¿Para qué sirve el FMI y el Banco Mundial?

banco

Ahora que estos dos mamuts de las finanzas globales van a tener su reunión anual en Lima es pertinente saber cuál es su rol en un mundo en crisis y en franca disputa geopolítica. Precisamente responder a la pregunta del título implica ubicarse en diversos planos. Uno bien podría decir que el Fondo Monetario Internacional (FMI) no ha servido para nada si considera la misión para la que fue creado: prevenir que el mundo sufra crisis económicas como la de 1929-1930 conocida como “La Gran Depresión”.

En efecto, el FMI que se fundó junto al Banco Mundial en 1944 (Bretton Woods, Estados Unidos),pero empezó a operar desde 1945, ya tiene 70 años encima y no ha predicho, ni mucho menos evitado crisis tan graves y nocivas para la economía mundial como la asiática (1997) – que hizo que el Perú entre en recesión durante cuatro años (1998-2001) –, la rusa (1999), la argentina (2001), y la peor de todas, peor incluso que la gran depresión, la crisis global que actualmente vive el mundo y que comenzó en Estados Unidos, se extendió a Europa y hoy alcanza a América Latina y a todo el sur global con la caída de los precios de las materias primas y la salida de capitales. El FMI no vio o no quiso ver el tsunami financiero y fiscal que nos azota y encima tiene la raza de pontificar.

Entonces, ¿de qué se ha encargado el FMI? Bueno, basta ver el comportamiento del fondo con el gobierno griego para pintar lo que ha sido su rol durante los últimos 40 años: imponer ajustes, austeridad, reducir derechos, beneficios sociales y cumplir a raja tabla el pago de la deuda, por más ilegítima, odiosa o corrupta que sea. Lo vimos en América Latina y en especial en el Perú durante los noventa.

La eliminación de la protección social ha sido el costo de tener una macroeconomía saludable, que en el caso peruano se traduce en que banqueros y mineros se la han llevado con pala mientras que todos los demás hemos tenido salarios y pensiones de hambre. Ah claro, en tiempos de boom económico nos han dado plata pero vía crédito para bancar una orgía de consumo que ya llegó a su fin por cierto.

Tal como dijo el profesor Celso Furtado, citado muchas veces por Oscar Ugarteche, el FMI es en realidad el brazo extendido del Tesoro Norteamericano. Para eso sirve, lo cual se expresa en cosas tan claras como que con las reservas de todos los países de América Latina durante el periodo de auge (2005-12) depositadas en su mayoría como bonos estadounidenses se ha financiado el sobreconsumo del norte. También se ve en la guerra de monedas donde Grecia es la punta de lanza para pegarle al Euro en favor del Dólar.

El Banco Mundial sirve básicamente para lo mismo, porque con el cuento de superar la pobreza, ha convertido en negocio casi todo: la salud, la educación, la obra pública, etc. Su informe Haciendo Negocios busca orientar la inversión poniendo el mejor puntaje a los países que más abren su economía en perjuicio de su industria, que más flexibilizan los derechos laborales y desregulan el mercado de trabajo.

Además no nos olvidemos que en el Perú son copropietarios – vía la IFC – junto a la Newmont y Roque Benavides de Yanacocha, quien sabe la minera con las peores prácticas sociales y tributarias que existen. Y en los noventa fueron parte del Peru Privatization Fund, una empresa off shore protagonista de un caso de deuda corrupta denunciado por el Congreso tras la caída de Fujimori.

En suma, el FMI y el Banco Mundial son organizaciones más políticas que económicas. Con la careta técnica garantizan la hegemonía de los dueños del mundo.

Papa insta pobres a luta por teto, trabalho e terra: “Não se intimidem”

Na Bolívia, Francisco pede perdão pelos “crimes” na conquista da América

Mulher espera a passagem do Papa em Santa Cruz. / MARTIN ALIPAZ (EFE)

Mulher espera a passagem do Papa em Santa Cruz. / MARTIN ALIPAZ (EFE)

por Pablo Ordaz

As palavras do Papa Francisco não podiam ter sido mais categóricas: “Peço humildemente perdão, não só pelas ofensas da própria Igreja, mas também pelos crimes contra os povos originários durante a chamada conquista da América”. Durante um encontro com movimentos populares de todo o mundo em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), Jorge Mario Bergoglio pediu “terra, teto e trabalho” para todos: “São direitos sagrados. É preciso lutar por eles. Que o clamor dos excluídos seja ouvido na América Latina e em toda a Terra”.

Durante quase uma hora, o Papa ouviu com atenção os depoimentos dos grupos de excluídos (indígenas, catadores de papel, trabalhadores precários do mundo rural e das periferias das cidades) de todo o mundo. Bem como um inflamado discurso do presidente da Bolívia, Evo Morales, contra os colonialismos passados – “em 1492 sofremos uma invasão europeia e espanhola” – e os contemporâneos. Mas, em um fórum dedicado a clamar contra as injustiças, quem se mostrou mais beligerante foi o Papa de Roma: “Quando o capital se converte em ídolo e dirige as opções dos seres humanos, quando a avidez pelo dinheiro tutela todo o sistema socioeconômico, arruína a sociedade, condena o homem, transforma-o em escravo, destrói a fraternidade inter-humana, coloca povo contra povo e, como vemos, até põe em risco esta nossa casa comum”.

“Peço humildemente perdão, não só pelas ofensas da Igreja, mas também pelos crimes contra os povos originários durante a chamada conquista da América”

“Esse sistema já não se sustenta”, disse Bergoglio em um discurso de seis páginas que transitou por passagens já conhecidas – a globalização da indiferença, a condenação do cultura do descarte… – , mas explorou outros que chamaram à rebelião dos mais humildes: “Necessitamos de uma mudança positiva, uma mudança que nos faça bem, uma mudança redentora. Necessitamos de uma mudança real. Esse sistema já não se sustenta. E os mais humildes, os explorados, podem fazer muito. O futuro da humanidade está em suas mãos”.

Em uma passagem que pôs a emoção à flor da pele, Bergoglio quis fazer dos mais humildes os protagonistas da salvação do mundo: “O que posso fazer eu, catador, lixeiro, reciclador, frente a tantos problemas se mal ganho o suficiente para comer? O que posso fazer eu artesão, vendedor ambulante, caminhoneiro, trabalhador excluído se nem sequer tenho direitos trabalhistas? O que posso fazer eu, camponesa, indígena, pescador que mal posso resistir o avassalamento das grandes corporações? O que posso fazer eu desde minha vila, meu barraco, meu povoado, meu assentamento quando sou diariamente discriminado e marginalizado? O que pode fazer o estudante, o jovem, o militante, o missionário que percorre as favelas e periferias com o coração cheio de sonhos, mas quase nenhuma solução para meus problemas?”

Continuando, o Papa, entre aplausos, respondeu sua própria pergunta: “Muito! Podem fazer muito. Vocês, os mais humildes, os explorados, os pobres e excluídos, podem e fazem muito. Ouso dizer que o futuro da humanidade está, em grande medida, em suas mãos, em sua capacidade de organizar-se e promover alternativas criativas, na busca cotidiana dos três T (trabalho, teto, terra). Não se intimidem!”

“Ouso dizer que o futuro da humanidade está em suas mãos, em sua capacidade de organizar-se e promover alternativas criativas. Não se intimidem!”

O Papa clamou contra “a imposição de medidas de austeridade que sempre apertam o cinto dos trabalhadores e dos pobres” e contra “o colonialismo, novo e velho, que reduz os países pobres a meros fornecedores de matéria prima e mão de obra barata, engendra violência, miséria, migrações forçadas”. Foi quase no final que Francisco, que em seu discurso tinha convertido os mais pobres em “poetas sociais”, admitiu: “Alguém poderá dizer, com direito, que quando o papa fala em colonialismo se esquece de certas ações da Igreja”.

E acrescentou: “Assim como são João Paulo II peço que a Igreja se prostre ante Deus e implore perdão pelos pecados passados e presentes de seus filhos. E quero lhes dizer, quero ser muito claro, como foi são João Paulo II: peço humildemente perdão, não só pelas ofensas da própria Igreja, mas também pelos crimes contra os povos originários durante a chamada conquista da América”.

Não é a primeira vez que um papa pede perdão aos indígenas, mas a contundência é inédita. Em 13 de outubro de 1992, João Paulo II pediu em Santo Domingo que os indígenas perdoassem as injustiças cometidas contra seus antepassados e, dias depois em Roma, insistiu em seu ato de expiação por tudo o que esteve marcado pelo pecado, a injustiça e a violência durante a evangelização da América. Quinze anos depois, em 23 de maio de 2007, Bento XVI afirmou que “a lembrança de um passado glorioso” não pode ignorar “as sombras” que acompanharam a evangelização da América Latina. “Não é possível esquecer o sofrimento e as injustiças infligidos pelos colonizadores às populações indígenas, cujos direitos humanos fundamentais eram com frequência pisoteados”, disse Joseph Ratzinger.

A diferença no fundo e nas formas é evidente, embora Francisco, como antes João Paulo II e Bento XVI, também tenha acrescentado que “para sermos justos” devemos reconhecer os sacerdotes que “se opuseram à lógica da espada com a lógica da cruz”. Para finalizar um de seus discursos mais longos, mas também mais belos e combativos, Bergoglio exclamou: “Digamos juntos desde o coração: nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhum povo sem soberania, nenhuma pessoa sem dignidade, nenhuma criança sem infância, nenhum jovem sem possibilidades, nenhum idoso sem uma velhice venerável. Continuem com sua luta e, por favor, cuidem muito da Mãe Terra”.

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En apoyo de la Grecia que resiste. Por el derecho de los pueblos a auditar la deuda pública

A los pueblos de Europa y del mundo, 
A todos y todas las que rechazan las políticas de austeridad y no aceptan pagar una deuda pública que nos ahoga, que fue contraída sin nosotros y contra nosotros.

Vic- povo grego
Para firmar el Llamamiento: GreekDebtTruthCommission.org
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Quienes firmamos este llamamiento nos situamos junto al pueblo griego que, tras su voto en las elecciones generales del 25 de enero de 2015, es el primer pueblo en Europa –y en el hemisferio Norte- que ha rechazado las políticas de austeridad aplicadas en nombre del pago de una deuda pública contraída por los de arriba, sin el pueblo y contra el pueblo. Al mismo tiempo, consideramos que la creación de la Comisión de la Verdad sobre la Deuda Pública, por iniciativa de la Presidenta del Parlamento griego, constituye un acontecimiento histórico de fundamental importancia, no sólo para el pueblo griego sino también para los pueblos de Europa y del mundo entero.

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En efecto: esta Comisión, compuesta por ciudadanos y ciudadanas voluntarias llegadas de todo el orbe, sin duda estimulará iniciativas semejantes en otros países. En primer lugar, porque el problema de la deuda es una verdadera peste que se abate sobre casi toda Europa y otros lugares. Y también porque muchos millones de ciudadanas y ciudadanos plantean, con sobrada razón, preguntas a la vez elementales y fundamentales sobre la deuda:

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-¿Qué ha pasado con el dinero de los préstamos, y en qué condiciones se solicitaron estos préstamos? ¿Qué intereses se han pagado ya, bajo qué tipos de interés, qué parte del principal ya se ha devuelto? ¿De qué manera la deuda ha crecido sin que ello beneficie al pueblo? ¿Qué caminos han tomado los capitales? ¿Para qué han servido? ¿Qué parte se ha sustraído, por quién y cómo? Y también:

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-¿Quién ha pedido prestado, y en nombre de quién? ¿Quién prestó y cuál fue su papel? ¿De qué manera se ha visto implicado el Estado, quién y cómo tomó las decisiones? ¿Cómo las deudas privadas se convirtieron en “públicas”? ¿Quién ha impulsado proyectos inadecuados e inútiles, quién contrató, quién se ha beneficiado? ¿Se han cometido delitos – por no decir crímenes – con ese dinero? ¿Por qué no se sustancian responsabilidades civiles, penales y administrativas?

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Todas estas preguntas las va a analizar de forma rigurosa la Comisión especial creada por iniciativa de la Presidenta del Parlamento de Grecia, Comisión cuyo mandato oficial se formula así: “Recopilar todos los datos relacionados con el surgimiento y el aumento desmesurado de la deuda pública y someterlos a minucioso escrutinio científico con el objetivo de definir qué parte que se puede identificar como deuda ilegítima, ilegal, odiosa o no sostenible, y ello tanto durante el período de los Memorandos, entre mayo de 2010 y enero de 2015, como en años anteriores. La Comisión también debe publicar informaciones claras y accesibles para todos los ciudadanos, realizar declaraciones públicas, facilitar la toma de conciencia de la población griega, así como de la comunidad internacional y la opinión pública internacional, y finalmente redactar argumentaciones y demandas relativas la cancelación de la deuda.”

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Consideramos que constituye el más elemental de los derechos democráticos, para cualquier ciudadano o ciudadana, el plantear estas preguntas y obtener respuestas claras y precisas a las mismas.

Entendemos que rechazar responderlas supone una denegación de democracia y un rechazo de transparencia por parte de los de arriba, que han inventado el “sistema-deuda” y lo utilizan para enriquecer a los ricos y empobrecer a los pobres. Aún más grave: juzgamos que, al monopolizar el derecho a decidir sobre el curso de la sociedad, los de arriba privan a la inmensa mayoría de las ciudadanas y ciudadanos no sólo de su derecho a decidir, sino sobre todo del derecho a asumir sus propios destinos, así como tomar las riendas del destino de la humanidad.

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Por eso, en esta situación de emergencia, dirigimos el urgente llamamiento siguiente a todos los ciudadanos y ciudadanas, a los movimientos sociales, a las redes y movimientos ecologistas y feministas, a los sindicatos de trabajadores y a las formaciones políticas que no se reconocen en esta Europa neoliberal, cada vez menos democrática y humanista:

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Manifestad vuestra solidaridad con esta Grecia resistente apoyando ahora, de forma activa, a la Comisión de la Verdad sobre la Deuda Pública griega y su trabajo de identificación de la porción ilegítima, ilegal, odiosa o no sostenible de tal deuda.

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Defended a la Comisión de los indignos ataques con que la acosan quienes, en Grecia y en todo el mundo, están interesados en mantener oculta la verdad sobre el “sistema-deuda”.
Participad activamente en los procesos de auditoría ciudadana de la deuda que se están desarrollando en muchos lugares, en Europa y fuera de ella.

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Compartid en red vuestro apoyo y solidaridad, pues sólo semejantes apoyos y solidaridades pueden lograr frustrar el plan de los poderosos que quieren asfixiar a la Grecia que lucha contra nuestros enemigos comunes: las políticas de austeridad y la deuda que nos ahoga.

nunca tantos deveram tanto a uns poucos dívida
Frente a adversarios experimentados, unidos, bien coordinados, armados con poderes exorbitantes y sobre todo decididos a llevar hasta el final su ofensiva contra todos y todas los que constituimos la aplastante mayoría de nuestras sociedades, no podemos permitirnos el lujo de resistir por separado, cada cual aislado en su rincón.

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Unamos nuestras fuerzas en un vasto movimiento de solidaridad con la Grecia resistente y apoyemos a la Comisión de la Verdad sobre la Deuda Pública griega, y multipliquemos Comisiones semejantes allí donde sea posible.

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La lucha del pueblo griego es nuestra lucha, y su victoria será la nuestra, pues sólo la unión hace la fuerza.
dívida auditoria crise FMI indignados

El terrorismo financiero contra Grecia

Este artículo hace una llamada a la ciudadanía de los distintos pueblos y naciones de España para que se movilicen en defensa del gobierno Syriza en Grecia, cuya causa (la defensa de la democracia y la justicia social) es la misma que la que motivó a los luchadores republicanos españoles en los años treinta.

Spiros Derveniotis

Spiros Derveniotis

Por Vicenç Navarro

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Estamos hoy viendo un ataque frontal del capital financiero, hegemonizado por el alemán, y vehiculado primordialmente a través del Banco Central Europeo (BCE), en contra del pueblo griego, ataque que intenta evitar cualquier atisbo de rebelión frente a las políticas de austeridad que están destruyendo el bienestar de las clases populares de todos los países de la Eurozona y muy en particular de Grecia, cuyo gobierno Syriza ha sido el primero en decir “BASTA YA” frente a lo que no hay otra manera de llamarlo como terrorismo financiero (ver el libro del Profesor Juan Torres y yo, titulado Los amos del mundo, las armas del terrorismo financiero). Es en estos momentos cuando hay que entender el contexto político e histórico de lo que está ocurriendo, comenzando por las semejanzas existentes entre lo acontecido en Grecia ahora con lo que sucedió en España en el año 1936.

España 1936, Grecia 2015

Existen momentos en la historia de Europa en los que la lucha por la justicia social y por la democracia en un país es también la lucha por la justicia y por la democracia para todos los países del continente europeo. La lucha, mal llamada Guerra Civil en España (entre 1936 y 1939), fue un ejemplo de ello. En el territorio español, un golpe militar en nombre de las minorías que controlaban el país, tuvo lugar el 18 de julio del año 1936, con el apoyo de las tropas nazis alemanas y fascistas italianas, frente a la gran mayoría de las clases populares de los distintos pueblos y naciones de España, que resistieron tal golpe heroicamente durante más de tres años, con escasa ayuda militar de los países gobernados por partidos que se autodefinieron como demócratas, mostrando una gran traición a los principios democráticos que decían sostener.

La derrota de las fuerzas democráticas españolas significó también la derrota de la democracia en la Europa Occidental con la victoria del nazismo y del fascismo en muchos países de aquella Europa, iniciándose la II Guerra Mundial. Y en España, aquella victoria significó el inicio de un régimen dictatorial que se caracterizó por su enorme brutalidad (por cada asesinato político que cometió Mussolini, el dictador Franco cometió 10.000, según el mayor experto en el fascismo europeo, el profesor Malefakis, de la Universidad de Columbia en la ciudad de Nueva York) y que impuso un enorme retraso económico, político, social y cultural en España. En 1936, España e Italia tenían semejante nivel de desarrollo económico. En 1978, fecha en la que terminó aquel horrible régimen dictatorial, el PIB per cápita español era solo el 62% del italiano. Este fue el coste económico de tal régimen.

¿Qué está pasando en Grecia?

Salvando las diferencias que existen en cada hecho histórico, lo cierto es que en Grecia hemos estado viendo una situación semejante, en que la lucha por la justicia social y por la democracia en aquel país es la lucha por la justicia social y por la democracia en todos los países de la Europa Occidental. La pervivencia de la justicia social y de la democracia en los países de la Unión Europea se está jugando hoy en aquel país. Su derrota limitará enormemente, hasta anularlas, tanto la una como la otra, completando un proceso que se inició hace años con la construcción de un sistema de gobierno de la Eurozona, dominado por el capital financiero (hegemonizado por el alemán), que, en una coalición de las minorías gobernantes en cada país, han estado agrediendo al pueblo griego, destruyendo el 25% de su riqueza nacional o PIB, con el desmantelamiento de su ya escaso Estado del Bienestar, saqueándolo, robándole sus propiedades y atacando a sus clases populares, y muy en particular a su clase trabajadora, asalto que se ha estado realizando en colaboración con las élites corruptas y antidemocráticas que han gobernado Grecia durante muchísimos años. Este ataque (y no hay otra manera de definirlo) se ha llevado a cabo en alianza con las minorías que representan a las clases dominantes de los países miembros de la Unión Europea, siendo un aliado importante en esta lucha de clases que está teniendo lugar a nivel continental, las élites corruptas gobernantes del Estado español, herederas de las que dominaron la dictadura fascista en España.

La rama política de este capital financiero –los partidos conservadores y liberales, con la inestimable ayuda de los partidos socioliberales- (que todavía tienen la osadía de autotitularse socialdemócratas, tras haber abandonado cualquier atisbo de parecerse a tal tradición política), han establecido una dictadura en la Unión Europea que ha estado imponiendo políticas sumamente impopulares que carecían de mandato popular (pues no estaban en sus programas electorales), alcanzando su máximo desarrollo en Grecia. Hoy, la riqueza destruida en aquel país, todavía pobre en Europa, es mayor que la riqueza destruida en Francia y en Alemania durante la I Guerra Mundial. Sus pensiones y sus servicios públicos del Estado del Bienestar están siendo diezmados, y los convenios colectivos que defienden al mundo del trabajo están siendo enormemente debilitados, todo ello como consecuencia de las políticas neoliberales impuestas por el establishment neoliberal europeo que controla el gobierno de la Unión Europea y de la Eurozona, con la asistencia del Fondo Monetario Internacional. Es un ejemplo más del terrorismo financiero que es tan dañino como el terrorismo militar, y que es mucho más extenso.

El objetivo político del establishment europeo es destruir cualquier rebelión frente a esta d¡ctadura financiera

Lo que está ocurriendo hoy es el intento de destruir a Syriza, el primer gobierno que, representando los intereses de las clases populares, ha intentado parar tanta barbarie, rebelándose frente a las políticas públicas de austeridad, tal como le mandó el pueblo griego. Como he indicado en artículos anteriores, lo que la dictadura financiera quiere es no expulsar a Grecia del euro, sino expulsar a Syriza del gobierno. Y cuenta para ello con la clase política griega, corrupta hasta la médula, que controla la gran mayoría de los medios de información y persuasión de aquel país, como también ocurre en España.

Grecia ha sido la mayor víctima de este sistema terrorista que se está aplicando en la Eurozona, causando el mayor desastre social que se conoce en la Europa Occidental desde 1945. De ahí la urgencia y necesidad de ayudar a las fuerzas democráticas griegas, saliendo a la calle, enfrente de las delegaciones de la UE en España, para mostrar el rechazo hacia este terrorismo. La Europa que era el sueño de la resistencia antifascista durante los años de clandestinidad es ahora, una pesadilla, como consecuencia del deterioro tan marcado de la democracia y de la solidaridad, resultado de aquel terrorismo financiero que domina hoy este continente.

¿Qué está pasando en estos momentos?

Como era de esperar, la mayoría de los medios de gran difusión en España, altamente financiados por el capital financiero, han responsabilizado de lo que está ocurriendo nada menos que a la víctima de tal terrorismo. Frente a tanta mentira, es importante señalar:

1. La enorme necesidad y urgencia de responder a tanta falsedad, denunciando a los medios por falsificar la realidad, tanto de lo que ha estado ocurriendo como de lo que ha pasado estos días.

2. Que el Banco Central Europeo (BCE), que ya mostró su hostilidad hacia el gobierno Syriza solo dos días después de ser elegido, ha amenazado con destruir el sistema bancario griego cerrando toda transferencia a sus entidades bancarias.

3. Que las exigencias de las Instituciones Europeas (formado por, además de lo que se había llamado la Troika –el BCE, la Comisión Europea y el FMI-, el Eurogrupo), que incluyen el pago de la deuda, son un ataque frontal a la supervivencia de Grecia, pues es imposible que se pague tal deuda y a la vez reactivar la economía griega. Tales demandas han llegado a niveles escandalosos, como exigir que haya una reducción de las pensiones públicas que signifique un recorte equivalente a un 1% del PIB, a la vez que las mismas instituciones se oponen a la demanda de Syriza de aumentar los impuestos a las clases más pudientes, vetando también un gravamen a los grandes yates de tales clases.

4. Que la aplicación de las políticas de austeridad ha causado un auténtico desastre social y económico, generando a la vez un aumento y no una disminución de la deuda pública, de la cual solo se han beneficiado los bancos extranjeros, y muy en particular los alemanes y franceses, pero también los españoles.

5. Que cuando estos bancos estuvieron en riesgo de perder sus enormes beneficios generados por los intereses que Grecia estaba forzada a pagar, y que no podría pagar, fueron los gobiernos de la Eurozona los que les rescataron, bajo la falsa excusa de que intentaban ayudar a Grecia.

6. Que han sido las instituciones del establishment europeo, que desde el primer día del gobierno Syriza mostraron una enorme rigidez, las que han ignorado las demandas de este gobierno, que no eran ni más ni menos las que se habían permitido al Estado alemán cuando su deuda le estaba ahogando. En estas condiciones se hizo una quita de un 50% de la deuda pública alemana y se condicionó el pago del resto de la deuda al crecimiento de la economía alemana. Las instituciones del establishment europeo sistemáticamente se opusieron, e incluso se negaron, a considerar esta alternativa que había señalado el gobierno Syriza.

7. Que el BCE, en alianza con la clase corrupta dominante en Grecia, que controla la mayoría de los medios de información, está intentando que estos días, antes del referéndum del próximo fin de semana, haya un caos en la situación financiera griega, a fin de movilizar la oposición al gobierno Syriza en el referéndum, con la intención de conseguir lo que siempre desearon, echar a Syriza del gobierno.

8. Que la derrota de Syriza será una derrota de la lucha contra la austeridad en la Eurozona. Syriza no tenía ninguna otra alternativa a hacer lo que ha hecho, pedir la opinión del electorado griego, pues Syriza fue escogido para terminar con las políticas de austeridad. Si las instituciones europeas no le dejan hacer lo que prometió es una muestra más de su compromiso y coherencia democráticos el que Syriza considere necesario pedirle al pueblo griego que decida si acepta los cambios sugeridos por el establishment europeo o si desea que el gobierno desobedezca tales propuestas.

9. Que todo lo que está pasando en Grecia afecta directamente a las clases populares de todos los pueblos y naciones de España. De ahí que el gobierno Rajoy haya sido el mayor aliado en el Eurogrupo, del Ministro de finanzas alemán -el halcón del Eurogrupo-, pues dicho gobierno español ha sido de los que han llevado a cabo tales políticas de austeridad con mayor dureza, presentándose como el modelo a seguir en la Eurozona. El tsunami político ocurrido en este país en las últimas elecciones municipales ha asustado a ese establishment neoliberal que gobierna la Eurozona, contribuyendo a aumentar su rigidez negociadora, pues quieren, por todos los medios, que Syriza fracase. Intentan así asustar a la población española, cada vez más asqueada con las políticas neoliberales promovidas por el establishment español (y aquí en Cataluña, por el establishment catalán) y sus medios de información y persuasión. El miedo es, una vez más, la estrategia seguida por la estructura de poder ante el número creciente de ciudadanos que quieren tomar el control de su presente y futuro. De ahí el enorme temor de que la ciudadanía sea consciente de que se pueden cambiar las realidades que le oprimen si se organiza para ello. Y esto es lo que el establishment neoliberal europeo no puede permitir. Así de claro.

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#Referéndum. Discurso del primer ministro Alexis Tsipras al pueblo griego

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Discurso pronunciado por el primer ministro griego Alexis Tsipras a través de la televisión pública de Grecia el 27 de junio de 2015 a las 01:00 horas.

Alexis Tsipras
Hemos librado un combate en condiciones de asfixia financiera inauditas para lograr un acuerdo viable que llevara a buen término el mandato que nosotros recibimos del pueblo. Se nos ha pedido aplicar las políticas de los memorandos como lo habían hecho nuestros predecesores. Después de cinco meses de negociaciones, nuestros socios nos han dado un ultimátum que contraviene los principios de la Unión Europea y socava el relanzamiento de la sociedad y la economía griegas.

Estas propuestas violan absolutamente los principios europeos. democracia, y manifiestan sobre todo la obsesión del Fondo Monetario Internacional por una política de extrema-austeridad. El objetivo hoy es poner fin a la crisis griega de la deuda pública. Nuestra responsabilidad en la afirmación de la democracia y la soberanía nacional es histórica en este día, y esta responsabilidad nos obliga a responder al ultimátum basándonos en la voluntad del pueblo griego. Yo he propuesto al Consejo de Ministros la organización de un referéndum y esta propuesta ha sido adoptada por unanimidad.

La pregunta del referéndum de este próximo domingo será saber si nosotros aceptamos o rechazamos la propuesta de las instituciones europeas. Yo pediré una prolongación del programa durante varios días hasta que el pueblo griego tome su decisión.

Yo os invito a tomar esta decisión soberanamente y con la dignidad que nos enseña la historia de Grecia, que ha visto nacer la democracia y debe enviar un mensaje rotundo de democracia. Yo me comprometo a respetar el resultado, sea cual sea. Grecia es y seguirá siendo una parte indisoluble de Europa. Pero una Europa sin democracia es una Europa que ha perdido su brújula.

Europa es la casa común de nuestros pueblos, una casa que no tiene ni propietarios ni inquilinos. Grecia es una parte indisoluble de Europa, y yo os invito a todos y todas a tomar, en un mismo impulso nacional, las decisiones que conciernen a nuestro pueblo.

Localização da Grécia (em vermelho) No continente europeu (em cinza) Na União Europeia (em branco)

Localização da Grécia (em vermelho)
No continente europeu (em cinza)
Na União Europeia (em branco)

Traducido del francés al castellano por Raúl Solís: http://www.paralelo36andalucia.com/…

Tercera Informacion/ Es. Fuente: http://syriza-fr.org/2015/06/27/all…

Podemos ante el referéndum en Grecia: “Nosotros estamos con la democracia, estamos con el pueblo griego”

España | Tercera Información

proxy troika

Ante la inmensa gravedad de la situación que vive Grecia tras la ruptura de las negociaciones por parte del Eurogrupo, Podemos quiere comunicar lo siguiente:

«1.- El pasado lunes, el Gobierno griego presentó una propuesta al Eurogrupo que incluía enormes concesiones y fue unánimemente recibida como sensata y viable. Los acreedores internacionales, encabezados por el FMI, no han aceptado que Grecia pague sus deudas mediante una subida de impuestos a las grandes fortunas griegas, como proponía el gobierno de Syriza. El FMI y sus socios han exigido que el gobierno griego pague sus deudas subiendo el IVA de los alimentos básicos y bajando las pensiones. La Troika exige que se le pague, pero sólo acepta que se le pague con el dinero de las familias griegas más pobres ; en lugar de reestructurar la deuda y lanzar un plan de inversiones para reactivar la economía, quieren seguir recortando los salarios y subirle la electricidad a las familias. En su afán de demostrar que no hay alternativa a la austeridad, los acreedores quieren imponer a Grecia las mismas medidas que han llevado al país al desastre. Para evitar la asfixia, seguir estrangulando la economía griega es justo lo que no hay que hacer.

2- Ante el ultimátum y el chantaje de los acreedores, el gobierno griego ha reaccionado de manera ejemplar: dándole la palabra a la ciudadanía para que decida de manera democrática y soberana su propio futuro. A diferencia de lo que hizo el Gobierno de España en 2011 y 2012, el gobierno griego se ha negado a violar el mandato popular que recibió de las urnas el pasado mes de enero. Todos los intentos de coaccionar, amedrentar e influir en esa votación por parte de poderes no elegidos, y en especial por parte del Banco Central Europeo, dispuesto a asfixiar el sistema financiero griego para influir en el referéndum, constituyen una violación flagrante e inaceptable del principio democrático. Europa sin democracia no es Europa, y todos los demócratas deberían coincidir en la denuncia radical de estas injerencias y presiones. No hay democracia si gobiernan y deciden quienes no se presentan a las elecciones.

3- Con su intransigencia, los acreedores han demostrado que su principal interés no es resolver la crisis de la deuda griega sino someter y derrocar un gobierno democráticamente elegido para demostrar que no hay alternativa. Su ceguera es tal que están dispuestos a poner en riesgo la integridad y la estabilidad misma del sistema financiero y del proyecto europeo, exponiéndolo a ataques especulativos que sufrirán, en última instancia, el resto de países y sus ciudadanos. No nos cansaremos de repetirlo. Serán ellos los responsables de este desastre.

4- Syriza no es responsable de la tremenda crisis económica que afecta a Grecia. Fueron los gobiernos de Nueva Democracia y el PASOK, los aliados del PP y el PSOE, quienes falsearon las cuentas, entregaron la soberanía del país a la Troika y legaron al gobierno de Syriza una catástrofe económica y social que es necesario y urgente revertir.

5.- Muchos actores internacionales (Francia, Italia, los Estados Unidos) se han desmarcado del dogmatismo de los acreedores y cientos de miles de personas a lo largo y ancho del planeta han expresado su solidaridad con el pueblo griego y su defensa del principio democrático. Exigimos al gobierno Español y a las instituciones europeas que respeten la soberanía y la dignidad del pueblo griego, que garanticen que el referéndum se desarrolla en condiciones de plena libertad y normalidad, y que se respete la voluntad democrática del pueblo griego y sus derechos fundamentales, que han sido sistemáticamente violentados en los largos años de la austeridad. Hoy en Europa hay dos campos enfrentados: la austeridad y la democracia, el gobierno del pueblo o el gobierno de los mercados y sus poderes no elegidos. Nosotros estamos con la democracia. Nosotros estamos con el pueblo griego.»

“En Grecia, los jóvenes en paro, se han convertido en un actor político clave”

SvitalskyBros

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Juan Agulló entrevista al analista político Dimitris Pantoulas

Dimitris Pantoulas (Ioannina, 1979) es un analista político griego, de formación británica, que ha contemplado los recientes cambios acaecidos en su país con un pie dentro y otro fuera de su tierra. Es la posición justa para aportar una mirada crítica y aguda que, Pantoulas, desglosa en un castellano fluido, aprendido entre Sevilla y América Latina…

Juan Agulló (JA) – Me gustaría comenzar esta conversación con una pregunta que nos ayude a enfocar el tema: ¿hasta qué punto cree usted que hay tergiversación u ocultación sobre Grecia y sobre el Gobierno de Syriza en la prensa internacional y muy especialmente, en la europea?

Dimitris Pantoulas (DP) – Los grandes medios internacionales transmiten, en general, las ideas dominantes en cada país, que muchas veces son promovidas por Gobiernos y grupos de interés y aceptadas por unas opiniones públicas que, a su vez, retroalimentan el proceso. En el caso de Grecia, por ejemplo, la prensa alemana ha sido bastante hostil contra el nuevo Gobierno: como el Gobierno alemán. La prensa financiera internacional, por su parte, ha estado defendiendo la posibilidad de que Grecia llegue a un acuerdo con sus acreedores (incluso si eso perjudica a amplios sectores sociales). En paralelo, es justo reconocer que en periódicos prestigiosos como The Guardian o The New York Times ha habido voces discordantes que han tendido a preocuparse, más por el pueblo griego, que por la ‘estabilidad del sistema’. En definitiva, tanto Syriza como la propia Grecia, se están moviendo en un ambiente mediático internacional hosco.

JA – Syriza llegó al Gobierno hace mes y pico con la bandera del fin de la austeridad. La reciente firma de una pró rroga del Rescate ¿cómo debe ser interpretada?

DP – Cuando Syriza llegó al Gobierno se dio de bruces con una realidad que no esperaba… y eso que había tenido dos años para prepararse. De todos modos, la Unión Europea (UE) nunca mostró voluntad de compromiso y en cuanto al Banco Central Europeo (BCE), como dijo Alexis Tsipras, le ha puesto “la soga al cuello” al país. La clave radica en la relación de fuerzas en el seno de la UE, que no beneficia al actual Gobierno griego porque en estos momentos es el único de izquierda en la UE (por ejemplo, cuando negoció la prórroga tuvo que enfrentarse, él solo, a los otros 18 Gobiernos de la Eurozona). Ahora, con la prórroga, se han conseguido cuatro meses adicionales para negociar aunque, en realidad, cuesta imaginar qué se negociará puesto que, si la voluntad es no salir de la Eurozona, las opciones son mínimas.

JA – ¿Y por qué, Syriza, no se plantea salir de la Eurozona? Hace no mucho la idea todavía era esa y los que defendían lo que ahora defiende Syriza eran otros que, ahora en las elecciones de enero, no llegaron ni al 1% de los votos…

DP – La gran paradoja de la Grecia actual es que la mayoría de la gente (casi el 80%, según las encuestas) no quiere que el país salga de la Eurozona pero, al mismo tiempo, el 70%, aplaude la firmeza del Gobierno frente a los acreedores. Es decir que, salvo los comunistas, un sector minoritario de Syriza y un pequeño partido (llamado ANTARSYA) los griegos no quieren austeridad pero tampoco quieren salir del Euro. El verdadero problema de fondo es que ese juego de contradicciones lo conoce el actual Gobierno pero, también, los acreedores.

JA – ¿Syriza tiene un riesgo de desgaste político si incumple algunas promesas electorales básicas ? ¿Cree usted que posible que, el Viejo Régimen – o al menos, parte del mismo – se restaure? De hecho, ahora mismo ¿cuál es la alternativa política real en Grecia: Nueva Democracia (ND) o est á en formación?

DP – Vayamos por partes. Syriza fue siempre un partido político muy democrático y plural y durante mucho tiempo esa fue su fortaleza en el marco de un sistema de partidos muy rígido y poco democrático. En el contexto actual, sin embargo, quizá ese rasgo le pueda pasar factura. Ahora mismo, por ejemplo, el ala izquierda del partido está en contra de la prórroga al Rescate: lo ha hecho público y eso ha colocado a Tsipras en una situación incómoda. Por otra parte hay quien piensa que el margen político de Syriza, al menos en el frente interno (y más concretamente en el ámbito de las políticas públicas, sobre todo, sociales) sigue siendo grande, pero también hay quien arguye que los griegos votaron a Syriza para que les sacara de la crisis y no solo para que les gestionaran mejor y con mayor sensibilidad…

Por su parte, lo de ND, también es complejo: la derecha perdió las elecciones por un 8% de diferencia pero no ha cambiado a su dirigencia, como hasta ahora solía ser costumbre en casos así, porque mucha gente piensa que el Gobierno de Syriza va a ser breve y que ND va a recuperar, rápidamente, el poder. Pero el problema, también, es que los griegos quieren salir de la crisis y que les gestionen mejor y ND no promete nada diferente a lo que le hizo perder… La alternativa a todo esto mucho me temo que puede implicar incluso a [la neonazi] Aurora Dorada (AD).

JA – ¿Realmente AD tiene posibilidades? ¿Hasta qué punto, agitar el fantasma neo-nazi en Grecia puede ser un señuelo? ¿A qué sectores sociales representa AD y por qué cree que podría tener potencial de crecimiento, no solo político sino sociológico? En definitiva ¿no cree posibles otras salidas a la crisis orgánica que usted describe?

DP – La dirigencia de AD lleva 18 meses en prisión, acusada de ser una banda criminal. Pese a ello y a toda la propaganda en su contra, AD ha logrado convertirse en la tercera fuerza política del país, aunque con un porcentaje electoral menor que en elecciones previas. La agenda de AD es anti-austeridad, nacionalista y xenófoba. Su base electoral son hombres jóvenes en paro que viven en zonas urbanas marginales. Mi impresión es que, como Syriza decepcione y la gente se sienta humillada por la UE, puede haber un voto de protesta masivo (en defensa del ‘orgullo griego’, muy malherido en los últimos tiempos) y AD es un símbolo de ese voto/protesta.

JA – Ya que hablamos de malestares y protestas ¿usted cuál cree que es, realmente, el componente político más débil de la alianza social que aupó a la izquierda no socialdemócrata al Gobierno?

DP – Sin duda, los jóvenes desempleados que están contra de los programas de austeridad.

JA – ¿Y no una clase social en concreto, una zona del país o un sector de la población? ¿Así de simple, “los jóvenes desempleados que están contra la austeridad”?

DP – Cuesta, en un país con un 25% de paro como Grecia, atenerse a categorías del tipo obreros/capitalistas. Por otra parte, en Grecia, la cuestión territorial no es tan importante como en otros países… Más bien, la juventud empobrecida o con pésimas expectativas es la que se ha convertido en un actor político clave que quiere cambio y que está demostrando ser capaz de poner y quitar Gobiernos. De momento ha ayudado a Syriza. A partir de ahora, veremos…

JA – Miremos ahora hacia los aliados institucionales de Syriza ¿quiénes son los Griegos Independientes (ANEL)? Mucha gente, fuera de Grecia, se lo pregunta… ¿Son un aliado de conveniencia o un rival potencial cauterizado? Socialmente hablando ¿a qué electorado representan?

DP – ANEL es un partido anti-austeridad que nació en 2012, cuando Grecia estaba negociando su segundo y más desastroso Rescate. Básicamente es un partido conservador y nacionalista; no neoliberal, eso sí, que fue creado por ex miembros de ND decepcionados por el viraje del partido que, de ganar las elecciones de 2012 con un mensaje anti-austeridad, pasó a negociar rescates aún más desastrosos que los anteriores y a aplicar políticas de austeridad extrema.

Su alianza con Syriza se explica, en parte por la coincidencia anti-Rescate y en parte, también, por realismo de Syriza: sus votos fueron fundamentales para hacer caer, el pasado mes de enero, al Gobierno de Andonis Samaras (ND) y provocar las elecciones que ganó Tsipras (Syriza).

JA – ¿Y usted piensa que, en un escenario crítico, el electorado de ANEL podría regresar a ND o más bien emigrar hacia posiciones más cercanas a las de AD? Otra pregunta que se relaciona con otro partido, sociológicamente de derecha: ¿se parece el electorado del de To Potami al de ANEL? ¿En un escenario crítico, cabría esperar una evolución parecida de ambos actores?

DP – Es difícil predecir en política. En el caso de ANEL, después de las elecciones, se les presentó una oportunidad de oro para entrar al Gobierno. Simplemente, la aprovecharon. Más adelante, quién sabe…

Potami es otra cosa. Su electorado tiene una extracción social diferente: son clases medias urbanas más preocupadas por cambiar las estructuras institucionales griegas que por las relaciones de clase o incluso, por las negociaciones con la UE.

JA – Es decir que, si no le estoy entendiendo mal, los mecanismos tradicionales de dominación y las alianzas de poder en los que éstos se sustentan han saltado por los aires… No solo han sido los partidos tradicionales…

DP – No, claro. En la sociedad griega, como consecuencia de la crisis, está produciéndose un cambio de valores significativo. De hecho, muchas de las tendencias sociales que hasta hace poco eran hegemónicas (consumismo, hedonismo, materialismo, sueño americano, etc.) están revirtiéndose. Las clases medias están muy golpeadas. La gente empieza a ser consciente de las relaciones de dominación y a cuestionar el periodo anterior… pero todo eso convive con el deseo, todavía mayoritario, de mantenerse en la Eurozona lo cual demuestra que tampoco puede hablarse, como hacen algunos, de un periodo ‘post-neoliberal’ o mucho menos, ‘post-capitalista’… Más bien estamos en la post-austeridad y de todos modos, todavía queda mucho para saber qué quiere decir eso.

JA – Movámonos ahora, para terminar con este repaso a la sociedad griega contemporánea, hacia sus márgenes, que no parecen ser menores ¿Qué perfil tiene ese tercio del electorado que, en unos comicios tan polarizados y hasta cierto punto, tan rupturistas como las del pasado 25 de enero, decidió abstenerse?

DP – Es difícil responder a esta pregunta sobre todo porque me parece que, hasta ahora, nadie ha hecho un estudio en profundidad de la abstención. Sin embargo, hay algo que evidente: el sistema electoral griego, las leyes que lo regulan y el contexto socioeconómico no incentivaron la participación en enero pasado. De hecho la emigración, interna y externa, ha crecido muchísimo como consecuencia de la crisis. Por eso, muchos de los inscritos en el censo electoral, o bien están en el extranjero o bien, aunque están en Grecia, ahora viven en grandes ciudades (principalmente, en Atenas) y debido al escasísimo tiempo transcurrido entre la convocatoria y la elección, a la mayoría, no le dio tiempo a cambiar formalmente su lugar residencia y en cuanto a viajar a sus lugares de origen para votar, para muchos, es un lujo.

JA – Eso de que viajar al lugar de origen pueda ser un lujo en Europa, en pleno 2015, interpela… pero también es una de las consecuencias clásicas de las políticas de austeridad. En ese terreno ¿qué margen real de maniobra tiene Syriza para recuperar políticas redistributivas que, no sólo combatan la exclusión, sino que redefinan las relaciones de poder? ¿No cree usted que el riesgo de defraudar en este ámbito es enorme?

DP – Syriza ha prometido implementar políticas redistributivas que alivien la emergencia social que, actualmente, padece el país. En ese sentido, una de las medidas estrella de Tsipras consiste en proporcionar electricidad gratuita a unas 300 mil familias pobres o que coquetean con la pobreza. Además de eso hay programas alimenticios para niños, un incremento del salario mínimo y un encarecimiento del despido que va a contracorriente de lo que llevaba ocurriendo hace muchos años. A grandes rasgos hay una voluntad evidente por parte de Syriza de cambiar las relaciones de fuerza. Ahí, el gran problema es el margen de maniobra político real que quede después de la negociación del Rescate… En cuanto al riesgo de defraudar, las cosas van más bien por el lado de no caer en tentaciones dañinas como el clientelismo, la corrupción, etc.

JA – Ya que usted menciona categorías como esas ¿es posible pensar en una reconfiguración del clientelismo (o al menos, de cierto grado de clientelismo) en el contexto de la que usted define como ‘post-austeridad’?

DP – Seamos claros: a menudo, el término clientelismo, se utiliza como arma arrojadiza contra los grupos organizados que demandan mejoras en su nivel de vida. Pero clientelismo no es eso. Es, más bien, una relación social en la que los intereses privados se anteponen a lo público y en la que, el mérito, es sustituido por relaciones de vasallaje.

A partir de ahí, como es probable que en los próximos años, Syrirza, tome medidas a favor de los empleados públicos y privados (que se orientarán a la recuperación de un mercado interno) es muy factible que determinados sectores políticos y sociales aprovechen para identificar esas medidas con prácticas clientelares clásicas. Pero, en principio, no lo serían. Clientelismo sería que se le siguieran haciendo favores a grandes grupos de interés o dándole privilegios a particulares a costa de la mayoría: si las cosas fueran así no habría ruptura y eso, muy probablemente, el electorado no lo perdonaría.

JA – Alejémonos ahora un poco, para ir terminando, de la política interior griega ¿Cómo se percibe en su país el cruce polí tico, in édito, al que estamos asistiendo entre Grecia y España? El Primer Ministro español, Mariano Rajoy, haciendo campaña en Atenas a favor de Samaras y el opositor Pablo Iglesias, haciendo lo mismo, pero a favor de Tsipras; Madrid maniobrando en Bruselas contra Grecia; Tsipras atacando a Rajoy que se defiende con una contundencia poco habitual y muy poco diplomática… ¿Qué ocurre?

DP – Hay quien sostiene que una “Marea Rosa” (Pink Tide en inglés) podría cernirse sobre Europa como ocurrió en America Latina en los 2000. Muchos gobiernos que no son de izquierda temen esa posibilidad y temen que la victoria de Syriza pueda provocar un efecto dominó. Creo que esa es la razón de tanta agresividad por parte de Rajoy, a pesar de que lo que defiende Tsipras, en el fondo, beneficiaría a España. Personalmente, yo no le veo mucho sentido a la actitud de Rajoy porque tampoco me parece que un eventual fracaso de Syriza pudiera favorecer, automáticamente, al PP: demasiado lineal.

JA – ¿Y usted ve a Podemos en España, a Beppe Grillo en Italia o al Livre portugués como exponentes de la misma Marea Rosa que Syriza?

DP – Cada país tiene características propias e historias diferentes. Italia, por ejemplo, es difícilmente comparable con Grecia. Sin embargo, lo que iguala a casi todos es que las sociedades europeas están cansadas de tanta austeridad. Por eso es muy posible que, en los próximos años, haya partidos y coaliciones que canalicen ese malestar. Lo deseable es que lo hagan a partir de propuestas progresistas porque sí no – y el caso de Marine Le Pen, en Francia, es preocupante – Europa podría volver a vivir sus días más negros…

JA – Terminemos, ahora sí, dando un pequeño vistazo al exterior. ¿Usted cree que hay posibilidades de que, si a la Grecia de Syriza se le cierran todas las puertas en la UE, empiece a mirar hacia Moscú o hacia Pekín? Otra cosa ¿cree usted posible que, durante el mandato de Tsipras, se redefinan las relaciones de Grecia con Turquía?

DP – Empiezo por Rusia. Grecia, lleva 70 años de relaciones fluidas con Europa Occidental y aunque tradicionalmente, Rusia, siempre ha sido un aliado (fundamentalmente, por motivos religiosos) veo difícil que, Grecia, termine sustituyendo a Rusia por la UE (Rusia, de hecho, tiene ahora mismo muchos problemas: Ucrania, crisis económica, etc.).

China, por su parte, podría ser una opción estratégica pero eso podría molestar mucho a la UE así que lo veo improbable…

Para terminar, lo de Turquía: actualmente, tanto Grecia como Turquía, pasan por situaciones políticas complicadas por lo que, como se trata de un tema sensible para ambos países, no me parece que vaya a haber grandes cambios, al menos a corto plazo.

Syriza: “Para nós, ‘reformas estruturais’ são o combate à corrupção e à fraude fiscal”

Examining the National Debt of Greece    Spiros Derveniotis, by Spiros Derveniotis

Examining the National Debt of Greece Spiros Derveniotis, by Spiros Derveniotis

 

Yiannis Bournous, dirigente do Syriza, falou ao esquerda.net sobre o acordo alcançado no Eurogrupo e a mudança política que o Syriza trouxe à Europa. Entrevistado por Catarina Príncipe

Que avaliação fazes do acordo saído da reunião de sexta-feira no Eurogrupo?

O documento adotado no Eurogrupo dá à Grécia um período extra de quatro meses para apresentar um plano desenvolvido de reformas estruturais. O documento dá-nos espaço para respirar, tanto em termos de tempo como de condições económicas. Mesmo se algumas das considerações do documento possam ser apelidadas de ambíguas, politica e tecnicamente, o importante é que conseguimos cancelar o acordo dado pelo governo anterior em impor novas medidas de austeridade – nomeadamente, nova redução das pensões de reforma, mais aumentos de impostos para as classes populares e a classe média, liberalização dos despedimentos e da confiscação de habitações.

Esta é a primeira vez que um país sobrendividado recebe uma folga financeira e temporal que lhe permite respirar, graças ao que Varoufakis chamou a “ambiguidade criativa” da sua formulação. Por outro lado, fracassou o plano do sr. Schäuble para asfixiar a Grécia no dia 28 de fevereiro – que era o prazo final do memorando – e assim levar o país a um beco sem saída com a falta de liquidez e impor nessa altura as condições que quisesse ao novo governo. Felizmente isso falhou e temos uma nova fase de discussão que levará quatro meses.

Isso quer dizer que as promessas eleitorais não ficaram para trás?

Esta segunda-feira apresentaremos um plano de reformas estruturais aos nossos parceiros. Mas não entendemos a expressão “reformas estruturais” como o faziam os anteriores governos. Para nós elas significam que não haverá mais despedimentos, cortes e austeridade. As nossas reformas estruturais são para combater o clientelismo, a corrupção e a fuga ao fisco. Devo dizer-vos que hoje mesmo foi anunciada a conclusão de uma investigação judicial feita a pedido do ministro anti-corrupção. Ela levou ao congelamento de 404 milhões de euros encontrados em contas bancárias de grandes investidores e depositantes que não conseguiram provar a origem lícita desse dinheiro. Este é o primeiro sinal prático da nossa determinação em lutar contra a fraude fiscal, que para além de ser uma reforma que não tem custos, permite obter grandes receitas ao Estado. Claro que para além destas reformas estruturais, também proporemos medidas de baixo ou nenhum custo para combater a crise humanitária. As primeiras medidas estão a ser ultimadas e serão apresentadas nos próximos dias. Têm a ver por exemplo com a restruturação da dívida privada dos agregados familiares sobrendividados, pequenas e médias empresas e empresários em nome individual. Isto é um bom sinal de que a parte do nosso programa que pode ser aplicada desde já, irá mesmo ser aplicada desde já.

Toda a gente sabe que num processo negocial há dois lados da mesa que têm de recuar nas suas posições. Não desvalorizamos o facto de que no início das negociações estávamos sozinhos contra 18 governos da zona euro. O documento aprovado na sexta-feira não reflete um isolamento. O que estas negociações provaram é que de facto existe um espaço para negociação quando a política é posta em cima da mesa. Antes não havia discussão política, discutiam assuntos técnicos porque todos concordavam com a linha da austeridade para a Europa.

Hoje o cenário é diferente: uns dias antes houve uma declaração de cinquenta (não dois ou três, mas cinquenta) deputados socialistas franceses a defenderem que a Grécia devia ter espaço para respirar e que devíamos pensar num plano de crescimento para a Europa e o fim da austeridade. Também no partido de Renzi – e lembremos que a dívida pública italiana é de 2,3 biliões de euros – ouviram-se vozes nesse sentido. Creio que eles também tirarão partido da nova situação, uma vez que uma dívida dessa dimensão é uma bomba prestes a explodir e Renzi não quer ser destruído politicamente. Eu espero que estes acontecimentos sirvam para motivar as forças que se opõem à austeridade a lutar e a reclamar de forma concreta um plano alternativo.

E sobre a posição dos governos de Portugal e Espanha, que têm sofrido com a austeridade e foram os mais ferozes opositores do acordo?

A política regressou à mesa da União Europeia. Não por causa de uma vitória temporária – como aconteceu há dez anos com a rejeição da Constituição Europeia em referendos na França e Holanda – mas porque finalmente apareceu um governo que diz coisas diferentes.

É natural haver divergências fortes, políticas e ideológicas, com os governos da direita portuguesa e espanhola. Mas respeitamos as opiniões de todos. É mais do que evidente que a estratégia da super-austeridade foi um fracasso histórico para a Europa. Creio que todos os passos que sejam dados agora através da intervenção política do lado grego, todos os passos que dermos em direção ao crescimento e à melhoria das condições de vida dos povos dos países europeus, irão levar a uma reavaliação das prioridades políticas de alguns países.

Não nos esqueçamos que Rajoy e Passos Coelho enfrentam os seus eleitores em novembro e setembro, respetivamente. O sr. Rajoy até deve ter problemas em dormir com o “tic-tac” da contagem decrescente, graças ao que chama a “ameaça” do Podemos. Não acreditamos que o Podemos seja uma ameaça, ele é mesmo o próximo grande passo da esperança num novo plano social sustentado para a Europa.

Se esse “espaço para respirar” que a Grécia conseguiu pode ser benéfico para Portugal ou Espanha, a oposição destes governos deveu-se apenas ao cálculo político?

É verdade, embora saibamos à partida que eles servem interesses de classe e interesses económicos diferentes dos nossos. Por exemplo, a imprensa grega diz que o sr. Rajoy estava tão preocupado com a possibilidade de um acordo que foi dizer aos alemães que se estes cedessem às exigências de Alexis Tsipras, não iria conseguir alcançar mais de 7% nas eleições espanholas. Eles insistem na continuidade destas políticas não porque acreditem que elas tenham trazido resultados positivos, mas sim porque não querem – especialmente antes das suas eleições – que esta alternativa que representamos seja vista como um projeto concreto que avance na Europa.

As sondagens na Grécia davam o apoio de 4 em cada 5 cidadãos ao governo nas negociações. Por toda a Europa houve manifestações e solidariedade. Que impacto teve e como devem prosseguir?

Devo confessar que mesmo para nós, militantes organizados da esquerda, foi uma grande surpresa ver tanta gente organizar-se nas redes sociais e saírem à rua, não contra mas a favor das políticas de um governo! Uma das sondagens publicadas esta semana dava 47% de intenção de voto no Syriza.

Recebemos inúmeras mensagens de solidariedade de múltiplas iniciativas e organizações – tanto as que já existiam durante a crise como as que nasceram agora depois da vitória do Syriza. Foi maravilhoso ver fotografias e vídeos das mobilizações não apenas na Europa mas até nos Estados Unidos ou da América Latina. Foi impressionante e veio confirmar o que dizíamos antes das eleições: que uma vitória do Syriza teria impacto político e mesmo social em toda a Europa.

Agora há cada vez mais cidadãos europeus a perceberem que afinal se pode negociar com a Europa um futuro melhor para o seu país. Acredito que estas iniciativas se vão fortalecer à medida que o governo grego prossiga o seu papel dinâmico e decisivo nas negociações. Há um espaço político em aberto que pode baralhar o jogo político de cada país. Com as suas diferenças, há uma janela de esperança que com uma ação eficaz das forças de esquerda em cada país, isso se possa transformar a prazo em êxitos políticos concretos, eleitoralmente e não só. Estou muito otimista quanto a isso.

Para terminar, qual é a razão para o Syriza ter proposto um antigo ministro da Nova Democracia para Presidente da República?

Houve vários fatores que tivemos de considerar antes de tomar a decisão sobre quem nomear. Não nos podemos esquecer que o Syriza não obteve a maioria absoluta, que tem um parceiro de coligação e sobretudo que vivemos um período histórico, não apenas para a Grécia mas para o conjunto da Europa. Isso significa que precisamos de criar a mais ampla unidade em promover uma alternativa contra a austeridade. Foram essas as principais razões para a escolha de Prokopis Pavlopoulos para a presidência da República.

Para além de fazer parte da Nova Democracia, Pavlopoulos também é conhecido pelo seu mérito académico na área do Direito e por se ter distanciado em muitas ocasiões das medidas e discursos extremistas, como o imposto sobre imóveis introduzido pelo governo Samarás. Também é importante perceber que atualmente no espaço político da direita há uma divisão entre os políticos mais moderados de centro-direita, que foram céticos em relação à super-austeridade do governo Samarás, e o setor mais extremista da Nova Democracia, liderado pelo próprio Samarás. A escolha de Pavlopoulos serviu então para mostrar que estamos dispostos a cooperar com todas as forças que reconhecem a necessidade de uma mudança drástica de políticas.

 

Yanis Varoufakis: Não há tempo para jogos na Europa

Yannis Behrakis Reuters

Yannis Behrakis Reuters

 

ATENAS — Escrevo este artigo à margem de uma negociação crucial com os credores do meu país — uma negociação cujo resultado poderá marcar uma geração, e tornar-se mesmo um ponto de viragem quanto aos efeitos da experiência da Europa com a união monetária.

Teóricos dos jogos analisam negociações como se elas fossem jogos de divisão de bolos em que participam jogadores egoístas. Por ter, na minha vida anterior, na qualidade de académico, estudado durante muitos anos a Teoria dos Jogos, alguns comentadores precipitaram-se a concluir que, na qualidade de ministro das Finanças grego, estava a conceber bluffs, estratagemas e outras opções, tentando obter uma posição de vantagem apesar de dispor de um jogo fraco.

Nada podia estar mais longe da verdade.

Quando muito, o meu passado de Teoria dos Jogos convenceu-me de que seria uma completa loucura pensar nas atuais deliberações entre a Grécia e os nossos parceiros como um jogo de regateio a ser ganho ou perdido através de bluffs e subterfúgios táticos.

O problema da Teoria dos Jogos, como eu costumava contar aos meus alunos, é o de assumir como dado adquirido os motivos dos jogadores. No poker ou no blackjack, esta premissa não é problemática. Contudo, nas atuais deliberações entre os nossos parceiros europeus e o novo governo grego, aquilo que se pretende no fim de contas é forjar novos motivos. Criar uma nova mentalidade que transcenda divisões nacionais, dilua a distinção credor-devedor em prol de uma perspectiva pan-europeia e que ponha o bem comum europeu acima da mesquinhez política, dogma nocivo se generalizado, e da mentalidade nós-contra-eles.

Como ministro das Finanças de uma pequena nação, com enormes restrições orçamentais, sem um banco central próprio e vista por muitos dos nossos parceiros como devedor problemático, estou convencido de que temos uma única opção: afastar qualquer tentação de tratar este momento decisivo como um ensaio estratégico e, em vez disso, apresentar honestamente os fatos da economia social grega, apresentar as nossas propostas para que a Grécia volte a crescer, explicando os motivos pelos quais elas são do interesse da Europa, e revelar as linhas vermelhas que a lógica e o dever nos impedem de ultrapassar.

A grande diferença entre este governo grego e o anterior tem duas vertentes: estamos determinados a combater interesses para dar um novo impulso à Grécia e conquistar a confiança dos nossos parceiros e estamos determinados a não ser tratados como uma colônia da dívida que deve sofrer aquilo que for necessário. O princípio da maior austeridade para a economia mais deprimida seria pitoresco, se não causasse tanto sofrimento desnecessário.

Frequentemente, perguntam-me: e se a única forma de assegurar financiamento for ultrapassar as linhas vermelhas que estabeleceu e aceitar medidas que considera serem parte do problema e não da solução?

Fiel ao princípio de que não tenho direito a fazer bluff, a minha resposta é: as linhas vermelhas não serão ultrapassadas. De outra forma, não seriam verdadeiramente vermelhas, seriam um mero bluff.

E se tudo isto trouxer muito sofrimento ao seu povo? Perguntam-me. Está, certamente, a fazer bluff.

O problema desta linha argumentativa é o de partir do princípio, de acordo com a Teoria dos Jogos, de que vivemos numa tirania de consequências. Que não há circunstâncias nas quais devemos fazer o que é correto, não como estratégia, mas por ser…correto.

Contra este cinismo, o novo governo grego irá inovar. Iremos cessar, independentemente das consequências, acordos que são errados para a Grécia e errados para a Europa.

O jogo do “adiar e fingir”, que começou depois de o serviço da dívida pública grega não poder ter sido cumprido em 2010, vai acabar.

Acabaram-se os empréstimos – pelo menos, até termos um plano credível de crescimento da economia para pagar esses empréstimos, ajudar a classe média a recuperar e resolver as terríveis crises humanitárias.

Acabaram-se os programas de “reforma” que se dirigem aos pobres pensionistas e a farmácias familiares e mantém intocável a corrupção em grande escala

O nosso governo não está a pedir aos nossos parceiros uma solução para pagar as dívidas. Estamos a pedir alguns meses de estabilidade financeira que nos permita criar reformas que uma extensa camada da população grega possa assumir e apoiar, para podermos voltar a ter crescimento e acabar com a nossa falta de capacidade de pagar as nossas dívidas.

Pode pensar-se que esta retirada da Teoria dos Jogos é motivada por uma qualquer agenda de esquerda radical. Nem por isso. Aqui, a maior influência é Imannuel Kant, o filósofo alemão que nos ensinou que a saída racional e livre do império da conveniência é fazer aquilo que é correcto.

Como sabemos que a nossa modesta agenda política, afinal de contas a nossa linha vermelha, em termos kantianos, é a correcta?

Sabemos, olhando nos olhos dos esfomeados nas ruas ou contemplando a pressão sobre a nossa classe média, ou considerando os interesses dos diligentes trabalhadores de cada aldeia, vila e cidade na nossa união monetária. No fim de contas, a Europa só recuperará a sua alma quando recuperar a confiança das pessoas, pondo os interesses delas na linha da frente.

 

Yanis Varoufakis é o ministro das Finanças da Grécia. Publicado no New York Times

GRECIA. EL EFECTO ZORBA

Syriza llegó al poder y ya gobierna Grecia de la mano de su joven y carismático líder Alexis Tsipras. Luego de un lustro de hiperajuste recesivo, el más grande registrado en Occidente, el pueblo griego le dijo basta al austericidio. El caso griego expresa la disputa entre dos modelos de desarrollo: el ajuste permanente versus un enfoque centrado en la inclusión social y la redistribución progresiva del ingreso. El desafío griego es doble: político, a la hegemonía de la Unión Europea con centro en Alemania, y económico, a los modelos de ajuste estructural. La situación se parecen mucho a la que enfrentó, enfrenta y seguirá enfrentando la economía argentina en particular y Latinoamérica en general.

Zorba o Grego
por Claudio Scaletta

 

Luego de un lustro de hiperajuste recesivo, el más grande registrado en Occidente, el pueblo griego le dijo basta al austericidio. Syriza, cuyas siglas significan Coalición de la Izquierda Radical, llegó al poder y ya gobierna el país de la mano de su joven y carismático líder Alexis Tsipras. Si bien el origen de la agrupación fue un desprendimiento del viejo Partido Comunista Griego, que derivó luego en variantes más moderadas de “eurocomunismo”, no se trata estrictamente de una izquierda radical como se la entiende en la política latinoamericana, sino de una forma de lo que, también aquí, se denomina “populismo”. Los rótulos, sin embargo, son una limitación a la hora de comprender un fenómeno que podría transformar el statu quo de la política económica europea y mundial.

Parece mucho, pero lo que hoy manifiesta el caso griego es la disputa entre dos modelos de de- sarrollo: el ajuste permanente que privilegia el equilibrio contractivo de las cuentas públicas, cuya contrapartida siempre fue la concentración del ingreso, y la desarticulación del Estado benefactor, versus un enfoque centrado en la inclusión social y la redistribución progresiva del ingreso, con énfasis en el estímulo a la demanda agregada como conductora del crecimiento sostenido. Sepultadas las ruinas del llamado socialismo real y avanzado el siglo XXI, la verdadera dicotomía de la economía política dejó a un lado la contradicción entre capitalismo y revolución para trasladarse a la puja intracapitalista entre ortodoxia excluyente y heterodoxia incluyente de raíz keynesiana-kaleckiana.

El desafío griego es entonces doble: político, a la hegemonía de la Unión Europea con centro en Alemania, bajo una evidente asimetría de poder, y económico, a los modelos de ajuste estructural impulsados por el ganador de época: el poder financiero representado en Europa por las decisiones de la “troika” FMI, Banco Central Europeo (BCE) y Comisión Europea (CE). El partido que se disputa en Grecia, en el estadio del laboratorio de la historia, concentra la atención tanto de quienes conducen la política mundial, como de los científicos sociales. Observar desde la platea será también una experiencia fascinante, más cuando los desafíos griegos se parecen mucho a los que enfrentó, enfrenta y seguirá enfrentando la economía argentina en particular y de Latinoamérica en general.

Pasemos, pues, al laboratorio.

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La entrada al euro

Grecia ingresó al euro en 2003. Por entonces Italia ya tenían indicadores de deuda y déficit bastante deteriorados y quedaban pocas excusas para seguir dejando fuera a Grecia. Años después, en 2009, se descubriría que los parámetros de Maastricht para ingresar en la Eurozona se habían cumplido gracias a la contabilidad creativa de Goldman Sachs.

Entre 2003 y 2009, el principal gasto de Grecia fue el militar. Durante muchos años el país fue el principal comprador de armas de Alemania, y el tercero de Francia. Se estima que estos gastos explican unos 150 mil millones de dólares de la deuda pública. A fines de 2009, asumió Yorgos Papandreu de la mano del Pasok, el Partido Socialista Panhelénico, y se transparentó que la crisis era peor de lo que se creía. Aunque el contagio no fue inmediato, en Europa comenzaban a sentirse los efectos de la crisis estadounidense de 2008 vía el estallido de la burbuja inmobiliaria en Irlanda. A fines de 2009, el panorama emergente en Grecia después de seis años dentro del euro era el de un país altamente endeudado en una moneda que no emitía. Las acreencias no eran sólo del sector público, también del privado, tanto empresas como bancos habían aprovechado la “plata dulce” que fluyó con la entrada al sistema monetario europeo. Los acreedores eran fundamentalmente bancos alemanes y franceses, que participaron también del auge de una pequeña burbuja inmobiliaria. Todavía hoy el 45 por ciento de las hipotecas tienen distintos grados de irregularidad.

AUSTERIDAD Y RESCATES

Por esta época, se iniciaron políticas de austeridad draconianes. Había razones muy reales para impulsarlas. El déficit fiscal alcanzaba un increíble 15 por ciento del Producto y el balance comercial era desastroso. Las exportaciones eran de apenas unos 20.000 millones de dólares y las importaciones de alrededor de 60.000 millones. El gap externo se financiaba con entrada de capitales.

Las fuentes de ingreso de divisas de la economía griega son el turismo y el transporte marítimo. Existe algo de agricultura y un pequeño sector industrial, en parte de alta tecnología, aunque con costos altos.

La deuda externa de entonces rondaba el 130 por ciento del PIB, y muchos analistas advertían que era impagable. En el mismo 2010 llegó, no sin demoras, el primer programa de rescate por alrededor de 110 mil millones de euros. La estrategia de la troika fue alargar la crisis para darles tiempo a los bancos alemanes y franceses a que descarguen sus papeles griegos. El camino fue prestarle al sector público a través de distintos fondos e instrumentos financiados por el sector público europeo y que con este dinero Grecia les pague a los bancos. Pero los fondos no alcanzaron y fue necesario recurrir a un nuevo rescate, esta vez por alrededor de 150 mil millones de euros adicionales.

Reestructuraciones

A pesar de los dos rescates, las obligaciones siguieron sin poder pagarse, por lo que Grecia impulsó dos renegociaciones voluntarias de su deuda con acreedores privados. La primera fue en 2011 y significó una quita del 50 por ciento. La segunda, en 2012, sobre el 50 por ciento que quedaba recortó otro 75 por ciento. Como los bancos extranjeros ya habían abandonado su exposición, los principales afectados fueron los fondos de pensión y los bancos griegos. Mientras tanto, a los acreedores públicos se les siguió pagando el ciento por ciento. Hoy los principales acreedores son el BCE y el fondo de estabilización. Aunque la quita fue más grande que la de Argentina, fue sólo con los privados. En tanto se sumaron dos préstamos por algo más 260.000 millones de euros más papeles en torno de los 30.000 millones que compró el BCE, unos 290.000 millones adicionales.

Al presente, la deuda pública ronda el 175 por ciento del PIB. Los fondos de los rescates se destinaron a pagar capital e intereses de deuda, recapitalizar bancos, y una parte menor, el 11 por ciento, a financiar gasto público. Los principales vencimientos ocurrirán este año, por unos 20 mil millones. Comienzan ya a fines de febrero. Aunque en 2014 se consiguió un superávit primario, el excedente no alcanza para pagar los próximos vencimientos. La situación es de déficit financiero.

Aunque en 2009 era imposible negar la necesidad de un ajuste, el problema fue cómo se instrumentó. La austeridad podría haber sido mucho menor si también se hubiese involucrado a la totalidad de los acreedores, es decir, si se hubiese ensayado una reestructuración con quita y no sólo una transferencia de los pasivos desde los privados a los Estados, privilegiando el rescate de los bancos alemanes y franceses.

Escarmiento

Si la troika pretendía un escarmiento para el mal alumno, los resultados globales de las políticas de austeridad iniciadas en 2009 muestran que lo consiguió. El ajuste fue del 10 por ciento del PIB en cuatro años, el mayor registrado en el mundo occidental. Previsiblemente, se provocó un parate tremendo en la economía: el Producto cayó 25 puntos. El desempleo total subió al 27 por ciento y el juvenil superó el 50. Unos 200.000 jóvenes, mayormente con alta capacitación, abandonaron el país, mientras las oligarquías fugaron capitales. En tres años el costo salarial griego cayó más del 20 por ciento. Las jubilaciones y pensiones se redujeron el 45 por ciento. Entre la población infantil la pobreza superó el 40 por ciento, mientras que uno de cada tres griegos es pobre. También reaparecieron enfermedades que habían sido erradicadas, subió la mortalidad infantil y se multiplicaron las muertes por falta de tratamientos de sida.

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A perpetuidad

Si bien los pagos de deuda, a pesar del volumen global del endeudamiento, no son tan grandes debido a los relativos bajos intereses, son suficientes para seguir en déficit a pesar del impresionante ajuste. La proyección, entonces, era seguir aumentando el superávit primario en un marco de descalabro social y recesión. Además se necesitaría un tercer rescate, lo que aceleraría las demoradas privatizaciones y se daría una nueva vuelta de tuerca sobre el mercado de trabajo, con más despidos. Vale recordar que antes del segundo rescate se estableció un ambicioso programa de privatizaciones que se suponía recaudaría 50.000 millones de euros, pero nunca se instrumentó a fondo. De hecho, apenas asumió, el nuevo gobierno frenó dos procesos muy cuestionados, el del puerto del Pireo, en Atenas, el más importante de Grecia, y el de la compañía eléctrica.

Alexis Tsipras, líder de Syriza, la fuerza política de izquierda que gobierna Grecia.

Alexis Tsipras, líder de Syriza, la fuerza política de izquierda que gobierna Grecia.

Crisis política

Antonis Samaras, el líder de Nueva Democracia, un partido de centroderecha apoyado por Angela Merkel, asumió en 2012 en medio de la crisis política que provocó la caída de Papandreu. Su ascenso se produjo en medio de una campaña de miedo a lo que podría pasar si el país salía de la Eurozona. Todavía hoy los griegos no quieren salir del euro. Dicho en términos argentinos, la situación es similar a la de fines de la convertibilidad. Pero el punto es que Grecia está en el 2001 desde 2010. Samaras advirtió pronto que necesitaría un tercer rescate, algo extremadamente impopular. Esta percepción fue la que estuvo por detrás del adelantamiento de las elecciones. El ex primer ministro sabía que perdería y que ganaría Syriza. Su apuesta seguramente era que Syriza hiciera una coalición con Pasok u otro partido pro euro como To Potami, que decía que iba a moderar a Syriza. De haberse producido alguna de estas alianzas se hubiese generado una coalición inestable que seguramente impediría una negociación dura con el BCE, es decir, hubiese conducido a un fracaso y seguramente a nuevas elecciones, con el peso de este fracaso a cuestas.

Pero algo salió mal. Nadie imaginaba que los Griegos Independientes, con los que se alió Syriza, un partido antieuropeo y antiausteridad, aunque también antiinmigrantes, vinculado con la iglesia ortodoxa y nutrido por la derecha sindical, conseguiría diputados. El panorama inesperado fue que con bajas concesiones, básicamente el Ministerio de Defensa y algunas segundas líneas, Syriza consiguió una alianza muy estable que a sus 149 diputados, a sólo dos de la mayoría absoluta, sumó otros 13. Un dato poco conocido es que antes de aliarse con Griegos Independientes, Tsipras tentó al Partido Comunista, que consiguió 15 diputados, de los que no obtuvo respuesta.