¿Para qué sirve el FMI y el Banco Mundial?

banco

Ahora que estos dos mamuts de las finanzas globales van a tener su reunión anual en Lima es pertinente saber cuál es su rol en un mundo en crisis y en franca disputa geopolítica. Precisamente responder a la pregunta del título implica ubicarse en diversos planos. Uno bien podría decir que el Fondo Monetario Internacional (FMI) no ha servido para nada si considera la misión para la que fue creado: prevenir que el mundo sufra crisis económicas como la de 1929-1930 conocida como “La Gran Depresión”.

En efecto, el FMI que se fundó junto al Banco Mundial en 1944 (Bretton Woods, Estados Unidos),pero empezó a operar desde 1945, ya tiene 70 años encima y no ha predicho, ni mucho menos evitado crisis tan graves y nocivas para la economía mundial como la asiática (1997) – que hizo que el Perú entre en recesión durante cuatro años (1998-2001) –, la rusa (1999), la argentina (2001), y la peor de todas, peor incluso que la gran depresión, la crisis global que actualmente vive el mundo y que comenzó en Estados Unidos, se extendió a Europa y hoy alcanza a América Latina y a todo el sur global con la caída de los precios de las materias primas y la salida de capitales. El FMI no vio o no quiso ver el tsunami financiero y fiscal que nos azota y encima tiene la raza de pontificar.

Entonces, ¿de qué se ha encargado el FMI? Bueno, basta ver el comportamiento del fondo con el gobierno griego para pintar lo que ha sido su rol durante los últimos 40 años: imponer ajustes, austeridad, reducir derechos, beneficios sociales y cumplir a raja tabla el pago de la deuda, por más ilegítima, odiosa o corrupta que sea. Lo vimos en América Latina y en especial en el Perú durante los noventa.

La eliminación de la protección social ha sido el costo de tener una macroeconomía saludable, que en el caso peruano se traduce en que banqueros y mineros se la han llevado con pala mientras que todos los demás hemos tenido salarios y pensiones de hambre. Ah claro, en tiempos de boom económico nos han dado plata pero vía crédito para bancar una orgía de consumo que ya llegó a su fin por cierto.

Tal como dijo el profesor Celso Furtado, citado muchas veces por Oscar Ugarteche, el FMI es en realidad el brazo extendido del Tesoro Norteamericano. Para eso sirve, lo cual se expresa en cosas tan claras como que con las reservas de todos los países de América Latina durante el periodo de auge (2005-12) depositadas en su mayoría como bonos estadounidenses se ha financiado el sobreconsumo del norte. También se ve en la guerra de monedas donde Grecia es la punta de lanza para pegarle al Euro en favor del Dólar.

El Banco Mundial sirve básicamente para lo mismo, porque con el cuento de superar la pobreza, ha convertido en negocio casi todo: la salud, la educación, la obra pública, etc. Su informe Haciendo Negocios busca orientar la inversión poniendo el mejor puntaje a los países que más abren su economía en perjuicio de su industria, que más flexibilizan los derechos laborales y desregulan el mercado de trabajo.

Además no nos olvidemos que en el Perú son copropietarios – vía la IFC – junto a la Newmont y Roque Benavides de Yanacocha, quien sabe la minera con las peores prácticas sociales y tributarias que existen. Y en los noventa fueron parte del Peru Privatization Fund, una empresa off shore protagonista de un caso de deuda corrupta denunciado por el Congreso tras la caída de Fujimori.

En suma, el FMI y el Banco Mundial son organizaciones más políticas que económicas. Con la careta técnica garantizan la hegemonía de los dueños del mundo.

Grécia: uma oportunidade para a Europa acordar

por Slavoj Žižek

europa letargia

1.
Lançado numa situação desesperada o “não” inesperadamente forte no referendo Grego foi um voto histórico. No meu trabalho uso muitas vez uma piada bem conhecida da última década da União Soviética sobre Rabinovitch, um Judeu que queria emigrar. No gabinete de emigração, um burocrata pergunta-lhe porquê e Rabinovitch responde: “Há duas razões. A primeira é porque tenho medo que os Comunistas percam o poder na União Soviética e o novo poder atire toda a culpa dos crimes comunistas sobre nós, os Judeus – havendo outra vez os pogroms anti-judeus…” “Mas”, interrompe o burocrata, “isto não faz qualquer sentido. Nada pode mudar na União Soviética, o poder dos Comunistas durará para sempre!”“Bem”, responde Rabinovitch calmamente, “Essa é a minha segunda razão”.

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Informaram-me que uma nova versão desta piada circula agora em Atenas. Um grego visita o consulado Australiano em Atenas e pede um visto de trabalho. “Porque é que quer sair da Grécia”, pergunta o responsável. “Por duas razões”, responde o Grego. “Primeiro, estou preocupado que a Grécia deixe a União Europeia, o que levaria a mais pobreza e caos no país….”. “Mas”, interrompe o responsável, “isso não faz qualquer sentido: a Grécia continuará na União Europeia e submeter-se-á a disciplina financeira” “Bem, responde calmamente o Grego, “essa é a minha segunda razão”.

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São, então, ambas as escolhas piores, parafraseando Estaline?

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Chegou o momento de ir para além dos debates irrelevantes sobre os possíveis erros do governo grego. As apostas estão agora demasiado altas. Que uma solução de compromisso pareça sempre falhar no último momento nas negociações entre a Grécia e os administradores da União Europeia é em si mesmo profundamente sintomático, já que não se tratam definitivamente de questões financeiras – a esse nível, a diferença é mínima. A UE acusa geralmente a Grécia de falar em termos genéricos, fazendo promessas vagas sem pormenores específicos, enquanto os Gregos acusam a UE de tentar controlar o mais ínfimo dos detalhes e impor à Grécia condições que são mais duras que aquelas impostas ao governo anterior. Mas o que está por detrás dessas acusações é um outro conflito, bem mais profundo. O primeiro-ministro Grego, Aléxis Tsípras, assinalou recentemente que se tivesse a oportunidade de se encontrar com Angela Merkel para jantar, estes chegariam a uma solução em duas horas. O que Tsípras pretende dizer é que ele e Merkel, enquanto políticos, tratariam a divergência como questão política, ao contrário dos outros administradores tecnocráticos como o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem. Se há um emblemático tipo mau nesta história toda é Dijsselbloem cujo lema é :“Se eu entrar no lado ideológico das coisas. Não conseguirei nada”.

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Isto leva-nos ao ponto crucial: Tsípras e Yanis Varoufakis (o ex-ministro das finanças que se demitiu a 6 de Julho) falam como se fizessem parte de um processo político aberto onde as decisões são sempre ideológicas (baseadas em preferências normativas), enquanto os tecnocratas da UE falam como se fosse tudo uma questão de pequenas medidas regulatórias. Quando os gregos levantaram questões políticas importantes e rejeitaram essa estratégia, foram acusados de mentir e de evitarem soluções concretas. Mas a verdade aqui está do lado Grego: a negação do “lado ideológico” defendido por Dijsselbloem é a ideologia no seu estado mais puro. Medidas regulatórias aparecem mascaradas (apresentam-se falsamente) como sendo puramente técnicas, quando na verdade são baseadas em decisões politico-ideológicas.

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Mas a verdade aqui está do lado Grego: a negação do “lado ideológico” defendido por Dijsselbloem é a ideologia no seu estado mais puro. Medidas regulatórias aparecem mascaradas (apresentam-se falsamente) como sendo puramente técnicas, quando na verdade são baseadas em decisões politico-ideológicas.
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Um exemplo dessa assimetria é o “diálogo” de Tsípras e Varoufakis com os seus parceiros Europeus, que aparece constantemente como um diálogo entre um jovem estudante que quer um debate sério sobre questões básicas e um professor arrogante que, nas suas respostas, humilhantemente ignora a questão central e bombardeia o aluno com reparos técnicos (“Não formulaste isso de forma correcta! Não levaste em conta essa regra”). Ou mesmo o diálogo entre uma vítima de violação que tenta desesperadamente relatar o que lhe aconteceu e um polícia que continuamente a interrompe para pedir pormenores burocráticos. Esta passagem da política propriamente dita para a administração especializada neutra caracteriza todo o nosso processo político actual: decisões estratégicas baseadas no poder são cada vez mais mascaradas como regulações administrativas baseadas num conhecimento especializado neutro, e são cada vez mais negociadas em segredo e impostas sem qualquer consulta democrática. A luta que está em causa é a luta pela leitkultur (cultura dominante) política e económica europeia. Os poderes da UE defendem o status quo tecnocrático que tem deixado a Europa em inércia absoluta durante décadas. Nas suas Notas para a Definição da Cultura, o grande conservador T.S. Eliot assinalava que há momentos onde a única escolha é aquela entre a heresia e a descrença, isto é, quando a única maneira de manter uma religião viva implica realizar uma fractura sectária no corpo principal. Esta é a nossa posição hoje relativamente à Europa: apenas uma nova “heresia” (representada neste momento pelo Syriza) pode salvar o que vale a pena salvar do legado Europeu: a democracia, a confiança, a solidariedade igualitária. A Europa que irá ganhar se o Syriza for derrubado é a “Europa de valores Asiáticos” (que, claro, não tem nada a ver com a Asia, mas com a actual e clara tendência do capitalismo contemporâneo de suspender a democracia)

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2.

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Na Europa Ocidental gostamos de ver a Grécia como se fôssemos observadores distanciados que seguem com compaixão e simpatia o alívio da uma nação empobrecida. Essa perspectiva decididamente confortável assenta numa ilusão fatídica – o que tem vindo a acontecer na Grécia nas últimas semanas diz respeito a todos nós: é o futuro da Europa que está em jogo. Assim, quando lemos alguma coisa acerca da Grécia deveríamos sempre ter em conta, como diz o velho ditado, de te fabula narrator (o nome mudou, é de ti que trata esta história).

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Um ideal tem vindo a emergir gradualmente da reacção do establishment europeu ao referendo grego, uma ideia bem patente no título de um artigo recente de Gideon Rachman no Financial Times: “Eurozone’s weakest link is the voters.” [“O elo mais fraco da Zona Euro são os eleitores”].

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Neste mundo ideal, a Europa livra-se deste “elo mais fraco” e os especialistas ganham o poder de impor directamente medidas económicas necessárias – se as eleições acontecem ainda, a sua função é apenas a de confirmar o consenso de especialistas. O problema é que esta politica de especialistas é baseada numa ficção, a ficção do “estende e finge” (estender o período de pagamento, mas fingindo que todas as dívidas serão eventualmente pagas).

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Porque é que esta ficção é tão obstinada e teimosa? Não é apenas pelo facto de ela tornar a extensão da dívida mais aceitável para os eleitores alemães; nem é apenas pelo facto da reestruturação da dívida grega poder acender o rastilho de exigências semelhantes por parte de Portugal, Irlanda ou Espanha. Mas porque aqueles que estão no poder não querem ver a dívida totalmente paga. Os credores e zeladores da dívida acusam os países endividados de não se sentirem suficientemente culpados – são mesmo acusados de se sentirem inocentes. Esta pressão cabe perfeitamente dentro daquilo que os psicanalistas chamam o superego: como viu Freud, o paradoxo do superego é que quanto mais obedecemos, mais nos sentimos culpados.

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Imagine-se um professor perverso que dá aos seus alunos tarefas impossíveis, regozijando-se sadisticamente enquanto os observa em ansiedade e pânico. O verdadeiro objectivo de emprestar dinheiro não é ver a dívida paga com juros, mas o seu prolongamento indefinido que mantém o devedor em permanente estado de dependência e subordinação. Para a maior parte dos devedores, claro, pois há devedores e devedores. Tanto a Grécia como os EUA não serão capazes teoricamente de pagar a sua dívida, como agora se reconhece publicamente. Assim há devedores que podem chantagear os seus credores porque não podem falir (os grandes bancos), devedores que podem controlar as condições do pagamento da sua dívida (Governo Americano), e, finalmente, devedores que podem ser humilhados (Grécia).

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Os credores acusam o governo do Syriza de não se sentir suficientemente culpado – eles são acusados de se sentirem inocentes. É isso que é tão perturbador para o establishment da UE: o governo do Syriza admite a dívida, mas sem culpa. Livram-se da pressão do superego. Varoufakis personifica esta posição nas suas negociações com Bruxelas: ele reconhece plenamente o peso da dívida, mas tendo em conta que a política da UE obviamente não funcionou, defende de forma bastante racional que uma outra opção deve ser encontrada.

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Paradoxalmente, o argumento que Varoufakis e Tsípras repetem constantemente é que o governo do Syriza é a única hipótese que os credores têm de recuperarem pelo menos parte do seu dinheiro. O próprio Varoufakis pergunta como é que os bancos emprestaram dinheiro à Grécia e colaboraram com um Estado clientelar sabendo muito bem como as coisas estavam – a Grécia nunca se teria endividado a este nível sem a conivência do establishment ocidental. O governo do Syriza sabe bem que a ameaça principal não vem de Bruxelas – mas está na própria Grécia, um Estado corrupto e clientelista se é que alguma vez houve algum Estado. Aquilo que deve ser apontado à burocracia da UE é o facto de criticar a Grécia pela sua corrupção e ineficiência ao mesmo tempo que suportou a força politica (a Nova Democracia) que incorporou essa corrupção e ineficiência.

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O governo do Syriza pretende precisamente quebrar este impasse – veja-se a declaração programática de Varoufakis que apresenta o objectivo final estratégico do governo do Syriza:

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“Uma saída Grega ou Portuguesa ou Italiana da zona euro levaria rapidamente a uma fragmentação do capitalismo europeu, produzindo uma região recessiva a leste do Reno e a norte dos Alpes, enquanto o resto da Europa seria palco de uma Estagflação. Quem seria o grande beneficiado com este processo? Uma esquerda progressiva, que se ergueria como uma fénix renascida das cinzas das instituições públicas da Europa? Ou os nazis da Aurora Dourada, neofascistas, xenófobos e vigaristas? Não tenho nenhuma dúvida quem fará mais pela desintegração da zona euro. Eu, pelo contrário, não estou preparado para alimentar essa versão pós-moderna dos anos 30. Se isto significa que somos nós, os erráticos Marxistas, que devem tentar salvar o capitalismo europeu de si próprio, assim seja. Não por amor ao Capitalismo Europeu, pela zona euro, por Bruxelas, ou pelo Banco Central Europeu, mas precisamente porque queremos minimizar o custo humano desnecessário desta crise.”

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A política financeira do governo do Syriza seguiu de perto estas indicações: défice zero, disciplina apertada, dinheiro obtido através de impostos. Alguns jornais na Alemanha caracterizaram Varoufakis como um psicótico que vive no seu próprio universo, diferente do nosso – mas será ele assim tão radical?

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Aquilo que se revela tão irritante em Varoufakis não é o seu radicalismo mas a sua humildade pragmática racional – se olharmos de perto as propostas do Syriza, não podemos deixar de reparar que foram em tempos parte do modelo de uma qualquer agenda social-democrata (na Suécia nos anos 60, o programa de governo era bem mais radical). É um triste sinal dos nossos tempos que hoje em dia seja necessário pertencer à esquerda radical para defender essas mesmas medidas – um sinal dos tempos escuros, mas também uma oportunidade para a esquerda ocupar o espaço, que durante décadas, foi do centro-esquerda.

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Mas a repetição infatigável da ideia que os políticos humildes do Syriza são afinal de contas velhos simpáticos sociais-democratas, talvez esteja longe da verdade – como se, à custa de repetir tantas vezes, os eurocratas finalmente compreendessem que não somos assim tão perigosos, ajudando-nos decididamente. O Syriza é efectivamente perigoso, coloca de facto uma ameaça à orientação actual da UE – o capitalismo global actual não pode dar-se ao luxo de voltar ao velho Estado social.

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O Syriza é efectivamente perigoso, coloca de facto uma ameaça à orientação actual da UE – o capitalismo global actual não pode dar-se ao luxo de voltar ao velho Estado social.
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Existe, então, qualquer coisa de hipócrita nas garantias de humildade dos propósitos do Syriza: este quer efectivamente algo que não é possível dentro das coordenadas do actual sistema global. Uma escolha estratégica séria terá de ser feita: e se chegou o momento de deixar cair a máscara da humildade e defender abertamente uma mudança muito mais radical, necessária nem que seja para assegurar uma conquista modesta?

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Muitos críticos do referendo grego invocaram que este não passava de uma estratégia demagógica, afirmando ironicamente que nem sequer era claro o seu propósito. O referendo não era sobre o euro ou o dracma, sobre a Grécia na UE ou fora dela: o governo grego repetiu enfaticamente o seu desejo de permanecer na UE e na zona Euro. De novo, os críticos transformaram a questão política chave colocada pelo referendo numa mera decisão administrativa sobre medidas económicas específicas

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3.

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Numa entrevista de 2 de Julho, Varoufakis deixou bem claro o que estava em jogo no referendo. A escolha era entre a continuação da política que a UE seguiu nos últimos anos e que deixou a Grécia à beira da ruína – a ficção do “estende e finge” – e um novo começo realista fora dessas ficções, que forneceria um plano concreto capaz de iniciar a recuperação da economia grega.
Sem esse plano, a crise irá continuar a reproduzir-se outra vez e outra vez. No mesmo dia, o próprio FMI assumiu que a Grécia precisa de uma reestruturação da dívida capaz de criar um “espaço de respiração” e de por a economia a mexer (propõe uma moratória de 20 anos sobre a dívida).

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O Não no referendo da Grécia foi assim muito mais que uma simples escolha entre duas estratégias diferentes à crise económica. O povo grego resistiu heroicamente à vergonhosa campanha de medo que mobilizou os instintos mais baixos de auto-preservação. Foram capazes de ver através da manipulação brutal dos seus adversários que falsamente apresentaram o referendo como uma escolha entre o euro e o dracma, entre a Grécia na Europa e o “Grexit”.

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Este Não foi um Não aos eurocratas que provam diariamente que são incapazes de arrastar a Europa para fora da sua inércia. Foi um Não à continuação do “business as usual”; um grito desesperado que nos diz que as coisas não podem continuar como estão. Foi uma decisão para uma autêntica visão politica contra essa estranha combinação de tecnocracia fria e clichés racistas quentes acerca dos preguiçosos e esbanjadores gregos. Foi uma vitória rara de princípios contra o egoísmo e oportunismo autodestrutivo. O Não que ganhou foi um Sim à plena consciência da crise da Europa; um Sim à necessidade de iniciar um novo começo.

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Cabe agora à UE agir. Conseguirá ser capaz de acordar da sua inércia auto-satisfatória e compreender o sinal de esperança dado pelo povo grego? Ou soltará a sua ira sobre a Grécia de forma a conseguir continuar o seu sonho dogmático?

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Nota de edição
Artigo publicado originalmente no NewStatesman a 6 de Julho de 2015: “Slavoj Žižek on Greece: This is a chance for Europe to awaken”. Tradução realizada por Punkto. Imagem: Atenas, Agosto de 2013, Pedro Levi Bismarck.
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Slavoj Žižek
Nasceu na cidade de Liubliana, Eslovénia, em 1949. É filósofo, psicanalista e um dos principais teóricos contemporâneos. Transita por diversas áreas do conhecimento e, sob influência principalmente de Karl Marx e Jacques Lacan, efectua uma inovadora crítica cultural e política da pós-modernidade. Professor da European Graduate School e do Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana, Žižek preside a Society for Theoretical Psychoanalysis, de Liubliana, e é um dos directores do centro de humanidades da University of London.

Data de publicação: 7 de Julho 2015

25 verdades del economista Thomas Piketty sobre la deuda griega

por Salim Lamrani
Al Mayadeen

A superioridade alemã. Como veem os europeus aos alemaes
El autor del libro El capital en el siglo XXI denuncia la hipocresía de la troika y del Fondo Monetario Internacional sobre la cuestión de la deuda. [1]

En el pasado, las deudas públicas fueron mucho más importantes que la actual deuda de Grecia. Esta se eleva a 312.000 millones de euros y representa el 170% de la producción anual del país. La deuda de Grecia en realidad es irrisoria, pues la economía del país sólo representa el 2% del PIB de la zona euro. Por lo tanto la deuda apenas representa el 3% del PIB de la zona euro y no constituye un peligro para el equilibrio económico de Europa.

Las grandes potencias europeas como Francia, Alemania y el Reino Unido también tuvieron en el pasado, particularmente en el siglo XIX y el siglo XX, una deuda superior al 200% de su PIB. Cada vez que ocurrió, se encontró una solución.

“En el siglo XX, Francia y Alemania son los dos países por excelencia que nunca rembolsaron su deuda pública”.

“Hay algo irónico” en exigir a Grecia un rembolso imperativo de su deuda olvidando que “Europa se construyó después de la Segunda Guerra Mundial sobre ciertos principios, particularmente la cancelación de las deudas del pasado para invertir en el porvenir”.

Así, en 1953, Europa decidió colectivamente cancelar toda la deuda exterior de Alemania pues había “elegido el porvenir”.

Existen varios métodos frente al problema de la deuda. El método lento e ineficiente, que se aplica actualmente a Grecia, consiste en pedir a la nación que acumule excedentes presupuestarios (recaudaciones tributarias superiores a los gastos públicos) y los dedique al rembolso de los créditos. Tiene el defecto de durar a veces más de un siglo, socavar el crecimiento económico y tener un costo social muy elevado.

“Cuando se supera cierto nivel de deuda pública hay que utilizar métodos más rápidos”. Existen tres que se usaron en el pasado: la inflación moderada, los impuestos excepcionales sobre los patrimonios privados y sobre todo la cancelación de las deudas.

“Hubo cancelaciones de deudas en la pasado y habrá otras en el futuro”.

“Los gobiernos no tienen el valor de poner [el tema de la cancelación de la deuda] en la mesa”, lo que de todas formas es inevitable si se quiere salir de la crisis y “cuanto antes mejor”.

Se presenta al pueblo griego como que vive por encima de sus recursos. No obstante en la actualidad, bajo el gobierno de Alexis Tsipras, el presupuesto de Grecia está en equilibrio sin contar el servicio de la deuda. Incluso hay “un leve excedente primario” equivalente al 1% del PIB, lo que representa 1.830 millones de euros. El rembolso de la deuda se vuelve insostenible, sobre todo si se toma en cuenta el hecho de que los bancos privados concedieron a Grecia préstamos con tasas usurarias que podían alcanzar el 18%, convirtiendo los créditos en algo matemáticamente impagable.

Las instituciones financieras internacionales exigen a Grecia, en virtud de los acuerdos impuestos en 2012, que dedique el 4% de su PIB al rembolso de la deuda durante los 30 próximos años. “El presupuesto total de todo el sistema de la enseñanza superior griego representa menos del 1% del PIB. Significa entonces que se le pide al contribuyente griego que dedique, durante los próximos 30 años, cuatro veces más de dinero a rembolsar la deuda del pasado que todo lo que se invierte en la formación superior del país. ¿Acaso es la mejor forma de preparar el porvenir? Desde luego ¡no! Entonces es absurdo”.

“Jamás se pidió, afortunadamente, a Alemania, Francia y a los países europeos después de la Segunda Guerra Mundial que hicieran eso. Se procedió a cancelaciones de las deudas y ello permitió la reconstrucción de Europa en los años siguientes. Pudimos librarnos del peso de la deuda e invertir los recursos públicos en las infraestructuras, la educación y el crecimiento”.

“Europa, mediante el Tratado Presupuestario de 2012, eligió el método británico del siglo XIX, de la penitencia durante décadas y décadas, en vez del método europeo de la posguerra, que consistió en proyectarse en el porvenir”.

“Hay una amnesia histórica extremadamente grave. La ignorancia histórica por parte de nuestros dirigentes es algo que consterna en absoluto”.

“El Gobierno francés tiene una responsabilidad muy grande” en esta situación al no oponerse a la intransigencia de Alemania. El presidente “Hollande debe tomar sus responsabilidades y decir que la restructuración de la deuda es ahora”.

Sin un gesto firme hay un riesgo de “prolongar el periodo de incertidumbre”, que tiene un gran impacto en el crecimiento, y “volver a hundir a Grecia en la recesión, lo que es extremadamente grave”.

“El problema de la deuda en Europa no es más importante que en Japón o en Estados Unidos”.

“Hay mucha hipocresía en todo esto, pues los bancos franceses y alemanes están muy contentos de ver los activos financieros de los griegos ricos que se transfieren a esos mismos bancos y por supuesto no se transmite la información a la Hacienda griega”, privando así al Estado helénico de fuentes de ingresos fundamentales y haciéndose cómplices del fraude fiscal a gran escala.

Desde 2010, las instituciones financieras internacionales han cometido “enormes errores en Grecia”. “Incluso el FMI reconoció haber subestimado las consecuencias de las medidas de austeridad en términos de recesión”.

Esas medidas de austeridad “llevaron a un aumento desmesurado de la deuda” griega pues el PIB cayó un 25 % entre 2010 y 2015. “Esta fue la razón de la explosión de la deuda hasta un 170% del PIB mientras que sólo representaba un 110%”.

“Me ubico en el punto de vista de las jóvenes generaciones griegas. ¿Acaso son responsables de los actos del [primer ministro] Papandreu en 2000 y 2002? No son más responsables de esos errores que los jóvenes alemanes de los años 1950 o 1960 de los errores precedentes. Dios sabe sin embargo que los gobiernos alemanes hicieron cosas mucho más graves que los gobiernos griegos”.

“Todas las deudas de la zona euro deben restructurarse. Hace falta cancelar una parte como siempre ocurrió en la historia”.

“Hace seis meses que el Gobierno griego pide un restructuración de la deuda” y cada vez recibe el rechazo obstinado del Eurogrupo.

No obstante en 2012 Europa “prometió a los griegos que cuando el país estuviera en situación de excedente se renegociaría el importe de la totalidad de la deuda”. Hoy Europa se niega a cumplir su promesa.

“Los charlatanes que pretenden que se va a expulsar a un miembro de la Unión Europea para disciplinar a los demás son sumamente peligrosos. El ideal europeo está a punto de ser destruido por las decisiones de esos charlatanes”.

Nota:

[1] Thomas Piketty, «C’est à vous», France 5, 23 de junio de 2015. https://www.youtube.com/watch?v=VIzv3peNLFk (sitio consultado el 9 de julio de 2015); Thomas Piketty, «Il faudra parler de la restructuration de la dette grecque», Europe 1, 29 de junio de 2015. https://www.youtube.com/watch?v=e6SUVZmCxgM (sitio consultado el 9 de julio de 2015). Rebelión

El euro, razón delirante

por Jacques Sapir
russeurope

Jorge Alaminos

Jorge Alaminos

Las diversas revelaciones sobre las condiciones en que fue arrancado el acuerdo, y es mejor hablar de diktat entre Grecia y sus acreedores ilustran bien lo que uno podría pensar en caliente. Este acuerdo es un verdadero desastre para todos sus signatarios, y para Grecia en primer lugar. La larga entrevista concedida la noche del miércoles 14 de julio por Alexis Tsipras en la televisión estatal ERT lo confirma [1]. Confiesa que este acuerdo es un “mal acuerdo”. El análisis que hizo en su blog el ex ministro de Finanzas, Yannis Varoufakis va en el mismo sentido [2]. Además, el Fondo Monetario Internacional publicó una nota de análisis, que había sido comunicado a todas las partes implicadas en desde el 6 de julio y que demuestra de manera irrefutable que este acuerdo no es viable [3]. Desde entonces se revela otra cara del drama que tuvo lugar en la noche del 12 al 13: todo esto no sirve para nada.

Otro acuerdo tendrá que ser encontrado rápidamente, y la posibilidad de expulsión de Grecia de la zona euro vuelve con fuerza [4]. El ministro de Finanzas alemán Schäuble lo ha reconocido, así como el ex gobernador del Banco Central de Bélgica. [5] Esto convierte las proclamaciones de éxito que nuestro Presidente ha realizado en Bruselas en la mañana del 13 particularmente irrisorias. La votación que tuvo lugar en el Parlamento francés lo es igualmente. Se pide a los diputados pronunciarse sobre un acuerdo que se sabe inaplicable. Los diputados del PCF, en principio inclinados a votar que sí, ¿no es así Pierre Laurent? por razones alimentarias, se han reunido y deberían votar “no”. El drama aquí se casa con el absurdo.

El euro antes que Grecia, el Euro antes que Francia

Sin embargo hay que leer con detalle las declaraciones de Francois Hollande que hizo el 13 de julio por la mañana; pero para ello hay que tener el corazón bien sano. Remarcamos, en primer lugar, que el no habla de Grecia, sólo de la zona euro. Esto demuestra cuales son sus prioridades: “El objetivo era asegurar que la zona del euro pueda ser preservada en su integridad, en su unidad, en su solidaridad” [6]. Se constata que las primeras palabras reservadas a la sustancia del texto no hacen mención de los sufrimientos, esfuerzos y esperanzas del pueblo griego. No, lo que importa ante todo es la integridad de la zona euro. Todo lo que se dice en estas líneas, y en particular la preferencia por una construcción burocrática, y que muchos economistas consideran insostenible, por encima de la voluntad y la vida de los pueblos. Esto es corroborado por el tercer párrafo del texto: “Lo que yo quería era más que el interés de Grecia, era el interés de Europa. Y era también el interés de Francia. Porque el interés de Francia no se disocia del interés de Europa ” [7]. El orden de prioridades está bien establecida: es Europa, luego Francia y finalmente Grecia. Pero, esto se basa en una mentira, o más precisamente una doble mentira: el que asimila la eurozona a la Unión Europea, y el que asimila a continuación la Unión Europea a Europa. Ambas son extremadamente escandalosas. La Zona Euro de ninguna manera es la Unión Europea. Países pertenecientes a la Unión Europea no hacen parte de la zona euro. Este es el caso de Gran Bretaña, Suecia, Polonia o Hungría. Por otra parte, la Unión Europea no engloba Europa. Suiza, Noruega, Serbia o los Balcanes, Bielorrusia, Rusia y Ucrania, estos países forman parte de Europa, como realidad geográfica pero también cultural, sin ser parte de la UE. ¿Nos quieren hacer creer que Munch, autor del “Grito”, o que artistas como Dostoievski, Pushkin y Tolstoi no son europeos? ¿Se olvida que la Unión Europea es una alianza política y económica de ciertos países de Europa? Querer hacer pasar la Unión Europa el conjunto de Europa es una mentira. El hecho de que esto sea pronunciado por la más alta autoridad del Estado no retira nada al asunto. Al contrario, lo empeora. Establece un dogma, pero sin que sea una verdad, lo cual se revela como una mentira.

Esta mentira, el lo repite mas abajo en este texto, sobre todo cuando afirma: “Grecia es un país amigo que ha querido entrar en la Unión Europea después de años de dictadura”. De hecho, y la fecha de adhesión lo muestra bien, es a la Comunidad Económica Europea, es decir, el “Mercado Común” que Grecia se ha adherido tras del episodio de la dictadura de los coroneles. Ella no podía adherir en 1981a la UE porque esta última data a partir de 1992 y el Acta Única Europea desde 1986. Francois Hollande altera la historia y tiene poco en cuenta la cronología. Pero, de nuevo, hay una lógica en la mentira: aquella de pretender que la UE, proyecto titánico, proyecto sin precedentes, existía incluso antes de nacer. Si esto no es ceguera ideológica no sabemos lo que es.

Euro über alles

Entonces se puede ver las consecuencias de esta mentira. Otra cita de la declaración del presidente Hollande es a este respecto de lo más instructiva. “El objetivo era que Europa pueda estar a la altura del desafío que le fue lanzado, ser capaz de resolver una crisis que desde hace varios años minó la zona del euro. El objetivo era también dar esperanza a Grecia después de tantos años de sufrimiento, la austeridad – aunque Grecia no ha terminado y que deberá hacer todavía esfuerzos … ” [8]. La mentira aquí se convierte en patética. No sólo este acuerdo no ha estado “a la altura del desafío”, simplemente porque nada se ha resuelto. Bien se ve en las posiciones adoptadas por el FMI el 14 y 15 de julio. Pero además de este acuerdo no da esperanza al pueblo griego. Al contrario, se vive como una terrible humillación las cláusulas políticas del acuerdo, que imponen desde ahora con el aval de las instituciones europeas sobre las leyes que serán llamados para ser votadas por el Parlamento griego. El cuarto párrafo también es indicador sobre las pretensiones de nuestro Presidente: “Francia tiene un papel especial que desempeñar: garantizar que este proceso, esta construcción que se ha forjado al día siguiente de la guerra pueda continuar, por supuesto con pruebas, desafíos, pero al mismo tiempo, siempre con la voluntad de encarnar una fuerza, la de la zona euro, una zona monetaria que debería permitir la estabilidad y el crecimiento. No hay estabilidad sin crecimiento, no hay crecimiento sin estabilidad [9]”.

Recordemos la mezcla de géneros, que ciertamente no es accidental. Se presenta la zona euro como venida en la continuidad del Plan Marshall y de la Comunidad Económica Europea (el “Mercado Común”). Esto constituye un error flagrante, una distorsión increíble de la verdad histórica. Pero la afirmación en la que concluye esta cita, la combinación de crecimiento y estabilidad, es de nuevo una mentira descarada. Porque, la zona euro ha impulsado una caída del crecimiento para los países miembros del euro y ha estado acompañada por grandes fluctuaciones. Esto se establece en numerosas obras [10] y en el libro que yo escribía en 2012, en particular [11]. De hecho, la zona euro nunca ha sido un factor de estabilidad ni factor de crecimiento para los países miembros.

La razón delirante de una nueva religión

Pero esta idea del euro se adueñó del espíritu de nuestro Presidente y bajo la pluma de sus consejeros. Cuando regresa a este tema en su declaración, es para hacer esta cita: “Si Grecia salía de la zona del euro, ¿qué habrían dicho? Que la zona euro no era capaz de asegurar su integridad, su solidaridad. ¿Qué diríamos de los griegos? Que no eran capaces de asumir sus responsabilidades. ¿Qué dirían de Francia, Alemania, que tienen vocación de dar este impulso? Que no habríamos estado en la cita. La zona del euro habría reculado, mientras que Europa debe avanzar y traer un proyecto que puede proteger a los pueblos – como el euro protege a los países que forman parte de la zona monetaria. ¿Qué diríamos de esta dislocación de esta gran idea? “[12]. De hecho, todo está dicho. Tanto la creencia mística en un Euro “protector” de los pueblos como que el Euro equivale a Europa. La razón, la inteligencia, el sentido de la proporción, fueron barridos por una idea fija que se convierte en delirio, pero siempre movido por la misma lógica.

Esta razón delirante explica por qué y cómo han podido trasvestir en acuerdo libremente negociado lo que ha sido una violación de la soberanía de Grecia. Una violación en grupo, perpetrada por Alemania, pero también por el Eurogrupo y su Presidente el Sr. Dijsselbloem, por la Comisión Europea con Jean-Claude Juncker. Y si Francia no participó, ella cerró la puerta de la habitación donde ocurrió el crimen y ella empujó la mordaza en la garganta de la víctima. La frase pronunciada y escrita por François Hollande toma un giro siniestro: “Pero hoy, incluso si ha sido largo, creo que fue para Europa, una buena noche y un buen día.” Porque ahora sabemos que esta tortura habrá sido infligida a cambio de nada. El acuerdo firmado el 13 de julio por la mañana se deshace desde ahora de hora en hora. La perspectiva de una salida de Grecia de la zona euro está de nuevo en el orden del día.

Se puede cometer un crimen en política, pero presumir entonces que el resultado es de lo más incierto, no es el signo de una gran inteligencia. Esto es, a lo sumo, el producto de una ceguera profunda, de un fanatismo ideológico, de una razón delirante que está llamada a ser castigada en las próximas elecciones.

Notas

[1] http://www.newgreektv.com/index.php/greece/item/16414-prime-minister-alexis-tsipras-interview-in-english-translation

[2] Varoufakis Y., « On the Euro Summit’s Statement on Greece: First thoughts » , note postée le 14 juillet 2015, http://yanisvaroufakis.eu/2015/07/14/on-the-euro-summits-statement-on-greece-first-thoughts/

[3] IMF, AN UPDATE OF IMF STAFF’S PRELIMINARY PUBLIC DEBT SUSTAINABILITY ANALYSIS, IMF Country Report No. 15/186,14 juillet 2015, Washington DC.

[4] http://www.telegraph.co.uk/finance/economics/11739985/IMF-stuns-Europe-with-call-for-massive-Greek-debt-relief.html

[5] http://trends.levif.be/economie/politique-economique/luc-coene-je -me-demande-si-un-grexit-n-aurait-pas-ete-mieux/article-normal-405469.html

[6] Conferencia de prensa del presidente François Hollande, de 13 de julio de 2015, el texto de la página http://www.elysee.fr/declarations/article/conference-de-presse-a-l-issue-du-sommet-de-la-zone-euro-2/

[7] Conferencia de prensa del presidente François Hollande, de 13 de julio de 2015, op.cit ..

[8] Conferencia de prensa del presidente François Hollande, de 13 de julio de 2015, op.cit ..

[9] Conferencia de prensa del presidente François Hollande, de 13 de julio de 2015, op.cit ..

[10] Véase Bibow, J. y A. Terzi (eds.), La zona euro y el Drag oro Economía Mundial, Global Global Player? Londres, Palgrave, 2007.

[11] J. Sapir, ¿Debemos abandonar el euro ?, Le Seuil, París, 2012

[12] Conferencia de prensa del presidente François Hollande, de 13 de julio de 2015, op.cit ..
Fuente original: http://russeurope.hypotheses.org/4111
Traducción del francés D.T.G./ Rebelión

“Alemanha manda na Europa e ela consente? Isso não é habitual…”

O ex-presidente uruguaio José Mujica diz que a gestão europeia da crise grega foi “brutal”, convertendo-se na “herdeira da Europa colonialista”. E conclui que “a Alemanha do nosso tempo conseguiu em grande medida o que tentou alcançar por outras vias, sem a mesma sorte”.

alemanha Grécia nazismo
Reagindo ao acordo imposto a Atenas no passado fim de semana, José Mujica declarou que o que aconteceu em Bruxelas foi “uma coisa brutal”. “É como se a Europa tivesse criado um protetorado”, diz o ex-presidente do Uruguai, que aponta o dedo à responsabilidade de Berlim no desenlace da cimeira.

“A Alemanha impõe a sua economia e alta tecnologia, mas não só. Na realidade, esta Alemanha de hoje manda na Europa. As suas decisões são duras e definitivas. É pegar ou largar. E de forma natural, estejam ou não convencidos, o resto da Europa consente-o, o que não é habitual na história europeia dos últimos 2000 anos”, defendeu Mujica no seu programa de rádio “Hablando al Sur”. “A Alemanha do nosso tempo conseguiu em grande medida o que já quis alcançar por outras vias, mas sem sorte”, prosseguiu Mujica.

“Esta decisão da Europa, não apenas no conteúdo mas também na forma, obriga-nos a pensar de novo que no fundo esta Europa que decide é uma herdeira da Europa colonialista”, defendeu Pepe Mujica, o ex-presidente uruguaio que conquistou a simpatia dentro e fora de fronteiras por fazer questão de ocupar o cargo recusando os seus privilégios e vivendo como um cidadão comum.

O atual senador uruguaio repetiu as críticas em público, quando participava numa homenagem ao ex-responsável do Banco Interamericano de Desenvolvimento, afirmando que “na Europa não são tão eficientes como se diz”, uma vez que “já gastaram 380 mil milhões de dólares e não conseguem resolver o assunto, sendo que a Grécia tem uns 12 ou 14 milhões de habitantes”. InfoGrécia 

Golpe de Estado en Grecia

Josetxo Ezcurra

Josetxo Ezcurra

por Clara Serrano García

En Grecia ganó las últimas elecciones Syriza con un programa que pretendía sacar a la economía griega de la crisis en la que estaba sumida con una receta distinta a la de la austeridad, que es la que se ha venido aplicando en todos los países de la UE. La austeridad -en forma de privatizaciones, recortes salariales, y desregularización del mercado de trabajo- se ha mostrado como una vía completamente ineficaz para resolver los problemas que amenazan a la población europea (el creciente paro, la desigualdad social, la deuda), problemas que están teniendo consecuencias catastróficas inmediatas sobre la vida de las personas. Los gobiernos anteriores al de Syriza aplicaron disciplinadamente las recetas dictadas por la Troika, (BCE, FMI y CE), una alianza de organismos que se encuentra fuera del control democrático, y que vela por los intereses de los llamados mercados -los poderes económicos y financieros. La Troika pone una serie de condiciones a los gobiernos a cambio de recibir los rescates financieros que impiden que la banca pierda liquidez y evitando que la economía del país llegue a una situación de bancarrota. Así ha sucedido en Grecia durante los últimos años. Pero, hay que tener muy en cuenta que no se trata de rescates que favorezcan a la población, por mucho que nuestros dirigentes políticos estén intentando vender la idea de que los países de la UE hemos sido muy solidarios con Grecia, un país, al parecer, lleno de vagos y de funcionarios multimillonarios, que han estado viviendo a costa de los trabajadores europeos. Lo que se ha rescatado en Grecia ha sido a las entidades financieras, y en realidad, a los bancos alemanes y franceses, principales tenedores de deuda pública griega. Así lo ha reconocido en una carta Olivier Blanchard, principal economista del FMI, quien dice expresamente que la mayor parte de los rescates ha ido a parar a bancos con sede en Francia y Alemania. La increíblemente grande deuda griega tiene su origen no en el gasto público, sino en la transformación en deuda pública de la deuda privada generada por la banca. El problema de la deuda es una especie de espiral infinita, pues para impedir la quiebra de la economía se acude a nuevos rescates financieros, cuyos intereses se suman a la deuda ya existente, deuda que tiene que pagar el Estado, es decir, la gente. Sin duda, la deuda funciona como un eficaz instrumento de chantaje político: tu economía se está hundiendo y estás en peligro de dejar de ser solvente. Te puedo prestar dinero para salvar tu sistema financiero, pero a cambio tienes que hacer lo que yo te ordene, con independencia de lo que quieran tus electores. Así funciona en este momento la UE.

¿Cómo salir de la espiral? Syriza ganó las elecciones con un programa en el que se comprometía a emprender un camino distinto. Para solucionar los problemas de la economía griega Syriza planteaba la necesidad de llevar a cabo una serie de reformas en la economía que favorecieran los intereses del pueblo griego, obedeciendo así el mandato principal de todo gobierno democrático. Para ello es imprescindible buscar una solución al problema de la deuda pública, que actualmente representa el 180 % del PIB. La solución pasa por una reestructuración de la deuda, que puede llevarse a cabo de distintas maneras: en forma de quita, a través de moratorias o a través de una rebaja de los tipos de interés. Que la solución pasa por la reestructuración lo han dicho muchos economistas, e incluso el FMI ha hablado de la necesidad de una quita. Lo que el gobierno de Syriza ha planteado desde el principio es, pues, algo de sentido común, como han declarado muchos economistas, algunos de ellos premios nobel en economía, y no la ocurrencia de unos fanáticos, como quieren hacer pensar a la opinión pública las elites europeas, empresa a la que están contribuyendo eficazmente los medios de comunicación, y algunos intelectuales, como por ejemplo en nuestro país Fernando Savater que ha escrito hace unos días un repugnante artículo en El Pais en el que acusa a Syriza de haber apelado a la “bestia sarnosa del nacionalismo” por haber convocado un referendum democrático. La única salida posible pasa por una reestructuración de la deuda griega, porque el pago de la deuda y de los intereses mantienen a la economía griega completamente ahogada. Para poder llevar a cabo reformas en la economía e incentivar el crecimiento económico, el Estado tiene que poder invertir en gasto público, pero si todos sus ingresos se dedican al pago de los intereses de la deuda difícilmente va a poder hacerlo. La solución económica existe. Porque ante lo que estamos no es ante un problema técnico o económico, sino ante un problema de orden político, en el que se está jugando, nada menos que la posibilidad de la democracia. Y es un problema que no sólo afecta a Grecia, sino que afecta a toda la UE.

El Eurogrupo, que en un momento de las negociaciones llegó a expulsar al anterior ministro de finanzas griego Yannis Varoufakis de una reunión, comportándose como un verdadero cártel mafioso, ha estado jugando con la amenaza de la expulsión de la zona euro a Grecia si su gobierno no capitulaba y cumplía obediente las condiciones impuestas por Alemania, condiciones que de ser aceptadas suponen renunciar a las medidas con las que ganó las elecciones. Ante el chantaje el gobierno griego convocó un referendum -algo insólito en la UE, donde los gobiernos nos tienen acostumbrados a una disciplina militar frente a los mandatos de la Troika- para preguntar a su pueblo sobre el acuerdo que en aquel momento estaba sobre la mesa. El No ganó de manera rotunda, a pesar de que desde el anuncio del referendum se emprendió la guerra mediática más salvaje que se pueda imaginar a favor del Sí. De nuevo hemos visto a los medios de comunicación, a los políticos y a los intelectuales menospreciar, insultar y acusar de falta de responsabilidad al primer ministro griego Alexis Tsipras. Por poner tan sólo un ejemplo, la que fuera ministra de sanidad del último gobierno del PSOE, Trinidad Jiménez, en el programa de Ana Pastor en el que se analizaban los resultados del referendum griego, se permitió decir públicamente, en la televisión, que lo que había que exigir a Tsipras para que se llegara a un acuerdo era sentido de la responsabilidad, y enterarse de cómo funciona la maquinaria europea.

¿Y cómo funciona la maquinaria europea? ¿A base de golpes de estado encubiertos, como lo fue la reforma del artículo 135 de la Constitución española que acordaron el PP y el PSOE, y que obliga al Estado a priorizar el pago de los intereses de la deuda frente al gasto social? Trinidad Jiménez insinuaba que la celebración del referendum no iba a resolver el problema de Grecia, y que más bien iba a servir para tensar aun más la situación. Desde luego ella sí sabe como funciona la maquinaria europea: como una mafia. Pero entonces en lugar de exigir responsabilidad a Tsipras lo que debería hacer es denunciar con todas sus fuerzas que en la UE nos gobierna una banda de mafiosos, y que no es posible, por mucho que se ganen unas elecciones o un referendum, desobedecer a los mercados. Hace poco en una entrevista Varoufakis contaba que cuando se le ocurrió preguntar por el funcionamiento del Eurogrupo, por la vigencia de la norma de la unanimidad en la toma de decisiones, la respuesta que recibió fue que el Eurogrupo no existe. Aunque es el organismo que toma las más importantes decisiones dentro de la UE que afectan a la vida de todas personas que viven dentro de la UE, el Eurogrupo no existe. Y como no existe no tiene reglamentos de funcionamiento interno, no tiene normas, ni mucho menos actas. Pues bien, un organismo inexistente es la institución con mayor poder de toda la UE. 

Tenía razón Trinidad Jiménez al augurar que el resultado del referéndum no iba a ayudar a Grecia. Eso sólo podría pasar en una UE en la que se respetara la soberanía de los Estados y la democracia. El “acuerdo” al que se ha llegado entre Grecia y Alemania, o más bien el resultado de un chantaje despiadado tras 17 horas de negociación supone asumir unas condiciones absolutamente inaceptables, mucho peores que las que se planteaban en un principio. Es indudable que lo que se está buscando es humillar al pueblo griego, y hundir al gobierno de Syriza, el primer gobierno de toda la UE que se ha atrevido a enfrentarse a la Troika y decir No. Entre las durísimas condiciones imprescindibles para que se recupere la “confianza” perdida por la irresponsabilidad del gobierno griego se incluye entre otras la financiación de la deuda a través de la privatización masiva, y recortes en las pensiones. Pero además se obliga a dar marcha atrás en las reformas emprendidas en estos meses de gobierno, y la imposibilidad de emprender reformas sin el visto bueno de las instituciones europeas: “Para normalizar completamente los métodos de trabajo con las instituciones, el Gobierno deberá consultar y acordar con las instituciones –la Troika- cualquier iniciativa legislativa en áreas relevantes y con la debida antelación en consultas públicas o parlamentarias”.

alemanha
Lo que tenemos delante por tanto es, como correctamente se ha nombrado desde las redes sociales, un golpe de estado (en Twitter ha sido TT el hastag “ThisIsaCoup”), porque se está quitando a Grecia -y a todos los países de la UE la capacidad de legislar. Cuando se le arrebata a una nación el poder de legislarse a sí misma, se le ha arrebatado la soberanía. A Grecia se le están imponiendo unas condiciones para el rescate que suponen no sólo incumplir su programa electoral, sino anular la capacidad legislativa del Parlamento. Se trata de un golpe de estado en toda regla, y no sólo en Grecia, sino a toda la UE. El mensaje que están enviando los poderes financieros a la población europea es que aquí no hay alternativa, que las decisiones no se toman en los Parlamentos, que no hay democracia que valga. Lo que se puede o no se puede hacer no lo decide el poder político. Lo que nos están diciendo es que no seamos ingenuas, que los mecanismos democráticos europeos, en realidad, son una farsa, porque las decisiones importantes no se toman ahí. Y es que si realmente se tomaran en los parlamentos sería un desastre, porque al pueblo, ignorante y pobre, a veces le da por votar a opciones políticas como Syriza, un partido de ignorantes y de pobres, que no saben nada de economía y que pretenden poner por encima de los intereses de los ricos y de los poderosos los intereses de los pobres e ignorantes. A Syriza se le ha olvidado que cada uno ocupa el lugar que le corresponde, y que los pobres e ignorantes – y aquí pueden entrar países enteros como Grecia, como España o como Portugal – lo vienen siendo históricamente. El único gesto político que los mercados están dispuestos a aceptar es de ponerse de rodillas frente a Alemania, y si pretendes no arrodillarte y mantenerte en pie, reclamando tu soberanía, entonces te vas a enterar de lo que vale un peine: no sabes con quien estás hablando. Te van a retorcer el brazo hasta que grites de dolor y hasta que te arrepientas de haber pronunciado en algún momento que no eras una colonia de Alemania. Y van a seguir retorciéndole el brazo a Grecia mientras el resto de países miran cómo se lo retuercen, para que olviden definitivamente, si es que alguna vez se les pasó por la cabeza, votar de manera equivocada, es decir, votar a una opción que no esté dispuesta a aceptar los chantajes de una banda de gangsters.

Lo que se está jugando en este momento es nada menos que la soberanía de los pueblos europeos, y no es la primera vez que sucede en Europa. Lo que se está disputando es que la democracia y el Estado de Derecho tengan alguna posibilidad, o que por el contrario sean los intereses de los poderes económicos, por encima de los intereses de las personas, los que dictaminen el funcionamiento de las instituciones. Como lleva diciendo desde hace muchos años el filósofo Carlos Fernández Liria, cuando las reglas del juego las ponen los mercados, los Parlamentos sólo tienen una posibilidad de existir: siempre y cuando no sirvan para nada. En cuanto un Parlamento pretende cambiar mínimamente las reglas del juego, entonces se da un golpe de estado, más o menos encubierto, para poner los puntos sobre las íes, y así se le enseña al electorado lo que tiene que votar.

O combate que o Syriza está a fazer é o combate das nossas vidas. O combate pela democracia, pelo direito a decidir

Uma União credores que exclui a democracia
Capa de um semanário alemão, fevereiro de 2010, de propaganda contra os gregos

Capa de um semanário alemão, fevereiro de 2010, de propaganda contra os gregos

por Ricardo Moreira


Sempre soubemos que a União Europeia era um projeto imperialista que representava a resposta da burguesia à II Guerra Mundial, mas hoje já não se trata de uma União de Estados soberanos. Em vez de Estados membros há credores, como muito bem explicou Passos Coelho afirmando que é preciso não esquecer que há países europeus que “emprestaram muito dinheiro” à Grécia. E em vez de União há exclusão, como enunciou Cavaco Silva dizendo que “se a Grécia sair ficam 18”.

O Estado social, pilar deste projeto europeu original, é o alvo do ataque, assim como o valor do trabalho, porque é preciso aumentar a taxa de lucro e, portanto, mudar o contrato social. A longa e intermitente “integração europeia” foi retirando aos Estados capacidade de decisão, de intervenção, de atuação, nos mais diversos níveis: orçamental, legislativo e, finalmente com a introdução do euro depois de Maastricht, monetário. Em paralelo foram-se construindo poderes de facto não eleitos, como o Banco Central Europeu. O voto de cada cidadão/ã de cada país da União perdeu valor.

Com o mercado único e a introdução do euro os países periféricos começaram a ver as suas exportações esmagadas (ver aqui produção industrial de quem ganhou e perdeu com a introdução do euro) e as suas dívidas a crescer, beneficiando o centro da União, nomeadamente a Alemanha (ver aqui)

A crise das dívidas soberanas, que foi criada para salvar a banca francesa e alemã, não expôs a União Europeia como o colete de forças que é, mas, pelo contrário criou uma nova ferramenta para acelerar a desvalorização do trabalho, a privatização dos bens comuns e a destruição do Estado social: a combinação dívida/austeridade. A criação das troikas foi instrumental para responder ao início da crise, mas já antes o Tratado Orçamental, com a sua regra de chumbo, criava um novo paradigma, ilegalizando qualquer política expansionista na União Europeia. A austeridade é o alfa e ómega da União e todas as suas instituições e tratados são construídos em torno dessa política.

“Onde estão os membros da Internacional Socialista?” – perguntava há dias Freitas do Amaral (ver aqui) numa iniciativa unitária de solidariedade com a Grécia. Aqui estão eles: Martin Schulz ameaçou os gregos com a expulsão do euro caso o “não” ganhasse e depois de se confirmar a rejeição de mais austeridade por parte do povo grego Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, dizia que a escolha tinha sido “muito lamentável”. Onde está a Internacional Socialista? Onde estão os Sociais Democratas da Europa? Ao lado do Partido Popular Europeu, com a mesma política, sem tirar nem pôr. Da mesma forma que é impossível distinguir no essencial a política de António Costa da de Passos Coelho.

Se alguma vez se pensou que a União, os seus tratados e o euro eram reformáveis hoje esse caminho encontra-se fechado nesta Europa de partido único.

E se a austeridade como resposta à crise não denunciou a política da União e o colete de forças do Euro, desde a vitória do Syriza em janeiro deste ano caiu a máscara. Um governo de um Estado membro não tem nenhuma margem para nenhuma outra política que não seja a austeridade, como se verificou com o corte de liquidez a que o Estado grego foi sujeito para forçar um acordo que mostrasse que “não há alternativa”. Mais, sempre que parecia existir um avanço nas negociações fez-se ouvir a voz de Merkel ou de Schäuble, mostrando quem manda na União e ainda não se tinha tocado no ponto central: a dívida. A convocação de um referendo à austeridade, que chocou todos os eurocratas por devolver a palavra ao povo, foi uma aposta política tão arriscada como vitoriosa, que pôs a nu o medo que a UE tem da Democracia. Há quanto tempo não eram os/as cidadãos/ãs europeus ouvidos sobre as propostas que os afetam?

Aliás, a questão é mesmo essa, a União Europeia tem-se construído de maneira a que, mais e mais, possa garantir a acumulação de capital sem ser escrutinada pelo soberano, pelo povo. Essa tem sido, constantemente, a fuga para a frente das instituições europeias, pelo que não é de estranhar que Juncker tenha respondido a Tsipras no Parlamento Europeu esta semana que a solução para esta crise “é o aprofundamento da união económica e monetária”, que se tem visto ser feita à custa da soberania dos povos.

Como já há muito tempo não víamos na Europa, este domingo termina o prazo de um Ultimato da UE à Grécia. Claro que tinha de ser assim numa União de credores que é antidemocrática e que exclui a democracia e a palavra dos povos.

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En apoyo de la Grecia que resiste. Por el derecho de los pueblos a auditar la deuda pública

A los pueblos de Europa y del mundo, 
A todos y todas las que rechazan las políticas de austeridad y no aceptan pagar una deuda pública que nos ahoga, que fue contraída sin nosotros y contra nosotros.

Vic- povo grego
Para firmar el Llamamiento: GreekDebtTruthCommission.org
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Quienes firmamos este llamamiento nos situamos junto al pueblo griego que, tras su voto en las elecciones generales del 25 de enero de 2015, es el primer pueblo en Europa –y en el hemisferio Norte- que ha rechazado las políticas de austeridad aplicadas en nombre del pago de una deuda pública contraída por los de arriba, sin el pueblo y contra el pueblo. Al mismo tiempo, consideramos que la creación de la Comisión de la Verdad sobre la Deuda Pública, por iniciativa de la Presidenta del Parlamento griego, constituye un acontecimiento histórico de fundamental importancia, no sólo para el pueblo griego sino también para los pueblos de Europa y del mundo entero.

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En efecto: esta Comisión, compuesta por ciudadanos y ciudadanas voluntarias llegadas de todo el orbe, sin duda estimulará iniciativas semejantes en otros países. En primer lugar, porque el problema de la deuda es una verdadera peste que se abate sobre casi toda Europa y otros lugares. Y también porque muchos millones de ciudadanas y ciudadanos plantean, con sobrada razón, preguntas a la vez elementales y fundamentales sobre la deuda:

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-¿Qué ha pasado con el dinero de los préstamos, y en qué condiciones se solicitaron estos préstamos? ¿Qué intereses se han pagado ya, bajo qué tipos de interés, qué parte del principal ya se ha devuelto? ¿De qué manera la deuda ha crecido sin que ello beneficie al pueblo? ¿Qué caminos han tomado los capitales? ¿Para qué han servido? ¿Qué parte se ha sustraído, por quién y cómo? Y también:

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-¿Quién ha pedido prestado, y en nombre de quién? ¿Quién prestó y cuál fue su papel? ¿De qué manera se ha visto implicado el Estado, quién y cómo tomó las decisiones? ¿Cómo las deudas privadas se convirtieron en “públicas”? ¿Quién ha impulsado proyectos inadecuados e inútiles, quién contrató, quién se ha beneficiado? ¿Se han cometido delitos – por no decir crímenes – con ese dinero? ¿Por qué no se sustancian responsabilidades civiles, penales y administrativas?

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Todas estas preguntas las va a analizar de forma rigurosa la Comisión especial creada por iniciativa de la Presidenta del Parlamento de Grecia, Comisión cuyo mandato oficial se formula así: “Recopilar todos los datos relacionados con el surgimiento y el aumento desmesurado de la deuda pública y someterlos a minucioso escrutinio científico con el objetivo de definir qué parte que se puede identificar como deuda ilegítima, ilegal, odiosa o no sostenible, y ello tanto durante el período de los Memorandos, entre mayo de 2010 y enero de 2015, como en años anteriores. La Comisión también debe publicar informaciones claras y accesibles para todos los ciudadanos, realizar declaraciones públicas, facilitar la toma de conciencia de la población griega, así como de la comunidad internacional y la opinión pública internacional, y finalmente redactar argumentaciones y demandas relativas la cancelación de la deuda.”

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Consideramos que constituye el más elemental de los derechos democráticos, para cualquier ciudadano o ciudadana, el plantear estas preguntas y obtener respuestas claras y precisas a las mismas.

Entendemos que rechazar responderlas supone una denegación de democracia y un rechazo de transparencia por parte de los de arriba, que han inventado el “sistema-deuda” y lo utilizan para enriquecer a los ricos y empobrecer a los pobres. Aún más grave: juzgamos que, al monopolizar el derecho a decidir sobre el curso de la sociedad, los de arriba privan a la inmensa mayoría de las ciudadanas y ciudadanos no sólo de su derecho a decidir, sino sobre todo del derecho a asumir sus propios destinos, así como tomar las riendas del destino de la humanidad.

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Por eso, en esta situación de emergencia, dirigimos el urgente llamamiento siguiente a todos los ciudadanos y ciudadanas, a los movimientos sociales, a las redes y movimientos ecologistas y feministas, a los sindicatos de trabajadores y a las formaciones políticas que no se reconocen en esta Europa neoliberal, cada vez menos democrática y humanista:

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Manifestad vuestra solidaridad con esta Grecia resistente apoyando ahora, de forma activa, a la Comisión de la Verdad sobre la Deuda Pública griega y su trabajo de identificación de la porción ilegítima, ilegal, odiosa o no sostenible de tal deuda.

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Defended a la Comisión de los indignos ataques con que la acosan quienes, en Grecia y en todo el mundo, están interesados en mantener oculta la verdad sobre el “sistema-deuda”.
Participad activamente en los procesos de auditoría ciudadana de la deuda que se están desarrollando en muchos lugares, en Europa y fuera de ella.

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Compartid en red vuestro apoyo y solidaridad, pues sólo semejantes apoyos y solidaridades pueden lograr frustrar el plan de los poderosos que quieren asfixiar a la Grecia que lucha contra nuestros enemigos comunes: las políticas de austeridad y la deuda que nos ahoga.

nunca tantos deveram tanto a uns poucos dívida
Frente a adversarios experimentados, unidos, bien coordinados, armados con poderes exorbitantes y sobre todo decididos a llevar hasta el final su ofensiva contra todos y todas los que constituimos la aplastante mayoría de nuestras sociedades, no podemos permitirnos el lujo de resistir por separado, cada cual aislado en su rincón.

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Unamos nuestras fuerzas en un vasto movimiento de solidaridad con la Grecia resistente y apoyemos a la Comisión de la Verdad sobre la Deuda Pública griega, y multipliquemos Comisiones semejantes allí donde sea posible.

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La lucha del pueblo griego es nuestra lucha, y su victoria será la nuestra, pues sólo la unión hace la fuerza.
dívida auditoria crise FMI indignados

Grécia, vítima da gula dos bancos e das desigualdades dentro da UE

Por Grazia Tanta/ Kaos

indignados bunda banqueiros

Um tributo de solidariedade com o povo grego O sistema financeiro para sobreviver precisa de exportar dívida para os povos, servindo-se do Estado e das classes políticas para impor dois tipos de modelos – a desvalorização interna (austeridade) e a da moeda. Existem alternativas mas, somente saídas da vontade coletiva dos povos, […]

Um tributo de solidariedade com o povo grego

grazia muro

O sistema financeiro para sobreviver precisa de exportar dívida para os povos, servindo-se do Estado e das classes políticas para impor dois tipos de modelos – a desvalorização interna (austeridade) e a da moeda. Existem alternativas mas, somente saídas da vontade coletiva dos povos, sem taras nacionalistas ou autoritárias

Sumário

1 – O domínio através da dívida, o verdadeiro problema

2 – Duas falsas alternativas do neoliberalismo

3 – Por onde passa a alternativa?

4 – Sair do euro e/ou da UE como e com que vantagens?

5 – As preocupações do BCE, da UE e do FMI

5.1– Objetivo 1 – A estabilidade e a rendabilidade dos mercados financeiros

5.2– Objetivo 2 – Conter os europeus na austeridade, na ignorância e… no medo

5.3 – Objetivo 3 – Conter as ameaças geoestratégicas

1 – O domínio através da dívida, o verdadeiro problema

Desenvolvemos recentemente algumas considerações sobre o crescimento e as desigualdades[1]. Vejamos agora como o crédito e a subsequente acumulação de dívida têm sido instrumentos essenciais para “alavancar” esse crescimento, gerando estratégias empresariais e pessoais de endividamento, colocando o mundo em estado de servidão face aos donos da dívida, o sistema financeiro. Esses donos, são bancos, seguradoras, fundos de pensões e outros – com relevo para os “simpáticos” fundos abutre – e toda uma diversificada panóplia de serviços e funções parasitárias – analistas financeiros, dealers, consultores, etc; sem esquecer os reguladores, o FED, o BCE e a rede de bancos centrais europeus, onde se enquadra o “nosso” Bdp cujo nome nos faz lembrar os pouco recomendáveis, Constâncio e Carlos Costa. Todo essa maquinaria procura manter oleada a máquina da dívida, do seu demencial crescimento, em concertação com os seus funcionários das classes políticas a quem cabe garantir a estúpida apatia vigente na multidão de seres humanos perante a captura da vida de cada um, diretamente ou através do “seu” estado, na espiral da dívida.

O gráfico seguinte fornece um quadro do aumento do peso da dívida total – pública, das empresas financeiras ou não financeiras e das pessoas – que, em última análise sobrecarrega os humanos. Em 14 anos passou dos 246% do PIB mundial para os 286% e os seus $ 199*1012 representam cerca de $ 28000 por ser humano ou, de outro modo, o correspondente a perto de três anos de trabalho de cada pessoa. Se se preferir, aquela capitação corresponde a quatro anos de remunerações brutas de um trabalhador português com o salário mínimo. Trágico e assustador!

A evolução ali espelhada revela que até 2007 a dívida crescia essencialmente no seio do próprio sistema financeiro e das famílias, por razões bem conhecidas; nos últimos anos o crescimento da dívida centrou-se nos estados, a quem compete proceder à sua distribuição pela população, situando-se o sistema financeiro oculto, na sombra, de corruptos governantes que fazem o trabalho sujo. Assim, os estados surgem na frente dos detentores de dívida, em 2014 com mais de 29% do total, claramente acima das responsabilidades que cabem diretamente às famílias e ao próprio sistema financeiro. Esta situação obriga a relembrar o papel dos estados nas sociedades capitalistas, como instrumentos dos segmentos dominantes do capital, com funções de articulação das relações inter-capitalistas e de redistribuição regressiva entre os capitalistas no seu conjunto, por um lado e a grande massa da população, por outro. Entre nós e “eles”, entre os de baixo e os de cima.
Esta política é global e não se cinge às práticas do BCE ou do FED norte-americano. Desde 2006 acelerou a monetarização massiva das economias – os quantitative easings – por parte do conjunto dos bancos centrais do mundo. As necessidades intrínsecas do capital financeiro de reproduzir lucros não se podiam limitar à formação de poupanças das famílias, nem ao crescimento do volume dos depósitos nos bancos e daí a demencial criação de dinheiro, muito para além das necessidades da economia, constituída pela produção de bens e serviços, em última análise para satisfazer as necessidades humanas. Assim, desde 2006 os ativos do conjunto dos bancos centrais do mundo passaram de $ 6*109 para $ 22*109 muito acima, portanto, do crescimento dos rendimentos contabilizados. No caso do FED, os seus ativos cresceram 23 vezes em 1987/2014 enquanto o PIB se multiplicou apenas três vezes e o rendimento médio das famílias norte-americanas somente duplicava. Como se diz em Espanha, não há pão para tanto chouriço.

Esta loucura por parte dos bancos centrais corresponde aos interesses do capital financeiro muito mais interessado na especulação baseada em cascatas de títulos e jogos na bolsa do que em financiar a atividade económica. O sistema financeiro, de acordo com as contas das instituições estatísticas, inclui os juros cobrados e os lucros como contributos para o PIB mesmo que se acumulem nas contas da oligarquia mundial de banqueiros, executivos e acionistas de multinacionais, milionários, com fraco impacto na economia. A contabilização dos lucros, essenciais para agradar aos acionistas, pode basear-se no registo de mais-valias potenciais, o que como se depreende são incertas e voláteis contribuindo para que a dimensão do próprio PIB perca muito do seu sempre nebuloso significado, em termos reais.

Por outro lado, esse dinheiro criado e transitado do BCE para os bancos vai permitir que estes ajudem as classes políticas nacionais e autárquicas a criar obra, com o consequente endividamento público a que irá corresponder a oneração fiscal da população; e os bancos até desenvolvem técnicas de perpetuação de dívida pública com contratos de parceria público-privadas, swaps e outros, com a aprovação de ministros e altos quadros da área das finanças comprometidos, com o partido no poder ou, por mera ignorância. Enquanto as economias forem apresentando algum crescimento, este edifício de frágil filigrana vai-se mantendo mas, quando há emperramento logo surgem as vítimas – empresas que fecham, famílias que não podem pagar os empréstimos para a habitação e são despejadas, estados constituídos como devedores eméritos, impulsionadores diretos ou indiretos de políticas de austeridade, de cortes, privatizações, etc.

As taxas de juro baixíssimas são a única forma de fazer crescer a espiral do crédito em economias estagnadas; se fossem mais altas então haveria ainda menos procura para investimentos produtivos. Por outro lado, se com taxas próximo de zero a economia não cresce, admitindo que a taxa de juro continua a ser o nivelador do volume do crédito, o crescimento só poderá surgir, matematicamente, de taxas negativas que não incentivarão à poupança junto dos particulares que, talvez pensem guardar as economias no colchão. Como o capital financeiro não pode parar de crescer, como acontece com qualquer “mercado” e sendo insuficiente e esquiva a poupança dos particulares, quem terá de salvar a situação é, como é usual, o Estado, para além da torneira aberta dos bancos centrais. É o Estado se constituirá em devedor compulsivo junto dos bancos que entregarão esses títulos como “colaterais” (garantias) junto dos bancos centrais. O problema é que a afetação de receitas públicas ao serviço de dívida acentua o pendor recessionista, ao retirar poder de compra e a impor medidas de austeridade às populações, coloca restrições de natureza política e social. Enfim, o Estado, como capitalista coletivo a funcionar em toda a sua transparência a favor do segmento dominante do capitalismo, o sistema financeiro.

Este modelo em que o Estado se endivida para ajudar o sistema financeiro (entre outros capitalistas) à custa das populações, sem qualquer benefício para estas é a matriz da ilegitimidade da dívida contraída. É uma exigência dos povos a sua anulação mesmo que haja partidos ditos de esquerda que tentam ajudar o sistema financeiro, à custa da multidão, propondo mansas fórmulas de reestruturação da dívida.

Essas mansas fórmulas apenas adiarão o estoiro da bolha de dívida – pública, das empresas e das famílias. Nesse estoiro desaparecerão milhares de bancos e empresas financeiras que se alimentam da bolha, obrigadas a assumir os seus créditos como incobráveis perante sociedades arrastadas em espirais de falências, de desemprego, de pobreza e repressão por parte das classes políticas, em defesa dos seus mandantes do sistema financeiro, como também da sua existência enquanto segmento social parasitário e nefasto.

2 – Duas falsas alternativas do neoliberalismo

Na cartilha neoliberal há duas posições para resolver os desequilíbrios financeiros dos estados.

Uma, defende a desvalorização interna, com austeridade, reduções salariais, cortes de pensões, nos direitos, com privatizações e outras “reformas estruturais”, como a liberalização do “mercado” do trabalho, a carga fiscal agravada, excepto para empresas, e o desmantelamento da segurança social, com a população na penúria e com uma precarização que, a partir do trabalho, se estende para todas as áreas que envolvem a vida. Esta narrativa diz-se necessária para que os países se tornem mais competitivos e tirem o pescoço do cepo através da exportação. Um dia…
Outra, é a desvalorização de uma moeda própria (com saída do euro) para obter essa mesma competitividade face à concorrência nos mercados externos, provocando forte inflação, perda de poder de compra da população, sobretudo dos assalariados – os eternos pagadores – e, desigualdades enormes entre quem tem acesso a moeda forte e quem não tem, com contrabando, mercado negro, fuga de capitais através de esquemas de subfacturação e sobrefaturação por parte do empresariato[2]. Em casos de forte dependência de importações e de exportações com baixo valor acrescentado, como é caso de Portugal ou da Grécia, o instrumento monetário seria desastroso, tal como a chamada desvalorização interna.
A primeira opção foi a adoptada pela troika, imposta para Portugal como para a Grécia dado que uma desvalorização regional da moeda não está disponível. O fracasso está à vista, dedicando-se Draghi ao seu quantitative easing, comprando dívida com o produto da emissão de moeda para alimentar a especulação dos bancos; ou ainda compensando a fuga de dinheiro da Grécia, dando luz verde ao banco central grego para ir imprimindo euros (é o ELA, emergency liquidity assistance).

O fracasso actual é evidente, porque se não pretende a colocação em causa da arquitetura europeia baseada em fundas desigualdades regionais e sociais, na segmentação do território entre Centro e periferias, elementos esses que são anteriores ao euro; para que se não molestem os sagrados interesses do capital financeiro, a oligarquia comunitária e o FMI admitem a colocação da Grécia no “lixo”, como um pária indigno de se sentar à mesa do banquete capitalista que se abastece na referida arquitetura.

A questão não é entre a desvalorização interna ou a de uma moeda nacional, ou de exercícios encantatórios sobre a coexistência pacífica entre duas moedas. Em todos os países, mesmo os que detêm moedas nacionais, manifestam-se grandes desigualdades regionais e sociais quanto ao desenvolvimento e riqueza; e não consta que se venham a criar moedas próprias para o conjunto dos lander alemães que constituíam a antiga RDA, para Trás-os-Montes, para a Extremadura espanhola, para o Mezzogiorno italiano ou o Epiro grego. Existem, mesmo sendo insuficientes, formas de estabelecimento de solidariedades dentro de cada estado-nação, incentivos e benefícios fiscais, transferências, qualquer que seja a sua moeda.

Como se sabe, são pouco evidentes essas formas de solidariedade no seio da UE, que se pretende um espaço único. A UE preocupa-se mais com planos de investimento que viabilizam empresas, que engordam os bancos, que alegram governos e autarcas nacionais, com a competitividade fiscal entre os países e entre estes e os off-shores, do que em constituir fórmulas avançadas de desenvolvimento regional e de transferências que façam da UE, de facto, um espaço coeso e solidário.

3 – Por onde passa a alternativa?

A dicotomia entre a desvalorização interna ou a de uma moeda nacional é o discurso do sistema financeiro, das classes políticas que o servem, sendo uns, neoliberais convictos e servis e outros, keynesianos, convencidos de que maiores poderes a um Estado capitalista (dirigido por eles, obviamente…) são a porta do Eden. Porém, todos são defensores explícitos ou implícitos, apenas complacentes com o capitalismo; aquela dicotomia separa apenas os segmentos mais à direita ou ditos de “esquerda” das classes políticas. Qualquer solução tem de se construir com:

· uma base social e política alargada a construir nos planos nacionais;

· a determinada recusa de propostas nacionalistas bem como de intervenções autoritárias[3] construídas e exigidas pelas instituições da troika;

· uma forte componente de construção internacionalista, solidária e supranacional;

· a criação de instituições nacionais e supranacionais democráticas, emanadas diretamente dos povos e submetidas ao controlo popular;

· a ausência de uma classe política, de profissionais do tráfico de influências;

· o redimensionamento e reconfiguração do sistema financeiro, baseado nas poupanças e não na estouvada criação de meios artificiais para alimentar a especulação.

4 – Sair do euro e/ou da UE como e com que vantagens?

Os tratados europeus não contemplam a saída de um país da zona euro, embora seja referido frequentemente, pelos media e pelos membros da classe política, a possibilidade de expulsão da Grécia, sabendo-se que a Grécia, o seu governo e o seu povo não terão ainda descoberto nisso qualquer vantagem. Estará a faltar-lhes, certamente os avisados conselhos do seu KKE, dos lusos PCP e satélites ideológicos, do nacionalista Ferreira do Amaral, do volúvel Louçã e de vários escolásticos da praça. A adopção do euro é como o nascimento de um filho; pode evitar-se que venha a nascer mas, fazê-lo desnascer é muito complicado.

O artº 140, nº 3º do Tratado sobre o Funcionamento da UE fixa de modo irrevogável a taxa com qual o euro substituiu a moeda nacional do país aderente, não se admitindo a saída voluntária nem a expulsão, nem estando contemplados mecanismos ou calendários para a concretização dessa saída. No entanto, está previsto que um país pode abandonar a UE (artº 50º do Tratado da União), sendo-lhe dado um prazo não superior a dois anos para o efeito. Mas não pode ser expulso. Assim, se a Grécia abandonar a UE, por arrastamento deixa o euro; o que provavelmente não fará, pelos inconvenientes económicos e financeiros que teria e para não facilitar a vida aos outros membros, colocando nestes a invenção dessa sanção máxima que o direito comunitário não prevê, a de expulsão da UE. Mesmo que de modo desastrado, o ministro austríaco das finanças sugere que a Grécia peça para sair da zona euro (?) e que todos os outros países deverão concordar com isso.

Pode pensar-se que o artº 4º do Tratado da União estatui que os estados-membros se devem abster de qualquer medida susceptível de colocar em perigo a realização dos objetivos da UE mas, não esclarece quem tem essa competência. Falar de saída do euro mostra as divergências existentes, o azedume mas, legalmente, qualquer tentativa de a levar a cabo redundaria numa enorme confusão jurídica, política e económica, um desastre para o euro como moeda (para gáudio dos EUA) e para a Grécia, submetida a todas as pressões e chantagens.

Não deixa de ser ridiculamente curioso, por exemplo que o PCP, seus satélites e Louçã defendam a saída do euro de modo concertado, num género de acordo de cavalheiros, onde eles não existem, como se vai observando no seu comportamento com a Grécia. E, ao mesmo tempo se quedem por algo tão manso e pífio como a reestruturação da dívida pública, não assumindo nem a sua ilegitimidade e contribuindo no engano de que aquela seja pagável. Considera-se que uma dívida ao ultrapassar os 100% do PIB jamais será pagável e, para mais com o crescimento anémico que se observa nos países europeus mais endividados e a continuidade das suas corruptas classes políticas.

Nas ditaduras o direito vale o que vale, é instrumental e não uma referência para a convivialidade social. As instituições estatais ou pluri-estatais europeias não são um exemplo de democracia; implícita ou explicitamente, adoram Carl Schmitt. Segundo o pensamento deste ideólogo do fascismo, o exercício da soberania comporta a decisão fora de qualquer norma jurídica, assumindo, como conveniente a existência de uma situação de excepção para justificar uma decisão arbitrária; não se esquecendo de apontar como objetivo a eficácia de uma medida que vise o regresso a uma situação de normalidade. Neste contexto, a normalidade não passa de uma utopia que assoma, sem se fixar, nos evanescentes intervalos que separam estados de excepção reais ou criados pelas classes políticas – programas de estabilização financeira, ameaça terrorista, inflação, deflação, desemprego elevado, reformas estruturais, estabilidade dos mercados… Dito isto, é evidente que, se necessário, os poderes (BCE, Bundesbank, Eurogrupo, Comissão Europeia) inventarão um dispositivo qualquer, no seio das suas posturas de ditatorial arrogância, para retirar a Grécia da zona euro; e terão como apoiantes mais fervorosos os cães, que sempre ladram mais alto que a dona.

Em que estado ficarão o euro, a UE, os chefes nacionais e sobretudo a Merkel que deu a cara por toda esta situação? Situação que se carateriza por atropelos e trapalhadas, que chegam ao ponto de condenarem a realização de um referendo na Grécia, negando ao povo grego o direito elementar de decidir sobre as propostas dos oligarcas comunitários. A rotina, de facto, tem sido a inexistência de consultas populares (ou que são torpedeadas como no caso da Irlanda). Cada vez mais a arquitetura da UE se parece com uma ditadura que concede, sorridente, a realização de romarias eleitorais como toscos espetáculos de final a priori conhecido.

5 – As preocupações do BCE, da UE e do FMI

É evidente que há uma pressão enorme das instituições da troika (chamamos-lhes assim a despeito do governo grego ter vincado o seu fim e não usar o vocábulo) para que continue a desnatação do povo grego, com cortes adicionais nas pensões e aumentos do IVA e não a oneração da tributação das empresas de maior gabarito. Alheios a qualquer preocupação humanitária, às instituições interessam-lhes três ordens de grandezas;

a estabilidade e a rendabilidade dos mercados financeiros;
o não agravamento da situação económica e social na Europa, nomeadamente para que não haja um contágio grego;
e a disputa entre o euro e o dólar pelas preferências de especuladores e estados quanto a divisas de transação, de referência nos preços e de reserva.

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5.1– Objetivo 1 – A estabilidade e a rentabilidade dos mercados financeiros

A dívida grega, como a portuguesa, não tem tido uma evolução explosiva nos últimos anos, de modo a colocar em perigo a estabilidade dos mercados financeiros, embora seja real que, em qualquer dos casos possa haver uma incapacidade de cumprimento dos planos de reembolso e de pagamento de juros, por implosão das suas capacidades de geração de meios financeiros, ou de renovação de divida a baixas taxas ou ainda, por explosão social, com repercussões regionais e até geopolíticas.

O interesse do capital financeiro global como principal baliza de alinhamento das instituições e das classes políticas europeias, dota a dívida de um caráter odioso e ilegítimo (ver relatório da Comissão pela Verdade sobre a Dívida Grega[4] e no caso português[5]) porque os povos nada beneficiam dela, mostrando-se simples instrumentos, obrigados fornecedores de rendimentos para os credores, obrigações essas que lhes foram imputadas por parte do capital financeiro, interessado, quer no caudal dos juros, como na aceitação de títulos das dívidas públicas pelo BCE, como formas de garantia para o abastecimento de fundos aos bancos.

Sabe-se que os bancos procuram aplicar freneticamente todo o dinheiro que detêm e o que criam a partir do nada. Em tempos de desemprego, de fraca performance das economias, a procura de crédito não anda famosa e, por seu turno, os estados têm por detrás populações susceptíveis de garantir reembolsos e juros, com riscos não comparáveis com nenhuma outra entidade. Essas aplicações junto dos estados permitem aos bancos assenhorearem-se de rendas correspondentes, tendencialmente perpétuas, cobrando juros com taxas entre 1.9% ou 5% do PIB, respetivamente, nos casos da Alemanha e de Portugal.

Esta mina para o conjunto dos países do euro aderentes até 2009, aumentou de € 7.26 biliões em dezembro daquele ano, para € 9.3 biliões cinco anos depois, com um crescimento de 30.9%, muito acima do crescimento da economia daquele conjunto de países (média anual de 0.67% para a UE entre o 1º trim/2010 e o 2º trim/2014). Há pois, um hiato entre o crescimento da divida pública e a evolução das capacidades de lhe fazer face, o que prenuncia dificuldades de pagamento.

Essa dívida pública não fica simplesmente registada nos balanços dos bancos aguardando a chegada dos juros e o dia do reembolso. Ela é entregue como garantia dos bancos ao BCE para este lhes fornecer dinheiro fresco à ridícula taxa actual de 0.05%, para aplicação na sua atividade preferida, a especulação. O BCE, formalmente fornece liquidez aos bancos para estes o colocarem na atividade económica, em investimento efetivo levado a cabo por empresas mas, essa afetação só se tornou vinculativa com um programa que se manterá até meados de 2016, numa escala muito inferior à concessão não condicionada de crédito.

Em 2012 o segundo resgate da Grécia contemplou a substituição de títulos de dívida grega por outros, novos, de forma a continuarem como colaterais oferecidos pelos bancos, mantendo-se assim intocáveis os níveis de financiamento do BCE aos bancos, sem que a Grécia tivesse tirado daí qualquer benefício; por exemplo, o BCE poderia ter então condicionado o dinheiro emprestado aos bancos e garantido por aqueles títulos, a investimentos produtivos na Grécia, o que não fez, pois isso não era conveniente para os bancos, mais interessados na especulação e em aplicações corruptas concertadas com as classes políticas.

O gráfico seguinte é eloquente e nele facilmente se observa que os créditos fornecidos – a vários títulos – pelo BCE à Grécia superam a própria situação líquida do banco. Tecnicamente o BCE faliria mas, como tem por detrás os estados da zona euro…

Para continuar a financiar os bancos da zona euro, o BCE irá, até 2016, triplicar o seu capital próprio actual que é de € 1 bilião. Para ofereceram colaterais (garantias) ao BCE – impedido de financiar diretamente os estados – os bancos concorrerão aos leilões de arrematação de dívidas soberanas que entregarão ao BCE como garantia do fornecimento de liquidez, aumentando-se também a dívida dos estados e o jugo no pescoço das populações.

A pressão exercida sobre o povo grego pelas instituições da UE e o comparsa FMI, consiste em que a Grécia vá empobrecendo com a nutrição em juros dos bancos, garantindo que a eternização da dívida irá mantendo o financiamento quase gratuito do BCE aos bancos para que estes desestruturem a economia global. Daí a pressão contra o governo grego por não ser complacente com as instituições da troika e os bancos que aquelas representam (Draghi era do famoso Goldman Sachs[6], por exemplo). Imagina-se o pânico que irá nas cabeças pensantes de Bruxelas, Frankfurt e Berlim se nos países mais endividados do euro houvesse a resistência que o governo Syriza está a tentar opor? Para evitar o contágio grego, o falcão Schauble, desde o princípio, tem sido avesso a concessões aos gregos, remetendo para os serviçais Passos e Rajoy a figura dos mais desejosos da penalização ou banimento da Grécia; se isso acontecer ficarão na fotografia dos bons alunos da turma, poderão apontar para a inevitabilidade das suas miseráveis condutas e, quem sabe, poderão vir a sentar-se na administração de um banco, provavelmente com um recado expresso “não abra a boca, nem mexa uma palha”, tendo em conta a imbecilidade de ambos.

Os imbecis não têm vistas largas e a sua atitude de penalização da Grécia permite-lhes descurarem que, banida a Grécia do palco, o espetáculo irá continuar com outros atores, mormente Portugal. Este, verá as taxas de juro da dívida a subir, maior retração das ofertas nos leilões (como aconteceu recentemente) o que irá despedaçar as metas do deficit e originar, para depois da romaria eleitoral de outubro, novas medidas punitivas da população. Entretanto, a pobre tesoureira Maria Luís canta constantemente a melodia dos cofres cheios… que talvez dure até à próxima romaria eleitoral.

5.2– Objetivo 2 – Conter os europeus na austeridade, na ignorância e… no medo

A Alemanha tem deixado arrastar a situação à espera de um acordo com os gregos que deixe tudo como dantes – os gregos com austeridade sem fim e a Alemanha a exportar os seus produtos, a proceder à manutenção dos submarinos vendidos à Grécia e com o euro livre de pressões e flutuações, de todo inconvenientes para países exportadores. A Alemanha, sabendo perfeitamente que a dívida grega não é suportável pelos gregos, manteve o caldo em fervura lenta nos últimos três anos, com a preciosa ajuda do governo Samaris. A saída deste último precipitou a situação e tudo indica que a actual situação a propósito da Grécia é apenas o princípio de uma grave crise do projeto europeu na sua actual configuração e uma desvalorização/instabilidade do euro que torne a moeda pouco atraente como divisa de reserva e de fixação de preços em contratos a prazo, com o dólar à espreita para reafirmar a sua hegemonia. Assim, a Alemanha tudo fará para manter a estabilidade do funcionamento dos mercados, a paz (podre) social da Europa, agindo em conformidade, banindo, se necessário, a Grécia da UE/euro, com rápida alteração dos tratados, no sentido de maior centralização da decisão nos órgãos comunitários e ainda inventando uma contrapartida conveniente se, em Espanha o Podemos e outros grupos colocarem em causa o binómio PP/PSOE.

Por outro lado, dada a relevância que a exportação tem para a Alemanha a instabilidade em torno do euro pode afetar o nível de emprego no país, conduzir a alterações na actual paz laboral e colocar Merkel em causa, em benefício dos seus irmãos do SPD e do aumento da popularidade do AfD, susceptível de captar eleitorado tradicional da CDU/CSU.

Entre a oligarquia espera-se com ansiedade a vitória do “sim” no referendo de dia 5 na Grécia (se ele se concretizar) e que daí advenha o afastamento do actual governo, com o regresso dos funcionários gregos da troika e a paz celestial aos “mercados”. Porém, a presença de um governo Syriza, de certo modo, tranquiliza a troika pois esta tem alguém com quem dialogar e a serenidade nas ruas de Atenas. Imagine-se um regresso de um Samaris, com uma frágil maioria, obrigado por dever de ofício a satisfazer os interesses da estabilidade do euro e a aceitar as novas e brutais exigências da UE/FMI, com os gregos em polvorosa, por razões sociais e políticas, vendo nisso o equivalente a uma nova invasão alemã. A instabilidade manter-se-ia a não ser que Samaris imitasse em termos de repressão, o regime dos coronéis; a UE aplaudiria pois as pessoas nasceram para servir os mercados, não é verdade?

A crispação da UE revela que os seus mandadores preferirão enviar a Grécia pela borda fora para garantir a estabilidade do euro e a paz nos mercados e, com isso, dar um sinal aos outros países endividados, mormente os de maior gabarito – como Espanha – de que a norma é a obediência à lógica do endividamento e do empobrecimento, para glória da ditadura do sistema financeiro. Aliás, essa subordinação dos estados periféricos e a transformação dos poderes nacionais em meras competências delegadas ou autárquicas, enquadra-se na lógica da centralização das decisões em instâncias não democráticas, por um lado e, no vincar da lógica economicista, por outro, como se observa também no âmbito dos nebulosos tratados TTIP, TISA…

Toda esta fixação no pagamento de dívidas incobráveis também parece estranha nos EUA que consideram mais avisado proceder a uma redução razoável da dívida grega, com ou sem acompanhamento por parte do FMI, como aliás sugerido pelo secretário de estado do tesouro norte-americano[7]; resta saber se e como o conselho dado à Europa pelos norte-americanos será por estes aplicado a Porto Rico, a braços com uma dívida brutal que poderá ter impactos nos mercados financeiros[8]. Por seu turno o próprio FMI divulgou, no último dia 26, um relatório onde procede a cenários contemplando haircuts e extensões dos prazos de pagamento até 2064[9].

O problema da Alemanha é a manutenção do seu enorme excedente externo que alimenta de liquidez o seu sistema financeiro, natural credor dos países do Sul; uma redução da dívida grega levantaria idêntica reivindicação a países altamente endividados como Portugal, Espanha, Itália… com efeitos devastadores sobre a liderança alemã na arquitetura da zona euro.

Uma bancarrota grega, como se adivinha, conduz a limitações aos movimentos de capitais (em Chipre duraram dois anos e na Islândia sete), algo inimaginável dentro dos objetivos mais sagrados da construção europeia e da ortodoxia neoliberal; e, eventualmente daí poderão resultar limitações gregas à importação de bens, como excepção a outra das vacas sagradas do capitalismo, o comércio livre.

A experiência cipriota de 2012, com a intervenção da troika, narra que os depósitos acima dos € 100000 foram expropriados para abate na dívida, quer fizessem parte das poupanças de cidadãos comuns, mormente reformados, ou do fundo de maneio de empresas, por exemplo de hotelaria; revela também que o serviço de dívida foi estabelecido sem qualquer atenção aos efeitos desastrosos sobre a economia do país. Esta e as restantes experiências demonstraram que as populações sofreram a subordinação das suas vidas aos interesses das instituições que zelam pelos interesses do capital financeiro e dos seus cegos burocratas. Porém, isso só aconteceu porque as suas classes políticas se renderam totalmente aos desígnios da arquitetura europeia, marcada pela demarcação de desigualdades entre Centro e periferias; e, pior que isso, porque as populações se mantêm anestesiadas pelas rotinas da democracia de mercado, mostrando-se afastadas da chamada a si das decisões sobre interesses coletivos, relegando as classes políticas, para os capítulos dos maus momentos nos livros de História.

5.3 – Objetivo 3 – Conter as ameaças geoestratégicas

O euro está presente em 25% das reservas globais de divisas, é a forma de expressão monetária de 40% do comércio mundial e é em euros que estão denominados 34% dos empréstimos bancários[10]. Esses indicadores representam um feito assinalável se se pensar que o euro tem apenas 14 anos de vida e que a sua representatividade se conseguiu a expensas de algumas moedas como a libra e, particularmente, do dólar.

Certamente os EUA estão preocupados com a situação do euro, pelos seus efeitos de contágio sobre o sistema financeiro mundial, nas cotações das bolsas, na procura de divisas para efeito de pagamentos internacionais ou para a reconfiguração de reservas em divisas. Gostariam de uma degradação da imagem do euro em lume brando que beneficiasse o dólar (e outras moedas, como o yuan… como danos colaterais), algo à semelhança do que aconteceu com a perda de relevância do dólar após o surgimento do euro. Mas não pretendem movimentos bruscos, susceptíveis de retrações e pânico, como aconteceu em 2008 com a crise dos “subprimes”.

Como única potência com capacidades de atuação global, em todas as vertentes – política, económica, militar, informação – os EUA pretendem consolidar o papel do dólar aproveitando as dificuldades institucionais na Europa ou ainda os impactos ali, do fluxo de emigrantes e refugiados provenientes de África e do Médio Oriente, que estão a facilitar o argumentário dos que antipatizam com as regras Schengen e impulsionam a militarização do Mediterrâneo como resposta à desagregação social e económica nas regiões que rodeiam a Europa.

Nesse âmbito estratégico, os EUA vêm antagonizando a Rússia, arrastando a Europa para lógicas de crispação que afetarão o preço do acesso ao petróleo e ao gás vindos da Rússia.

A Alemanha, por exemplo, que tem 1800 unidades industriais deslocadas na Ucrânia, onde os salários são baixos, interessa-lhe a integração ucraniana na sua esfera de influência em consonância com uma Rússia fornecedora de energia. Esse projeto não interessa aos EUA que veem aí um reforço da UE e do euro interessando-se mais em colocar a Nato junto à fronteira russa, empurrando a Rússia para a Ásia. O FMI, por seu turno, admite poder “emprestar dinheiro à Ucrânia mesmo que o país não possa cumprir o serviço de dívida”[11], depois de ter avançado com um empréstimo de $ 17500 em março. O contraste face à Grécia que não pagou no último dia 30 € 1600 não podia ser maior.

Ainda no campo da geopolítica, parece não haver nas instituições europeias quem observe o convite dos BRIC’s para a Grécia se tornar o sexto membro do seu projetado Banco de Desenvolvimento, que terá um capital de $ 100000 M, pertencendo à China a maior parcela e que se pretende apresentar como uma alternativa ao recurso do FMI, dominado pelos EUA e pela Europa[12]. Uma das funções do novo banco será satisfazer as necessidades dos seus membros que tenham deficits externos. Este projeto pode relacionar-se com o desvio do trajeto de um South Stream – oleoduto entre o Sul da Rússia e a Bulgária, através do mar Negro para a Turquia e a Grécia, atravessando a Macedónia e a Sérvia (o Turkish Stream).

Mais recentemente, a China apresentou-se para ajudar a Grécia nas dificuldades financeiras atuais, diretamente ou por intermédio das instituições europeias[13], o que não deixa de mostrar a todos a menoridade política das instituições europeias, dominadas por membros de dois gangs, o PPE e o S&D.

Este e outros documentos em:

http://grazia-tanta.blogspot.com/

http://pt.scribd.com/profiles/documents/index/2821310

http://www.slideshare.net/durgarrai/documents

[1] http://grazia-tanta.blogspot.pt/2015/06/crescimento-vantagens-competitivas-e.html

[2] http://grazia-tanta.blogspot.pt/2014/09/a-nao-solucao-com-um-novo-escudo-1.html

[3] Em finais de 2011, o então chefe do executivo, Papandreu havia sugerido um referendo para aceitação ou não do segundo resgate da troika. A oposição das instâncias da UE e dos “mercados” financeiros, fielmente seguida pela Nova Democracia e parte importante do Pasok impôs na Grécia um financeiro vindo do BCE – Papademos – para primeiro-ministro de uma coligação ND/Pasok que haveria de preparar as novas eleições que viriam a ser ganhas pela ND de Antonis Samaris. Não houve referendo, o segundo resgate foi portanto, aceite e, como se vê, não tornou a Grécia livre do espartilho do capital financeiro, nem da troika.

[4] http://www.hellenicparliament.gr/Enimerosi/Grafeio-Typou/Deltia-Typou/?press=abd173dc-82dd-4207-a927-a4ba00e245e0

[5] http://grazia-tanta.blogspot.pt/2014/03/porque-nao-e-pagavel-divida-publica.html

http://grazia-tanta.blogspot.pt/2014/07/por-que-no-se-puede-pagar-la-deuda.html

http://grazia-tanta.blogspot.pt/2014/07/why-portuguese-public-debt-is-not.html

[6] O glorioso Goldman Sachs montou na Grécia uma contabilidade fictícia em conluio com os governos da ND/Pasok e as instituições europeias. Até onde haverá responsabilidades pessoais de Draghi? Há algum princípio de justiça em ser o povo grego a pagar com desemprego, desespero e privações os efeitos de uma burla com responsáveis bem conhecidos fora da cadeia?

[7] http://ionline.pt/399553?source=social

[8] http://www.zerohedge.com/news/2015-07-02/swedens-qe-officially-broken-riksbank-doubles-down-lowers-rates-even-more-negative-b

[9] http://www.imf.org/external/pubs/cat/longres.aspx?sk=43044.0

[10] Retirado de “A solução novo escudo” de João F Amaral e F Louçã

[11] http://www.femepress.es/economia/christine-lagarde-ucrania-prestara-dinero-a-ucrania-aunque-no-pueda-pagar-las-deudas/

[12] http://br.sputniknews.com/opiniao/20150504/930999.html

[13] http://www.zerohedge/2015-07-02/china-state-official-hints-beijing-may-bailout-greece

La “crisis” griega en ocho claves

Por Luis Salas Rodríguez

grécia

1. Contrario a lo que afirma la prensa atlantista, la decisión del gobierno de Alexis Tsipras de convocar a un referéndum popular para que sea el pueblo griego quien decida si acepta o no las condiciones impuestas por la llamada troika (Banco Central Europeo (BCE), la Comisión Europea (CE) y el Fondo Monetario Internacional) no ha desencadenado una crisis ni dentro de Grecia, ni dentro de la Unión Europea, ni para el Euro. Esta decisión, por el contrario, busca poner fin a una crisis desatada por esa misma troika y por lo intereses que representa, quienes primero se dieron a la tarea de inflar una burbuja financiera de dimensiones colosales que llevó al endeudamiento masivo de varios países del continente entre ellos Grecia, para luego aplicar un severo programa de ajuste de modo de poner a sus ciudadanos y ciudadanas, a pagar los costos del desinfle de dicha burbuja y el rescate de la banca privada.

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2. La situación que enfrenta Grecia es el resultado de la forma perversa en que fue planteada la Unión Europea y la adopción del Euro, una “unidad” basada en profundas asimetrías y donde no solo la soberanía de los países más débiles es arrebatada por la institucionalidad europea y la de los países más fuertes, sino que, de hecho, la soberanía popular a lo interno de todos los países que la conforman –incluyendo Alemania- ha sido arrebatada de modo que ya no existe democracia y todas las medidas de orden político, social, económico y de cualquier otro orden son tomadas a espaldas del pueblo europea incluso –y sobre todo- cuando más los afectan.

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3. La crónica de cómo se ha llegado a este punto es más o menos la siguiente: Grecia adoptó el euro el 1º de enero de 2001 y a partir de entonces vivió un boom de consumo fomentado por la estabilidad de los precios y el acceso fácil al crédito. Sin embargo, no solo ocurrió que el consumo no respondía a una mejora de la productividad de su economía, sino que de hecho fue fomentado por la gran banca alemana y francesa que financiaron el endeudamiento y las multinacionales de esos mismos países que ganaron participación en el mercado griego. A este respecto, también jugó un papel estelar la banca de inversiones norteamericana Goldam Sachs, quien como es público, notorio y comunicacional ayudó al gobierno griego de entonces a maquillar sus cuentas para el ingreso a la Unión, todo bajo la complicidad del BCE, la CE y el mismísimo FMI, siendo que de hecho en muchos casos como también es público, notorio y comunicacional, quienes dirigen estas instituciones son funcionarios o ex funcionarios de Goldman Sachs.

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4. Pero por otra parte, hay que destacar que la mayor parte del endeudamiento griego no fue por un aumento “excesivo” del consumo privado o familiar ni mucho menos de los gastos sociales (salarios, pensiones, etc.), todos los cuales han sido objeto de fuertes recortes. Muy por el contrario, la mayor parte del endeudamiento ha sido de los propios bancos, del consumo suntuario de los sectores de mayores ingresos y de lo utilizado para el gasto militar, siendo que Grecia en la actualidad tiene uno de los mayores equipamiento bélico de la Unión Europea gracias a todo un aparataje cuyos vendedores no han sido otros que alemanes y franceses. Como indican diversas fuentes, Grecia gastó sin razón alguna real en los últimos diez años, unos 10.000 millones de euros en compra de equipos bélicos. Dichas compras, fueron hechas en su mayoría en Alemania (3.000 M€) y Francia (4.000 M€), precisamente los principales acreedores de Grecia. Lo que es más grave, es que según múltiples denuncias y como lo reconoció claramente la canciller alemana Angela Merkel tras la concesión del primer préstamo a Grecia, Alemania forzaba contratos de ventas de armas como condición para concederlos, lo cual quiere decir durante la aplicación de la austeridad social Alemania siguió estimulando el hiper-consumo bélico en vez de hacer lo contrario, agrandando una cuenta de la cual son exclusivos beneficiarios.
5. Pero si es indignante la historia de cómo fue la propia institucionalidad europea, el FMI, la banca privada y las transnacionales los que endeudaron Grecia fraudulentamente, todo por su puesto bajo el amparo de gobiernos colaboracionistas, más indignante y escalofriante resulta saber cuáles han sido los resultados de los ajustes y los “rescates” que dicha institucionalidad ha impuesto en los últimos seis años y que le exige al gobierno de Tsipras que profundice para “salir de la crisis”. Así las cosas, si bien el endeudamiento fue la principal excusa que se utilizó para intervenir Grecia, la verdad del caso es que desde que se puso en marcha el primer rescate en 2010, la deuda pública griega aumentó en lugar de reducirse: en 2009, representaba el 126% de su PIB (unos 301.000 millones de euros), mientras que hoy día luego de los fortísimos recortes de gasto público que se han aplicado sin precedentes en ningún país en la Europa de posguerra, asciende a un 180% de su PIB, es decir, unos 317.000 millones de euros. Ningún dato macroeconómico ha mejorado tras la intervención de los expertos y la aplicación de la austeridad y los ajustes que, según ellos, “procuran sanear y equilibrar las cuentas”: el PIB cayó en 25%, el consumo de alimentos de la población en 28,5%, 61% de reducción media de las pensiones, el 45% de pensionistas viviendo por debajo del umbral de pobreza, 26% de desempleo y más del 50% de desempleo juvenil, todo lo cual desató una fuerte ola migrativa además de considerarse un factor determinante en el aumento del 35% en el número de suicidio en el país registrado desde 2011.

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6. Pero no es la primera vez que un gobierno griego intenta una medida de este tipo, es decir, convocar a su población a las urnas para que elija lo que más le conviene como país. En 2011, el entonces Primer Ministro Yorgos Papandreu propuso hacer un referéndum para validad o no las reformas económicas exigidas por la Troika, y fue obligado a dimitir tras fuertes ataques especulativos y el acoso que ésta impuso sobre la población griega. Lo mismo le pasó a Silvio Berlusconi, el sátrapa ex primer ministro italiano que fue destituido no por las acusaciones en su contra de corrupción y perversión de menores por todos conocidas desde hace décadas, sino por su resistencia a aplicar las medidas exigidas por la Troika. Al haber asomado la posibilidad de convocar a un referéndum, los especuladores y acreedores de la deuda italiana llevaron los costos de ésta hasta niveles de crisis, siendo que a los pocos días tanto su gobierno como la idea del referéndum fueron liquidadas. “El país necesita reformas, no elecciones”, fueron las cínicas palabras de Herman van Rupoy, entonces presidente del Consejo Europeo. Papandreu fue sustituido por Lucas Papademos y Berlusconi por Mario Monti, ambos ejecutivos de Goldman Sachs y personal del BCE que sin contemplación alguna aplicaron las reformas. Fue lo que entonces se conoció como el golpe de estado financiero de Goldman Sachs.

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7. Las exigencias de la troika no solo han demostrado en la práctica ser incapaces de resolver la crisis griega siendo que más bien la han agravado, sino que además en esta última etapa todos los analistas serios coinciden en que son imposibles de cumplir. Lo cual lleva a hacernos la pregunta ¿Cuál es la verdadera intención tras dichas exigencias? En primer lugar está claro que en este como en otros casos hay un grado bastante alto de fundamentalismo neoliberal, de degeneración de la disciplina económica hasta convertirla en la doctrina de una suerte de califato de mercado en el que los tecnócratas actúan con la misma saña de los mercenarios del DAESH pero por otros medios. Pero adicionalmente está presente la convicción de darle una lección al pueblo griego y al europeo en general, para que se persuada de que no hay alternativa posible a los mandatos de la tecnocracia europea y que cualquier intento de rebelión será sometido y aplastado sin consideraciones. Desde este punto de vista, acabar con Syriza y con Tsipras es prevenir que pase lo mismo con PODEMOS en España o en cualquier otro país. De ahí en más, de ser derrotada Grecia, la transferencia de poder y soberanía de cada uno de los países de Europa a Bruselas será total y la democracia europea – como su Estado de Bienestar – definitivamente suprimida.

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8. No caben dudas que la apuesta de Tsipas y Syriza es difícil, pues los mismos poderes que acabaron con la iniciativa de Papandreu se abalanzan sobre ellos y contra el propio pueblo griego con mucha más fuerza. Pero está claro que Tsipras no es Papandreu, así como que el pueblo griego es mucho más consciente a estas alturas del fraude del que ha sido objeto. Con todo y eso es una lucha desigual, pero no es la primera vez que el pueblo griego ha estado en trances donde teniendo todas las de perder simplemente no se rindió y terminó venciendo. Para citar a la reina Gorgo de Esparta – la viuda de Leónidas – frente a amenazas similares, la pregunta no es si se puede vencer o no, sino que haría un hombre libre. Y Grecia es un tierra de hombre y mujeres libres, que como recordó Tsipras – admirador de Allende, del Che y de Chávez – en unos de sus últimos discursos, ya era una civilización ilustrada cuando en el resto de Europa reinaba la barbarie, ya sabía de democracia mucho antes que cualquier otro país del continente y tiene una historia -demasiada historia- que por mucho trasciende a la UE y el Euro y por tanto puede sobrevivirle.