz oportunista, la de cierto Islam sunnita, que captó su atención en un punto de ruptura del destino. Una palabra siempre vuelve como una piedra filosofal para explicar el fenómeno: la integración. El sociólogo y politólogo Tarik Yildiz, especialista de la integración social y el Islam, destaca que esos “jóvenes radicalizados son la cima más visible de la crisis de integración”. Frente a ellos, también, otra cima: el repetido espectáculo de las injusticias coloniales modernas: la guerra de Irak, el conflicto israelí-palestino, la guerra en Siria, la cruzada mundial contra el Islam que los neoconservadores norteamericanos incrustaron en la agenda política y que tarda en diluirse. “Somos una identidad castigada por las bombas de Occidente y en perpetua relegación”, dice, de forma provocativa, Ahmed, un joven de 19 años de uno de los suburbios con peor fama de Francia: la Cité des 4000, en la localidad de la Courneuve (Seine-Saint-Denis). Gilles Kepel, el gran especialista francés del Islam, ahonda esa idea según la cual la fractura social es el mejor territorio de los radicales: “Cuando se produce una ruptura con los valores de la República francesa ahí hay un terreno muy fértil para el Islam radical”. La “ruptura” no es solamente con los valores, sino, también, con los medios. “Mire a su alrededor, cruce el boulevard periférico que divide París de las afueras, dé una vuelta por esas grandes ciudades dormitorio construidas en los años ’60, ’70 y todo se explica más rápido”, dicen los Jóvenes Reporteros ciudadanos de Grigny. Se explica en una sucesión de imágenes contrastadas: esta no es la Francia de París, sino una orbe distinta dentro de otra. El Estado ha activado medios para desactivar esa tentación salafista que se difunde en ciertos barrios populares. La Maison de la Prévention et de la Famille tiene una brigada especial compuesta por juristas, psicólogos, educadores, criminólogos y victiminólogos que atiende a los jóvenes seducidos por la Jihad. La tarea es polifónica, de una complejidad social inmensa. Exclusión, redes sociales, cárceles superpobladas, cultura tradicional y modernidad, dos religiones diferentes, guerras y fracturas que se prolongan, que se vuelven zonas de existencia complicada, los atentados perpetrados por los hermanos Kouachi y Amedy Coulibaly desmontaron con el horror un escenario fallido. La sabiduría colectiva y los valores de una República se superpusieron por ahora a los enconos comunitarios. Parieron un eco, un eco que circula en estos suburbios y se mezcla con insistencia a la defensa de la libertad: “¿Cuánto durará esa conciencia de que hay que volver a empezarlo todo de nuevo? ¿Cuánto tiempo más estará presente y adónde nos llevará? Para Moussa Boudour, un educador social de Mantes-la-Jolie que usa el deporte como “objeto de diálogo, inserción y transición”, una vez que pase la gran emoción sólo una deuda quedará pendiente: “En realidad, ser Charlie o no ser Charlie es, a esta altura, anecdótico. Lo único que cuenta es cómo vamos a ser franceses, todos por igual”.

 

charge censura humor

“Charlie Hebdo”, crimen de estado

 

por Leandro Albani

Hace unos pocos días el mundo se enteró de una noticia que volvió a despertar el miedo, ésta vez suscitado por un atentado “terrorista” en Francia.
A esta altura, catalogar la matanza perpetrada contra los 12 periodistas del medio “Charlie Hebdo” de otra cosa que no sea “terrorismo”, implicaría minimizar los hechos.

Sin embargo, que se le adjudique tal significado sin apuntar el dedo a quienes son los más grandes sicarios del mundo, puede derivar en una imagen positiva de los mismos, que aplaque una verdadera reflexión sobre lo que debe ser considerado “terrorismo”.

Hecha la ley hecha la trampa

Según la Real Academia Española, el terrorismo es una “Actuación criminal de bandas organizadas que reiteradamente pretende crear alarma social con fines políticos.”

Para la fuente europea, el Estado, como aparato político, no tiene nada que ver con el terrorismo.

Terrorismo no serían consideradas las desapariciones que tienen lugar a diario en México, no lo son las muertes por desnutrición en los países de los cuales los poderosos extraen sus ganancias, ni la utilización de doctrinas de eliminación del enemigo interno.

El sentido común difundido sobre el terrorismo estuvo históricamente asociado a perfiles de grupos extremistas religiosos y/o políticos que pueden ir en contra de los intereses del imperialismo occidental, pero jamás se lo atribuye a las injusticias cometidas por los políticos europeos ni yankees.

Los discursos sobre el terrorismo estuvieron vinculados a Al-Qaeda, Sadam Hussain, a Ocalan, hasta el Che Guevara pero no a la OTAN, a Bush, a Thatcher, a Le Pen.

La lógica es ya bien conocida: una vez identificado el causante de la alarma, los flamantes mandatarios antiterroristas pueden emprender su cruzada. En pos de la lucha antiterrorista pueden intervenir gobiernos o pueden fomentar el más terrible odio contra cualquier pensamiento adverso a sus aspiraciones “republicanas”. De esa forma pueden invadir Irak, pueden invadir Afganistán, África, y Latinoamérica. Terrorista es cualquiera que vaya en contra de sus ideas civilizatorias.

En este momento, para el actual presidente de Francia, François Gérard Hollande, el principal enemigo es el grupo Islámico que ha terminado con la vida de “inocentes” caricaturistas. No obstante, éste no demostró la misma preocupación tras del asesinato de militantes kurdas en su propio territorio en Enero del año pasado, ni los políticos europeos demostraron la misma condolencia con la muerte de los 43 estudiantes de México a manos de narcotraficantes.

Los gestos por parte de la diplomacia francesa y europea son un indicio de que el número de víctimas no es el que determina que tan trágico puede ser el suceso, sino que lo determinante es el origen ideológico de las víctimas. Para ellos cotizan más alto los franceses, que los latinoamericanos.

El mundo tiene que saber que los terroristas son los Islámicos, a pesar que el Estado Francés es uno de los mayores propulsores de la OTAN junto a Estados Unidos, cuyos mercenarios sirven también al Estado Islámico/DAESH. ¿Para combatir el terrorismo no habría que empezar por casa?

No. Tanto el Estado Islámico (financiado principalmente por millonarios de Kuwait, Arabia Saudita, y Qatar), como Francia, Estados Unidos, Alemania, Inglaterra y los países de la UE no están dispuestos a perder la oportunidad de valerse de pretextos religiosos para asegurar su predominio militar y económico en el mundo.

Y en el medio de esta guerra por el capital quedan los pobres, los jóvenes, las facciones religiosas y políticas que confían en que otro orden económico mundial es posible. Quedan los pueblos que luchan por su autodeterminación y no por culturas importadas, basadas en el extractivismo y la explotación humana.

Vale aclarar, que a diferencia del Estado Francés, algunas de las tendencias religiosas que quieren combatir, están a la izquierda de ese Estado hoy cómplice del terrorismo.

Las imágenes de Mahoma

Por otro lado, muy poco se menciona acerca de que el semanario satírico “Charlie Hebdo” fue financiado con fondos secretos de la presidencia de la República durante gobiernos anteriores.

No llama la atención que un medio de comunicación de tal índole, gran difusor de la “Islamofobia” sea considerado baluarte de la “libre expresión” francesa. De lo que se trata no es solamente de burlar a los extremistas del EI, sino a todos los seguidores de Mahoma.

Actualmente no me considero practicante de una religión, pero no me sentiría a gusto si un grupo de dibujantes hiciera chistes sobre la imagen de Cristo. Tampoco me sentiría a gusto si el propio Estado financia esas imágenes o si el mismo está relacionado con un grupo extremista cuya lógica es inhumana.

El Estado Francés es culpable por partida doble.

Mucho menos me sentiría a gusto si el primer mandatario de mi país, quien dicen querer “integrar” a otras religiones, marcha de brazo del antisemita por excelencia de Netanyahu (Primer mandatario de Israel) o con el expresidente francés Sarkozy, implicado en los atentados terroristas en Libia.

Hollande debería pedir perdón como también debió pedirlo el presidente de México Peña Ñieto en su momento.

Tanto los Ayotzinapenses como los dibujantes fueron víctimas del terrorismo del Estado, que a fin de defender su ideología es capaz de cualquier cosa. Hoy somos 43 + 5 +12 + miles.

La excusa del extremismo le viene perfecto a Hollande para expandir más la beligerancia encubierta de pacifismo. No obstante, como demuestran las fotos “no oficiales” de la movilización en Francia, no le será tan fácil contar con el total apoyo de la población, que se concentró muy lejos de la clase política.

Ante la amenaza yihadista, será cuestión de que quienes hoy en Francia no están a favor de ser nuevas víctimas o victimarios de otro tipo de guerra interimperialista, busquen sus formas de resistencia así como lo está haciendo el pueblo mexicano.
Al ver la foto de Hollande donde aparece junto a su staff hipócrita, es imposible no compararla con aquella imagen de 1960 en que Ernesto Che Guevara marchaba junto a Fidel Castro y el pueblo cubano, tras uno de los tantos atentados por parte de Estados Unidos.

che marcha

La gran diferencia es que los revolucionarios marchan del brazo, mientras que los imperialistas solamente se unen cuando la diplomacia lo reclama.

O terrorismo, a extrema-direita e o suicídio europeu, um continente em explosão

De um lado, fanáticos que reivindicam uma versão do islamismo incompatível com o próprio Islã. Do outro, neofascistas intolerantes. O futuro da Europa promete ser sombrio

indignados europa colonia
Por Flávio Aguiar/  RBA
O ato terrorista contra os jornalistas do Charlie Hebdo francês, em Paris, que também provocou a morte de um funcionário da revista, de dois policiais no ato e possivelmente de mais um em tiroteio posterior – num total de 12 mortos –, são apenas pontas de uma mesma ameaça.

A Europa inteira está assentada sobre uma bomba-relógio. Não é uma bomba comum, porque casos como o do Charlie Hebdo mostram que ela já está explodindo. Nas pontas da bomba estão duas forças antagônicas, com práticas diferentes, porém com um traço em comum: a intolerância herdeira dos métodos fascistas de antigamente – e de sempre.

De um lado, estão pessoas e grupos fanatizados que reivindicam uma versão do islamismo incompatível com o próprio Islã e o Corão, mas que agem em nome de ambos. Os contornos e o perfil destes grupos estão passando por uma transformação – o que aconteceu também nos Estados Unidos, no atentado em Boston, durante a maratona, e no Canadá, no ataque ao Parlamento, em Ottawa. Cada vez mais aparecem “iniciativas individuais” nas ações perpetradas.

Este tipo de terrorismo se fragmentou em pequenos grupos – muitas vezes de familiares – que agem “à la cria”, como se dizia, em ações que parecem “espontâneas” e até “amalucadas”, mas que obedecem a princípios e uma lógica cuja versão mais elaborada, para além da “franquia” em que a Al-Qaïda se transformou, é o Estado Islâmico que se estruturou graças à desestruturação do Iraque e da Síria. São fanáticos que negam a política consuetudinária como meio de expressão de reivindicações e direitos: negam, no fundo, a própria ideia de “direitos”, inclusive o direito à vida, como fica claro no gesto assassino que vitimou o Charlie Hebdo.

Do outro, estão os neofascistas – ou antigos redivivos – que se agarram à bandeira do anti-islamismo também fanático como meio de arregimentar “as massas” em torno de si e de suas propostas. Agem de acordo com as características próprias dos países em que atuam, mobilizando, de acordo com as circunstâncias, as palavras adequadas.

No Reino Unido, criaram o United Kingdom Independence Party – UKIP, Partido da Independência do Reino Unido, nome malandro que oculta e ao mesmo tempo carrega a ojeriza pela União Europeia. Na França têm a Front Nationale, da família Le Pen, que mobiliza o velho chauvinismo francês – que lateja o tempo todo desde o caso Dreyfus, ainda no século XIX.

Na Alemanha é feio ser nacionalista alemão, desde o fim da Segunda Guerra. Então criou-se um movimento – PEGIDA – que se declara de “Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente”, procurando uma fachada pseudamente universalista para seus preconceitos anti-Islã e anti-imigrantes.

Esta, aliás, é a bandeira comum destes movimentos: fazer do imigrante ou do refugiado político ou econômico o bode expiatório da situação de crise que o continente vive, assim como no passado se fez com o judeu e ainda hoje se faz com os roma e sinti (ditos ciganos).

Na Itália, este fascismo latente se organiza com o nome de “Liga Norte”, mobilizando o preconceito social contra o sul italiano, tradicionalmente mais empobrecido. São movimentos que, embora busquem por vezes o espaço da política partidária, como é o caso do UKIP e da Front Nationale, ou mesmo da Liga Norte, têm como cosmovisão a negação da política como espaço universal de manifestação de direitos e reivindicações.
Negam a política como campo de manifestação das diferenças, barrando ao que consideram como alteridade o direito à expressão ou mesmo aos direitos comuns da cidadania. O exemplo histórico mais acabado disto foi o próprio nazismo que, chegando ao poder pelas urnas, fechou-as em seguida.

O caldo de cultura em que vicejam tais pinças contrárias à vigência dos princípios democráticos é o de uma crise econômico-financeira que se institucionalizou como paisagem social. Na Europa a tradição é a de que crises deste tipo levam a saídas pela direita. O crescimento do UKIP e da Front Nationale, partidos mais votados nas respectivas eleições para o Parlamento Europeu, em maio de 2013, é eloquente neste sentido.

Na Alemanha as manifestações de rua do PEGIDA vêm crescendo sistematicamente, atingindo o número de 18 mil pessoas na última delas, na cidade de Dresden, reduto tradicional de manifestações nostálgicas em relação ao passado nazismo devido a ter sido o alvo (também criminoso) de um bombardeio ao fim da Segunda Guerra pelos britânicos.

Deve-se notar, como fator de esperança, que manifestações contra estas formas de intolerância – o terrorismo que reinvindica o Islã como inspiração e os movimentos de extrema-direita – têm tomado corpo também. Houve manifestações de solidariedade aos mortos na França em várias cidades europeias e na Alemanha manifestações contra o PEGIDA reuniram milhares de pessoas em diferentes cidades.

Mas pelo lado da extrema-direita cresce a aceitação de suas palavras de ordem na frente institucional (líderes do novo partido alemão Alternative für Deutschland têm acolhido reivindicações do PEGIDA) e junto à opinião pública. Na Alemanha recente pesquisa trouxe à baila o dado preocupante de que 61% dos entrevistados se declararam “anti-islâmicos”.

Como ficou feio alegar motivos racistas, o que se alega agora no lado intolerante é a “defesa da religião” ou a “incompatibilidade cultural”. Os assassinos do Charlie Hebdo gritavam – segundo testemunhas – estarem “vingando o profeta”, referência a caricaturas de Maomé consideradas ofensivas.

Na outra ponta, jovens da Front Nationale, também no ano passado, recusavam a pecha de racistas e declaravam aceitar o mundo muçulmano – em “seus territórios”, não na Europa agora dita “judaico-cristã”, puxando para seu aprisco a etnia ou religião que a extrema-direita europeia antes condenava ao ostracismo, ao campo de concentração e ao extermínio.

Os partidos e políticos tradicionais, em sua maioria, estão brincando com fogo, sem se dar conta, talvez. Não aceitam o reconhecimento, por exemplo, que grupos por eles apoiados na Ucrânia são declaradamente fascistas, homofóbicos e até antissemitas. Preferem exacerbar o sentimento antirrusso e anti-Putin.

Durante mais de uma década as duas agências do serviço secreto alemão concentraram-se em esmiuçar a vida dos partidos e grupos de esquerda (além dos possíveis terroristas islâmicos) e negligenciaram criminosamente o controle sobre os grupos e terroristas alemães.

No momento o “grande terror” que se alastra no establishment europeu não é o de que a extrema-direita esteja em ascensão, embora isto também preocupe, mas é o provocado pela possibilidade de que um partido de esquerda, o Syriza, vença as eleições na Grécia (marcadas para 25 de janeiro), forme um governo, e assim ponha em risco os sacrossantos pilares dos planos de austeridade.
Nega-se o pilar da democracia: contra o Syriza agitam-se as ameaças de expulsão da Grécia da zona do euro e até da União Europeia; ou seja, procura-se castrar a livre manifestação do povo grego através da chantagem política e econômica.

Se as coisas continuarem como estão, poderemos estar assistindo o suicídio da Europa que conhecemos. O que nascerá destes escombros ainda se está por ver, mas boa coisa não será, nem para a Europa, nem para o mundo.

 

França

França

França

França

Espanha

Espanha