¿Para qué sirve el FMI y el Banco Mundial?

banco

Ahora que estos dos mamuts de las finanzas globales van a tener su reunión anual en Lima es pertinente saber cuál es su rol en un mundo en crisis y en franca disputa geopolítica. Precisamente responder a la pregunta del título implica ubicarse en diversos planos. Uno bien podría decir que el Fondo Monetario Internacional (FMI) no ha servido para nada si considera la misión para la que fue creado: prevenir que el mundo sufra crisis económicas como la de 1929-1930 conocida como “La Gran Depresión”.

En efecto, el FMI que se fundó junto al Banco Mundial en 1944 (Bretton Woods, Estados Unidos),pero empezó a operar desde 1945, ya tiene 70 años encima y no ha predicho, ni mucho menos evitado crisis tan graves y nocivas para la economía mundial como la asiática (1997) – que hizo que el Perú entre en recesión durante cuatro años (1998-2001) –, la rusa (1999), la argentina (2001), y la peor de todas, peor incluso que la gran depresión, la crisis global que actualmente vive el mundo y que comenzó en Estados Unidos, se extendió a Europa y hoy alcanza a América Latina y a todo el sur global con la caída de los precios de las materias primas y la salida de capitales. El FMI no vio o no quiso ver el tsunami financiero y fiscal que nos azota y encima tiene la raza de pontificar.

Entonces, ¿de qué se ha encargado el FMI? Bueno, basta ver el comportamiento del fondo con el gobierno griego para pintar lo que ha sido su rol durante los últimos 40 años: imponer ajustes, austeridad, reducir derechos, beneficios sociales y cumplir a raja tabla el pago de la deuda, por más ilegítima, odiosa o corrupta que sea. Lo vimos en América Latina y en especial en el Perú durante los noventa.

La eliminación de la protección social ha sido el costo de tener una macroeconomía saludable, que en el caso peruano se traduce en que banqueros y mineros se la han llevado con pala mientras que todos los demás hemos tenido salarios y pensiones de hambre. Ah claro, en tiempos de boom económico nos han dado plata pero vía crédito para bancar una orgía de consumo que ya llegó a su fin por cierto.

Tal como dijo el profesor Celso Furtado, citado muchas veces por Oscar Ugarteche, el FMI es en realidad el brazo extendido del Tesoro Norteamericano. Para eso sirve, lo cual se expresa en cosas tan claras como que con las reservas de todos los países de América Latina durante el periodo de auge (2005-12) depositadas en su mayoría como bonos estadounidenses se ha financiado el sobreconsumo del norte. También se ve en la guerra de monedas donde Grecia es la punta de lanza para pegarle al Euro en favor del Dólar.

El Banco Mundial sirve básicamente para lo mismo, porque con el cuento de superar la pobreza, ha convertido en negocio casi todo: la salud, la educación, la obra pública, etc. Su informe Haciendo Negocios busca orientar la inversión poniendo el mejor puntaje a los países que más abren su economía en perjuicio de su industria, que más flexibilizan los derechos laborales y desregulan el mercado de trabajo.

Además no nos olvidemos que en el Perú son copropietarios – vía la IFC – junto a la Newmont y Roque Benavides de Yanacocha, quien sabe la minera con las peores prácticas sociales y tributarias que existen. Y en los noventa fueron parte del Peru Privatization Fund, una empresa off shore protagonista de un caso de deuda corrupta denunciado por el Congreso tras la caída de Fujimori.

En suma, el FMI y el Banco Mundial son organizaciones más políticas que económicas. Con la careta técnica garantizan la hegemonía de los dueños del mundo.

Grécia. O nazismo e o movimento antifascista

O crescimento da Aurora Dourada

por Ricardo Cabral Fernandes

Manos Symeonakis

Manos Symeonakis

Em período de estabilidade e legitimidade do sistema político e de crescimento económico as forças políticas de extrema-direita costumam situar-se à margem da competição eleitoral, pois os seus discursos de ódio e de violência afastam o eleitorado. No entanto, perante uma situação de instabilidade e deslegitimação do sistema político e confrontados com uma severa crise económico-financeira e social estes partidos têm um terreno fértil para crescerem por se assumirem como forças anti-sistema e capitalizarem o descontentamento, principalmente entre o eleitorado de direita e de centro-esquerda. As causas económicas não explicam por si só a ascensão da extrema-direita, tendo também de ser contempladas as causas políticas sistémicas.

À medida que a crise económico-financeira e social grega se foi acentuando depois dos Memorandos com a troika, o Aurora Dourada, um partido que se inspira claramente na ideologia nacional-socialista, obteve um crescimento eleitoral que surpreendeu, ao mesmo tempo que consolidava a sua implantação na sociedade grega, principalmente nos bairros mais atingidos pela pobreza e desemprego. A sua ascensão eleitoral começou com a eleição do seu líder, Nicos Michaloliakos, para o Conselho Municipal de Atenas nas eleições autárquicas de 2010 com 5,29% dos votos. Nas eleições seguintes o partido continuou a sua ascensão, tendo-a consolidado. Nas eleições legislativas de Maio de 2012 elegeu 21 deputados (6,97% dos votos) e nas de Junho do mesmo ano elegeu 18 deputados (6,92%), fortalecendo a sua posição eleitoral e parlamentar mesmo que tenha perdido três deputados. Pela primeira vez desde o pós-guerra um partido de extrema-direita tinha entrado num parlamento nacional europeu, afirmando-se como a terceira maior força política parlamentar do sistema político grego. Ao mesmo tempo o bipartidarismo grego, entre o Nova Democracia e o PASOK, colapsava, originando novos fenómenos políticos, como a ascensão do Syriza como segunda maior força parlamentar. Nas eleições autárquicas de 2014 o Aurora Dourada conseguiu eleger deputados municipais para todas as autarquias em que apresentou listas eleitorais, o que demonstra o seu avanço em quatro anos: de apenas um lugar no Conselho de Atenas passou a ter deputados municipais em quase todas as autarquias. Nas eleições europeias e legislativas de Janeiro e Setembro de 2015, o Aurora Dourada continuou a consolidar-se eleitoralmente, mesmo sendo alvo de processos criminais após a morte do rapper antifascista Pavlo Fyssas em Setembro de 2013. Nas eleições europeias elegeu três eurodeputados (9,4%), nas legislativas de Janeiro elegeu 17 deputados (6,28%) e nas de Setembro de 2015 18 (6,95%). Estes resultados demonstram que o Aurora Dourada conseguiu consolidar o seu sucesso eleitoral apesar do assassinato de Pavlo Fyssas, dos respectivos processos criminais que alguns dos seus dirigentes de topo são acusados, incluindo o seu líder, por criarem uma organização criminal e pelas declarações de responsabilidade política no assassinato de Fyssas dois dias antes das eleições de Setembro de 2015. Os resultados eleitorais do partido apesar de todos estes acontecimentos são deveras preocupantes, pois demonstram possuir um eleitorado fiel e não volátil.

Aurora Dourada: nascimento, ideologia e actividades
Símbolo oficial da Aurora Dourada grega

Símbolo oficial da Aurora Dourada grega

É importante referir que o Aurora Dourada recupera a cultura autoritária que caracteriza certos períodos da História contemporânea grega: a brutal ditadura do general Ioannis Metaxas (1936-41), a ocupação nazi e o colaboracionismo de certos sectores da direita grega com os ocupantes (1941-44) e a ditadura dos Coronéis (1967-74). As forças fascistas, mesmo tendo sido durante muito tempo residuais e desagregadas, sempre estiveram presentes na política grega, sendo que muitos dos seus apoiantes se encontravam no principal partido de direita, o Nova Democracia. No entanto, com a questão da Macedónia, os discursos nacionalistas ganharam novo ímpeto e com eles as forças de extrema e direita-radical. É na década de 90 que se começa a assistir a um fortalecimento, ainda que residual, das forças fascistas na Grécia. E foi precisamente neste período que o movimento antifascista começou a assumir uma posição cada vez mais essencial na contenção destas forças, mesmo que o próprio movimento não possuísse tanta força como actualmente.

Em Setembro de 2000, com a cisão de uma parte da ala mais radical do Nova Democracia, encabeçada por Georgios Karatzaferis, e a criação de um novo partido de direita radical, o LAOS, a convergência das forças de extrema e direita-radical deu um grande passo. Entre 2000 e 2010 era comum membros do Aurora Dourada integrarem listas eleitorais do LAOS. No entanto, a crescente ascensão do Aurora Dourada e o apoio do LAOS ao Memorando de Entendimento (2010) e ao governo tecnocrata de Lucas Papademos, em 2011, criaram divergências entre os seus militantes e prejudicaram este último em termos eleitorais, enquanto o primeiro crescia, ao mesmo tempo que absorvia alguns dos membros do primeiro. A extrema e direita-radical gregas foram-se concentrando no Aurora Dourada, mesmo com o aparecimento do ANEL de Panos Kammenos em 2010, após a cisão da sua ala com o Nova Democracia, após este ter apoiado e aplicado políticas de austeridade.

O Aurora Dourada nasceu nos ínicios da década de 80, assumindo-se como uma fractura do movimento neo-nazi 4 de Agosto. No início os seus membros apenas publicavam um boletim de ideologia nacional-socialista com pouco sucesso, mas rapidamente começaram a praticar acções violentas, comportando-se mais como um gangue do que como um grupo político, o que caracteriza em parte os neonazis. Foi então que decidiram criar a Associação Popular – Aurora Dourada em 1983, concorrendo pela primeira vez em eleições mais de dez anos depois, em 1994, e tendo obtido um resultado muito marginal na ordem dos 0,11% (7242 votos). Entre o período da sua fundação até às eleições de 2010 o Aurora Dourada oscilou frequentemente entre actividades de violência nas ruas e a disputa de eleições, sem nunca se conseguir impor em ambas as vertentes. No entanto, o despoletar da crise internacional e os seus efeitos na Grécia criaram novas oportunidades ao partido à medida que a deslegitimação do sistema político grego aumentava a par da crise social, ao mesmo tempo que foi consolidando a sua posição política face a outros partidos e militantes, albergando estes últimos. A forte imigração que a Grécia tem acolhido nos últimos anos foi também um factor importante de conquista do seu eleitorado. Como qualquer partido de extrema-direita, o Aurora Dourada culpabiliza a imigração pela crise, pela perda de postos de trabalho e pela severa situação social que a sociedade atravessa, originando um efeito spill-over aos restantes partidos da direita, como é o caso da Nova Democracia, que intensificou o seu discurso e políticas anti-imigração para não perder eleitorado para o Aurora Dourada. Este último conseguiu obter algum controlo sobre a agenda política grega, obrigando os partidos de direita a assumirem posições próximas das suas.

Nas mais de três décadas de bipartidarismo entre o Nova Democracia e o PASOK, os armadores e os empresários da construção civil (e o poder financeiro) financiaram continuamente as suas campanhas eleitorais com o objectivo de influenciar (ou controlar) os governos para se protegerem contra o pagamento de impostos. Historicamente os armadores são um dos poderes privados mais poderosos na Grécia por causa da importância da posição geopolítica do país, possuindo a segunda maior frota mercante do mundo. Já os empresários da construção civil expandiram os seus negócios no país, principalmente após a entrada da Grécia na União Europeia e, mais tarde, com a entrada na zona euro e as respectivas taxas de juro baixas, criando uma bolha imobiliária. Mas com a crise económico-financeira, a aplicação das políticas de austeridade, o acentuar das manifestações dos movimentos operário e social, o colapso do bipartidarismo e a ascensão do Syriza, os armadores e os empresários começaram a financiar o Aurora Dourada para fazer pela via da violência o que os partidos do “arco da governação” não conseguiam. O Aurora Dourada começou a reprimir especificamente os trabalhadores grevistas, os sindicalistas e os militantes de Esquerda de forma violenta com os seus Esquadrões de Ataque, quer de dia quer de noite, sem o poder político reagir. Se os partidos tradicionais não conseguiam travar o movimento operário e a ascensão de uma força política de Esquerda Radical, então os armadores e empresários decidiram apoiar o Aurora Dourada para salvaguardaram a sua taxa de acumulação e os seus privilégios, o seu poder na sociedade grega. Todas as ditaduras na Grécia contaram com o apoio dos armadores, bem como da banca grega.

Com mais dinheiro o partido pôde intensificar a sua propaganda e estruturas locais, dando-se a conhecer às camadas mais desfavorecidas da sociedade grega. À medida que se foi consolidando e os partidos de direita-radical, como o LAOS, foram perdendo eleitores em seu favor, foram ganhando eleitorado, entrando primeiro no Conselho de Atenas e depois no parlamento grego. Com os financiamentos parlamentares fortaleceram ainda mais a sua máquina partidária e propagandística, criando distribuições de roupas e alimentos e uma rede de “solidariedade” chamada “Médicos Gregos” – mas apenas para os “gregos” que o provem ser – e um site on-line, onde todos os dias publicam notícias sobre as suas actividades. Uma das alterações do partido em termos propagandísticos foi o investimento na propagação das suas ideias racistas, nacionalistas, homofóbicas, xenófobas, entre outras, através das redes sociais e das novas tecnologias para chegarem aos jovens, principalmente aos estudantes. No entanto, desde que alguns dos dirigentes superiores, e o partido no geral, se confrontam com processos criminais que as verbas de financiamento do parlamento foram cortadas, o que lhes dificultou o financiamento e, por inerência, a realização de actividades.

As principais características do partido são: grande concentração de poder no líder, o fuhrer Nicos Michaloliakos; forte inspiração no nacional-socialismo; a defesa da superioridade da nação helénica e na separação entre pessoas por meio de identidades étnicas, como raça, sangue e credo religioso; um severo discurso anti-política e sistema; e a rejeição da democracia substantiva. Todas estas características permitem, de acordo com a constituição grega, ilegalizar este partido, acção que os anteriores partidos do “arco da governação” decidiram não encetar. No entanto, podemos ainda acrescentar uma outra característica que poderá, eventualmente, colocar em risco a democracia-liberal grega: a influência que o Aurora Dourada possui entre o aparelho repressivo do Estado, as forças políciais e armadas. São comuns os relatos de o partido e as forças policiais se comportarem de uma forma que parece que trabalham de forma algo coordenada ou, no mínimo, permissiva. É comum as forças de extrema-direita, que possuem um discurso e práticas militarizadas, terem influência nas forças policiais e armadas, principalmente nestas últimas se no passado intervieram na política através de golpes de Estado, como é o caso da Grécia. Um dado concreto é o facto de nas eleições as forças policiais votarem em locais distintos dos restantes eleitores, o que permite apurar directamente o número de votos que vão para a Aurora Dourada no seio da polícia. De acordo com um militante antifascista, se naquele distrito os votos no partido se situam entre os 4%na generalidade dos eleitores, então entre a polícia serão aproximadamente 8%. Ou seja, a polícia vota o dobro no Aurora Dourada que os restantes eleitores dos vários distritos, principalmente entre as forças de intervenção. A permeabilidade das forças policiais aos ideais nacionais-socialistas do Aurora Dourada é uma questão a ter em conta.

Perante uma situação de instabilidade e deslegitimação do sistema político, uma severa crise económico-financeira e social comparável à da Alemanha pós-guerra e a ascensão de um partido neonazi como o Aurora Dourada, são cada vez maiores as especulações sobre se estaremos, ou não, a assistir à “Weimarização” da Grécia.

Escrito a partir de Salónica, Grécia

Papa Francisco no Congresso dos Estados Unidos: “A atividade legislativa baseia-se sempre no cuidado das pessoas”

cong usa 1

papa cong usa 2

papa con usa 4

papa congresso usa 5

papa congresso 6

papa cong 7

papa congresso 8

Senhor Vice-Presidente,
Senhor Presidente da Câmara dos Representantes,
Distintos Membros do Congresso,
Queridos Amigos!

Sinto-me muito grato pelo convite para falar a esta Assembléia Plenária do Congresso «na terra dos livres e casa dos valorosos». Apraz-me pensar que o motivo para isso tenha sido o fato de também eu ser um filho deste grande continente, do qual muito recebemos todos nós e relativamente ao qual partilhamos uma responsabilidade comum.

Cada filho ou filha duma determinada nação tem uma missão, uma responsabilidade pessoal e social. A vossa responsabilidade própria de membros do Congresso é fazer com que este país, através da vossa atividade legislativa, cresça como nação. Vós sois o rosto deste povo, os seus representantes. Sois chamados a salvaguardar e garantir a dignidade dos vossos concidadãos na busca incansável e exigente do bem comum, que é o fim de toda a política.

Uma sociedade política dura no tempo quando, como uma vocação, se esforça por satisfazer as carências comuns, estimulando o crescimento de todos os seus membros, especialmente aqueles que estão em situação de maior vulnerabilidade ou risco. A atividade legislativa baseia-se sempre no cuidado das pessoas. Para isso fostes convidados, chamados e convocados por aqueles que vos elegeram.

O vosso trabalho lembra-me, sob dois aspectos, a figura de Moisés. Por um lado, o patriarca e legislador do povo de Israel simboliza a necessidade que têm os povos de manter vivo o seu sentido de unidade com os instrumentos duma legislação justa. Por outro, a figura de Moisés leva-nos diretamente a Deus e, por consequência, à dignidade transcendente do ser humano. Moisés oferece-nos uma boa síntese do vosso trabalho: a vós, pede-se para proteger, com os instrumentos da lei, a imagem e semelhança moldadas por Deus em cada rosto humano.

Nesta perspectiva, hoje quereria dirigir-me não só a vós mas, através de vós, a todo o povo dos Estados Unidos. Aqui, juntamente com os seus representantes, quereria aproveitar esta oportunidade para dialogar com tantos milhares de homens e mulheres que se esforçam diariamente por cumprir uma honesta jornada de trabalho, por trazer para casa o pão de cada dia, por poupar qualquer dólar e – passo a passo – construir uma vida melhor para as suas famílias. São homens e mulheres que não se preocupam apenas com pagar os impostos, mas – na forma discreta que os caracteriza – sustentam a vida da sociedade. Geram solidariedade com as suas atividades e criam organizações que ajudam quem tem mais necessidade.

Quereria também entrar em diálogo com as numerosas pessoas idosas que são um depósito de sabedoria forjada pela experiência e que procuram de muito modos, especialmente através do voluntariado, partilhar as suas histórias e experiências. Sei que muitas delas estão aposentadas, mas ainda ativas e continuam a empenhar-se na construção deste país. Desejo também dialogar com todos os jovens que lutam por realizar as suas grandes e nobres aspirações, que não se deixam extraviar por propostas superficiais e que enfrentam situações difíceis, tantas vezes resultantes da imaturidade de muitos adultos. Quereria dialogar com todos vós, e desejo fazê-lo através da memória histórica do vosso povo.

A minha visita tem lugar num momento em que homens e mulheres de boa vontade estão a celebrar o aniversário de alguns americanos famosos. Apesar da complexidade da história e da realidade da fraqueza humana, estes homens e mulheres foram capazes, com todas as suas diferenças e limitações, de construir um futuro melhor com trabalho duro e sacrifício pessoal – alguns à custa da própria vida. Deram forma a valores fundamentais, que permanecerão para sempre no espírito do povo americano. Um povo com este espírito pode atravessar muitas crises, tensões e conflitos, já que sempre conseguirá encontrar a força para ir avante e fazê-lo com dignidade. Estes homens e mulheres dão-nos uma possibilidade de ver e interpretar a realidade. Ao honrar a sua memória, somos estimulados, mesmo no meio de conflitos, na vida concreta de cada dia, a haurir das nossas mais profundas reservas culturais.

Quereria mencionar quatro destes americanos: Abraham Lincoln, Martin Luther King, Dorothy Day e Thomas Merton.

Este ano completam-se cento e cinquenta anos do assassinato do Presidente Abraham Lincoln, o guardião da liberdade, que trabalhou incansavelmente para que «esta nação, com a protecção de Deus, pudesse ter um renascimento de liberdade». Construir um futuro de liberdade requer amor pelo bem comum e colaboração num espírito de subsidiariedade e solidariedade.

Todos estamos plenamente cientes e também profundamente preocupados com a situação social e política inquietante do mundo atual. O nosso mundo torna-se cada vez mais um lugar de conflitos violentos, ódios e atrocidade brutais, cometidos até mesmo em nome de Deus e da religião. Sabemos que nenhuma religião está imune de formas de engano individual ou de extremismo ideológico. Isto significa que devemos prestar especial atenção a qualquer forma de fundamentalismo, tanto religioso como de qualquer outro género. É necessário um delicado equilíbrio para se combater a violência perpetrada em nome duma religião, duma ideologia ou dum sistema econômico, enquanto, ao mesmo tempo, se salvaguarda a liberdade religiosa, a liberdade intelectual e as liberdades individuais. Mas há outra tentação de que devemos acautelar-nos: o reducionismo simplista que só vê bem ou mal, ou, se quiserdes, justos e pecadores. O mundo contemporâneo, com as suas feridas abertas que tocam muitos dos nossos irmãos e irmãs, exige que enfrentemos toda a forma de polarização que o possa dividir entre estes dois campos. Sabemos que, na ânsia de nos libertar do inimigo externo, podemos ser tentados a alimentar o inimigo interno. Imitar o ódio e a violência dos tiranos e dos assassinos é o modo melhor para ocupar o seu lugar. Isto é algo que vós, como povo, rejeitais.

Pelo contrário, a nossa resposta deve ser uma resposta de esperança e cura, de paz e justiça. É-nos pedido para fazermos apelo à coragem e à inteligência, a fim de se resolverem as muitas crises econômicas e geopolíticas de hoje. Até mesmo num mundo desenvolvido aparecem demasiado evidentes os efeitos de estruturas e ações injustas. Os nossos esforços devem concentrar-se em restaurar a paz, remediar os erros, manter os compromissos, e assim promover o bem-estar dos indivíduos e dos povos. Devemos avançar juntos, como um só, num renovado espírito de fraternidade e solidariedade, colaborando generosamente para o bem comum.

Os desafios, que hoje enfrentamos, requerem uma renovação deste espírito de colaboração, que produziu tantas coisas boas na história dos Estados Unidos. A complexidade, a gravidade e a urgência destes desafios exigem que ponhamos a render os nossos recursos e talentos e nos decidamos a apoiar-nos mutuamente, respeitando as diferenças e convicções de consciência.

Nesta terra, as várias denominações religiosas deram uma grande ajuda na construção e fortalecimento da sociedade. É importante que hoje, como no passado, a voz da fé continue a ser ouvida, porque é uma voz de fraternidade e de amor que procura fazer surgir o melhor em cada pessoa e em cada sociedade. Esta cooperação é um poderoso recurso na luta por eliminar as novas formas globais de escravidão, nascidas de graves injustiças que só podem ser superadas com novas políticas e novas formas de consenso social.

Penso aqui na história política dos Estados Unidos, onde a democracia está profundamente radicada no espírito do povo americano. Qualquer atividade política deve servir e promover o bem da pessoa humana e estar baseada no respeito pela dignidade de cada um. «Consideramos evidentes, por si mesmas, estas verdades: que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que, entre estes, estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade» (Declaração de Independência, 4 de Julho de 1776). Se a política deve estar verdadeiramente ao serviço da pessoa humana, segue-se que não pode estar submetida à economia e às finanças. É que a política é expressão da nossa insuprível necessidade de vivermos juntos em unidade, para podermos construir unidos o bem comum maior: uma comunidade que sacrifique os interesses particulares para poder partilhar, na justiça e na paz, os seus benefícios, os seus interesses, a sua vida social. Não subestimo as dificuldades que isto implica, mas encorajo-vos neste esforço.

Penso também na marcha que Martin Luther King guiou de Selma a Montgomery, há cinquenta anos, como parte da campanha para conseguir o seu «sonho» de plenos direitos civis e políticos para os afro-americanos. Aquele sonho continua a inspirar-nos. Alegro-me por a América continuar a ser, para muitos, uma terra de «sonhos»: sonhos que levam à ação, à participação, ao compromisso; sonhos que despertam o que há de mais profundo e verdadeiro na vida das pessoas. Nos últimos séculos, milhões de pessoas chegaram a esta terra perseguindo o sonho de construírem um futuro em liberdade. Nós, pessoas deste continente, não temos medo dos estrangeiros, porque outrora muitos de nós éramos estrangeiros. Digo-vos isto como filho de imigrantes, sabendo que também muitos de vós sois descendentes de imigrantes. Tragicamente, os direitos daqueles que estavam aqui, muito antes de nós, nem sempre foram respeitados. Por aqueles povos e as suas nações, desejo, a partir do coração da democracia americana, reafirmar a minha mais alta estima e consideração. Aqueles primeiros contatos foram muitas vezes tumultuosos e violentos, mas é difícil julgar o passado com os critérios do presente. Todavia, quando o estrangeiro no nosso meio nos interpela, não devemos repetir os pecados e os erros do passado. Devemos decidir viver agora o mais nobre e justamente possível e, de igual modo, formar as novas gerações para não virarem as costas ao seu «próximo» e a tudo aquilo que nos rodeia. Construir uma nação pede-nos para reconhecer que devemos constantemente relacionar-nos com os outros, rejeitando uma mentalidade de hostilidade para se adoptar uma subsidiariedade recíproca, num esforço constante de contribuir com o melhor de nós. Tenho confiança que o conseguiremos.

O nosso mundo está a enfrentar uma crise de refugiados de tais proporções que não se via desde os tempos da II Guerra Mundial. Esta realidade coloca-nos diante de grandes desafios e decisões difíceis. Também neste continente, milhares de pessoas sentem-se impelidas a viajar para o Norte à procura de melhores oportunidades. Porventura não é o que queríamos para os nossos filhos? Não devemos deixar-nos assustar pelo seu número, mas antes olhá-los como pessoas, fixando os seus rostos e ouvindo as suas histórias, procurando responder o melhor que pudermos às suas situações. Uma resposta que seja sempre humana, justa e fraterna. Devemos evitar uma tentação hoje comum: descartar quem quer que se demonstre problemático. Lembremo-nos da regra de ouro: «O que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles» (Mt 7, 12).

Esta norma aponta-nos uma direção clara. Tratemos os outros com a mesma paixão e compaixão com que desejamos ser tratados. Procuremos para os outros as mesmas possibilidades que buscamos para nós mesmos. Ajudemos os outros a crescer, como quereríamos ser ajudados nós mesmos. Em suma, se queremos segurança, demos segurança; se queremos vida, demos vida; se queremos oportunidades, providenciemos oportunidades. A medida que usarmos para os outros será a medida que o tempo usará para connosco. A regra de ouro põe-nos diante também da nossa responsabilidade de proteger e defender a vida humana em todas as fases do seu desenvolvimento.

Esta convicção levou-me, desde o início do meu ministério, a sustentar a vários níveis a abolição global da pena de morte. Estou convencido de que esta seja a melhor via, já que cada vida é sagrada, cada pessoa humana está dotada duma dignidade inalienável, e a sociedade só pode beneficiar da reabilitação daqueles que são condenados por crimes.

Recentemente, os meus irmãos bispos aqui nos Estados Unidos renovaram o seu apelo pela abolição da pena de morte. Não só os apoio, mas encorajo também todos aqueles que estão convencidos de que uma punição justa e necessária nunca deve excluir a dimensão da esperança e o objetivo da reabilitação.

Nestes tempos em que as preocupações sociais são tão importantes, não posso deixar de mencionar a Serva de Deus Dorothy Day, que fundou o Catholic Worker Movement. O seu compromisso social, a sua paixão pela justiça e pela causa dos oprimidos estavam inspirados pelo Evangelho, pela sua fé e o exemplo dos Santos.

Quanto estrada percorrida neste campo em tantas partes do mundo! Quanto se fez nestes primeiros anos do terceiro milênio para fazer sair as pessoas da pobreza extrema! Sei que partilhais a minha convicção de que se tem de fazer ainda muito mais e de que, em tempos de crise e dificuldade econômica, não se deve perder o espírito de solidariedade global. Ao mesmo tempo, desejo encorajar-vos a não esquecer todas as pessoas à nossa volta encastradas nas espirais da pobreza. Há necessidade de dar esperança também a elas. A luta contra a pobreza e a fome deve ser travada com constância nas suas múltiplas frentes, especialmente nas suas causas. Sei que hoje, como no passado, muitos americanos estão a trabalhar para enfrentar este problema.

Naturalmente uma grande parte deste esforço situa-se na criação e distribuição de riqueza. A utilização correcta dos recursos naturais, a aplicação apropriada da tecnologia e a capacidade de orientar devidamente o espírito empresarial são elementos essenciais duma economia que procura ser moderna, inclusiva e sustentável. «A atividade empresarial, que é uma nobre vocação orientada para produzir riqueza e melhorar o mundo para todos, pode ser uma maneira muito fecunda de promover a região onde instala os seus empreendimentos, sobretudo se pensa que a criação de postos de trabalho é parte imprescindível do seu serviço ao bem comum» (Enc. Laudato si’, 129). Este bem comum inclui também a terra, tema central da Encíclica que escrevi, recentemente, para «entrar em diálogo com todos acerca da nossa casa comum» (ibid., 3). «Precisamos de um debate que nos una a todos, porque o desafio ambiental, que vivemos, e as suas raízes humanas dizem respeito e têm impacto sobre todos nós» (ibid., 14).

Na encíclica Laudato si’, exorto a um esforço corajoso e responsável para «mudar de rumo» (ibid., 61) e evitar os efeitos mais sérios da degradação ambiental causada pela atividade humana. Estou convencido de que podemos fazer a diferença e não tenho dúvida alguma de que os Estados Unidos – e este Congresso – têm um papel importante a desempenhar. Agora é o momento de empreender ações corajosas e estratégias tendentes a implementar uma «cultura do cuidado» (ibid., 231) e «uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza» (ibid., 139). Temos a liberdade necessária para limitar e orientar a tecnologia (cf. ibid., 112), para individuar modos inteligentes de «orientar, cultivar e limitar o nosso poder» (ibid., 78) e colocar a tecnologia «ao serviço doutro tipo de progresso, mais saudável, mais humano, mais social, mais integral» (ibid., 112). A este respeito, confio que as instituições americanas de investigação e acadêmicas poderão dar um contributo vital nos próximos anos.

Um século atrás, no início da I Grande Guerra que o Papa Bento XV definiu «massacre inútil», nascia outro americano extraordinário: o monge cisterciense Thomas Merton. Ele continua a ser uma fonte de inspiração espiritual e um guia para muitas pessoas. Na sua autobiografia, deixou escrito: «Vim ao mundo livre por natureza, imagem de Deus; mas eu era prisioneiro da minha própria violência e do meu egoísmo, à imagem do mundo onde nascera. Aquele mundo era o retrato do Inferno, cheio de homens como eu, que amam a Deus e contudo odeiam-No; nascidos para O amar, mas vivem no medo de desejos desesperados e contraditórios». Merton era, acima de tudo, homem de oração, um pensador que desafiou as certezas do seu tempo e abriu novos horizontes para as almas e para a Igreja. Foi também homem de diálogo, um promotor de paz entre povos e religiões.

Nesta perspectiva de diálogo, gostaria de saudar os esforços que se fizeram nos últimos meses para procurar superar as diferenças históricas ligadas a episódios dolorosos do passado. É meu dever construir pontes e ajudar, por todos os modos possíveis, cada homem e cada mulher a fazerem o mesmo. Quando nações que estiveram em desavença retomam o caminho do diálogo – um diálogo que poderá ter sido interrompido pelas mais válidas razões –, abrem-se novas oportunidades para todos. Isto exigiu, e exige, coragem e audácia, o que não significa irresponsabilidade. Um bom líder político é aquele que, tendo em conta os interesses de todos, lê o momento presente com espírito de abertura e sentido prático. Um bom líder político não cessa de optar mais por «iniciar processos do que possuir espaços» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 222-223).

Estar ao serviço do diálogo e da paz significa também estar verdadeiramente determinado a reduzir e, a longo prazo, pôr termo a tantos conflitos armados em todo o mundo. Aqui devemos interrogar-nos: Por que motivo se vendem armas letais àqueles que têm em mente infligir sofrimentos inexprimíveis a indivíduos e sociedade? Infelizmente a resposta, como todos sabemos, é apenas esta: por dinheiro; dinheiro que está impregnado de sangue, e muitas vezes sangue inocente. Perante este silêncio vergonhoso e culpável, é nosso dever enfrentar o problema e deter o comércio de armas.

Três filhos e uma filha desta terra, quatro indivíduos e quatro sonhos: Lincoln, a liberdade; Martin Luther King, a liberdade na pluralidade e não-exclusão; Dorothy Day, a justiça social e os direitos das pessoas; e Thomas Merton, capacidade de diálogo e abertura a Deus.

Quatro representantes do povo americano.

Concluirei a minha visita ao vosso país em Filadélfia, onde participarei no Encontro Mundial das Famílias. É meu desejo que, durante toda a minha visita, a família seja um tema recorrente. Como foi essencial a família na construção deste país! E como merece ainda o nosso apoio e encorajamento! E todavia não posso esconder a minha preocupação pela família, que está ameaçada, talvez como nunca antes, de dentro e de fora. As relações fundamentais foram postas em discussão, bem como o próprio fundamento do matrimónio e da família. Posso apenas repropor a importância e sobretudo a riqueza e a beleza da vida familiar.

Em particular quereria chamar a atenção para os membros da família que são os mais vulneráveis: os jovens. Para muitos deles anuncia-se um futuro cheio de tantas possibilidades, mas muitos outros parecem desorientados e sem uma meta, encastrados num labirinto sem esperança, marcado por violências, abusos e desespero. Os seus problemas são os nossos problemas. Não podemos evitá-los. É necessário enfrentá-los juntos, falar deles e procurar soluções eficazes em vez de ficar empantanados nas discussões. Correndo o risco de simplificar, poderemos dizer que vivemos numa cultura que impele os jovens a não formarem uma família, porque lhes faltam possibilidades para o futuro. Mas esta mesma cultura apresenta a outros tantas opções que também eles são dissuadidos de formar uma família.

Uma nação pode ser considerada grande, quando defende a liberdade, como fez Lincoln; quando promove uma cultura que permita às pessoas «sonhar» com plenos direitos para todos os seus irmãos e irmãs, como procurou fazer Martin Luther King; quando luta pela justiça e pela causa dos oprimidos, como fez Dorothy Day com o seu trabalho incansável, fruto duma fé que se torna diálogo e semeia paz no estilo contemplativo de Thomas Merton.

Nestas notas, procurei apresentar algumas das riquezas do vosso património cultural, do espírito do povo americano. Faço votos de que este espírito continue a desenvolver-se e a crescer de tal modo que o maior número possível de jovens possa herdar e habitar numa terra que inspirou tantas pessoas a sonhar.

Deus abençoe a América!

Palavras pronunciadas pelo Papa, no terraço do Congresso

escada congresso 1

escada 5

escada ultima

Bom-dia a todos vós! Agradeço a vossa recepção e a vossa presença. Agradeço às personagens mais importantes que aqui estão: as crianças. Quero pedir a Deus que vos abençoe: «Senhor, Pai de todos nós, abençoai este povo, abençoai a cada um deles, abençoai as suas famílias, concedei-lhes aquilo de que mais necessitam». Peço-vos, por favor, que rezeis por mim. E, se houver entre vós alguém que não crê ou não pode rezar, peço-lhe, por favor, que me deseje coisas boas. Obrigado! Muito obrigado! Deus abençoe a América!

“El oligopolio bancario actúa como una banda organizada”

Eduardo Febbro entrevista a François Morin, economista francés de la Universidad de Toulouse
François Morin

François Morin

El mundo, la política, las democracias y las finanzas están dominados por una hidra mundial compuesta por 28 grandes bancos internacionales cuyas políticas fijan el curso no sólo de las finanzas sino, también, de las democracias parlamentarias. Este es el argumento implacable y rigurosamente demostrado por el economista francés François Morin en el libro de investigación que acaba de aparecer en Francia: La Hidra Mundial, el Oligopolio Bancario (Lux Editeur).

Profesor emérito de ciencias económicas en la Universidad de Toulouse, François Morin fue miembro del consejo general del Banco de Francia y del Consejo de análisis económico. “La hidra mundial” es un conglomerado de 28 bancos coordinados entre sí –“interconectados”– que manejan el mercado cambiario, las tasas de interés, crean los productos tóxicos por los cuales luego pagan los Estados, o sea, los ciudadanos, influyen en las políticas económicas y modelan las democracias a su antojo.
El libro de François Morin – también autor de Un mundo sin Wall Street – revela datos bancarios inéditos sobre el poder de esta hidra globalizada cuya potencia, por primera vez en la historia, dio vuelta la relación de fuerzas entre lo público y lo privado. Maniobras fraudulentas, pactos secretos, lobby contra la democracia, manipulación de los mercados, estos bancos “sistémicos” desempeñan un papel nefasto en las sociedades del mundo al tiempo que han hecho de la democracia un rehén de sus intereses privados.

Un dato basta para medir sus brazos: estos 28 bancos detentan recursos superiores a los de la deuda pública de 200 Estados del planeta. Las investigaciones llevadas a cabo en 2012 demostraron, en parte, los meandros de sus maniobras secretas. François Morin completa la investigación con un libro de una gran solidez analítica donde las cifras, expuestas sin el tamiz de la ideología, fluyen como un oráculo de lo que vendrá. Hoy son estados disminuidos, que han perdido su soberanía monetaria y que tienen enfrente a un gigante hípervigoroso. Actualmente, el 90 por ciento de la moneda es creada por los bancos, contra el 10 por ciento por los bancos centrales. Ahora bien, ese oligopolio manipula según como le conviene los dos parámetros fundamentales de la moneda: la tasa cambiaria y la tasa de interés. “Los Estados son a la vez rehenes de la hidra bancaria y están también disciplinados por ésta”, dice Morin. Entre los 28 bancos del oligopolio, hay 14 que “producen” los productos derivados tóxicos cuyo valor alcanza los 710.000 millones de dólares, o sea, el equivalente a 10 veces el PIB mundial.

El autor insiste en llamar a una movilización mundial para recuperar la dimensión política secuestrada por el sector financiero privado y no cesa de advertir que seguimos en “estado de emergencia” porque, en el horizonte, se van formando las figuras del rompecabezas de un nuevo cataclismo. La hidra bancaria se ha transformado en un oligopolio vandálico para la economía mundial y la estabilidad de las sociedades.

–Usted demuestra la existencia de un oligopolio compuesto por 28 bancos que están únicamente al servicio de sus propios intereses. ¿En qué condiciones y en qué momento surgió este oligopolio?

–Este oligopolio comenzó a emerger a mediados de los noventa. Fue la liberalización completa del mercado de capitales lo que permitió la creación de vastos mercados monetarios y financieros a escala planetaria. Los grandes actores bancarios de esa época se adaptaron a este estado del mundo. Hay que señalar que esta liberalización completa del mercado de capitales interviene luego de dos liberalizaciones precedentes en los setenta: la del mercado cambiario y la de la tasas de interés. El oligopolio se crea entonces cuando estos tres procesos llegan a su término. Entonces podemos decir que a partir de 1995, hay bancos que se tornan sistémicos a escala mundial, es decir, que la caída de uno de ellos puede provocar un cataclismo financiero mundial.

–¿Cómo influyó este oligopolio en la crisis argentina de 2001?

–Desde luego que hay una relación. Este oligopolio cuenta en su seno con 14 bancos que fabrican productos (financieros) derivados, en especial productos que dependen de la tasa cambiaria. Ahora bien, la mayoría de las crisis sistémicas que conocimos a partir de 1990, sea en los países del Sudeste Asiático, en Brasil o en Turquía, fueron crisis provocadas por la especulación internacional, por el movimiento de capitales. Este movimiento fue además amplificado por los productos derivados creados con la tasa cambiaria. La crisis argentina de 2001 fue una crisis acelerada por estos productos que le permiten a la especulación internacional poder ganar mucho y rápidamente. Cuando Argentina, en 2001, se apartó del dólar hubo una fuerte especulación autorizada por la globalización de los mercados financieros y por los productos derivados que, en aquel entonces, estaban fabricados por los grandes bancos internacionales. Catorce de estos bancos especularon contra Argentina.

–Entre las revelaciones de su libro, la más sorprendente es que usted demuestra que el peso de estos 28 bancos supera la deuda pública mundial.

–La potencia real de estos 28 bancos, o sea, su capacidad para movilizar recursos financieros, es enorme: el balance global del conjunto de estos bancos es, en 2012, superior a la deuda pública de 200 Estados. Por un lado, esto muestra la potencia fenomenal de estos bancos y, por el otro, lamentablemente, la debilidad de los Estados, que están sobreendeudados. Hay pues una debilidad ante la fuerza fenomenal que está frente a ellos.

–¿En qué momento de nuestra historia reciente ese oligopolio se convierte en lo que usted llama “una hidra mundial”?

–Empieza cuando nos damos cuenta de que, al final, esos bancos se ponen de acuerdo entre ellos, que practican una suerte de colusión. Esos bancos actúan como una banda organizada para influenciar colectivamente los principales precios de la finanza mundial, en especial las tasas cambiarias y las de interés. Las primeras investigaciones sobre estos bancos son recientes. Se remontan a 2012 y muestran que esas prácticas de colusión empiezan realmente en 2005. En concreto, entre los noventa y 2005 el oligopolio comienza a formarse y, a partir de 2005, sus prácticas se vuelven corrientes. Estamos en presencia de un actor colectivo que se torna devastador para la economía mundial. Es una hidra devastadora.

–La interconexión entre los miembros del oligopolio se extiende a muchos campos…

–Actúan en varios mercados. El mercado cambiario es uno de los más grandes del mundo porque hoy se cambian 6.000 millones de dólares cada día. En 2012 se descubrió que cinco bancos controlaban el 51 por ciento de ese mercado. Pero también manejan el mercado de las tasas de interés a corto plazo y el mercado de ciertos productos derivados. Este es un poco el abanico de sus actos delictuosos por los cuales pagaron multas que, en relación con sus ganancias, son insignificantes.

–¿En qué medida las acciones de este oligopolio explican las políticas de austeridad que están en curso poco menos que en todas partes?

–En primer lugar, por la negativa a la realidad del sobreendeudamiento de los países europeos. Cuando se observan los datos no quedan dudas: antes de la crisis el endeudamiento europeo era del 60 por ciento del PIB. Pero a partir de 2007, justo cuando empieza la crisis, ese endeudamiento se acrecienta brutalmente. El sobreendeudamiento actual está ligado a las causas de la crisis financiera y no al despilfarro en las finanzas públicas, como nos lo quieren hacer creer. Hoy se cree que mediante políticas presupuestarias rigurosas se va a combatir el sobreendeudamiento, pero eso es totalmente erróneo. La crisis es una consecuencia del comportamiento de los grandes bancos durante la crisis de los subprimes (productos financieros especulativos). Si se quiere reducir la deuda pública actual y futura, habría que actuar sobre esos comportamientos. Pero estos bancos siguen haciendo lo mismo que en el pasado. Sin crecimiento y sin inflación el sobreendeudamiento no se resolverá nunca, menos aún con políticas presupuestarias de austeridad. Estamos en un camino sin salida.

–Usted afirma que los Estados son rehenes de esos bancos.

–Sí. Los Estados no osan poner en tela de juicio las prácticas de esos grandes bancos. Estas instituciones desarrollaron lógicas financieras muy peligrosas, son responsables de la inestabilidad monetaria y financiera internacional, pero los Estados están desarmados frente a este oligopolio que es capaz de derrotar las legislaciones que se elaboran para desarmarlo. La lógica financiera perniciosa que existía antes de la crisis de 2007 persiste.

–De hecho, este oligopolio constituye una amenaza para las democracias. Peor aún, las modela a su antojo.

–Resulta claro que desde el momento en que los Estados dejan de tener un margen de maniobra, que están sometidos a las obligaciones presupuestarias y, encima, como ocurre desde los setenta, que pierden su soberanía monetaria, todo esto converge en un debilitamiento progresivo de nuestras democracias. Cuando el arma monetaria desaparece, cuando no se cuenta más con el arma presupuestaria, el Estado queda disminuido frente a potencias económicas que lo enfrentan y lo denominan. Hoy, en la mayoría de los grandes países, las democracias se caen y pierden su sustancia ante un mundo económico y bancario súperpoderoso.

–La sensación global que deja la lectura de su libro es que el cataclismo siempre nos acecha.

–Sí, el cataclismo está por venir, fundamentalmente porque los grandes bancos no cambiaron su lógica financiera. Estamos ante grupos privados que actúan según sus propios intereses y que son híperpoderosos. Por consiguiente, las mismas causas producen los mismos efectos. La inestabilidad financiera persiste y como las deudas públicas no hacen más que aumentar en todos los países desarrollados, nos encontramos con la amenaza creciente de una explosión de la burbuja de las obligaciones. Las deudas están constituidas por obligaciones financieras y, como la deuda aumenta, hay un momento en el cual la burbuja explotará y tendremos un cataclismo financiero tanto más grave que los vividos hasta ahora, ya que los Estados, debido a sus políticas de rigor fiscal, no podrán intervenir. No se ha cambiado ni un ápice de la lógica profunda de la globalización de los mercados y tampoco se ha querido romper el oligopolio. Resulta evidente que todas las condiciones están reunidas para que tengamos otro cataclismo.

–Usted resalta también un hecho que parece de ciencia ficción: ese oligopolio logró transformar la deuda privada en deuda pública.

–En 2007, 2008, los grandes bancos detentaban los productos tóxicos, pero, en vez de reestructurar a esos bancos, en vez de hacerles pagar por las consecuencias de los efectos comportamientos, los Estados intervinieron para recapitalizar a los bancos o nacionalizarlos. Al final, esas obligaciones que representaban una deuda privada se transformaron en deuda pública. Pagaron los contribuyentes.

–¿Es la primera vez en la historia de la humanidad que la relación de fuerzas entre lo privado y lo público se da vuelta?

–Es la primera vez que tenemos un mundo tan globalizado donde los capitales pueden desplazarse de un lado al otro del planeta a la velocidad de la luz, y donde hay actores tan potentes frente a los Estados. En el pasado hubo confrontaciones entre el poder financiero y el poder político, pero es la primera vez en la historia que esa confrontación tiene lugar a escala mundial. Esa es la novedad.

–Entonces revolución, movilización ciudadana… ¿Por dónde transitar con una sociedad global que ha perdido su potencia, su capacidad de acción decisiva, que ha entregado su conciencia democrática y ciudadana a cambio del nuevo estatuto de consumidor planetario?

–Lamentablemente, lo que va a pasar es que, si no se hace nada, habrá una nueva crisis financiera. Y esta actitud pasiva, apática, puede acarrear trastornos enormes cuyos efectos políticos y sociales serían dramáticos precisamente porque ese trastorno no fue anticipado por las fuerzas políticas y sociales. Desde luego, se requieren movilizaciones ciudadanas. No será fácil. Mire lo que ha ocurrido en Grecia, con el Primer Ministro Alexis Tsipras y el partido Syriza. Las trabas para cambiar la relación entre lo político y lo económico han sido gigantescas. La historia no ha terminado aún. Hemos visto a un gobierno aceptar un acuerdo en el cual no cree. ¡Esto nos muestra hasta qué punto se ha puesto en tela de juicio la democracia! En España, con el movimiento Podemos, tal vez ocurra lo mismo. No creo que se pueda decir por adelantado que las movilizaciones ciudadanas iniciarán los cambios que esperamos. Tal vez, con las redes sociales y los movimientos, podamos esperar que comience un proceso. Hace falta una palabra política fuerte capaz de sintetizar el mundo de hoy y, también, lanzar la consigna capaz de abrir el camino de cambios reales. Las contradicciones que hemos visto en Grecia son el punto de incandescencia de estas cuestiones. Nada ha terminado. Como se dice popularmente ¡si nos gustó la temporada uno en Grecia, vamos a adorar la temporada dos! Lo cierto es que sin acción colectiva no saldremos de esto. ¿Cómo imaginar lo que viene, cómo dar vuelta esta relación de fuerzas totalmente desigual entre las potencias bancarias y los Estados debilitados? Reconozco que las democracias están en peligro, pero creo que la única solución pasa por una reconquista política que puede tomar varias formas. En el curso de los últimos años, los Estados han ido abandonando progresivamente su soberanía política, monetaria y presupuestaria. Debemos tomar en cuenta la realidad de la globalización del mundo. Los Estados tienen que recuperar su margen de maniobra, su soberanía, pero dentro de un marco organizado, a escala planetaria. Ello supone que los Estados actúen colectivamente organizando, por ejemplo, una gran conferencia del tipo Bretton Woods (1944). Otro camino consiste en que los ciudadanos empujen a los Estados a actuar, en todo el mundo, con movimientos diversos. Sin embargo, antes que nada, estas opciones suponen que se tome conciencia del estado del mundo, de las relaciones de fuerza existentes. Es indispensable que lo político vuelva al primer plano de la gestión de los asuntos económicos. La moneda debe ser un bien público y no un bien privado.

–En suma, se trataría de adormecer al consumidor y despertar al ciudadano globalizado. En este contexto, la crisis griega es la explosión visible de la degradación de las democracias occidentales.

–Los griegos tienen algo muy fuerte en su historia milenaria: siempre tuvieron el sentido de lo político. Desde los inicios de la democracia en Grecia, los debates siempre fueron muy ricos, hasta violentos. Eso es lo hay que despertar hoy en el mundo. Los griegos nos están mostrando cómo hacer política. Nos encontramos en estado de urgencia.

Lista de los 28 bancos que componen el oligopolio
J. P. Morgan Chase
Bank of America
Citigroup
HSBC
Deutsches Bank
Groupe Crédit Agricole
BNP Paribas
Barclays PLC
Mitsubishi Ufjfg
Bank of China
Royal Bank of Scotland
Morgan Stanley
Goldman Sachs
Mizuho FG
Santander
Société Générale
ING Bank
BPCE
Wells Fargo
Sumitomo Mitsui FG
UBS
Unicrédit Group
Crédit Suisse
Nordea
BBVA
Standart Chartered
Bank of New York Mekon
State Street

El balance total de estos bancos es de 50.341 millones de dólares. Página 12

En apoyo de la Grecia que resiste. Por el derecho de los pueblos a auditar la deuda pública

A los pueblos de Europa y del mundo, 
A todos y todas las que rechazan las políticas de austeridad y no aceptan pagar una deuda pública que nos ahoga, que fue contraída sin nosotros y contra nosotros.

Vic- povo grego
Para firmar el Llamamiento: GreekDebtTruthCommission.org
.
Quienes firmamos este llamamiento nos situamos junto al pueblo griego que, tras su voto en las elecciones generales del 25 de enero de 2015, es el primer pueblo en Europa –y en el hemisferio Norte- que ha rechazado las políticas de austeridad aplicadas en nombre del pago de una deuda pública contraída por los de arriba, sin el pueblo y contra el pueblo. Al mismo tiempo, consideramos que la creación de la Comisión de la Verdad sobre la Deuda Pública, por iniciativa de la Presidenta del Parlamento griego, constituye un acontecimiento histórico de fundamental importancia, no sólo para el pueblo griego sino también para los pueblos de Europa y del mundo entero.

.
En efecto: esta Comisión, compuesta por ciudadanos y ciudadanas voluntarias llegadas de todo el orbe, sin duda estimulará iniciativas semejantes en otros países. En primer lugar, porque el problema de la deuda es una verdadera peste que se abate sobre casi toda Europa y otros lugares. Y también porque muchos millones de ciudadanas y ciudadanos plantean, con sobrada razón, preguntas a la vez elementales y fundamentales sobre la deuda:

.
-¿Qué ha pasado con el dinero de los préstamos, y en qué condiciones se solicitaron estos préstamos? ¿Qué intereses se han pagado ya, bajo qué tipos de interés, qué parte del principal ya se ha devuelto? ¿De qué manera la deuda ha crecido sin que ello beneficie al pueblo? ¿Qué caminos han tomado los capitales? ¿Para qué han servido? ¿Qué parte se ha sustraído, por quién y cómo? Y también:

.
-¿Quién ha pedido prestado, y en nombre de quién? ¿Quién prestó y cuál fue su papel? ¿De qué manera se ha visto implicado el Estado, quién y cómo tomó las decisiones? ¿Cómo las deudas privadas se convirtieron en “públicas”? ¿Quién ha impulsado proyectos inadecuados e inútiles, quién contrató, quién se ha beneficiado? ¿Se han cometido delitos – por no decir crímenes – con ese dinero? ¿Por qué no se sustancian responsabilidades civiles, penales y administrativas?

.
Todas estas preguntas las va a analizar de forma rigurosa la Comisión especial creada por iniciativa de la Presidenta del Parlamento de Grecia, Comisión cuyo mandato oficial se formula así: “Recopilar todos los datos relacionados con el surgimiento y el aumento desmesurado de la deuda pública y someterlos a minucioso escrutinio científico con el objetivo de definir qué parte que se puede identificar como deuda ilegítima, ilegal, odiosa o no sostenible, y ello tanto durante el período de los Memorandos, entre mayo de 2010 y enero de 2015, como en años anteriores. La Comisión también debe publicar informaciones claras y accesibles para todos los ciudadanos, realizar declaraciones públicas, facilitar la toma de conciencia de la población griega, así como de la comunidad internacional y la opinión pública internacional, y finalmente redactar argumentaciones y demandas relativas la cancelación de la deuda.”

.
Consideramos que constituye el más elemental de los derechos democráticos, para cualquier ciudadano o ciudadana, el plantear estas preguntas y obtener respuestas claras y precisas a las mismas.

Entendemos que rechazar responderlas supone una denegación de democracia y un rechazo de transparencia por parte de los de arriba, que han inventado el “sistema-deuda” y lo utilizan para enriquecer a los ricos y empobrecer a los pobres. Aún más grave: juzgamos que, al monopolizar el derecho a decidir sobre el curso de la sociedad, los de arriba privan a la inmensa mayoría de las ciudadanas y ciudadanos no sólo de su derecho a decidir, sino sobre todo del derecho a asumir sus propios destinos, así como tomar las riendas del destino de la humanidad.

.
Por eso, en esta situación de emergencia, dirigimos el urgente llamamiento siguiente a todos los ciudadanos y ciudadanas, a los movimientos sociales, a las redes y movimientos ecologistas y feministas, a los sindicatos de trabajadores y a las formaciones políticas que no se reconocen en esta Europa neoliberal, cada vez menos democrática y humanista:

.
Manifestad vuestra solidaridad con esta Grecia resistente apoyando ahora, de forma activa, a la Comisión de la Verdad sobre la Deuda Pública griega y su trabajo de identificación de la porción ilegítima, ilegal, odiosa o no sostenible de tal deuda.

.
Defended a la Comisión de los indignos ataques con que la acosan quienes, en Grecia y en todo el mundo, están interesados en mantener oculta la verdad sobre el “sistema-deuda”.
Participad activamente en los procesos de auditoría ciudadana de la deuda que se están desarrollando en muchos lugares, en Europa y fuera de ella.

.
Compartid en red vuestro apoyo y solidaridad, pues sólo semejantes apoyos y solidaridades pueden lograr frustrar el plan de los poderosos que quieren asfixiar a la Grecia que lucha contra nuestros enemigos comunes: las políticas de austeridad y la deuda que nos ahoga.

nunca tantos deveram tanto a uns poucos dívida
Frente a adversarios experimentados, unidos, bien coordinados, armados con poderes exorbitantes y sobre todo decididos a llevar hasta el final su ofensiva contra todos y todas los que constituimos la aplastante mayoría de nuestras sociedades, no podemos permitirnos el lujo de resistir por separado, cada cual aislado en su rincón.

.
Unamos nuestras fuerzas en un vasto movimiento de solidaridad con la Grecia resistente y apoyemos a la Comisión de la Verdad sobre la Deuda Pública griega, y multipliquemos Comisiones semejantes allí donde sea posible.

.
La lucha del pueblo griego es nuestra lucha, y su victoria será la nuestra, pues sólo la unión hace la fuerza.
dívida auditoria crise FMI indignados

Tsipras répond « oxi » aux tentatives de coup d’État financier

por ROSA MOUSSAOUI/ L’HUMANITÉ

humanite. 2 julho 2015

Dans une adresse solennelle, le premier ministre grec s’est dit hier déterminé à consulter son peuple, malgré le chantage,
les manœuvres et les pressions extérieures.

.
Athènes, envoyée spéciale. Alexis Tsipras n’entend pas donner sa reddition face à la tentative de coup d’État financier en cours contre la Grèce. Il l’a répété hier après-midi, dans une adresse solennelle à la nation : il maintient le référendum. La veille, le premier ministre grec avait adressé aux créanciers d’Athènes une offre ultime, incluant, encore, de rudes concessions, comme la suppression progressive de l’allocation de solidarité pour les personnes âgées, mais conditionnée à un accord sur la restructuration d’une dette insoutenable. Athènes demandait, entre autres, un prêt de 29 milliards d’euros pour couvrir le service de la dette sur les échéances des deux prochaines années. La démarche visait à empêcher in extremis un défaut grec aux conséquences imprévisibles… Sans surprise, elle a été rejetée par les « partenaires », Allemagne en tête, ce qui place depuis hier la Grèce en situation de défaut vis-à-vis du Fonds monétaire international, fait inédit pour un pays de l’Union européenne. Pire, le Fonds européen de stabilité financière évoquait, en réaction au défaut, la possibilité de demander le paiement immédiat des prêts accordés à la Grèce. Intérêts compris.

« Ils ont fermé les banques parce que nous avons donné la parole au peuple »

Curieusement hier, la presse internationale faisait écho à la dernière offre grecque de compromis en la présentant comme la preuve de la « volte-face » d’un Tsipras prêt à renoncer au référendum pour se conformer enfin aux oukases des créanciers. Toute la journée, la rumeur d’un report, voire d’une annulation de la consultation populaire annoncée par Athènes a couru. Tsipras, placé dans l’impossibilité de verser les pensions de retraites et les salaires des fonctionnaires, cédant à la menace de la suspension par la Banque centrale européenne (BCE) du mécanisme ELA, dernier filet de refinancement de banques grecques, allait, c’est sûr, capituler en rase campagne, annonçaient, en chœur, les éditorialistes de la presse financière. Objectif : semer le doute et la confusion pour entraver la campagne du « non ». Certes, les canaux de discussions n’ont jamais été coupés, et surtout pas par la partie grecque qui, fidèle à la ligne choisie depuis l’invraisemblable expulsion du ministre des Finances Yanis Varoufakis de l’Eurogroupe, n’a jamais cessé de rechercher les termes d’un « accord honnête et durable ». « Un verdict populaire est beaucoup plus fort que la volonté du gouvernement. Lundi, après le référendum, nous serons à la table de négociation avec des conditions meilleures pour le peuple grec », a tranché Tsipras, coupant court aux conjectures. Aux manœuvres en cours, le premier ministre grec a répondu par des propos très durs contre le fanatisme néolibéral et le mépris de la démocratie régnant de Bruxelles à Berlin. « Ils ont fermé les banques parce que nous avons donné la parole au peuple. Jamais je n’aurais pensé que l’Europe puisse refuser de donner du temps et de l’espace à un peuple qui veut décider de son futur », s’est-il indigné.

« Pas de “oui”, pas de salaires, lundi », ose le patronat

Pour Athènes, par-delà les choix économiques et le désastre social laissé par cinq années d’austérité, c’est bien l’enjeu démocratique qui est, désormais, au cœur du bras de fer. « L’impasse créée par la stratégie d’asphyxie des institutions nous met devant une alternative mortifère. Soit la soumission, donc le suicide moral, par l’acception des conditions dictées par les créanciers, soit la mort subite par l’étranglement des banques, donc de l’économie grecque. Pour en sortir, nous n’avons pas d’autre choix que le recours au peuple », résume Georges Katrougalos, ministre de la Fonction publique et de la Réforme de l’État.

Devant cette détermination du gouvernement grec, tous les coups semblent permis pour installer la peur, manipuler le scrutin et dissuader les Grecs de voter « non ». Les termes du chantage exercé par de grandes entreprises pour se rappeler au bon souvenir de leurs salariés dans l’isoloir en témoignent : « Pas de “oui”, pas de salaire lundi. » Les patrons en campagne, prenant prétexte des restrictions bancaires imposées par la BCE, ont tout simplement suspendu le versement des salaires, dans l’attente du verdict des urnes. Les syndicats et l’inspection du travail ont enregistré, ces dernières heures, des centaines de plaintes portant sur des menaces de licenciement en lien avec le référendum, méthode d’une violence inouïe pour des salariés hantés par la crainte du chômage et déjà terriblement fragilisés par la crise. Radio Kokkino, une antenne de gauche, rapporte même le cas d’une entreprise pharmaceutique dont la direction a contraint les salariés à constituer un cortège pour rejoindre, mercredi soir, la manifestation des partisans du « oui », place Syntagma (lire ci-contre). « Ils sont prêts à tout pour faire triompher le plan des banques et de Merkel, s’indigne le directeur de Kokkino, Kostas Arvanitis. Les institutions ne veulent pas d’un accord, elles veulent avant tout faire tomber le gouvernement Tsipras. Ils n’ont pas peur de Marine Le Pen, mais ils ont peur de la Grèce démocratique ! » Hier, en dépit de toutes ces pressions, les sondages donnaient au « non » une large avance.

La “crisis” griega en ocho claves

Por Luis Salas Rodríguez

grécia

1. Contrario a lo que afirma la prensa atlantista, la decisión del gobierno de Alexis Tsipras de convocar a un referéndum popular para que sea el pueblo griego quien decida si acepta o no las condiciones impuestas por la llamada troika (Banco Central Europeo (BCE), la Comisión Europea (CE) y el Fondo Monetario Internacional) no ha desencadenado una crisis ni dentro de Grecia, ni dentro de la Unión Europea, ni para el Euro. Esta decisión, por el contrario, busca poner fin a una crisis desatada por esa misma troika y por lo intereses que representa, quienes primero se dieron a la tarea de inflar una burbuja financiera de dimensiones colosales que llevó al endeudamiento masivo de varios países del continente entre ellos Grecia, para luego aplicar un severo programa de ajuste de modo de poner a sus ciudadanos y ciudadanas, a pagar los costos del desinfle de dicha burbuja y el rescate de la banca privada.

.
2. La situación que enfrenta Grecia es el resultado de la forma perversa en que fue planteada la Unión Europea y la adopción del Euro, una “unidad” basada en profundas asimetrías y donde no solo la soberanía de los países más débiles es arrebatada por la institucionalidad europea y la de los países más fuertes, sino que, de hecho, la soberanía popular a lo interno de todos los países que la conforman –incluyendo Alemania- ha sido arrebatada de modo que ya no existe democracia y todas las medidas de orden político, social, económico y de cualquier otro orden son tomadas a espaldas del pueblo europea incluso –y sobre todo- cuando más los afectan.

.
3. La crónica de cómo se ha llegado a este punto es más o menos la siguiente: Grecia adoptó el euro el 1º de enero de 2001 y a partir de entonces vivió un boom de consumo fomentado por la estabilidad de los precios y el acceso fácil al crédito. Sin embargo, no solo ocurrió que el consumo no respondía a una mejora de la productividad de su economía, sino que de hecho fue fomentado por la gran banca alemana y francesa que financiaron el endeudamiento y las multinacionales de esos mismos países que ganaron participación en el mercado griego. A este respecto, también jugó un papel estelar la banca de inversiones norteamericana Goldam Sachs, quien como es público, notorio y comunicacional ayudó al gobierno griego de entonces a maquillar sus cuentas para el ingreso a la Unión, todo bajo la complicidad del BCE, la CE y el mismísimo FMI, siendo que de hecho en muchos casos como también es público, notorio y comunicacional, quienes dirigen estas instituciones son funcionarios o ex funcionarios de Goldman Sachs.

.
4. Pero por otra parte, hay que destacar que la mayor parte del endeudamiento griego no fue por un aumento “excesivo” del consumo privado o familiar ni mucho menos de los gastos sociales (salarios, pensiones, etc.), todos los cuales han sido objeto de fuertes recortes. Muy por el contrario, la mayor parte del endeudamiento ha sido de los propios bancos, del consumo suntuario de los sectores de mayores ingresos y de lo utilizado para el gasto militar, siendo que Grecia en la actualidad tiene uno de los mayores equipamiento bélico de la Unión Europea gracias a todo un aparataje cuyos vendedores no han sido otros que alemanes y franceses. Como indican diversas fuentes, Grecia gastó sin razón alguna real en los últimos diez años, unos 10.000 millones de euros en compra de equipos bélicos. Dichas compras, fueron hechas en su mayoría en Alemania (3.000 M€) y Francia (4.000 M€), precisamente los principales acreedores de Grecia. Lo que es más grave, es que según múltiples denuncias y como lo reconoció claramente la canciller alemana Angela Merkel tras la concesión del primer préstamo a Grecia, Alemania forzaba contratos de ventas de armas como condición para concederlos, lo cual quiere decir durante la aplicación de la austeridad social Alemania siguió estimulando el hiper-consumo bélico en vez de hacer lo contrario, agrandando una cuenta de la cual son exclusivos beneficiarios.
5. Pero si es indignante la historia de cómo fue la propia institucionalidad europea, el FMI, la banca privada y las transnacionales los que endeudaron Grecia fraudulentamente, todo por su puesto bajo el amparo de gobiernos colaboracionistas, más indignante y escalofriante resulta saber cuáles han sido los resultados de los ajustes y los “rescates” que dicha institucionalidad ha impuesto en los últimos seis años y que le exige al gobierno de Tsipras que profundice para “salir de la crisis”. Así las cosas, si bien el endeudamiento fue la principal excusa que se utilizó para intervenir Grecia, la verdad del caso es que desde que se puso en marcha el primer rescate en 2010, la deuda pública griega aumentó en lugar de reducirse: en 2009, representaba el 126% de su PIB (unos 301.000 millones de euros), mientras que hoy día luego de los fortísimos recortes de gasto público que se han aplicado sin precedentes en ningún país en la Europa de posguerra, asciende a un 180% de su PIB, es decir, unos 317.000 millones de euros. Ningún dato macroeconómico ha mejorado tras la intervención de los expertos y la aplicación de la austeridad y los ajustes que, según ellos, “procuran sanear y equilibrar las cuentas”: el PIB cayó en 25%, el consumo de alimentos de la población en 28,5%, 61% de reducción media de las pensiones, el 45% de pensionistas viviendo por debajo del umbral de pobreza, 26% de desempleo y más del 50% de desempleo juvenil, todo lo cual desató una fuerte ola migrativa además de considerarse un factor determinante en el aumento del 35% en el número de suicidio en el país registrado desde 2011.

.
6. Pero no es la primera vez que un gobierno griego intenta una medida de este tipo, es decir, convocar a su población a las urnas para que elija lo que más le conviene como país. En 2011, el entonces Primer Ministro Yorgos Papandreu propuso hacer un referéndum para validad o no las reformas económicas exigidas por la Troika, y fue obligado a dimitir tras fuertes ataques especulativos y el acoso que ésta impuso sobre la población griega. Lo mismo le pasó a Silvio Berlusconi, el sátrapa ex primer ministro italiano que fue destituido no por las acusaciones en su contra de corrupción y perversión de menores por todos conocidas desde hace décadas, sino por su resistencia a aplicar las medidas exigidas por la Troika. Al haber asomado la posibilidad de convocar a un referéndum, los especuladores y acreedores de la deuda italiana llevaron los costos de ésta hasta niveles de crisis, siendo que a los pocos días tanto su gobierno como la idea del referéndum fueron liquidadas. “El país necesita reformas, no elecciones”, fueron las cínicas palabras de Herman van Rupoy, entonces presidente del Consejo Europeo. Papandreu fue sustituido por Lucas Papademos y Berlusconi por Mario Monti, ambos ejecutivos de Goldman Sachs y personal del BCE que sin contemplación alguna aplicaron las reformas. Fue lo que entonces se conoció como el golpe de estado financiero de Goldman Sachs.

.
7. Las exigencias de la troika no solo han demostrado en la práctica ser incapaces de resolver la crisis griega siendo que más bien la han agravado, sino que además en esta última etapa todos los analistas serios coinciden en que son imposibles de cumplir. Lo cual lleva a hacernos la pregunta ¿Cuál es la verdadera intención tras dichas exigencias? En primer lugar está claro que en este como en otros casos hay un grado bastante alto de fundamentalismo neoliberal, de degeneración de la disciplina económica hasta convertirla en la doctrina de una suerte de califato de mercado en el que los tecnócratas actúan con la misma saña de los mercenarios del DAESH pero por otros medios. Pero adicionalmente está presente la convicción de darle una lección al pueblo griego y al europeo en general, para que se persuada de que no hay alternativa posible a los mandatos de la tecnocracia europea y que cualquier intento de rebelión será sometido y aplastado sin consideraciones. Desde este punto de vista, acabar con Syriza y con Tsipras es prevenir que pase lo mismo con PODEMOS en España o en cualquier otro país. De ahí en más, de ser derrotada Grecia, la transferencia de poder y soberanía de cada uno de los países de Europa a Bruselas será total y la democracia europea – como su Estado de Bienestar – definitivamente suprimida.

.
8. No caben dudas que la apuesta de Tsipas y Syriza es difícil, pues los mismos poderes que acabaron con la iniciativa de Papandreu se abalanzan sobre ellos y contra el propio pueblo griego con mucha más fuerza. Pero está claro que Tsipras no es Papandreu, así como que el pueblo griego es mucho más consciente a estas alturas del fraude del que ha sido objeto. Con todo y eso es una lucha desigual, pero no es la primera vez que el pueblo griego ha estado en trances donde teniendo todas las de perder simplemente no se rindió y terminó venciendo. Para citar a la reina Gorgo de Esparta – la viuda de Leónidas – frente a amenazas similares, la pregunta no es si se puede vencer o no, sino que haría un hombre libre. Y Grecia es un tierra de hombre y mujeres libres, que como recordó Tsipras – admirador de Allende, del Che y de Chávez – en unos de sus últimos discursos, ya era una civilización ilustrada cuando en el resto de Europa reinaba la barbarie, ya sabía de democracia mucho antes que cualquier otro país del continente y tiene una historia -demasiada historia- que por mucho trasciende a la UE y el Euro y por tanto puede sobrevivirle.

El terrorismo financiero contra Grecia

Este artículo hace una llamada a la ciudadanía de los distintos pueblos y naciones de España para que se movilicen en defensa del gobierno Syriza en Grecia, cuya causa (la defensa de la democracia y la justicia social) es la misma que la que motivó a los luchadores republicanos españoles en los años treinta.

Spiros Derveniotis

Spiros Derveniotis

Por Vicenç Navarro

—-

Estamos hoy viendo un ataque frontal del capital financiero, hegemonizado por el alemán, y vehiculado primordialmente a través del Banco Central Europeo (BCE), en contra del pueblo griego, ataque que intenta evitar cualquier atisbo de rebelión frente a las políticas de austeridad que están destruyendo el bienestar de las clases populares de todos los países de la Eurozona y muy en particular de Grecia, cuyo gobierno Syriza ha sido el primero en decir “BASTA YA” frente a lo que no hay otra manera de llamarlo como terrorismo financiero (ver el libro del Profesor Juan Torres y yo, titulado Los amos del mundo, las armas del terrorismo financiero). Es en estos momentos cuando hay que entender el contexto político e histórico de lo que está ocurriendo, comenzando por las semejanzas existentes entre lo acontecido en Grecia ahora con lo que sucedió en España en el año 1936.

España 1936, Grecia 2015

Existen momentos en la historia de Europa en los que la lucha por la justicia social y por la democracia en un país es también la lucha por la justicia y por la democracia para todos los países del continente europeo. La lucha, mal llamada Guerra Civil en España (entre 1936 y 1939), fue un ejemplo de ello. En el territorio español, un golpe militar en nombre de las minorías que controlaban el país, tuvo lugar el 18 de julio del año 1936, con el apoyo de las tropas nazis alemanas y fascistas italianas, frente a la gran mayoría de las clases populares de los distintos pueblos y naciones de España, que resistieron tal golpe heroicamente durante más de tres años, con escasa ayuda militar de los países gobernados por partidos que se autodefinieron como demócratas, mostrando una gran traición a los principios democráticos que decían sostener.

La derrota de las fuerzas democráticas españolas significó también la derrota de la democracia en la Europa Occidental con la victoria del nazismo y del fascismo en muchos países de aquella Europa, iniciándose la II Guerra Mundial. Y en España, aquella victoria significó el inicio de un régimen dictatorial que se caracterizó por su enorme brutalidad (por cada asesinato político que cometió Mussolini, el dictador Franco cometió 10.000, según el mayor experto en el fascismo europeo, el profesor Malefakis, de la Universidad de Columbia en la ciudad de Nueva York) y que impuso un enorme retraso económico, político, social y cultural en España. En 1936, España e Italia tenían semejante nivel de desarrollo económico. En 1978, fecha en la que terminó aquel horrible régimen dictatorial, el PIB per cápita español era solo el 62% del italiano. Este fue el coste económico de tal régimen.

¿Qué está pasando en Grecia?

Salvando las diferencias que existen en cada hecho histórico, lo cierto es que en Grecia hemos estado viendo una situación semejante, en que la lucha por la justicia social y por la democracia en aquel país es la lucha por la justicia social y por la democracia en todos los países de la Europa Occidental. La pervivencia de la justicia social y de la democracia en los países de la Unión Europea se está jugando hoy en aquel país. Su derrota limitará enormemente, hasta anularlas, tanto la una como la otra, completando un proceso que se inició hace años con la construcción de un sistema de gobierno de la Eurozona, dominado por el capital financiero (hegemonizado por el alemán), que, en una coalición de las minorías gobernantes en cada país, han estado agrediendo al pueblo griego, destruyendo el 25% de su riqueza nacional o PIB, con el desmantelamiento de su ya escaso Estado del Bienestar, saqueándolo, robándole sus propiedades y atacando a sus clases populares, y muy en particular a su clase trabajadora, asalto que se ha estado realizando en colaboración con las élites corruptas y antidemocráticas que han gobernado Grecia durante muchísimos años. Este ataque (y no hay otra manera de definirlo) se ha llevado a cabo en alianza con las minorías que representan a las clases dominantes de los países miembros de la Unión Europea, siendo un aliado importante en esta lucha de clases que está teniendo lugar a nivel continental, las élites corruptas gobernantes del Estado español, herederas de las que dominaron la dictadura fascista en España.

La rama política de este capital financiero –los partidos conservadores y liberales, con la inestimable ayuda de los partidos socioliberales- (que todavía tienen la osadía de autotitularse socialdemócratas, tras haber abandonado cualquier atisbo de parecerse a tal tradición política), han establecido una dictadura en la Unión Europea que ha estado imponiendo políticas sumamente impopulares que carecían de mandato popular (pues no estaban en sus programas electorales), alcanzando su máximo desarrollo en Grecia. Hoy, la riqueza destruida en aquel país, todavía pobre en Europa, es mayor que la riqueza destruida en Francia y en Alemania durante la I Guerra Mundial. Sus pensiones y sus servicios públicos del Estado del Bienestar están siendo diezmados, y los convenios colectivos que defienden al mundo del trabajo están siendo enormemente debilitados, todo ello como consecuencia de las políticas neoliberales impuestas por el establishment neoliberal europeo que controla el gobierno de la Unión Europea y de la Eurozona, con la asistencia del Fondo Monetario Internacional. Es un ejemplo más del terrorismo financiero que es tan dañino como el terrorismo militar, y que es mucho más extenso.

El objetivo político del establishment europeo es destruir cualquier rebelión frente a esta d¡ctadura financiera

Lo que está ocurriendo hoy es el intento de destruir a Syriza, el primer gobierno que, representando los intereses de las clases populares, ha intentado parar tanta barbarie, rebelándose frente a las políticas públicas de austeridad, tal como le mandó el pueblo griego. Como he indicado en artículos anteriores, lo que la dictadura financiera quiere es no expulsar a Grecia del euro, sino expulsar a Syriza del gobierno. Y cuenta para ello con la clase política griega, corrupta hasta la médula, que controla la gran mayoría de los medios de información y persuasión de aquel país, como también ocurre en España.

Grecia ha sido la mayor víctima de este sistema terrorista que se está aplicando en la Eurozona, causando el mayor desastre social que se conoce en la Europa Occidental desde 1945. De ahí la urgencia y necesidad de ayudar a las fuerzas democráticas griegas, saliendo a la calle, enfrente de las delegaciones de la UE en España, para mostrar el rechazo hacia este terrorismo. La Europa que era el sueño de la resistencia antifascista durante los años de clandestinidad es ahora, una pesadilla, como consecuencia del deterioro tan marcado de la democracia y de la solidaridad, resultado de aquel terrorismo financiero que domina hoy este continente.

¿Qué está pasando en estos momentos?

Como era de esperar, la mayoría de los medios de gran difusión en España, altamente financiados por el capital financiero, han responsabilizado de lo que está ocurriendo nada menos que a la víctima de tal terrorismo. Frente a tanta mentira, es importante señalar:

1. La enorme necesidad y urgencia de responder a tanta falsedad, denunciando a los medios por falsificar la realidad, tanto de lo que ha estado ocurriendo como de lo que ha pasado estos días.

2. Que el Banco Central Europeo (BCE), que ya mostró su hostilidad hacia el gobierno Syriza solo dos días después de ser elegido, ha amenazado con destruir el sistema bancario griego cerrando toda transferencia a sus entidades bancarias.

3. Que las exigencias de las Instituciones Europeas (formado por, además de lo que se había llamado la Troika –el BCE, la Comisión Europea y el FMI-, el Eurogrupo), que incluyen el pago de la deuda, son un ataque frontal a la supervivencia de Grecia, pues es imposible que se pague tal deuda y a la vez reactivar la economía griega. Tales demandas han llegado a niveles escandalosos, como exigir que haya una reducción de las pensiones públicas que signifique un recorte equivalente a un 1% del PIB, a la vez que las mismas instituciones se oponen a la demanda de Syriza de aumentar los impuestos a las clases más pudientes, vetando también un gravamen a los grandes yates de tales clases.

4. Que la aplicación de las políticas de austeridad ha causado un auténtico desastre social y económico, generando a la vez un aumento y no una disminución de la deuda pública, de la cual solo se han beneficiado los bancos extranjeros, y muy en particular los alemanes y franceses, pero también los españoles.

5. Que cuando estos bancos estuvieron en riesgo de perder sus enormes beneficios generados por los intereses que Grecia estaba forzada a pagar, y que no podría pagar, fueron los gobiernos de la Eurozona los que les rescataron, bajo la falsa excusa de que intentaban ayudar a Grecia.

6. Que han sido las instituciones del establishment europeo, que desde el primer día del gobierno Syriza mostraron una enorme rigidez, las que han ignorado las demandas de este gobierno, que no eran ni más ni menos las que se habían permitido al Estado alemán cuando su deuda le estaba ahogando. En estas condiciones se hizo una quita de un 50% de la deuda pública alemana y se condicionó el pago del resto de la deuda al crecimiento de la economía alemana. Las instituciones del establishment europeo sistemáticamente se opusieron, e incluso se negaron, a considerar esta alternativa que había señalado el gobierno Syriza.

7. Que el BCE, en alianza con la clase corrupta dominante en Grecia, que controla la mayoría de los medios de información, está intentando que estos días, antes del referéndum del próximo fin de semana, haya un caos en la situación financiera griega, a fin de movilizar la oposición al gobierno Syriza en el referéndum, con la intención de conseguir lo que siempre desearon, echar a Syriza del gobierno.

8. Que la derrota de Syriza será una derrota de la lucha contra la austeridad en la Eurozona. Syriza no tenía ninguna otra alternativa a hacer lo que ha hecho, pedir la opinión del electorado griego, pues Syriza fue escogido para terminar con las políticas de austeridad. Si las instituciones europeas no le dejan hacer lo que prometió es una muestra más de su compromiso y coherencia democráticos el que Syriza considere necesario pedirle al pueblo griego que decida si acepta los cambios sugeridos por el establishment europeo o si desea que el gobierno desobedezca tales propuestas.

9. Que todo lo que está pasando en Grecia afecta directamente a las clases populares de todos los pueblos y naciones de España. De ahí que el gobierno Rajoy haya sido el mayor aliado en el Eurogrupo, del Ministro de finanzas alemán -el halcón del Eurogrupo-, pues dicho gobierno español ha sido de los que han llevado a cabo tales políticas de austeridad con mayor dureza, presentándose como el modelo a seguir en la Eurozona. El tsunami político ocurrido en este país en las últimas elecciones municipales ha asustado a ese establishment neoliberal que gobierna la Eurozona, contribuyendo a aumentar su rigidez negociadora, pues quieren, por todos los medios, que Syriza fracase. Intentan así asustar a la población española, cada vez más asqueada con las políticas neoliberales promovidas por el establishment español (y aquí en Cataluña, por el establishment catalán) y sus medios de información y persuasión. El miedo es, una vez más, la estrategia seguida por la estructura de poder ante el número creciente de ciudadanos que quieren tomar el control de su presente y futuro. De ahí el enorme temor de que la ciudadanía sea consciente de que se pueden cambiar las realidades que le oprimen si se organiza para ello. Y esto es lo que el establishment neoliberal europeo no puede permitir. Así de claro.

PAME-cartel-w

En qué consiste, de verdad, la propuesta de Tsipras

por Hibai Arbide Aza

Eneko

Eneko


Otra “semana crucial para Grecia” que pasa con más pena que gloria. En esta ocasión se han mezclado todos los ingredientes: amenaza de corralito sugerido por Draghi, reuniones en Bruselas al más alto nivel, auditoría de la deuda, concentraciones en la plaza Syntagma a favor y en contra de las políticas de austeridad y, por primera vez desde febrero, varias partes que se muestran convencidas de que al acuerdo es inminente.

Sin duda, el hecho político más importante de estos últimos días ha sido que los acreedores, con Merkel a la cabeza, han aceptado la posibilidad de que Grecia reestructure su deuda. Algo a lo que no habían accedido cuando Grecia decidió unilateralmente agrupar los pagos de junio al FMI.

Durante la reunión de jefes de Gobierno en Bruselas el lunes 22 de junio, Tsipras presentó una propuesta que, tal y como le exigen los acreedores, prevé un ahorro de 8.000 millones de euros. El 92,4% de esos 8.000 millones consisten en una reforma fiscal que grava a las rentas más altas, el turismo y los artículos de lujo.

El objetivo del Gobierno griego no es discutir la necesidad de reducir el déficit, en lo que todas las partes están de acuerdo, sino sustituir las medidas de austeridad impuestas por la Troika a los anteriores gobiernos por una mayor recaudación, acompañado de una reestructuración de la deuda, punto que Atenas considera crucial.

Los acreedores, hasta este lunes, sólo eran favorables a subir el IVA. El impuesto sobre el valor añadido en Grecia hoy consta de tres tipos. Uno general del 23%, uno reducido del 13% para alimentos y la energía y uno súper reducido del 6,5% para medicamentos, libros, entradas de teatro y hoteles.

Los acreedores proponían que hubiera dos tipos: el reducido del 11% para medicamentos y alimentos y el general del 23% para todo lo demás. La propuesta de Tsipras, por el contrario, rechaza reducir el IVA a dos únicos tramos y mantiene los tres actuales: baja el súper reducido del 6,5 al 6% y acepta que los hoteles se graven al 13%, en vez del 6,5% actual. Sólo se modifican al alza los hoteles. El resto, incluida la electricidad, se queda como está. La propuesta sí que acepta la supresión del IVA reducido del que gozan ahora las islas para las tres más grandes y turísticas: Mykonos, Santorini y Rodas. Se mantiene para todas las demás.

La propuesta aumenta el llamado “impuesto de solidaridad”, la tasa que se impone a las rentas más altas. Los que perciban ingresos superiores a 50.000 euros anuales tendrán un recargo del 4% -actualmente es un 3%- y los que superen los 100.000 pagarán un 6%, frente al 4% actual. Además, se introduce una subida del 8% en el IRPF para los ciudadanos que tengan ingresos de más de 500.000 euros al año.

Por otro lado, el ejecutivo heleno prevé crear un impuesto especial que grave con un 12% los beneficios empresariales superiores a los 500.000€ al año, así como una subida del 3% en el impuesto de sociedades.

Además, subirá el impuesto para bienes de lujo que comprende a los coches de gama alta, los aviones y yates privados y las piscinas privadas. Por último, se creará una tasa para la publicidad en televisión, un impuesto sobre las ganancias en juegos de azar de internet y una tasa sobre las licencias de telefonía 4G.

La parte más controvertida del acuerdo es la referida a las pensiones, con la que prevé ahorrar 605 millones de los 8.000 citados. En la línea del acuerdo firmado en febrero, el borrador prevé restringir paulatinamente la jubilación anticipada desde 2016 a 2025. Al contrario de lo que le pedían los acreedores, Tsipras no ha aceptado un recorte de las prestaciones pero propone subir la contribución de las pensiones a la seguridad social, con la condición de que no afecte a las pensiones más bajas. El aumento de las cotizaciones sería del 3,9% de media. Las cotizaciones a las pensiones auxiliares pasarían del 3% actual al 3,5%.

La cuestión de las pensiones le ha valido críticas a Tsipras, algunas de ellas dentro de su propio partido. Concretamente, desde la Plataforma de Izquierdas. En julio de 2013, Syriza dejó de ser formalmente una coalición para ser un partido. Así, los partidos que formaban la coalición se constituyeron en corrientes internas. La Plataforma de Izquierdas surge de la unión de tres partidos trotskistas: DEA, APO y la Red Kokkino.

La voz más crítica esta vez ha sido la de Stathis Kouvelakis, un profesor universitario miembro del Comité Central que vive en Londres. En la línea de lo que la Plataforma de Izquierdas lleva diciendo desde el inicio de la legislatura, han criticado lo que consideran cesiones de Tsipras y han apostado de nuevo por un impago acompañado de la salida voluntaria del euro. La Plataforma, que cuenta con un 28% de representación interna y varios diputados, nunca ha roto la disciplina de voto. Si esta vez lo hiciera provocaría un adelanto electoral en un momento, el actual, en el que Tsipras goza de mayor popularidad que cuando ganó las elecciones, según todas las encuestas. El efecto, paradójicamente, sería precipitar unas elecciones en las que el sector afín a Tsipras aumentaría su representación mientras la Plataforma de Izquierdas perdería todos sus diputados. Dicho en otras palabras: la amenaza de no votar las medidas de Tsipras y la escisión es un farol que se debe enmarcar en el juego de poder interno.

Una vez conocida la propuesta de Tsipras, Merkel, Rajoy y el resto de jefes de gobierno quisieron vender la propuesta como una claudicación griega, para así poder aceptar el acuerdo. Pero cuando la firma parecía ya un hecho, las diferencias entre los acreedores volvieron a aflorar. El miércoles 24, el FMI volvió a vetar la resolución. El FMI exige recorte de pensiones, subida del IVA y critica la subida del impuesto de sociedades, lo que sitúa la partida, de nuevo, en la casilla inicial.

La negativa del FMI vuelve a poner sobre la mesa la cuestión del impago de la deuda. De hecho, el acuerdo de Tsipras ofrecía a los acreedores la posibilidad de apuntarse un tanto en el plano político, en tanto que evitaba la escenificación del impago tal y como advertía hace dos semanas Isidro López en CTXT: “La cuestión clave es cómo se consigue no pagar la deuda, que es impagable. Si hay escenificación de la declaración unilateral de impago o no”.

Tsipras ha declarado que “si los acreedores no aceptan la propuesta, tal vez haya llegado el momento de decir “el gran No”. En la política griega, la negación tiene más alcance del que podría parecer. La fiesta nacional, el 28 de octubre, se llama El día del no. Conmemora la fecha en la que el general Yannis Metaxás pronunció su célebre «¡No!» al ultimátum entregado por el embajador italiano en Atenas durante la Segunda Guerra Mundial. Se negó así a aceptar la entrada de las tropas del ejército italiano en el territorio heleno, y empezó la guerra. Cuando alguien en Grecia dice “ha llegado el momento del no” apela a algo verdaderamente serio.

Pero Tsipras no dijo sólo “no”, sino “el gran No”, en referencia al poema de Constantino Cavafis “Che fece… il gran rifiuto”. Las palabras de Cavafis, escritas hace cien años, se revelan terriblemente bellas y premonitorias:

“A cada cual le llega el día de pronunciar el gran Sí

o decir el gran No.

De inmediato se entiende quién tiene

preparado en su interior el Sí, y diciéndolo

hace honor a su convicción.

El que se negó no se arrepiente. Si de nuevo le preguntasen

diría no otra vez. Pero ese

no – que es justo – lo arruina para siempre”.

—-

Hibai Arbide Aza era abogado en Barcelona hasta que se fue a vivir a Grecia. Reside en Atenas, donde trabaja como periodista freelance para diversos medios.

Fuente: CTXT

Psicólogos sin Fronteras alerta del incremento de los suicidios durante la crisis económica

La ONG reivindica que la atención psicológica se incluya en el Sistema de Salud Pública
Kalvellido

Kalvellido

Enric Llopis
Rebelión

El suicidio es la principal causa de muerte “externa” en el estado español. Unas diez personas se quitan la vida diariamente (unas 3.870 anuales), lo que sitúa a los suicidios muy por encima de las muertes producidas por los accidentes de tráfico, según ha informado Psicólogos Sin Fronteras (PSF) en una rueda de prensa que ha tenido lugar en el Colegio de Psicólogos de Valencia. De las estadísticas facilitadas por la ONG se deduce una relación entre la crisis económica y los suicidios, ya que estos han aumentado en un 22% desde el año 2010. Sin embargo, critica esta entidad sin ánimo de lucro, el gobierno español se ha negado a poner en marcha el Plan de Prevención contra el Suicidio de la Organización Mundial de la Salud (OMS).

Según el coordinador de Psicólogos Sin Fronteras, José María Toribio, “no se está informando de los suicidios; es una realidad que permanece oculta, de hecho, hay como un código no escrito en la prensa por el que estas informaciones no se publican; una de las consecuencias de esta opacidad es que las personas con ideaciones de suicidio piensan que su situación es extraordinaria; y lo cierto es que la gente se nos está muriendo”. La reivindicación fundamental de la ONG es que la atención psicológica se incluya en el sistema de Salud Pública para evitar más casos de trastornos y suicidios.

La ONG ha presentado hoy la campaña “La atención psicológica salva vidas. Por una salud mental digna”, que desde noviembre de 2014 ha recogido cerca de 2.000 adhesiones. La iniciativa reivindica la necesidad de profesionales de la psicología en diferentes ámbitos. Por ejemplo, en los centros sanitarios de atención primaria, ya que la mayor parte de las consultas (en torno al 80%) se producen en este ámbito, por motivos como depresión, insomnio, ansiedad o intentos de suicidio. Sin embargo, la atención en el sistema público está orientada fundamentalmente a los enfermos crónicos. También pide la campaña un aumento de la plantilla de psicólogos en los Servicios Sociales, para la atención a personas que sufren situaciones límites de estrés; personas que la crisis ha empujado a la exclusión social o están en riesgo de suicidio. También se reclama un aumento del apoyo psicológico en los centros escolares (aunque los recortes aplicados en 2015 marcan una senda contraria).

PSF recuerda que mientras la atención psicológica está prescrita para todos los trastornos psíquicos, los psicofármacos sólo están indicados para algunos casos concretos. Recuerda la ONG asimismo que el Senado español señalaba hace cinco años la necesidad de aumentar en 7.200 el número de psicólogos en el Sistema Público de Salud. Sin embargo, los partidos políticos mayoritarios no han sido particularmente receptivos en sus programas electorales a estas demandas. Recuerda Psicólogos Sin Fronteras que en el País Valenciano sólo tres de los ocho programas analizados (los de EUPV-IU, Podemos y Compromís) incluyen propuestas sobre atención psicológica y salud mental.

En octubre de 2012 Psicólogos Sin Fronteras inició, a instancias de PAH-Valencia, un “Programa de Atención en crisis” en la misma ciudad, que comenzó por otorgar prioridad a las personas con ideaciones de suicidio o que hubieran intentado quitarse la vida por problemas relacionados con las hipotecas. Pero con el tiempo la atención personas en riesgo de suicidio se situó en el 10%, mientras que la mayor parte (en torno a un 70%) tenía relación con otros efectos (físicos y psicológicos) de las ejecuciones hipotecarias: estrés, angustia, insomnio, ansiedad, tristeza, problemas con la alimentación, situaciones de autoestima muy baja (en las que no se sabe qué camino emprender) y sensación de “perdedores”. En el último año PSF ha empezado a atender a personas desempleadas y en riesgo de exclusión, que presentan síntomas similares (aunque no en grado tan extremo) a las amenazadas de desahucio. “Fue entonces cuando percibimos que la situación se desbordaba”, concluye José María Toribio.

“Todo el trabajo es voluntario; no nos ayudan las administraciones públicas ni por descontado las entidades financieras”, apunta el coordinador de MSF. El “Programa de Atención en Crisis” ofrece apoyo a una media de 200 familias anuales, “pero el número de peticiones es mucho mayor”. El recorrido de estas familias pone de manifiesto las carencias del sistema público de prestaciones sociales: el 77% de las personas que llegaron al programa no habían recibido previamente ninguna atención en materia de salud mental, ni el 67% en servicios sociales. “No queremos constituirnos en un sistema paralelo, pero las instituciones han abandonado a las personas afectadas por la crisis”, subraya Toribio.

Una de las principales cuestiones que debería elucidarse es si existe una atención psicológica adecuada en el sistema público de salud. La ONG ha esgrimido en la rueda de prensa una ristra de argumentos que invitan a la duda. En casos de intento de suicidio, la atención no llega a tres horas en hospitales, sin que se produzca un seguimiento posterior. Además, el tiempo de espera es de cuatro meses para una consulta de 15 minutos (por el contrario, la media de sesiones en las personas atendidas por PSF es de cinco). “La atención psicológica pública es prácticamente inexistente”, concluye Psicólogos Sin Fronteras.

La carencia de recursos asistenciales y de personal se pone de manifiesto a pesar de las palmarias necesidades. Según la entidad no gubernamental, el gasto en antidepresivos ha aumentado un 40% desde el año 2012; la demanda de atención psicológica en los centros de salud se ha incrementado un 30% desde el año 2011, según los médicos de familia; además, el estado español cuenta con cuatro psicólogos por cada 100.000 habitantes, mientras que la media europea se sitúa en 18. Sostiene asimismo Psicólogos Sin Fronteras que el gasto en salud mental representa el 5% del gasto global en salud (la media europea alcanza el 10%). Un ejemplo reciente que resume las cifras se ha producido recientemente en el País Valenciano: la Conselleria de Sanitat no ha habilitado plazas de psicólogo en la convocatoria pública para sanitarios del 15 de mayo.

¿Se considera en su justa medida el trabajo de los profesionales de la psicología? “Muchas veces se recurre a los psicólogos cuando se producen catástrofes como la de Nepal, pero no ocurre lo mismo en el caso de los desahucios; de ese modo es muy difícil hacer un trabajo efectivo de prevención”, explica José María Toribio.

Uno de los casos atendidos por PSF es el de una mujer desempleada, víctima de la violencia de género, con deudas en su anterior vivienda de alquiler y que actualmente reside en una casa de acogida, donde intentó suicidarse. Después de ser atendida en urgencias, regresó a la casa. Actualmente recibe por parte del Sistema Nacional de Salud únicamente tratamiento farmacológico. La ONG le ofrece atención psicológica, “que en este caso es indispensable”, apunta Inma Esteban, miembro de Psicólogos sin Fronteras que trabaja con la PAH en el “Programa de Atención en Crisis”.

El cuadro de síntomas que presenta esta mujer puede extenderse a otras personas atendidas en el “Programa de Atención en Crisis”. En primer lugar se constata una merma de las habilidades para resolver problemas; el paro y el riesgo de desahucio los desborda (“en muchos casos no saben cómo afrontar esta situación, se encuentran desarmados”, afirma Inma Esteban). A ello se añaden vivencias de confusión, frustración, culpabilidad, angustia y temor a la incertidumbre, que se expresan en alteraciones somáticas, por ejemplo, cambios en el ritmo cardiaco, aceleraciones en la respiración y sudoraciones.

En estos casos, explica la voluntaria de Psicólogos Sin Fronteras, “tratamos de identificar el problema y prestar a la persona afectada apoyo emocional; uno de los puntos clave consiste en hablar de los problemas, aunque resulte muy duro, y expresar las emociones”. La ONG también ofrece acompañamiento para buscar un puesto de trabajo. Al final, “el objetivo es empoderarse y que esta persona, en ese momento con poca ilusión por la vida, se haga fuerte”, concluye la psicóloga.