Papa Francisco: Há multidões de homens e mulheres que estão privados da sua dignidade humana e, como o Menino Jesus, sofrem o frio, a pobreza e a rejeição dos homens. Nossa solidariedade aos mais inermes, sobretudo às crianças-soldado, às mulheres que sofrem violência, às vítimas do tráfico de seres humanos e do narcotráfico

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Neste dia 25 de Dezembro, Dia de Natal o Papa Francisco dirigiu-se à “cidade e ao mundo” na tradicional Mensagem e Benção Urbi et Orbi. Publicamos aqui o texto integral pronunciado pelo Santo Padre:

Queridos irmãos e irmãs, feliz Natal!

Cristo nasceu para nós, exultemos no dia da nossa salvação!Abramos os nossos corações para receber a graça deste dia, que é Ele próprio: Jesus é o «dia» luminoso que surgiu no horizonte da humanidade. Dia de misericórdia, em que Deus Pai revelou à humanidade a sua imensa ternura. Dia de luz que dissipa as trevas do medo e da angústia. Dia de paz, em que se torna possível encontrar-se, dialogar, reconciliar-se. Dia de alegria: uma «grande alegria» para os pequenos e os humildes, e para todo o povo (cf. Lc 2, 10).

Neste dia, nasceu da Virgem Maria Jesus, o Salvador. O presépio mostra-nos o «sinal» que Deus nos deu: «um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura» (Lc 2, 12). Como fizeram os pastores de Belém, vamos também nós ver este sinal, este acontecimento que, em cada ano, se renova na Igreja. O Natal é um acontecimento que se renova em cada família, em cada paróquia, em cada comunidade que acolhe o amor de Deus encarnado em Jesus Cristo. Como Maria, a Igreja mostra a todos o «sinal» de Deus: o Menino que Ela trouxe no seu ventre e deu à luz, mas que é Filho do Altíssimo, porque «é obra do Espírito Santo» (Mt 1, 20). Ele é o Salvador, porque é o Cordeiro de Deus que toma sobre Si o pecado do mundo (cf. Jo 1, 29). Juntamente com os pastores, prostremo-nos diante do Cordeiro, adoremos a Bondade de Deus feita carne e deixemos que lágrimas de arrependimento inundem os nossos olhos e lavem o nosso coração.

Ele, só Ele, nos pode salvar. Só a Misericórdia de Deus pode libertar a humanidade de tantas formas de mal – por vezes monstruosas – que o egoísmo gera nela. A graça de Deus pode converter os corações e suscitar vias de saída em situações humanamente irresolúveis.

Onde nasce Deus, nasce a esperança. Onde nasce Deus, nasce a paz. E, onde nasce a paz, já não há lugar para o ódio e a guerra. E no entanto, precisamente lá onde veio ao mundo o Filho de Deus feito carne, continuam tensões e violências, e a paz continua um dom que deve ser invocado e construído. Oxalá israelitas e palestinenses retomem um diálogo directo e cheguem a um acordo que permita a ambos os povos conviverem em harmonia, superando um conflito que há muito os mantém contrapostos, com graves repercussões na região inteira.

Ao Senhor, pedimos que o entendimento alcançado nas Nações Unidas consiga quanto antes silenciar o fragor das armas na Síria e pôr remédio à gravíssima situação humanitária da população exausta. É igualmente urgente que o acordo sobre a Líbia encontre o apoio de todos, para se superarem as graves divisões e violências que afligem o país. Que a atenção da Comunidade Internacional se concentre unanimemente em fazer cessar as atrocidades que, tanto nos referidos países, como no Iraque, Líbia, Iémen e na África subsaariana, ainda ceifam inúmeras vítimas, causam imensos sofrimentos e não poupam sequer o património histórico e cultural de povos inteiros. Penso ainda em quantos foram atingidos por hediondos actos terroristas, em particular pelos massacres recentes ocorridos nos céus do Egipto, em Beirute, Paris, Bamaco e Túnis.

Aos nossos irmãos, perseguidos em muitas partes do mundo por causa da sua fé, o Menino Jesus dê consolação e força.

Paz e concórdia, pedimos para as queridas populações da República Democrática do Congo, do Burundi e do Sudão do Sul, a fim de se reforçar, através do diálogo, o compromisso comum em prol da edificação de sociedades civis animadas por sincero espírito de reconciliação e compreensão mútua.

Que o Natal traga verdadeira paz também à Ucrânia, proporcione alívio a quem sofre as consequências do conflito e inspire a vontade de cumprir os acordos assumidos para se restabelecer a concórdia no país inteiro.

Que a alegria deste dia ilumine os esforços do povo colombiano, para que, animado pela esperança, continue empenhado na busca da desejada paz.

Onde nasce Deus, nasce a esperança; e, onde nasce a esperança, as pessoas reencontram a dignidade. E, todavia, ainda hoje há multidões de homens e mulheres que estão privados da sua dignidade humana e, como o Menino Jesus, sofrem o frio, a pobreza e a rejeição dos homens. Chegue hoje a nossa solidariedade aos mais inermes, sobretudo às crianças-soldado, às mulheres que sofrem violência, às vítimas do tráfico de seres humanos e do narcotráfico.

Não falte o nosso conforto às pessoas que fogem da miséria ou da guerra, viajando em condições tantas vezes desumanas e, não raro, arriscando a vida. Sejam recompensados com abundantes bênçãos quantos, indivíduos e Estados, generosamente se esforçam por socorrer e acolher os numerosos migrantes e refugiados, ajudando-os a construir um futuro digno para si e seus entes queridos e a integrar-se nas sociedades que os recebem.

Neste dia de festa, o Senhor dê esperança àqueles que não têm trabalho e sustente o compromisso de quantos possuem responsabilidades públicas em campo político e económico a fim de darem o seu melhor na busca do bem comum e na protecção da dignidade de cada vida humana.

Onde nasce Deus, floresce a misericórdia. Esta é o presente mais precioso que Deus nos dá, especialmente neste ano jubilar em que somos chamados a descobrir a ternura que o nosso Pai celeste tem por cada um de nós. O Senhor conceda, particularmente aos encarcerados, experimentar o seu amor misericordioso que cura as feridas e vence o mal.

E assim hoje, juntos, exultemos no dia da nossa salvação. Ao contemplar o presépio, fixemos o olhar nos braços abertos de Jesus, que nos mostram o abraço misericordioso de Deus, enquanto ouvimos as primeiras expressões do Menino que nos sussurra: «Por amor dos meus irmãos e amigos, proclamarei: “A paz esteja contigo”»! (Sal 122/121, 8).

O CARPINTEIRO

 

Como reconhecer
o Filho do Homem
se em Jerusalém
era considerado
um curandeiro

Em Nazaré
não realizou
nenhum  feito
que justificasse
a fama de milagreiro

Os conterrâneos
indagaram
– Não é este o carpinteiro
filho de Maria
Não vivem aqui
irmãs e irmãos

Talis Andrade, O Judeu Errante, livro inédito

Cunha lavó dinero en nombre de “Jesús”

LUJOS Y DELITOS DEL EVANGELICO DIPUTADO CONSAGRADO A LA MISION DE DERROCAR A DILMA

Cunha compró dos Porsche con dinero obtenido de sobornos en el escándalo del “Petrolao”

Cunha compró dos Porsche con dinero obtenido de sobornos en el escándalo del “Petrolao”

Los detalles de sus delitos, respaldados con documentos llegados de Suiza, donde escondió una fortuna, fueron divulgados tres días después de que Cunha estuvo a un tris de iniciar el proceso de “admisibilidad” del juicio político a Dilma.

Por Darío Pignotti
Página 12/  Argentina

Pasear en Porsche es algo divino. La Justicia brasileña descubrió que Eduardo Cunha, el evangélico diputado consagrado a la misión de derrocar a Dilma Rousseff por considerarla falta de ética, compró dos Porsche Cayenne, con dinero obtenido de sobornos en el escándalo del “Petrolao”. Uno de los Porsche se lo obsequió a su esposa, la periodista Claudia Cruz, muy bonita, de quien tal vez se enamoró cuando ella conducía los noticiosos de la TV Globo. El enemigo público número uno de Dilma lavó dinero sucio de petróleo a través de empresas de fachada como “Jesus.com.” y cuentas bancarias de una iglesia neopentecostal.

Los detalles de esos delitos, respaldados con documentos llegados de Suiza, donde escondió millones de dólares, fueron divulgados el viernes pasado tres días después de que Cunha estuvo a un tris de iniciar el proceso de “admisibilidad” del juicio político. Esto es, el golpe contra Dilma. Cunha, del oficialista (ma non troppo) Partido Movimiento Democrático Brasileño (PMDB) tuvo como aliado al Partido de la Socialdemocracia Brasileña (PSDB) conducido por Aécio Neves, candidato presidencial en 2014 cuando Dilma lo derrotó por un pequeño margen en el ballottage.

El asalto golpista del martes 13 parecía inexorable pero fue neutralizado a último momento por el Supremo Tribunal Federal a través de una medida cautelar que desbarató, por lo pronto, la trama sediciosa acordada por Cunha y los hombres de Neves. Estas dos derrotas consecutivas del plan destituyente, el martes, a través de la cautelar del Supremo, y el viernes con las pruebas que imputan a Cunha, trajeron un respiro al gobierno.

Aunque no fue aventada la amenaza desestabilizadora, que promete continuar por meses sino años, sus principales instigadores Cunha y Neves, quedaron desmoralizados. Y en el caso de Cunha amenazado de un proceso que puede dejarlo sin fueros.

Dilma puede salir del pantano de la ingobernabilidad si sabe sacar provecho del traspié de sus adversarios y revisar los errores cometidos por su gobierno. Pero que nadie espere milagros. La presidenta no recuperará en el corto plazo la popularidad perdida, sólo la respalda el 10 por ciento, ni reactivará de inmediato una economía en recesión de casi el 3 por ciento para 2015. Está malherida pero no moribunda. Y tiene la legitimidad democrática que le reportan más de 54 millones de votos. Los sondeos, mañosos, inducen a creer que más del 60 por ciento de los brasileños apoya el impeachment, cuando lo cierto es que el activismo golpista se sustenta en las clases medias y blancas, las cuales le arrebataron la calle a la izquierda con movilizaciones que convocaron a millones de inconformes este año. No está demostrado que esa rebelión conservadora haya seducido a los sectores populares que, eso sí, rechazan el programa del neoliberal ministro Joaquim Levy que aumentó el desempleo, redujo salarios y recortó los recursos de algunos programas sociales.

Advertido de que Dilma le dio la espalda a sus electores con un programa similar al que hubieran aplicado los socialdemócratas de Neves, Luiz Inácio Lula da Silva comenzó una campaña para moderar el ajuste y promover la salida del titular de Hacienda, Levy. Con sombrero de campesino o sindicalista, según el auditorio, está recorriendo el país para recomponer el diálogo con los movimientos populares. El martes, el día que no ocurrió el golpe, Lula de gorrita con visera roja recibió a Dilma en el Congreso de la Central Unica de los Trabajadores, donde hubo consignas contra el impeachment y de rechazo al supuesto “tercer turno” electoral que quiere forzar Aécio Neves, después de perder en el segundo el año pasado.

Más allá de la mística del acto, donde también estuvo el ex presidente uruguayo José Mujica, se observa que la presidenta aún cuenta con algún margen de maniobra para dialogar con la mayor organización gremial que tiene como bandera el fin del ajuste. A partir de mañana comenzará a develarse la suerte de Levy en Hacienda y del “pemedebista” Eduardo Cunha en la presidencia de Diputados, y con ello el destino de un gobierno incierto.

Samuca

Samuca

“Jesus was homeless, too”

Pope visits the homeless in DC

sem teto papa

By Inés San Martín

After delivering a historic speech at a joint meeting of Congress in English, Pope Francis went back to his native Spanish to address those with whom he feels more comfortable: the poor. Meeting a group of homeless people, he told them, “Jesus was homeless, too.”

“The Son of God came into this world as a homeless person,” the pontiff said at St. Patrick in the City church in Washington, DC. “The Son of God knew what it was to start life without a roof over his head.”

Francis delivered his remarks in Spanish, with the live translation of Monsignor Mark Miles, an official of the Vatican’s Secretariat of State who interprets for the pontiff when he’s addressing English speakers.

“Good day,” the pope began in Spanish. “You’re going to hear two statements, one in Spanish and one in English.”

“You may ask: Why are we homeless, without a place to live?” Francis told the crowd of 200 that packed the church. “These are questions which all of us might well ask. Why do these, our brothers and sisters, have no place to live? Why are these brothers and sisters of ours homeless?”

True to form, Francis shied away from a lunch on Capitol Hill in favor of blessing the meal being served to homeless men and women at Catholic Charities. The menu? Teriyaki chicken, pasta salad, green beans, and carrots.

The pontiff said there’s no social or moral justification for a lack of housing, but he also had words of hope for those who suffer injustice: “We know that God is suffering with us, experiencing them at our side. He does not abandon us.”

Addressing those who work with the Church in its mission to bring not only spiritual but also material aid to those in need, the pontiff said that “charity is born of the call of a God who continues to knock on our door, the door of all people, to invite us to love, to compassion, to service of one another.”

In a deeply pastoral address after his 50 minutes in Congress, Francis said that Jesus continues to knock on the doors of the faithful. “He doesn’t do this by magic, with special effects, with flashing lights and fireworks,” he said. “Jesus keeps knocking on our door in the faces of our brothers and sisters, in the faces of our neighbors, in the faces of those at our side.”

He also said that in prayer, there are no rich or poor, but only brothers and sisters. So at the end of his remarks, he invited those gathered to share a moment of prayer, with many reciting the Our Father with the pope in Spanish.

Laudato si’

Texto completo da encíclica do Papa Francisco sobre o cuidado da casa comum

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«LAUDATO SI’, mi’ Signore – Louvado sejas, meu Senhor», cantava São Francisco de Assis. Neste gracioso cântico, recordava-nos que a nossa casa comum se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços: «Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras».

Esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos. Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada, que «geme e sofre as dores do parto» (Rm 8, 22). Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra (cf. Gn 2, 7). O nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta; o seu ar permite-nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos. 

El Papa Francisco denuncia las lacras del mundo actual, presentes en el calvario de Cristo

Clama contra algunos problemas como la corrupción o la indiferencia de las personas ante quienes sufren

 

Papa paixão

paixão

El Papa Francisco presidió este viernes el Vía Crucis en el Coliseo de Roma y, a su término, denunció con firmeza las lacras o problemas que afligen al mundo en la actualidad, representadas todas ellas en «la crueldad» del calvario de Cristo.

El Pontífice siguió este acto desde la colina del Palatino, situada frente al Anfiteatro Flavio, y a sus pies se congregaron miles de personas que asistieron a esta sugestiva ceremonia que rememora el camino de Jesús de Nazaret hacia su ejecución y muerte. Al término de la misma, Bergoglio pronunció una breve alocución en la que denunció la «crueldad» de algunas situaciones actuales que se corresponden, a su juicio, con el calvario de Cristo, como la corrupción o la indiferencia de las personas ante quienes sufren.

«En la crueldad de tu Pasión, Señor, vemos la crueldad de nuestras acciones y a todos los abandonados por los familiares, por la sociedad. En tu cuerpo herido vemos a aquellos desfigurados por nuestra indiferencia», lamentó en tono sobrio.

También recordó a «nuestros hermanos cristianos» que «son perseguidos, decapitados y crucificados ante nuestros propios ojos y, a menudo, con nuestro silencio cómplice». Durante el Vía Crucis, de más de una hora de duración, el Papa permaneció sumido en un profundo recogimiento.

Mientras, la cruz fue pasando de unas personas a otras hasta completar su recorrido desde el Coliseo hasta el Palatino, pasando por cada una de las catorce estaciones que componen su tránsito. En cada una de estas etapas se leyó una de las catorce meditaciones redactadas, esta vez, por Renato Corti, obispo emérito de la ciudad septentrional italiana de Novara, y que hicieron referencia a problemas actuales como la corrupción de menores.

Los encargados de portar la cruz este año fueron representantes de diferentes circunstancias sociales, de tal modo que participaron en el acto enfermos, familias y personas procedentes de zonas en conflicto como Irak, Siria, Nigeria o Tierra Santa.El cardenal vicario de Roma, Agostino Vallini, fue el encargado de inaugurar y clausurar el Via Crucis, un acto que inició con la recomendación de fortalecer la fe mediante «la oración, la vigilancia, la sinceridad y la verdad».

En el año en el que la Santa Sede celebrará el Sínodo de la Familia –entre el 4 y el 25 de octubre–, esta célula de la sociedad estuvo muy presente en el Via Crucis. Así, durante las tres estaciones sucesivas portaron la cruz dos familias numerosas italianas y otra con hijos adoptivos naturales de Brasil.

Ponerse en lugar del otro

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En este sentido, Corti reseñó «los dramas familiares presentes en el mundo» que, a su juicio, «son fáciles de juzgar pero es más importante ponerse en el lugar de los otros y ayudarles en la medida de los posible». En este sugestivo recorrido también estuvieron representados los enfermos como Marzia De Michele, que portó la cruz acompañada por su hermana y su asistente.

También se abordó la presencia femenina en el mundo y, en esta ocasión, las mujeres estuvieron representadas por sor Sundus Qasmusa y sor Susan Sulaima, dos monjas dominicanas de Santa Catalina de Siena procedentes de Irak. También portaron la cruz dos hombres de nacionalidad siria, durante una estación en la que se meditó sobre fenómenos como la soledad, el abandono, la indiferencia o la pérdida de seres queridos.

«Inconmensurable es el sufrimiento de aquellos que se ven involucrados en acontecimientos crueles, en palabras de odio o de falsedad. Que se topan con corazones de piedra que provocan lágrimas y conducen a la desesperación», recordó Corti en su texto.

También participaron en este Via Crucis personas procedentes de Nigeria, Egipto o China, un país, este último, con el que el Vaticano no mantiene relaciones diplomáticas desde 1951 y con el que, en la actualidad, se estaría produciendo un acercamiento.

Los dos ciudadanos chinos portaron la cruz durante una estación en la que se recapacitó sobre «los acontecimientos que violan la dignidad del hombre» como el tráfico de personas, los niños soldado o «el trabajo que se convierte en esclavitud».

En este momento el autor denunció la situación de «los muchachos y los adolescentes que son ultrajados, vulnerados en su intimidad, bárbaramente profanados», en alusión a los jóvenes que padecen abusos sexuales. «Tú (Jesús) nos empujas a pedir perdón con humildad a quienes sufren estos ultrajes y a rezar para que finalmente se despierte la conciencia de quien ha oscurecido el cielo en la vida de las personas», dijo. ABC/ España

 

“Nossa vida não termina diante da pedra de um sepulcro”

A pedra removida

 

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«A pedra do sofrimento foi removida deixando espaço à esperança»: na evocativa imagem escolhida pelo Papa Francisco para descrever «o grande mistério da Páscoa», está a chave de leitura para viver o tríduo santo. De facto, na vigília do início das celebrações pascais, o Pontífice dedicou a audiência geral ao «ápice de todo o ano litúrgico» e, acrescentou, «também o ponto culminante da nossa vida cristã». Porque, explicou aos numerosos fiéis presentes na praça de São Pedro, «a nossa vida não acaba diante da pedra de um sepulcro»; ao contrário, «vai além com a esperança em Cristo que ressuscitou precisamente daquele sepulcro».

“Adorando a Cruz, olhando Jesus, pensemos no amor, no serviço, na nossa vida, nos mártires cristãos e também nos fará bem pensar no final da nossa vida. Ninguém de nós sabe quando isso vai acontecer, mas podemos pedir a graça de poder dizer: Pai, fiz o que pude. Está consumado”.

 

Última Ceia (C. 1150). Catedral de Chartres, França

Última Ceia (C. 1150). Catedral de Chartres, França

 

O Tríduo se abre com a celebração da Última Ceia. Jesus, na véspera de sua paixão, oferece ao Pai o seu corpo e o seu sangue sob as espécies de pão e de vinho e, doando-os em alimento para os apóstolos, ordenou-lhes perpetuar a oferta em sua memória. O Evangelho desta celebração, recordando o lava pés, exprime o mesmo significado da Eucaristia sob outra perspectiva. Jesus – como um servo – lava os pés de Simão Pedro e dos outros onze discípulos (cfr Jo 13, 4-5). Com esse gesto profético, Ele exprime o sentido da sua vida e da sua paixão, aquele do serviço a Deus e aos irmãos: “O Filho do homem, de fato, não veio para ser servido, mas para servir” (Mc 10, 45).

Isso aconteceu também no nosso Batismo, quando a graça de Deus nos lavou do pecado e fomos revestidos de Cristo (cfr Col 3, 10). Isso acontece cada vez que fazemos o memorial do Senhor na Eucaristia: fazemos comunhão com Cristo Servo para obedecer ao seu mandamento, aquele de nos amarmos como Ele nos amou (cfr Jo 13, 34; 15, 12). Se nos aproximamos da santa Comunhão sem estarmos sinceramente dispostos a lavarmos os pés uns dos outros, não reconhecemos o Corpo do Senhor. É o serviço de Jesus que doa a si mesmo, totalmente.

Depois, depois de amanhã, na liturgia da Sexta-Feira Santa, meditamos o mistério da morte de Cristo e adoramos a Cruz. Nos últimos instantes de vida, antes de entregar o espírito ao Pai, Jesus disse: “Está consumado!” (Jo 19, 30). O que significa esta palavra? Que Jesus diga: “Está consumado”? Significa que a obra da salvação está cumprida, que todas as Escrituras encontram seu cumprimento no amor de Cristo, Cordeiro imolado. Jesus, com seu Sacrifício, transformou a maior injustiça no maior amor.

Ao longo dos séculos há homens e mulheres que, com o testemunho da sua existência, refletem o raio deste amor perfeito, pleno, não contaminado. Gosto de recordar um heroico testemunho dos nossos dias, Don Andrea Santoro, sacerdote da diocese de Roma e missionário na Turquia. Algum dia antes de ser assassinado em Tresbisonda, escreveu: “Estou aqui para morar no meio desse povo e permitir a Jesus fazê-lo emprestando-lhe a minha carne… Uma pessoa se torna capaz de salvação somente oferecendo a própria carne. O mal do mundo seja suportado e a dor seja partilhada, absorvendo-a na própria carne até o fim, como fez Jesus” (A. Polselli, Don Andrea Santoro, as heranças, Cidade Nova, Roma 2008, p. 31). Este exemplo de um homem dos nossos tempos e tantos outros nos apoiam em oferecer a nossa vida como dom de amor aos irmãos, à imitação de Jesus. E também hoje há tantos homens e mulheres, verdadeiros mártires que oferecem suas vidas com Jesus para confessar a fé, somente por esse motivo. É um serviço, serviço do testemunho cristão até o sangue, serviço que Cristo noz fez: redimiu-nos até o fim. E este é o significado daquela palavra “Está consumado”. Que belo será se todos nós, ao fim da nossa vida, com os nossos erros, os nossos pecados, também com as nossas boas obras, com o nosso amor ao próximo, possamos dizer ao Pai como Jesus: “Está consumado”; não com a perfeição com a qual Ele disse, mas dizer: “Senhor, fiz tudo o que pude fazer. Está consumado”. Adorando a Cruz, olhando Jesus, pensemos no amor, no serviço, na nossa vida, nos mártires cristãos e também nos fará bem pensar no final da nossa vida. Ninguém de nós sabe quando isso vai acontecer, mas podemos pedir a graça de poder dizer: “Pai, fiz o que pude. Está consumado”.

O Sábado Santo é o dia em que a Igreja contempla o “repouso” de Cristo no túmulo depois do vitorioso combate da cruz. No Sábado Santo, a Igreja, uma vez mais, se identifica com Maria: toda a sua fé é recolhida nela, a primeira e perfeita discípula, a primeira e perfeita crente. Na obscuridade que envolve o criado, Ela permanece sozinha a manter acessa a chama da fé, esperando contra toda esperança (cfr Rm 4, 18) na Ressurreição de Jesus.

E na grande Vigília Pascal, em que ressoa novamente o Aleluia, celebramos Cristo Ressuscitado centro e fim do cosmo e da história; vigiamos cheios de esperança à espera do seu retorno, quando a Páscoa terá a sua plena manifestação.

Às vezes a escuridão da noite parece penetrar na alma; às vezes pensamos: “agora não há mais nada a fazer” e o coração não encontra mais a força de amar… Mas justamente naquela escuridão Cristo acende o fogo do amor de Deus: um brilho quebra a escuridão e anuncia um novo início, algo começa no escuro mais profundo. Nós sabemos que a noite é “mais noite”, é mais escura pouco antes que comece o dia. Mas justamente naquela escuridão é Cristo que vence e acende o fogo do amor. A pedra da dor é abatida, deixando espaço à esperança. Eis o grande mistério da Páscoa! Nesta noite santa, a Igreja nos entrega a luz do Ressuscitado, para que em nós não haja o remorso de quem diz “por agora…”, mas a esperança de quem se abre a um presente cheio de futuro: Cristo venceu a morte, e nós com Ele. A nossa vida não termina diante da pedra de um sepulcro, a nossa vida vai além com a esperança em Cristo que ressuscitou justamente daquele sepulcro. Como cristãos, somos chamados a ser sentinelas da manhã, que sabem discernir os sinais do Ressuscitado, como fizeram as mulheres e os discípulos reunidos no sepulcro na aurora do primeiro dia da semana.

Queridos irmãos e irmãs, nestes dias do Tríduo Santo não nos limitemos a celebrar a paixão do Senhor, mas entremos no mistério, façamos nossos os seus sentimentos, as suas atitudes, como nos convida a fazer o apóstolo Paulo: “Tenhais em vós mesmos os sentimentos de Cristo Jesus” (Fil 2, 5). Assim, a nossa será uma “feliz Páscoa”.

 

Papa Francisco: Jejum da injustiça

 

sete pecados capitais por Bosch

 

 

 

2015-02-20 L’Osservatore Romano

«Usar Deus para cobrir a injustiça é um pecado gravíssimo». A severa admoestação contra as iniquidades sociais, sobretudo as que são provocadas pelos que exploram os trabalhadores, foi pronunciada pelo Papa Francisco durante a missa celebrada na manhã de sexta-feira, 20 de Fevereiro, na capela de Santa Marta.

O Pontífice reflectiu sobre a oração com a qual no início do rito foi elevado ao Senhor o pedido de «nos acompanhar neste caminho quaresmal, para que a observância exterior corresponda a uma renovação profunda do espírito». Ou seja, para que «o que fazemos exteriormente tenha uma correspondência, dê frutos no Espírito: em síntese, «que aquela observância exterior não seja uma formalidade».

Para tornar mais concreta a sua reflexão, Francisco citou o exemplo de quem pratica o jejum quaresmal pensando: «Hoje é sexta-feira, não se pode comer carne, comerei um bom prato de marisco, um bom banquete… Eu observo… não como carne». Mas assim – disse logo a seguir – «pecas de gula». De resto, é precisamente «esta a distinção entre o formal e o real» de que fala a primeira leitura litúrgica, tirada do livro do profeta Isaías (58, 1-9a). No trecho as «pessoas lamentam-se porque o Senhor não ouvia os seus jejuns». Por seu lado o Senhor reprova o povo, com as palavras que o Pontífice resumiu do seguinte modo: «No dia do vosso jejum, vós ocupais-vos dos vossos negócios, oprimis os vossos operários. Jejuais entre litígios e contendas e dando punhos iníquos». Por isso «este não é jejum, não comer a carne mas depois fazer todas estas coisas: zangar-se, explorar os operários» e assim por diante.

 

Também Jesus, acrescentou Francisco, «condenou esta proposta da piedade nos fariseus, nos doutores da lei: fazer muitas observâncias exteriores, mas sem a verdade do coração». Com efeito, o Senhor diz: «Não jejueis como fazeis hoje, mudai o vosso coração. E qual é o jejum que eu quero? Desatar as correntes iníquas, eliminar os vínculos do jugo, mandar os oprimidos em liberdade, dividir o pão com o faminto, introduzir em casa os miseráveis, os desabrigados, vestir um necessitado sem descuidar os teus parentes, fazendo justiça». Isto, esclareceu o Papa, «é o jejum verdadeiro, que não é apenas exterior, uma observância exterior, mas um jejum que vem do coração».

 

 

sete pecados capitais por Bosch. Gula

sete pecados capitais por Bosch. Gula

 

Sucessivamente o Pontífice observou que «as tábuas» contêm «a lei em relação a Deus e ao próximo», e que ambas caminham juntas. «Eu não posso dizer: cumpro os primeiros três mandamentos… e os outros mais ou menos. Não, estão juntos: o amor a Deus e o amor ao próximo são uma unidade e se queres fazer penitência, real e não formal, deves fazê-la diante de Deus e também do irmão, com o próximo». É suficiente pensar no que disse o apóstolo Tiago: «Podes até ter muita fé, mas a fé sem obras está morta; para que serve?».

O mesmo é válido para «a minha vida cristã» comentou Francisco. E a quem procura ter a consciência limpa garantindo: «Eu sou um grande católico, padre, gosto muito… Vou sempre à missa, todos os domingos, recebo a comunhão…» o Papa respondeu: «Está bem. E como é a relação com os teus empregados? Dás-lhes os contributos? Recebem um salário justo? Depositas a contribuição para a reforma? Para garantir a saúde e a assistência sociais?». Infelizmente muitos «homens e mulheres têm fé, mas dividem as tábuas da lei. Não se podem fazer «ofertas à Igreja à custa da injustiça» perpetrada em relação dos próprios empregados. E é precisamente isto que o profeta Isaías faz compreender: «Não é um bom cristão o que não é justo com as pessoas que dependem dele». E também não o é «aquele que não se despoja de algo que lhe é necessário para o dar a outro necessitado».

Portanto, «o caminho da Quaresma é duplo: a Deus e ao próximo». E deve ser «real, não meramente formal». Francisco reafirmou que não se trata só «de não comer carne à sexta-feira», ou seja, «de fazer alguma coisita» e depois deixar «crescer o egoísmo, a exploração do próximo, a ignorância dos pobres». É preciso dar um salto de qualidade, pensando sobretudo em quem tem menos. O Pontífice explicou-o dirigindo-se idealmente a cada fiel: «Como estás de saúde tu que és um bom cristão?» – «Graças a Deus, bem; mas também quando preciso vou imediatamente ao hospital e dado que sou sócio de uma segurança social, visitam-me imediatamente e dão-me os remédios necessários» – «É uma coisa boa, agradece ao Senhor». Mas pensastes nos que não têm esta relação social com o hospital e quando chegam devem esperar seis, sete, oito horas?». Não é um exagero, disse Francisco, revelando que ouviu uma experiência do género de uma mulher que nos dias passados esperou oito horas para uma consulta urgente.

O pensamento do Papa dirigiu-se para todas as «pessoas que aqui em Roma vivem assim: «crianças e idosos que não têm a possibilidade de ser visitados por um médico». E «a Quaresma serve» precisamente «para pensar nelas»; e para reflectir no modo como as ajudar. Em conclusão o Papa dirigiu uma oração ao Senhor para que acompanhe «o nosso caminho quaresmal» fazendo com que «a observância exterior corresponda a uma profunda renovação do Espírito».

Papa Francisco: “É no Evangelho dos marginalizados que se descobre e revela a nossa credibilidade”

“Servir aos outros é nosso único título de honra!”. O Papa Francisco celebrou com os novos cardeais na Basílica de São Pedro na manhã deste domingo (15/02), exortando-os a seguir a lógica de Jesus e o caminho da Igreja: acolher e integrar os que batem à porta, mas também ir buscar, sem medo e preconceito, os distantes.

O Santo Padre dedicou sua longa e articulada homilia à compaixão de Jesus diante da marginalização e a sua vontade de integração. Inspirado na Liturgia do dia, o Papa explicou que Jesus se deixa “envolver na dor e nas necessidades das pessoas”, Jesus tem um coração que “não se envergonha de ter compaixão”, uma compaixão, voltada a reintegrar o marginalizado.

Para ilustrar esta marginalização, Francisco toma como exemplo o leproso, que pela antiga lei, era “afastado e marginalizado pela comunidade”, considerado impuro. E o objetivo era “salvar os sãos e proteger os justos”, marginalizando assim o “perigo” e tratando sem piedade o contagiado:

“Imaginai quanto sofrimento e quanta vergonha devia sentir, física, social, psicológica e espiritualmente, um leproso! Não é apenas vítima da doença, mas sente que é também o culpado, punido pelos seus pecados. É um morto-vivo, como «se o pai lhe tivesse cuspido na cara». Além disso, o leproso suscita medo, desprezo, nojo e, por isso, é abandonado pelos seus familiares, evitado pelas outras pessoas, marginalizado pela sociedade; mais, a própria sociedade o expulsa e constringe a viver em lugares afastados dos sãos, exclui-o. E o modo como o faz é tal que, se um indivíduo são se aproximasse de um leproso seria severamente punido e com frequência tratado, por sua vez, como leproso”.

Jesus cura um leproso – mosaico medieval na Catedral de Monreale. Clique para ampliar

Jesus cura um leproso – mosaico medieval na Catedral de Monreale

Em contraposição à antiga lei, Jesus revoluciona e sacode com força aquela “mentalidade fechada no medo e auto-limitada pelos preconceitos”, declara a ineficácia da lei do talião, diz que não agrada a Deus a observância do sábado que despreza o homem e o condena, e não condena a mulher pecadora, pronta a ser apedrejada. “Jesus revoluciona as consciências no Sermão da Montanha, abrindo novos horizontes para a humanidade e revelando plenamente a lógica de Deus, a lógica do amor baseada na liberdade, na caridade, no zelo saudável e no desejo salvífico de Deus”:

“Jesus, novo Moisés, quis curar o leproso, quis tocá-lo, quis reintegrá-lo na comunidade, sem Se «autolimitar» nos preconceitos; sem Se adequar à mentalidade dominante do povo; sem Se preocupar de modo algum com o contágio. Jesus responde à súplica do leproso sem demora e sem os habituais adiamentos para estudar a situação e todas as eventuais consequências. Para Jesus, o que importa acima de tudo é alcançar e salvar os afastados, curar as feridas dos doentes, reintegrar a todos na família de Deus. E isto deixou alguém escandalizado!”

Jesus não tem medo do “escândalo” que suas atitudes possam causar nas pessoas com esquemas mentais e espirituais fechados. Francisco diz serem estas duas lógicas de pensamento e de fé: o medo de perder os salvos e o desejo de salvar os perdidos:

“Hoje, às vezes, também acontece encontrarmo-nos na encruzilhada destas duas lógicas: a dos doutores da lei, ou seja marginalizar o perigo afastando a pessoa contagiada, e a lógica de Deus que, com a sua misericórdia, abraça e acolhe reintegrando e transformando o mal em bem, a condenação em salvação e a exclusão em anúncio”.

O Santo Padre recorda que as lógicas “marginalizar e reintegrar” percorrem toda a história da Igreja, e cita Paulo, cuja atividade missionária escandalizava e encontrava grande resistência e mesmo hostilidade por parte daqueles que exigiam uma observância incondicional da lei. “O caminho da Igreja, desde o Concílio de Jerusalém em diante, é sempre o de Jesus: o caminho da misericórdia e da integração”:

“Isto não significa subestimar os perigos nem fazer entrar os lobos no rebanho, mas acolher o filho pródigo arrependido; curar com determinação e coragem as feridas do pecado; arregaçar as mangas em vez de ficar a olhar passivamente o sofrimento do mundo. O caminho da Igreja é não condenar eternamente ninguém; derramar a misericórdia de Deus sobre todas as pessoas que a pedem com coração sincero; o caminho da Igreja é precisamente sair do próprio recinto para ir à procura dos afastados nas «periferias» da existência; adotar integralmente a lógica de Deus; seguir o Mestre, que disse: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os que estão doentes. Não foram os justos que Eu vim chamar ao arrependimento, mas os pecadores»”.

O retorno do filho pródigo, por Rembrandt

O retorno do filho pródigo, por Rembrandt

Ao curar o leproso – explica o Papa – Jesus não provoca nenhum dano em quem é são, antes, o livra do mal; não lhe cria perigo, mas lhe dá um irmão, não despreza a Lei, mas preza o homem, para o qual Deus inspirou a Lei. De fato, Jesus liberta os sãos da tentação do “irmão mais velho”:

“A caridade é criativa, encontrando a linguagem certa para comunicar com todos aqueles que são considerados incuráveis e, portanto, intocáveis. O contacto é a verdadeira linguagem comunicativa, a mesma linguagem afectiva que comunicou a cura ao leproso. Quantas curas podemos realizar e comunicar, aprendendo esta linguagem! Era um leproso e tornou-se arauto do amor de Deus”.

“Esta é a lógica de Jesus e o caminho da Igreja”, disse o Papa Francisco dirigindo-se aos Cardeais: “Não só acolher e integrar, com coragem evangélica, aqueles que batem à nossa porta, mas ir à procura, sem preconceitos nem medo, dos afastados revelando-lhes gratuitamente aquilo que gratuitamente recebemos. «Quem diz que permanece em [Cristo], deve caminhar como Ele caminhou”. E reiterou, que “a disponibilidade total para servir os outros, é o nosso sinal distintivo, é o nosso único título de honra”!

Por fim, o Papa invoca a intercessão de Maria, que “sofreu em primeira pessoa a marginalização devido às calúnias”, para que alcance a graça de “sermos servos fiéis de Deus” e exortou os novos cardeais:

“Exorto-vos a servir a Igreja de tal maneira que os cristãos – edificados pelo nosso testemunho – não se sintam tentados a estar com Jesus, sem quererem estar com os marginalizados, isolando-se numa casta que nada tem de autenticamente eclesial. Exorto-vos a servir Jesus crucificado em toda a pessoa marginalizada, seja pelo motivo que for; a ver o Senhor em cada pessoa excluída que tem fome, que tem sede, que não tem com que se cobrir; a ver o Senhor que está presente também naqueles que perderam a fé ou se afastaram da prática da sua fé; o Senhor, que está na cadeia, que está doente, que não tem trabalho, que é perseguido; o Senhor que está no leproso, no corpo ou na alma, que é discriminado. Não descobrimos o Senhor, se não acolhemos de maneira autêntica o marginalizado”.

O Papa conclui recordando a imagem de São Francisco que não teve medo de abraçar o leproso e acolher os que sofrem qualquer tipo de marginalização: “Verdadeiramente é no evangelho dos marginalizados que se descobre e revela a nossa credibilidade”. (JE)

Sermão da Montanha, por Carl Bloch, século XIX. Clique para ampliar

Sermão da Montanha, por Carl Bloch, século XIX

Eis a homilia na íntegra:

«Senhor, se quiseres, podes purificar-me». Compadecido, Jesus, estendeu a mão, tocou-o e disse: «Quero, fica purificado» (cf. Mc 1, 40-41). A compaixão de Jesus! Aquele «padecer com» levava-O a aproximar-Se de cada pessoa atribulada! Jesus não Se retrai, antes, pelo contrário, deixa-Se comover pelo sofrimento e as necessidades do povo, simplesmente porque Ele sabe e quer «padecer com», porque possui um coração que não se envergonha de ter «compaixão».

Ele «já não podia entrar abertamente numa cidade; ficava fora, em lugares despovoados» (Mc 1, 45). Isto significa que, além de curar o leproso, Jesus tomou sobre Si também a marginalização que impunha a Lei de Moisés (cf. Lv 13, 1-2.45-46). Não teme o risco de assumir o sofrimento alheio, mas paga por inteiro o seu preço (cf. Is 53, 4).

A compaixão leva Jesus a agir de forma concreta: a reintegrar o marginalizado. Temos aqui os três conceitos-chave que a Igreja nos propõe na liturgia da palavra hodierna: a compaixão de Jesus perante a marginalização e a sua vontade de integração.

Marginalização: Moisés, ao tratar juridicamente a questão dos leprosos, reclama que sejam afastados e marginalizados da comunidade, enquanto persistir o mal, e declara-os «impuros» (cf. Lv 13, 1-2.45-46).

Imaginai quanto sofrimento e quanta vergonha devia sentir, física, social, psicológica e espiritualmente, um leproso! Não é apenas vítima da doença, mas sente que é também o culpado, punido pelos seus pecados. É um morto-vivo, como «se o pai lhe tivesse cuspido na cara» (cf. Nm 12, 14).

Além disso, o leproso suscita medo, desprezo, nojo e, por isso, é abandonado pelos seus familiares, evitado pelas outras pessoas, marginalizado pela sociedade; mais, a própria sociedade o expulsa e constringe a viver em lugares afastados dos sãos, exclui-o. E o modo como o faz é tal que, se um indivíduo são se aproximasse de um leproso seria severamente punido e com frequência tratado, por sua vez, como leproso.

A finalidade desta legislação era «salvar os sãos», «proteger os justos» e, para os defender de qualquer risco, marginalizava «o perigo» tratando sem piedade o contagiado. De facto, assim decretou o sumo sacerdote Caifás: «Convém que morra um só homem pelo povo, e não pereça a nação inteira» (Jo 11, 50).

Integração: Jesus revoluciona e sacode intensamente aquela mentalidade fechada no medo e autolimitada pelos preconceitos. Contudo Ele não abole a Lei de Moisés, mas leva-a à perfeição (cf. Mt 5, 17), declarando, por exemplo, a ineficácia contraproducente da lei de talião; declarando que Deus não gosta da observância do sábado que despreza o homem e o condena; ou, quando perante a mulher pecadora, não a condena, pelo contrário salva-a do zelo cego de quantos já estavam prontos para a lapidar sem dó nem piedade, convictos de aplicar a Lei de Moisés. Jesus revoluciona também as consciências no Sermão da Montanha (cf. Mt 5), abrindo novos horizontes para a humanidade e revelando plenamente a lógica de Deus: a lógica do amor, que não se baseia no medo mas na liberdade, na caridade, no zelo salutar e no desígnio salvífico de Deus: «Deus, nosso Salvador, quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tm 2, 3-4). «Prefiro a misericórdia ao sacrifício» (Mt 12, 7; cf. Os 6, 6).

Jesus, novo Moisés, quis curar o leproso, quis tocá-lo, quis reintegrá-lo na comunidade, sem Se «autolimitar» nos preconceitos; sem Se adequar à mentalidade dominante do povo; sem Se preocupar de modo algum com o contágio. Jesus responde à súplica do leproso sem demora e sem os habituais adiamentos para estudar a situação e todas as eventuais consequências. Para Jesus, o que importa acima de tudo é alcançar e salvar os afastados, curar as feridas dos doentes, reintegrar a todos na família de Deus. E isto deixou alguém escandalizado!

Jesus não teme este tipo de escândalo. Não olha às mentes fechadas que se escandalizam até por uma cura, que se escandalizam diante de qualquer abertura, qualquer passo que não entre nos seus esquemas mentais e espirituais, qualquer carícia ou ternura que não corresponda aos seus hábitos de pensar e à sua pureza ritualista. Ele quis integrar os marginalizados, salvar aqueles que estão fora do acampamento (cf. Jo 10).

Trata-se de duas lógicas de pensamento e de fé: o medo de perder os salvos e o desejo de salvar os perdidos. Hoje, às vezes, também acontece encontrarmo-nos na encruzilhada destas duas lógicas: a dos doutores da lei, ou seja marginalizar o perigo afastando a pessoa contagiada, e a lógica de Deus que, com a sua misericórdia, abraça e acolhe reintegrando e transformando o mal em bem, a condenação em salvação e a exclusão em anúncio.

Estas duas lógicas percorrem toda a história da Igreja: marginalizar e reintegrar. São Paulo, ao pôr em prática o mandamento do Senhor de levar o anúncio do Evangelho até aos últimos confins da terra (cf. Mt 28, 19), escandalizou e encontrou forte resistência e grande hostilidade sobretudo da parte daqueles que exigiam, inclusive aos pagãos convertidos, uma observância incondicional da Lei mosaica. O próprio São Pedro foi duramente criticado pela comunidade, quando entrou na casa de Cornélio, um centurião pagão (cf. Act 10) .

O caminho da Igreja, desde o Concílio de Jerusalém em diante, é sempre o de Jesus: o caminho da misericórdia e da integração. Isto não significa subestimar os perigos nem fazer entrar os lobos no rebanho, mas acolher o filho pródigo arrependido; curar com determinação e coragem as feridas do pecado; arregaçar as mangas em vez de ficar a olhar passivamente o sofrimento do mundo. O caminho da Igreja é não condenar eternamente ninguém; derramar a misericórdia de Deus sobre todas as pessoas que a pedem com coração sincero; o caminho da Igreja é precisamente sair do próprio recinto para ir à procura dos afastados nas «periferias» da existência; adoptar integralmente a lógica de Deus; seguir o Mestre, que disse: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os que estão doentes. Não foram os justos que Eu vim chamar ao arrependimento, mas os pecadores» (Lc 5, 31-32).

Curando o leproso, Jesus não provoca qualquer dano a quem é são, antes livra-o do medo; não lhe cria um perigo, mas dá-lhe um irmão; não despreza a Lei, mas preza o homem, para o qual Deus inspirou a Lei. De facto, Jesus liberta os sãos da tentação do «irmão mais velho» (cf. Lc 15, 11-32) e do peso da inveja e da murmuração dos «trabalhadores que suportaram o cansaço do dia e o seu calor» (cf. Mt 20, 1-16).

Consequentemente, a caridade não pode ser neutra, indiferente, morna ou esquiva. A caridade contagia, apaixona, arrisca e envolve. Porque a caridade verdadeira é sempre imerecida, incondicional e gratuita (cf. 1 Cor 13). A caridade é criativa, encontrando a linguagem certa para comunicar com todos aqueles que são considerados incuráveis e, portanto, intocáveis. O contacto é a verdadeira linguagem comunicativa, a mesma linguagem afectiva que comunicou a cura ao leproso. Quantas curas podemos realizar e comunicar, aprendendo esta linguagem! Era um leproso e tornou-se arauto do amor de Deus. Diz o Evangelho: «Ele, porém, assim que se retirou, começou a proclamar e a divulgar o sucedido» (cf. Mc 1, 45).

Amados novos Cardeais, esta é a lógica de Jesus, este é o caminho da Igreja: não só acolher e integrar, com coragem evangélica, aqueles que batem à nossa porta, mas ir à procura, sem preconceitos nem medo, dos afastados revelando-lhes gratuitamente aquilo que gratuitamente recebemos. «Quem diz que permanece em [Cristo], deve caminhar como Ele caminhou» (1 Jo 2, 6). A disponibilidade total para servir os outros é o nosso sinal distintivo, é o nosso único título de honra!

Nesta Eucaristia, que nos vê reunidos ao redor do altar do Senhor, invoquemos a intercessão de Maria, Mãe da Igreja, que sofreu em primeira mão a marginalização por causa das calúnias (cf. Jo 8, 41) e do exílio (cf. Mt 2, 13-23), para que nos alcance a graça de sermos servos fiéis a Deus. Ensine-nos Ela – que é a Mãe – a não termos medo de acolher com ternura os marginalizados; a não temermos a ternura e a compaixão; que Ela nos revista de paciência acompanhando-os no seu caminho, sem buscar os triunfos dum sucesso mundano; que Ela nos mostre Jesus e faça caminhar como Ele.

Amados irmãos, com os olhos fixos em Jesus e em Maria nossa Mãe, exorto-vos a servir a Igreja de tal maneira que os cristãos – edificados pelo nosso testemunho – não se sintam tentados a estar com Jesus, sem quererem estar com os marginalizados, isolando-se numa casta que nada tem de autenticamente eclesial. Exorto-vos a servir Jesus crucificado em toda a pessoa marginalizada, seja pelo motivo que for; a ver o Senhor em cada pessoa excluída que tem fome, que tem sede, que não tem com que se cobrir; a ver o Senhor que está presente também naqueles que perderam a fé ou se afastaram da prática da sua fé; o Senhor, que está na cadeia, que está doente, que não tem trabalho, que é perseguido; o Senhor que está no leproso, no corpo ou na alma, que é discriminado. Não descobrimos o Senhor, se não acolhemos de maneira autêntica o marginalizado. Recordemos sempre a imagem de São Francisco, que não teve medo de abraçar o leproso e acolher aqueles que sofrem qualquer género de marginalização. Verdadeiramente é no evangelho dos marginalizados que se descobre e revela a nossa credibilidade!

 

 

Os cartoons do ‘Charlie Hebdo’

Correio da Manhã/ PT – O jornal francês ‘Charlie Hebdo’ tem como uma das armas principais o cartoon para satirizar a atualidade. Veja algumas das capas mais marcantes desta publicação que ao longo dos anos tem retratado o mundo com humor, sem olhar a raças, sexo, religiões ou idades.

Em 2009, esta publicação assumiu Maomé como diretor durante uma das suas edições. Na capa, o 'Charlie Hebdo' mudou de nome para 'Charia Hebdo', fazendo o trocadilho com as leis religiosas da Sharia no mundo muçulmano, e com Maomé a prometer ao leitor "100 chicoteadas se não morrer a rir"

Em 2009, esta publicação assumiu Maomé como diretor durante uma das suas edições. Na capa, o ‘Charlie Hebdo’ mudou de nome para ‘Charia Hebdo’, fazendo o trocadilho com as leis religiosas da Sharia no mundo muçulmano, e com Maomé a prometer ao leitor “100 chicoteadas se não morrer a rir”

Nos dias depois da publicação dessa edição com Maomé na capa, a redação do jornal foi incendiada. Na edição seguinte, o jornal meteu na capa o profeta Maomé a beijar um jornalista do Charlie Hebdo com a frase "O amor é mais forte que o ódio"

Nos dias depois da publicação dessa edição com Maomé na capa, a redação do jornal foi incendiada. Na edição seguinte, o jornal meteu na capa o profeta Maomé a beijar um jornalista do Charlie Hebdo com a frase “O amor é mais forte que o ódio”

A revista trimestral que o jornal lançou no final de 2014 tem na capa a "verdadeira história do menino Jesus", com a imagem da Virgem Maria de pernas abertas e um bebé a sair disparado de braços abertos

A revista trimestral que o jornal lançou no final de 2014 tem na capa a “verdadeira história do menino Jesus”, com a imagem da Virgem Maria de pernas abertas e um bebé a sair disparado de braços abertos

Em 2006, após a polémica com os cartoons que um jornal dinamarquês publicou e levou aos vários protestos em todo o mundo da comunidade muçulmana, o Charlie Hebdo apoiou a liberdade de imprensa e publicou esses mesmos cartoons

Em 2006, após a polémica com os cartoons que um jornal dinamarquês publicou e levou aos vários protestos em todo o mundo da comunidade muçulmana, o Charlie Hebdo apoiou a liberdade de imprensa e publicou esses mesmos cartoons

Em julho de 2013 foi publicada a capa com a mensagem "O Corão é uma merda. Não protege das balas"

Em julho de 2013 foi publicada a capa com a mensagem “O Corão é uma merda. Não protege das balas”

O último cartoon publicado nas redes sociais do Charlie Hebdo, cerca de meia hora antes do atentado elvado a cabo por dois extremistas muçulmanos. Na imagem divulgada no Twitter e no Facebook, o líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, "deseja felicidades e muita saúde"

O último cartoon publicado nas redes sociais do Charlie Hebdo, cerca de meia hora antes do atentado elvado a cabo por dois extremistas muçulmanos. Na imagem divulgada no Twitter e no Facebook, o líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, “deseja felicidades e muita saúde”

O último cartoon de Charb, o cartoonista que foi um mortos no atentado terrorista ao jornal, assinou o seu último cartoon onde se lê "Não houve atentados em França", com um terrorista a exclamar "Esperem lá, até ao fim de janeiro ainda temos tempo para enviar os nossos desejos de boas-festas". Ao sétimo dia, Paris foi alvo de um ataque bárbaro que tirou a vida a 12 pessoas

O último cartoon de Charb, o cartoonista que foi um mortos no atentado terrorista ao jornal, assinou o seu último cartoon onde se lê “Não houve atentados em França”, com um terrorista a exclamar “Esperem lá, até ao fim de janeiro ainda temos tempo para enviar os nossos desejos de boas-festas”. Ao sétimo dia, Paris foi alvo de um ataque bárbaro que tirou a vida a 12 pessoas

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