VENCEU O DIREITO DA FORÇA

por Gilberto Prado

.


Prefiro seguir quem sabe. Quem tem algo a me ensinar. Por isso, acompanho Abraão Lincoln estimulando-me a “(…) lutar contra todos, se achar que tenho razão”. Obedeço minha consciência e faço o que ela manda.
Com certeza ela me absolverá.
Daí insistir na tragédia envolvendo a publicação francesa “Charlie Hebdo” e religiosos em geral, com destaque para os muçulmanos, moralmente as maiores vítimas do triste episódio.
Enquanto tratarmos a execução de doze integrantes da revista julgados condenados à morte pela “lei do talião” como simples caso de terrorismo e atentado à liberdade de expressão, não chegaremos a lugar nenhum.
Principalmente quando o acontecido está carregado de exemplos a ser observados ou mesmo seguidos.
Apesar de milenar, fundada Antes de Cristo, a “lei do talião” sequer ganhou o direito de ser grafada com letras maiúsculas. Jamais chegou a ter o direito de ser promovida a nome próprio.
Porém seu poder ameaçador supostamente irracional, ditado no foco do fanatismo religioso, está além de tudo quanto for “Vade Mecum”.
É “olho por olho, dente por dente”.
E foi justamente esse tipo de fórum cujas leis são abstratas e, conforme seus mentores, “ditadas por Alá” que a revista “Charlie Hebdo” resolveu desafiar. E de forma indigna utilizando um jornalismo indecente encontrou um espaço nojento para alcançar a popularidade.
Para isso juntou a torpeza à solércia.
Muitos desconhecem a existência de “duas Franças”. Uma delas atraente, carregada de culturas históricas, alegre, ideal para o turismo, até mesmo o sexual, principalmente em Paris, com bairros especializados, como Pigalle.
Também a França hilária, onde visitantes – alguns “novos ricos” ou “metidos a ricos” – chegam com um único objetivo de tirar três fotografias.
Uma na Tour Eiffel, mesmo sem saber pra que fizeram aquele “troço tão alto”. Outra no Arco do Triunfo, acreditando tratar-de “de um enfeite” e, finalmente no Museu do Louvre, ao lado do quadro de “uma mulher um tanto sem graça” chamada “Gionunseiquê”.
A outra França, por sua vez, fora do cartão-postal e maioria absoluta, é preconceituosa, carregada de ódio. Sempre pronta a descarregar esse sentimento não para os lucrativos visitantes, mas aos estrangeiros que procuram espaço de sobrevivência no país. Entre os quais “incômodos” latinos do outro lado do Atlântico (brasileiros inclusos) e muçulmanos.
Esses últimos, assim denominados por serem seguidores do Islamismo, são os mais perseguidos, a partir dos nascidos – ou descentes – na Argélia, pais da África do Norte pertencente à França até 1962. Seus habitantes, vindos ao mundo antes da independência, são oficialmente franceses.
O “francês real”, termo preconceituoso oriundo do “galicismo” – também “idiotismo” – para separar o patriota cujas “raízes genealógicas” são francesas, não admite essa realidade. Abomina essa minoria “invasora”.
Uma minoria, é verdade, mas juntando-se aos muçulmanos vindos de outros países, formam uma “grande minoria” de seis milhões de almas.
São perseguidos, vítimas da “islamisfobia”. Seus rituais religiosos incomodam. Pesquisas, inclusive da conceituada Universidade de Stanford, indicam a dificuldade de empregos. Sobrevivem quase sempre da solidariedade.
Mas são temidos.
Os franceses “puro sangue” não os enfrentam de forma direta. Deliciam-se como lenitivo em vê-los ridicularizados principalmente pela forma exótica de encarar o mundo.
E é aí que entra a revista “Charlie Hebdo”. Aproveita-se de um “mercado espúrio” para ganhar popularidade. Em expediente canalha fez dos preconceitos social, étnico e religioso uma forma arrivista de sucesso. De alcançar a notoriedade. Cometeu, no entanto, um erro gravíssimo.
Mexeu com tudo quanto é sagrado. Com a crença alheia, ignorando as consequências.
Divertiu franceses intolerantes com ignóbeis charges. Não pouparam sequer os cristãos.
Ridicularizaram a imagem de Deus, colocando de forma grotesca a dúvida sobre a criação do homem; desenharam uma mulher, supostamente a virgem Maria, parindo o “menino Jesus”; um coito anal entre as três pessoas da Santíssima Trindade, “Pai, Filho e Espírito Santo”.

Charlie Hebdo Jesus Natal terrorismo imprensa
Com relação aos islâmicos, desenharam a figura de Maomé dando um beijo homossexual; a caricatura de um Maomé ameaçador, prometendo “12 chibatadas em quem não “morresse de rir”; publicaram o profeta em situação embaraçosa; nu.
Essa última publicação gerou sérios problemas diplomáticos, principalmente porque o Islã considera blasfêmia qualquer insulto ao seu idealizador. Daí, a resposta insolente do “finado” Stéphanne Charbonnie, executado na redação por ele transformada em “quartel general”:
“Maomé não é sagrado para mim. Eu vivo pela lei francesa e não sob a lei do Corão”.
Em seguida publicou uma charge de um judeu ortodoxo sendo fuzilado, com as balas perfurando o livro do Corão, com a seguinte legenda: “O Corão é uma merda”!
Queria o quê?
Mentem os desvairados comunicadores brasileiros quando associam a ação justiceira diferente à decantada Liberdade de Expressão. Essa liberdade não foi ferida. Mas é bom lembrar que ela tem limites. Encerra-se diante de outras “liberdades”. Entre elas a de opção religiosa.
Quem duvidar que enfrente as conseqüências, como foi o caso da “Charlie Hebdo” que a trocou pela licenciosidade. O jargão centenário dizendo que “quando se encerra a força do direito entra o direito da força”, prevaleceu.
A “lei do talião” mandou para o “outro mundo” quem não se comportou com a necessária dignidade quando entre nós.
Venceu o direito da força.

“Sólo pedimos que se nos considere franceses”

“La discriminación no nos volvió inhumanos”, asegura Mourad, un joven del barrio de Amedy Coulibaly. No fue a la manifestación. Su rechazo a la violencia es proporcional a la ofensa que siente ante las caricaturas del semanario.

Un grupo de musulmanes reza durante Ramadán en la vereda de una calle de París. Imagen: Corbis

Un grupo de musulmanes reza durante Ramadán en la vereda de una calle de París.
Imagen: Corbis

 

Por Eduardo Febbro/ Página 12
Desde París

La frase, ya borrosa, “Yo no soy Charlie”, pintada sobre una pared de Grigny traza el territorio de la fractura social. “Aquí estamos aterrados, llenos de tristeza, solidarios con las víctimas del atentado contra Charlie Hebdo pero en total desacuerdo con las caricaturas y más aún con ciertas falsedades que se escriben en la prensa”, dice Mustafá, un joven habitante de esta zona suburbana de París que se ha convertido en el blanco de retratos abusivos y desacertados publicados en la prensa porque aquí, en el barrio de la Grande Borne, junto a sus padres oriundos de Mali y sus nueve hermanas, creció Amedy Coulibaly, el cómplice de los hermanos Kouachi que asesinó a cuatro personas en un supermercado judío del este de París y a una mujer de la Policía Municipal. Entre ser Charlie y no serlo, dos mundos en cuyos intersticios caben un montón de fantasmas. Hastiados de las mentiras y las aproximaciones, unos 30 jóvenes de estos barrios, donde muchos crecieron en las mismas condiciones que los hermanos Kouachi o Amedy Coulibaly, publicaron un video en YouTube donde se defienden. Agrupados en la asociación Jóvenes Reporteros ciudadanos de Grigny, los jóvenes explican: “Rehusamos la amalgama que dice: ‘jóvenes, negros, árabes, musulmanes igual a terroristas, a antisemitas, a delincuentes incultos, a antirrepublicanos y antifranceses’”. El video abarca todo el abanico con el cual, a menudo, estos jóvenes son vistos por una parte de la sociedad: “Terroristas en potencia”, “franceses de segunda categoría”, “malas hierbas”, “vagos”.

terror terrorismo morte

La Francia multicultural tiene un rostro muy distinto de la imagen escabrosa que los atentados del 7 de enero pudieron insinuar. Es una Francia bella, joven, musical, potente y marginada. En uno de sus editoriales, el matutino Libération escribe: “Si no lo habíamos entendido hasta ahora, está claro que en adelante una buena cantidad de franceses, a menudo en los suburbios, está en disidencia moral y social en su propio país”.

Esa disidencia se siente en la piel, sobre todo ahora que decenas de periodistas venidos del mundo entero aterrizaron aquí y “nos trataron como si fuéramos un zoológico”, asegura, molesto y desconfiado, un maliense de la Grande Borne. Los vecinos están horrorizados, sean o no sean Charlie. “La discriminación no nos volvió inhumanos”, asegura Mourad, un joven del barrio de Amedy Coulibaly. Como muchos otros habitantes de este barrio, Mourad no fue a la gran manifestación del domingo 11 de enero. No es lo que se puede decir un “Yo no soy Charlie”. Su rechazo a la violencia es proporcional a la ofensa que siente ante las caricaturas del semanario. “El profeta es sagrado, ese humor no entra en los valores de los musulmanes. Hubiese ido a manifestar, pero siendo solidario con las víctimas habría sido también, de alguna manera, como una forma de aprobar el sentido de esas caricaturas. No podía.” Las palabras se mueven aquí en un delgado pasadizo de sentidos. Ser francés y no ser tratado como tal. Ser musulmán en una de las grandes culturas de Occidente. Grigny está en el departamento de L’Essone, el número 91. En los departamentos contiguos, 92 –Hauts-de-Seine–, 93 –Seine-Saint-Denis–, o 94 –Val-de Marne– durante los días posteriores a los atentados y al de la manifestación se vivieron escenas similares. La gente se juntaba en los barrios sin sumarse al gran movimiento de unión nacional. La discriminación deja huellas profundas que poco tienen que ver con los principios religiosos. “De nada sirve que Mammadou o Abdallá tengan un bachillerato y cinco años de estudios universitarios si después no pueden encontrar trabajo porque tienen un nombre árabe”, explica Nordine Iznasni, consejero municipal de la localidad de Nanterre (departamento Hauts-de-Seine) y figura histórica de las marchas por la igualdad de los años ’80. Mohamed Mechmach, copresidente de la coordinadora Pas Sans Nous (No sin nosotros) es también un emblema de la lucha por la igualdad en los barrios populares. “Sólo pedimos una cosa: que se nos considere plenamente como franceses, y no como franceses aparte”, exige. Su lectura de los atentados es amplia, dolorosa, entre la lucidez, el temor y la esperanza. “Al matar a Charlie Hebdo también nos mataron a nosotros”, explica. Se trata, ahora, de salir de la trampa que los hermanos Kouachi y Amedy Coulibaly le tendieron a todo el mundo. Como arenas movedizas, como esas miradas esquivas de Grigny y ese temor a hablar sin sentirse desigual. “Uno puede llamarse Pierre, Mohamed o Daniel, los habitantes de los barrios populares son las primeras víctimas de lo que ocurrió. Llamarse Mohamed y vivir en un suburbio era complicado, ahora lo va a ser todavía más. Pero los suburbios no son un depósito de culpables, son lugares de solidaridad con las familias de las víctimas. Los suburbios son una parte de la solución. Nos hace falta un debate de fondo para restaurar la justicia social”, asegura Mohamed Mechmach.

Esa pulsión colectiva, ese deseo de volver a empezar de nuevo, esa sensación de que de este drama que sobrecogió al mundo algo nuevo va a salir, se incrustó en el clima como una canción de cuna. La prensa de este fin de semana testimonia ese clamor, a menudo con títulos que se repiten. “Siete días que cambiaron a Francia”, escribe el diario Le Monde en su primera plana. “Los 5 días que nos cambiaron”, anota Le Parisien mientras que Libération titula: “A los actos ciudadanos”. Bajo este titular, el matutino francés ofrece a sus lectores “5 pistas para una renovación republicana”. El mismo presidente francés, François Hollande, llama al país a “un sobresalto nacional”. Son, por ahora, tiempos de refundación, de solidaridad, de recuperación de ese espacio imaginario y colectivo de identificación. Pero también están los excluidos y las consecuencias sociales, culturales y económicas de la exclusión.

diferente homofobia

 

Hay dos países en uno y la reconexión es un trabajo mutuo. Nordine Iznasni es consciente de que ese clima de desconfianza entre los excluidos no desaparecerá con una gran manifestación: “La tentación del repliegue sobre sí mismo es fuerte, tanto más cuanto que mucha gente se siente rechazada y lleva cierto tiempo escuchando insultos contra los musulmanes. El entorno se vuelve un enemigo y así nace la cultura de encerrarse en sí mismo”. De esa exclusión se nutre la Jihad. En esos barrios desconectados y al desamparo deambulan los promotores de la guerra. Aunque se reivindican de movimientos jihadistas adversos, Al Qaida en la Península Arábiga (AQPA) para los hermanos Kouachi y el Estado Islámico para Amedy Coulibaly, sus trayectorias son idénticas, guiadas por las mismas fracturas sociales que caracterizan lo que la prensa llama “la Jihad francesa”: la pobreza, la dificultosa integración escolar, las trabas para acceder al mercado del trabajo, la pequeña delincuencia, la cárcel, la deriva social y una voz oportunista, la de cierto Islam sunnita, que captó su atención en un punto de ruptura del destino. Una palabra siempre vuelve como una piedra filosofal para explicar el fenómeno: la integración. El sociólogo y politólogo Tarik Yildiz, especialista de la integración social y el Islam, destaca que esos “jóvenes radicalizados son la cima más visible de la crisis de integración”. Frente a ellos, también, otra cima: el repetido espectáculo de las injusticias coloniales modernas: la guerra de Irak, el conflicto israelí-palestino, la guerra en Siria, la cruzada mundial contra el Islam que los neoconservadores norteamericanos incrustaron en la agenda política y que tarda en diluirse. “Somos una identidad castigada por las bombas de Occidente y en perpetua relegación”, dice, de forma provocativa, Ahmed, un joven de 19 años de uno de los suburbios con peor fama de Francia: la Cité des 4000, en la localidad de la Courneuve (Seine-Saint-Denis). Gilles Kepel, el gran especialista francés del Islam, ahonda esa idea según la cual la fractura social es el mejor territorio de los radicales: “Cuando se produce una ruptura con los valores de la República francesa ahí hay un terreno muy fértil para el Islam radical”. La “ruptura” no es solamente con los valores, sino, también, con los medios. “Mire a su alrededor, cruce el boulevard periférico que divide París de las afueras, dé una vuelta por esas grandes ciudades dormitorio construidas en los años ’60, ’70 y todo se explica más rápido”, dicen los Jóvenes Reporteros ciudadanos de Grigny. Se explica en una sucesión de imágenes contrastadas: esta no es la Francia de París, sino una orbe distinta dentro de otra. El Estado ha activado medios para desactivar esa tentación salafista que se difunde en ciertos barrios populares. La Maison de la Prévention et de la Famille tiene una brigada especial compuesta por juristas, psicólogos, educadores, criminólogos y victiminólogos que atiende a los jóvenes seducidos por la Jihad. La tarea es polifónica, de una complejidad social inmensa. Exclusión, redes sociales, cárceles superpobladas, cultura tradicional y modernidad, dos religiones diferentes, guerras y fracturas que se prolongan, que se vuelven zonas de existencia complicada, los atentados perpetrados por los hermanos Kouachi y Amedy Coulibaly desmontaron con el horror un escenario fallido. La sabiduría colectiva y los valores de una República se superpusieron por ahora a los enconos comunitarios. Parieron un eco, un eco que circula en estos suburbios y se mezcla con insistencia a la defensa de la libertad: “¿Cuánto durará esa conciencia de que hay que volver a empezarlo todo de nuevo? ¿Cuánto tiempo más estará presente y adónde nos llevará? Para Moussa Boudour, un educador social de Mantes-la-Jolie que usa el deporte como “objeto de diálogo, inserción y transición”, una vez que pase la gran emoción sólo una deuda quedará pendiente: “En realidad, ser Charlie o no ser Charlie es, a esta altura, anecdótico. Lo único que cuenta es cómo vamos a ser franceses, todos por igual”.

 

charge censura humor

“Charlie Hebdo”, crimen de estado

 

por Leandro Albani

Hace unos pocos días el mundo se enteró de una noticia que volvió a despertar el miedo, ésta vez suscitado por un atentado “terrorista” en Francia.
A esta altura, catalogar la matanza perpetrada contra los 12 periodistas del medio “Charlie Hebdo” de otra cosa que no sea “terrorismo”, implicaría minimizar los hechos.

Sin embargo, que se le adjudique tal significado sin apuntar el dedo a quienes son los más grandes sicarios del mundo, puede derivar en una imagen positiva de los mismos, que aplaque una verdadera reflexión sobre lo que debe ser considerado “terrorismo”.

Hecha la ley hecha la trampa

Según la Real Academia Española, el terrorismo es una “Actuación criminal de bandas organizadas que reiteradamente pretende crear alarma social con fines políticos.”

Para la fuente europea, el Estado, como aparato político, no tiene nada que ver con el terrorismo.

Terrorismo no serían consideradas las desapariciones que tienen lugar a diario en México, no lo son las muertes por desnutrición en los países de los cuales los poderosos extraen sus ganancias, ni la utilización de doctrinas de eliminación del enemigo interno.

El sentido común difundido sobre el terrorismo estuvo históricamente asociado a perfiles de grupos extremistas religiosos y/o políticos que pueden ir en contra de los intereses del imperialismo occidental, pero jamás se lo atribuye a las injusticias cometidas por los políticos europeos ni yankees.

Los discursos sobre el terrorismo estuvieron vinculados a Al-Qaeda, Sadam Hussain, a Ocalan, hasta el Che Guevara pero no a la OTAN, a Bush, a Thatcher, a Le Pen.

La lógica es ya bien conocida: una vez identificado el causante de la alarma, los flamantes mandatarios antiterroristas pueden emprender su cruzada. En pos de la lucha antiterrorista pueden intervenir gobiernos o pueden fomentar el más terrible odio contra cualquier pensamiento adverso a sus aspiraciones “republicanas”. De esa forma pueden invadir Irak, pueden invadir Afganistán, África, y Latinoamérica. Terrorista es cualquiera que vaya en contra de sus ideas civilizatorias.

En este momento, para el actual presidente de Francia, François Gérard Hollande, el principal enemigo es el grupo Islámico que ha terminado con la vida de “inocentes” caricaturistas. No obstante, éste no demostró la misma preocupación tras del asesinato de militantes kurdas en su propio territorio en Enero del año pasado, ni los políticos europeos demostraron la misma condolencia con la muerte de los 43 estudiantes de México a manos de narcotraficantes.

Los gestos por parte de la diplomacia francesa y europea son un indicio de que el número de víctimas no es el que determina que tan trágico puede ser el suceso, sino que lo determinante es el origen ideológico de las víctimas. Para ellos cotizan más alto los franceses, que los latinoamericanos.

El mundo tiene que saber que los terroristas son los Islámicos, a pesar que el Estado Francés es uno de los mayores propulsores de la OTAN junto a Estados Unidos, cuyos mercenarios sirven también al Estado Islámico/DAESH. ¿Para combatir el terrorismo no habría que empezar por casa?

No. Tanto el Estado Islámico (financiado principalmente por millonarios de Kuwait, Arabia Saudita, y Qatar), como Francia, Estados Unidos, Alemania, Inglaterra y los países de la UE no están dispuestos a perder la oportunidad de valerse de pretextos religiosos para asegurar su predominio militar y económico en el mundo.

Y en el medio de esta guerra por el capital quedan los pobres, los jóvenes, las facciones religiosas y políticas que confían en que otro orden económico mundial es posible. Quedan los pueblos que luchan por su autodeterminación y no por culturas importadas, basadas en el extractivismo y la explotación humana.

Vale aclarar, que a diferencia del Estado Francés, algunas de las tendencias religiosas que quieren combatir, están a la izquierda de ese Estado hoy cómplice del terrorismo.

Las imágenes de Mahoma

Por otro lado, muy poco se menciona acerca de que el semanario satírico “Charlie Hebdo” fue financiado con fondos secretos de la presidencia de la República durante gobiernos anteriores.

No llama la atención que un medio de comunicación de tal índole, gran difusor de la “Islamofobia” sea considerado baluarte de la “libre expresión” francesa. De lo que se trata no es solamente de burlar a los extremistas del EI, sino a todos los seguidores de Mahoma.

Actualmente no me considero practicante de una religión, pero no me sentiría a gusto si un grupo de dibujantes hiciera chistes sobre la imagen de Cristo. Tampoco me sentiría a gusto si el propio Estado financia esas imágenes o si el mismo está relacionado con un grupo extremista cuya lógica es inhumana.

El Estado Francés es culpable por partida doble.

Mucho menos me sentiría a gusto si el primer mandatario de mi país, quien dicen querer “integrar” a otras religiones, marcha de brazo del antisemita por excelencia de Netanyahu (Primer mandatario de Israel) o con el expresidente francés Sarkozy, implicado en los atentados terroristas en Libia.

Hollande debería pedir perdón como también debió pedirlo el presidente de México Peña Ñieto en su momento.

Tanto los Ayotzinapenses como los dibujantes fueron víctimas del terrorismo del Estado, que a fin de defender su ideología es capaz de cualquier cosa. Hoy somos 43 + 5 +12 + miles.

La excusa del extremismo le viene perfecto a Hollande para expandir más la beligerancia encubierta de pacifismo. No obstante, como demuestran las fotos “no oficiales” de la movilización en Francia, no le será tan fácil contar con el total apoyo de la población, que se concentró muy lejos de la clase política.

Ante la amenaza yihadista, será cuestión de que quienes hoy en Francia no están a favor de ser nuevas víctimas o victimarios de otro tipo de guerra interimperialista, busquen sus formas de resistencia así como lo está haciendo el pueblo mexicano.
Al ver la foto de Hollande donde aparece junto a su staff hipócrita, es imposible no compararla con aquella imagen de 1960 en que Ernesto Che Guevara marchaba junto a Fidel Castro y el pueblo cubano, tras uno de los tantos atentados por parte de Estados Unidos.

che marcha

La gran diferencia es que los revolucionarios marchan del brazo, mientras que los imperialistas solamente se unen cuando la diplomacia lo reclama.

Charlie Hebdo: calar ou ser morto?

A blasfémia é um direito e não um crime

por Francisco Teixeira da Mots
Público/ Portugal

 

democracia censura

A dimensão de que goza a liberdade de expressão numa sociedade é uma excelente forma de aferirmos da sua democraticidade pelo que a definição dos seus limites deve ter sempre em conta que a proibição ou a repressão de qualquer opinião, por mais aberrante que seja, é sempre um prejuízo para a sociedade, ao impedir a livre circulação de ideias.

Há, no entanto, expressões que podem ou devem ser reprimidas, como, por exemplo, a instigação pública à prática de crimes, na medida em que constituam um perigo sério e atual para a integridade física e psíquica dos cidadãos, mas nunca por não concordarmos com as mesmas ou porque sejam aberrantes ou sinistras. Como disse o juiz Oliver Wendell Holmes Jr., do Supremo Tribunal norte-americano, a liberdade de expressão não protege o pensamento dos que concordam connosco, mas sim o pensamento que odiamos.

Muito daquilo que se escrevia e desenhava no Charlie Hebdo – e espera-se que assim continue – era de um profundo mau gosto, por vezes, abjecto e sempre de uma enorme inconveniência, num jornalismo satírico e violento que, à partida, não respeitava nada nem ninguém, testando os limites admissíveis da liberdade de expressão numa cruel apologia de uma humanidade despida de tabus e preconceitos, de moralismos e hierarquias. É por isso mesmo perfeitamente absurdo ver, entre outros, os presidentes da Hungria e da Turquia, países onde a liberdade de expressão é uma miragem, desfilarem em Paris sob a bandeira “Je suis Charlie”.

A matança na redação no Charlie Hebdo é uma manifestação de um fanatismo político-religioso, desesperado, ao qual não podemos responder de forma cordata, mas sim com o radicalismo da palavra: reafirmando a essencialidade de podermos pensar e falar livremente. Não podemos aceitar polícias do pensamento e da palavra, sejam eles fundamentalistas religiosos ou fanáticos moralistas. Muçulmanos, judeus ou cristãos.

Responder com um pretenso “bom senso” ao ataque terrorista à liberdade de expressão em França, com afirmações do tipo “há que ter em conta a sensibilidade dos outros e evitar proferir publicamente palavras que chocam as crenças, nomeadamente religiosas”, seria abdicar da nossa responsabilidade e liberdade enquanto seres humanos e cidadãos de sociedades democráticas. Seria a vitória do terrorismo. No fundo, ceder à chantagem.

A Al-Qaeda da Penísula Arábica já reivindicou a autoria do atentado, nomeadamente a escolha do alvo e o financiamento da operação. Segundo um dirigente desta organização, “a operação foi uma grande satisfação para todos os muçulmanos” e constituiu “uma mensagem forte a todos aqueles que se atrevem a meter-se com o que é sagrado para os muçulmanos”, aproveitando para exortar os ocidentais a “pararem com os seus ataques em nome de uma falsa liberdade”.

Este criminoso fanatismo político-religioso, de uma vanguarda iluminada e autoproclamada representante de toda uma comunidade, que responde às caricaturas do Charlie Hebdo com a execução pública dos cartoonistas não pode prevalecer. Temos de continuar a poder dizer – quem o quiser fazer – e a poder ouvir – quem o quiser, também – todas as inconveniências, políticas, religiosas e culturais, sob pena de um dia não podermos dizer nenhuma, nem mesmo aquelas que já não acharmos inconveniências.

Embora a liberdade de expressão, como garantia do livre pensamento, deva incluir o direito à blasfémia, isto é, às injúrias e desrespeito às divindades e às religiões, não é essa a realidade legal em todos os Estados democráticos. Mas seja um direito ou seja um crime, a blasfémia não é seguramente justificação ou atenuante sequer para a morte dos seus autores.

O terrorismo sempre foi uma realidade extremamente minoritária e nunca conseguiu atingir grandes objectivos ou provocar grandes modificações sociais, antes se consumindo em atos que, embora de grande visibilidade e impacto emocional, são isolados e estéreis. Não podemos, pois, aceitar que o medo nos domine, nem que a Europa mergulhe em qualquer sinistra deriva securitária como aquela a que assistimos nos EUA após o 11 de Setembro, com um crescimento exponencial do Estado com graves prejuízos para os direitos individuais.

Haverá, certamente, explicações para aquilo que sucedeu em Paris, para além do indesmentível fanatismo dos seus autores. Como também as haverá para as crianças armadilhadas “explodidas” em mercados da Nigéria. Ou muitos outros atos terroristas. Certo é que não podemos nunca aceitar abdicar da nossa liberdade pela chantagem terrorista daqueles que desprezam a nossa humanidade.

P.S.– Espera-se que o humorista Dieudonné, que escreveu na sua página de Facebook após ter participado na manifestação do dia 11 de Janeiro que se sentia “Charlie Coulibaly”, seja absolvido do crime de apologia de terrorismo por que foi detido a bem da liberdade de expressão.

Jornal judeu apaga mulheres da manifestação de Paris

Angela Merkel, Ewa Kopacz, Anne Hidalgo e Federica Mogherini foram deliberadamente retiradas da fotografia publicada pelo diário israelita HaMevaser

 

 A fotografia tal como foi publicada no HaMevaser DR


A fotografia tal como foi publicada no HaMevaser DR

Um dos debates que por estes dias mais tem ocupado os meios de comunicação e as redes sociais é se somos ou não todos Charlie, e porquê. Mas há quem não se comova com a discussão. Em Israel, um jornal judeu ultra-ortodoxo decidiu, apesar dos aspectos muito particulares do momento, aplicar a sua linha editorial sem concessões e apagou todas as mulheres da fotografia dos líderes políticos na manifestação de domingo, em Paris.

O HaMevaser – cujo proprietário, Meir Porush, é um antigo membro do Parlamento – publicou na primeira página de segunda-feira uma fotografia adulterada em que a chancelar alemã, Angela Merkel, a primeira-ministra polaca, Ewa Kopacz, a presidente da câmara de Paris, Anne Hidalgo, e a Alta Representante da União Europeia para Política Externa e Segurança, Federica Mogherini, as quatro mulheres que figuravam na imagem original, foram apagadas.

Não é a primeira vez que uma publicação dirigida por e para judeus ultra-ortodoxos retira as mulheres de fotografias colectivas. Em 2011, foi Hillary Rodham Clinton, então secretária de Estado norte-americana, que desapareceu da Situation Room da Casa Branca, juntamente com a directora de contraterrorismo, Audrey Tomason, na fotografia publicada pelo Di Tzeitung para ilustrar a caça ao homem de que foi alvo Osama Bin Laden e que culminou com a sua morte.

O New York Times explica que estes jornais “geralmente evitam imagens de mulheres por uma questão de modéstia, e o seu público-alvo é conhecido por riscar os rostos de mulheres nos anúncios dos autocarros e de as impedir de concorrer a cargos políticos pelos seus partidos”. Mas, dada a situação, e tal como a maioria dos muçulmanos se distanciaram publicamente das acções dos terroristas, também há judeus a fazê-lo neste caso. Mesmo em Israel.

“É muito embaraçoso que, numa altura em que o mundo ocidental está a marchar contra manifestações de extremismo religioso, os nossos extremistas encontrem uma forma de tomar conta do palco”, escreve Allison Kaplan Sommer no Haaretz, diário hebraico que se assume como liberal. A colunista lamenta a negação da importância das mulheres no mundo.

O trabalho de manipulação da imagem é “bastante desajeitado”, segundo o Mediaite, que identifica alguns dos problemas do resultado final. O site norte-americano nota que até a Presidente da Suíça, Simonetta Sommaruga, cujo perfil mal se percebe no original, à direita, foi retocada. As restantes mulheres foram cortadas e os homens aproximados, para encobrir a falta de pessoas. Um dos efeitos curiosos dessa acção é a aproximação do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e do Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas.

O ex-Presidente francês, Nicolas Sarkozy, que está a ser ridicularizado nas redes sociais por ter quebrado o protocolo para se juntar à fila da frente da marcha, ficou na fotografia deturpada do HaMevaser.

A manipulação – que foi denunciada por um outro órgão de informação israelita, o Walla – já teve resposta de uma publicação satírica irlandesa, o Waterford Whispers News, que ainda na terça-feira pôs a circular a versão da fotografia de um “jornal feminista”: o grupo de líderes é reduzido a três pessoas – Federica Mogherini, Anne Hidalgo e Angela Merkel –, que ficam absolutamente sós na rua de Paris. O que levanta outra questão: o diminuto número de mulheres em lugares de destaque na cena política mundial.

A Alá lo que es de Alá

por Davis Torres/ Público/ Es

 

 Zitty Berlin


Zitty Berlin

 

De acuerdo, los autores de la masacre de Charlie Hebdo entraron disparando sus kalashnikov al tiempo que gritaban “Alá es grande”. De acuerdo, eran musulmanes. De acuerdo, hay suras del Corán dedicadas a la yihad y al exterminio de los infieles que, sacadas de contexto, pueden justificar cualquier atrocidad. De ahí a inferir que el islam, la religión más extendida del planeta Tierra, con más de mil cien millones de seguidores, no es más que una serie de mandatos salvajes y homicidas contra todo lo que suene diferente, va un abismo. Aproximadamente el mismo que va a inferir que el responsable último de la matanza de Noruega, donde murieron 77 personas, es el cristianismo sólo por el hecho de que el homicida (Anders Breivik) era un fundamentalista luterano ultraconservador que justificó su acto en nombre de la defensa de una Europa civilizada, cristiana y blanca.

Para los mondrianes del pensamiento que aún dividen el mundo en parcelas del estilo oriente y occidente, blanco y negro, norte y sur, cristianismo e islam, traigo malas noticias. La principal es esa penosa creencia de que el cristianismo ya ha superado sus enfermedades de pubertad, la manía de las cruzadas, de matar brujas, ahorcar herejes y quemar libros. Lamento informarles de que en el norte de Uganda todavía quedan los restos del LRA (Ejército de Resistencia del Señor), una organización militar cristiana liderada por Joseph Kony y dedicada al saqueo, al asesinato y a la violación de niños durante un conflicto que tuvo en jaque la región durante más de dos décadas, lo que provocó el éxodo de dos millones de refugiados y al menos doce mil víctimas. Para que se hagan una idea del grado de bestialidad de estas alimañas (y vean que los cristianos de Kony no tienen nada que envidiar a los musulmanes del Estado Islámico), baste señalar que no sólo usan a los niños como esclavos sexuales sino que, entre las técnicas de entrenamiento para reclutarlos, les obligan a matar a sus propios padres. Para los imbéciles recalcitrantes que piensen que Uganda les cae muy lejos o que eso es cosa de los africanos o del color de la piel, habrá que recordar el nombre de la matanza religiosa más grave ocurrida en Europa desde la Segunda Guerra Mundial. No es fácil de pronunciar: Srebrenica.

Srebrenica, donde ocho mil bosnios musulmanes fueron ejecutados sólo por ser bosnios y por ser musulmanes, no tiene nada que ver con el cristianismo ni con la Iglesia Católica Apostólica Ortodoxa ni con la Biblia ni con el Nuevo Testamento. No hay una sola línea en las Escrituras que justifique esa matanza, por mucho que rebusquemos en los pasajes de Sodoma y Gomorra o en aquella curiosa frase de Jesucristo de que no había venido a traer la paz el mundo sino la espada y a enfrentar al hijo con el padre. Eso es mear fuera del tiesto, tan traído de los pelos como bucear en el Corán y sacar dos líneas del profeta para sugerir que el islam está detrás del atentado contra las Torres Gemelas o de la sangre derramada por unas caricaturas de Mahoma.

La historia es muy sencilla y no va de cristianos contra musulmanes, ni de islam contra occidente, ni de ricos contra pobres, sino de barbarie contra civilización. De lo que ha ido siempre. O ayudamos todos al islam a superar el cáncer del fundamentalismo y a inaugurar su propia ilustración, o estamos bien jodidos. Y ya que jugamos a teólogos, podemos señalar que los asesinos de Srebrenica, aparte de faltar al quinto mandamiento, tomaron el nombre de Dios en vano, un pecado tan repugnante como el de esos asesinos que entraron en la redacción de Charlie Hebdo con la boca llena de Alá y su grandeza. No olvidemos ni uno solo de los doce muertos en París, tampoco a Ahmed, el policía musulmán al que todos vimos suplicando piedad a sus asesinos, y que probablemente murmuró antes de morir: “Alá es grande”. Musulmanes matando a musulmanes y franceses matando a franceses. Así de jodido está el cubo de rubik, así están los autos de su choque de civilizaciones, señor Huntington. Al César lo que es del César y a Alá lo que es de Alá.