A Fifa está morta e enterrada. Agora é hora dos torcedores tomarem conta do futebol

por Andrew Jennings

Joseph Blatter, por Garrrincha

Joseph Blatter, por Garrrincha

 

 

Blatter teria que sair de uma maneira ou de outra. Mas o que ele fez, anunciando que renunciaria, foi como se o bicheiro Castor de Andrade, quando preso no Rio de Janeiro em 1994, dissesse à polícia: “Certo, eu vou estar muito ocupado nos próximos 4 ou 5 meses, mas posso marcar uma reunião com vocês e meus advogados depois disso”. A resposta obviamente seria: “Entre no carro senhor Andrade”.

A ideia de que os mafiosos de Blatter em Zurique estão organizando a sucessão é de tirar o fôlego.

Basta dar uma olhada na coletiva de imprensa de Blatter e na declaração de Domenico Scala: “fizemos várias reformas e vamos fazer mais algumas”. Eles não fizeram reforma nenhuma! É uma mentira. E Scala é um dos seus capangas intelectuais pagos escalados para organizar um congresso. Bem. Apenas duas palavrinhas e uma delas é “off” em inglês. Você sabe qual é a primeira!
Eles não podem organizar um congresso, o mundo do futebol deveria organizá-lo, não Blatter e seus escroques. Acho que os torcedores brasileiros deveriam dizer “O futebol brasileiro não deve ir ao congresso final de Blatter”. Vocês não deveriam se envolver com esse absurdo.

Acho que Luis Figo é um cara legal, um grande jogador de futebol, mas essa fase já passou. Não é hora de escolher candidatos, temos que ter uma outra estrutura, em primeiro lugar, com transparência e liberdade de informação. Essa eleição vai ser completamente roubada, assim como a outra foi roubada.
Como em muitos outros países, vocês, brasileiros, foram traídos pelos seus líderes, os Marins e Teixeiras. Mas no Brasil há milhões de pessoas honestas que também são torcedores de futebol. Sabemos que não precisamos desse mar de lama no Rio. Não precisamos deles. As torcidas podem eleger seus próprios líderes e dizer: não vamos participar disso. E se a CBF quiser ir para o congresso, que vá, mas não os deixem entrar no país quando voltarem. Eles que fiquem na Suíça.

Que espetáculo maravilhoso!

A Fifa deveria ser completamente desmantelada. Ela fede, está morta e enterrada. Foi o que as últimas eleições mostraram. Não havia eleitores reais, eles foram pagos para votar. Vieram de países inexpressivos, que recebem milhões de dólares por ano de Sepp Blatter que vieram dos ingressos da Copa do Mundo que pertencia aos brasileiros. Claro que eles o amam! Ele cuida deles, faz com que enriqueçam e, em troca, eles dão seu voto. Por isso não! Queremos torcedores de todos os lugares votando.

Os “torcedores” – eu lembro dessa palavra apesar do meu péssimo português – deveriam organizar uma conferência em cada um dos estados, e mandar delegados para que democraticamente discutissem que tipo de Fifa queremos. Apenas mudem o nome, deixem Fifa pra lá. Vamos chamar de “Sindicato do Futebol”, que é mais simpático. Ou, Sindicato do Futebol Limpo.

Apenas imaginem – deixando de lado o 7×1 que não vamos comentar – uma das maiores nações futebolísticas do mundo, vocês, sentando-se com os alemães, outra grande nação do futebol, e mandem os torcedores, não esses picaretas, Teixeira, Marin, Del Nero. Digam: “Não queremos vocês aqui. Vamos reunir nossos torcedores. Não tentem nos impedir”.

Porque vocês deveriam jogar esse jogo? Agora eles nem são mais o tirano que os ameaça com o punho: “Façam como mando ou eu te arrebento a cara”. Agora eles são tipo: “com licença, por favor, vocês poderiam nos apoiar”. Acho que se 50 torcedores de futebol chegassem ao portão em Zurique veriam os ratos correndo para os fundos.

Em todo mundo há organizações de torcedores: na Europa, na Escócia, na Inglaterra. Eles são gente decente. Eles deveriam fazer planos juntos. E pedir para ONU apoiá-los para fazer uma conferência em outro lugar! Então os torcedores assumiriam o controle e dizer: “Todos esses caras bem pagos de Zurique podem ficar por lá”. Porque nós não queremos ir para aí. Não queremos que vocês administrem nada. Vocês nos traíram e não queremos papo com vocês. Vamos simplesmente enxotá-los.

Esses acontecimentos recentes deveriam ter como consequência o fortalecimento dos torcedores para que eles passassem a desempenhar um papel importante. Agora vocês têm muito mais condições de acabar com esses jogos de resultados previamente combinados. Porque os torcedores não puderam fazer nada contra isso. Agora os torcedores podem dizer: “Deixa pra lá, já sabemos quem vocês são”. Isso dá poder aos trocedores. Por que não? Essa porra de jogo é dos torcedores, não é o jogo do Sepp Blatter, nem do Del Nero.

Vocês não vão deixar esses bandidos tomarem conta das investigações a menos que vocês sejam o Castor de Andrade de 20 anos atrás no Rio de Janeiro. Sabemos que os gangsters de todos os países compram a polícia. Mas não dessa vez, queridos. Não dessa vez.

 

 

Que bancos os brasileiros usaram para o tráfico do dinheiro desviado da Fifa, CBF, propinas & outras jogadas

As isenções fiscais no Brasil criaram várias máfias nos esportes, inclusive lavanderias de notas frias. Também existem as verbas do Ministério, das secretarias estaduais e municipais dos Esportes. É uma dinheirama invisível. Que não rende medalhas de ouro nas Olimpíadas. Bem que o Brasil seja cotado nos esportes praticados pelos ricos: golfe, esgrima, vela, canoagem, hipismo. E tiro, pela prática dos militares nos protestos de rua. Treinam com balas de borracha. E acertam os olhos dos manifestantes, principalmente dos fotógrafos e cinegrafistas.

O escândalo da Fifa traz de volta velhas e conhecidas sacanagens praticadas pelos bandidos da CBF & comparsas.

Escândalo na Fifa: brasileiro dono da Traffic admitiu culpa e concordou pagar R$ 450 milhões
Brasileiro José Hawilla, dono da Traffic, é um dos que admitiram culpa em escândalo da Fifa

Brasileiro José Hawilla, dono da Traffic, é um dos que admitiram culpa em escândalo da Fifa

Informa Gazeta Press: O escândalo que abalou a Fifa na manhã desta quarta-feira tem três brasileiros envolvidos. O ex-presidente da CBF José Maria Marin é um dos sete executivos da entidade que foram presos na Suíça, mas não é o único acusado pela Justiça norte-americana no caso: os empresários J. Hawilla e José Lázaro Margulies também são citados.

O primeiro é mais conhecido do grande público. Hawilla é o dono da Traffic, renomada empresa de marketing esportivo brasileira. Na investigação conduzida pelo FBI, ele é um dos quatro que já se declararam culpados de acusações que incluem extorsão, fraude e conspiração para lavagem de dinheiro, entre outros delitos.

No dia 12 de dezembro de 2014, segundo informa a justiça norte-americana, Hawilla se declarou culpado das acusações de extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução de justiça e concordou em pagar multa de 151 milhões de dólares (mais de R$ 450 milhões), sendo que US$ 25 mi (R$ 66,2 mi na cotação da época) foram acertados no ato.

Cinco meses mais tarde, em 14 de maio de 2015, duas empresas do grupo Traffic, de Hawilla, a Traffic Sports USA Inc. e Traffic Sports International Inc. também se declararam culpadas da acusação de conspiração para fraude. São as únicas pessoas jurídicas citadas como acusadas no documento da justiça dos EUA.

Antes disso, em julho e outubro de 2013, Daryll e Daryan Warner, filhos do ex-presidente da Concacaf Jack Warner, já haviam admitido culpa – o segundo também pagou multa, de 1,1 milhão de dólares (R$ 2,9 mi). Em novembro de 2013, Charles Blazer, ex-secretário-geral da Concacaf e ex-representante dos EUA no Comitê Executivo da Fifa, se tornou o quarto investigado a se declarar culpado – seu pagamento foi superior a US$ 1,9 milhão (R$ 5 mi).

Segundo o FBI, “todo o dinheiro pago pelos réus está sendo mantido em reserva para garantir sua disponibilidade para satisfazer qualquer ordem de restituição que entre na sentença, para o benefício de quaisquer pessoas ou entidades que se qualificam como vítimas de crimes dos réus sob a lei federal” norte-americana.

José Lázaro Margulies – O outro brasileiro citado como acusado no escândalo é proprietário de empresas de transmissão de eventos esportivos. No relatório, é citada a “Valente Corp. and Somerton Ltd.”. Ele, supostamente, “serviu como um intermediário para facilitar pagamentos ilícitos entre os executivos de marketing esportivo e autoridades do futebol”.

De que banco Hawilla vai tirar 450 milhões? Em que paraíso fiscal ele tem enterrado esse dinheiro? A Receita brasileira sabe? Com a palavra as autoridades econômicas, a justiça e demais autoridades competentes.

El escándalo de la FIFA y la geopolítica de los negocios
Joseph Blatter, por Garrrincha

Joseph Blatter, por Garrrincha

LAS CONSECUENCIAS QUE ARROJA EL CONFLICTO A NIVEL DIPLOMATICO ENTRE VARIOS PAISES PROTAGONISTAS

Vladimir Putin, Angela Merkel y David Cameron mostraron sus posturas diferentes respecto de la situación de Joseph Blatter, reelegido por quinta vez en la Federación. La tensión que se mantiene entre Rusia y Estados Unidos.

Por Gustavo Veiga
El escándalo de la corrupción en la FIFA tiene una connotación geopolítica. Demostró que el fútbol y sus intereses pueden transformarse en un nuevo problema mundial. Tres líderes como Vladimir Putin, Angela Merkel y David Cameron dijeron lo suyo. El ruso defendió al reelegido Joseph Blatter y el inglés le pidió la renuncia. La canciller alemana adoptó una posición más neutra, aunque también criticó lo que pasa en la Federación. Faltó que se pronunciara Barack Obama, pero dos representantes del Congreso de Estados Unidos lo hicieron por él. Los senadores Bob Menéndez –un lobbista de los fondos buitre– y John McCain les enviaron una carta a los congresistas de la FIFA para que no votaran por su actual presidente. También se filtró el conflicto palestino-israelí durante las deliberaciones en Zurich. Hubo un incidente en el recinto con dos mujeres que llevaban una bandera de Palestina y el primer ministro Benjamin Netanyahu cuestionó una eventual exclusión de su país de las competencias, que nunca se concretó. Hasta China firmó un convenio estratégico para el desarrollo de su fútbol con la cuestionada federación, el mismo día de las detenciones de los siete dirigentes acusados de recibir coimas (ver aparte).

En una entrevista que concedió a la televisión estatal de su país, Putin criticó la intervención de la Justicia federal de Nueva York en la FIFA. “Podemos suponer que algunos de los funcionarios realmente violaron normas o leyes, no lo sé, pero ciertamente EE.UU. no tiene nada que ver con eso. Estos funcionarios no son ciudadanos estadounidenses. Y si algún acontecimiento sucedió, no fue en el territorio de EE.UU. Es otro intento evidente de extender su jurisdicción a otros países”, dijo el presidente ruso.

Para entender estas declaraciones hay que remontarse al Congreso de la FIFA donde Rusia ganó la candidatura para ser la sede del Mundial de 2018. Fue el 2 de diciembre de 2010. Inglaterra por un lado; y España y Portugal –que se presentaron como coorganizadores– resultaron los grandes derrotados. En ese momento se eligió en simultáneo a Qatar como sede del Mundial 2022 –una pequeña nación sin tradición futbolística pero con el PBI más alto del planeta–, que se impuso a Estados Unidos en la votación. Crecieron entonces las sospechas de sobornos. Y el qatarí Mohamed bin Hammam, ex presidente de la Confederación asiática que intentó desbancar a Blatter en la elección anterior, fue expulsado de por vida de FIFA porque intentó untar a varios congresistas para que lo votaran. Les ofreció 40 mil dólares por cabeza.

En sus declaraciones, Putin dijo que Estados Unidos pretendió “impedir la reelección de Blatter” y que lo presionó para que Rusia no fuera elegida como sede del próximo mundial hace casi cinco años. También comparó el papel del Departamento de Justicia norteamericano en el caso FIFA, con las situaciones de Julian Assange y Edward Snowden, perseguidos por el gobierno de EE.UU. Sugirió que Washington actúa hoy de la misma manera con Blatter.

Cameron apuntó al blanco sin medias tintas: “En mi opinión debe irse”. Además dijo que “es impensable que Blatter pueda llevar adelante esta organización”. Sus declaraciones las formuló en Berlín durante una conferencia de prensa conjunta con Merkel. Más diplomática, la alemana pidió “transparencia” y señaló que “la corrupción debe ser combatida, y con urgencia”. Donde Putin ve virtudes del presidente de la FIFA, Cameron observa “la parte fea de un juego bonito”.

La oportunidad que eligió la fiscal general de Estados Unidos, Loretta Lynch, para difundir la investigación sobre la trama de corrupción en la federación, es otro motivo de controversia. La pesquisa llevaba como mínimo dos años. Se sabe que contó con la inestimable colaboración de Chuck Blazer, quien renunció a la FIFA en 2013. La propia Concacaf a la que pertenecía, le descubrió ganancias indebidas por 15 millones de dólares a este barbudo regordete, con cierto parecido a Hoss Cartwright, el personaje de la serie Bonanza. Se confesó culpable ante el FBI y después se infiltró con un llavero-micrófono entre los que habían sido sus pares. Su acción todavía no se vincula demasiado con que la FIFA había metido a un lobo en su rebaño casi al mismo tiempo: Michael García, un abogado condecorado por la CIA.

Le otorgaron la medalla Seal por sus buenos servicios. Una distinción que la Agencia da a empleados del gobierno de Estados Unidos y ciudadanos que cooperaron con la central de Inteligencia. García posee amplia experiencia en delitos económicos, terrorismo internacional y seguridad nacional. Como fiscal de Nueva York viajó a Manila, Filipinas, para dirigir una investigación sobre la red Al Qaida. Era obvio que los dirigentes detenidos en Suiza y tres empresarios argentinos prófugos podían ser pan comido para él. No se le atribuye participación en el destape del escándalo, pero sí colocó su piedra basal.

Es más, el informe que les costó la cabeza a dos pesos pesados de la FIFA en 2013 y que redactó García, daba indicios de lo que se vendría: “Havelange y Teixeira en ningún caso debían haber aceptado soborno en calidad de funcionarios oficiales del fútbol, y deberían haberlo devuelto, puesto que se trata de cantidades vinculadas con la explotación de los derechos comerciales”. Más adelante, el texto agrega: “Las dos personas se han comportado de forma reprochable, tanto desde el punto de vista moral como ético”. Se refería a las coimas recibidas de la desaparecida compañía ISL.

Dos años después, las redes de la corrupción en la FIFA quedarían mucho más documentadas. Lo que sorprende es cómo la operatoria de blanqueo y lavado de dinero a través de bancos de EE.UU. pudo sostenerse en el tiempo durante dieciocho años. Al paraguayo Nicolás Leoz, uno de los imputados, se le atribuyen cobros desde 1993 a 2011 por medio del Delta National Bank de Florida, como señaló el diario ABC Color de Asunción.

Las pruebas en que apoya su acusación el Departamento de Justicia mencionan a varios bancos que sirvieron para facilitar la operatoria: J. P. Morgan Chase, Citigroup y Bank of America de Estados Unidos, el HSBC británico y el suizo UBS. El fiscal neoyorquino Kelly Currie comentó: “Parte de nuestra investigación se centra en mirar la conducta de estas instituciones financieras para ver si sabían que estaban ayudando a lavar el dinero procedente de estos pagos ilícitos”. Por ahora sólo eso.

Mientras en la madrugada del miércoles se producían las detenciones de siete dirigentes que enfrentan graves cargos por corrupción en EE.UU. –aún cuando la mayoría son extranjeros o no residían en aquel país– las consecuencias políticas del escándalo todavía no se percibían con nitidez.

Un día después, el primer ministro Netanyahu decía que “si la FIFA intenta dañar a Israel, esto implicará la destrucción de todo el sistema mundial del fútbol”. Se refería al trascendido de que la Federación Palestina de Fútbol iba a pedir que excluyeran a su par israelí de las competencias internacionales. El motivo: que en su Liga juegan cinco equipos de colonias judías en los territorios ocupados.

Jibril al Rajoub, el presidente del fútbol palestino, retiró la moción. Dijo que la canciller Merkel le había hablado y fue una de las personas que lo convencieron de levantar el pedido de sanción. “Muchos presidentes de Federaciones de Asia, de Africa, de Sudamérica, de Norteamérica y Europa me han dicho que no querían sentar un precedente de tener que tratar el tema de una suspensión”, comentó el dirigente. A cambio, propuso que se garantice la libre circulación de los jugadores de su país, que se inicie una investigación contra el racismo que sufre su pueblo y una votación sobre los equipos israelíes que juegan en territorios palestinos. Dos mujeres con una bandera de Palestina ingresaron a los gritos al Congreso de la FIFA y fueron sacadas por la seguridad. Pedían que se votara la sanción que Al Rajoub desestimó. Un escándalo más dentro del gran escándalo en el que varios líderes mundiales defendieron los intereses de sus países.

Los mundiales de fútbol; el patio de recreo del neoliberalismo

por Álvaro Figueroa

Brazil_World_Cup_protests01a-1024x640

Pese a que el poder de las transnacionales y las políticas de libre mercado se pueden visibilizar en todo tipo de grandes eventos, no solo futbolísticos (mundiales de fútbol, Champions League, Copa del Rey…) sino también en otros como los Juegos Olímpicos, la intención de este artículo es centrarse en los mundiales de fútbol y, concretamente en el Mundial de Fútbol de Brasil celebrado en 2014 ya que entendemos que se trata de un exponente muy claro de las ideas que aquí se van a desarrollar.Pero, para empezar y forma muy breve, vamos a definir qué entendemos por neoliberalismo.

El neoliberalismo, también llamado neocapitalismo corporativo, busca una eliminación de la intervención estatal (no de toda ella sino de ciertos aspectos como son el Estado Social o la regulación de la banca o del mercado de trabajo) en la economía de cada país para que dicha economía sea gestionada por los “Mercados” puesto que, según esta teoría, la mano libre del “Mercado” (que ya no es nacional sino que no tiene fronteras, ni patria) es la única que puede garantizar la libertad y el equilibrio económico en un mundo globalizado como el nuestro. Esto viene a simplificarse en que unas pocas corporaciones transnacionales controlen la vida de miles de millones de individuos, siendo considerados estos no como personas sino como clientes, como cifras, como generadores de beneficios. Así pues, el lucro estaría por encima de la dignidad, la libertad, la calidad de vida, y los derechos humanos. Desde esta ideología, y tomando las palabras de Chomsky, el beneficio sería lo único que contaría.

En el ámbito concreto del fútbol, lo cierto es que esta corriente económica ha tenido como consecuencia que este deporte deje de serlo para convertirse en un negocio en el cual los deportistas se transforman en activos que se ofrecen en los mercados de valores (no olvidemos que diversos clubes de fútbol como el Manchester United cotizan en bolsa), en tanto al público se le facilita un producto que consumir, ya sea por vía televisiva o a través de otros operadores de la industria del espectáculo.

Pese a que siguen utilizándose de forma intencionada ciertos elementos populares (se ha dejado ver que algunos famosos futbolistas provenían de orígenes muy humildes, buscando propagar una especie de mito del estilo del “American Dream”), desde hace décadas este deporte está controlado y guiado por el poder político y por el comercial.

Algo interesante es que, entre los socios de la FIFA, encontramos a grandes transnacionales bien conocidas tanto por su poder económico como por sus múltiples abusos: Coca-Cola, Adidas, Visa, Mcdonalds o Sony son algunos de estos socios.

Estas grandes corporaciones fueron, además, las principales patrocinadoras del mundial de fútbol celebrado en Brasil el año pasado, donde se dio por sentado que el Estado Brasileño debía ayudar a pagar los costes de dicho evento, le gustara o no a la ciudadanía brasileña.

Además del gasto público que el gobierno de Dilma Rousseff ha tenido que realizar en infraestructura para el Mundial de 2014 (principalmente estadios de fútbol) y que se ha barajado en más de 2300 millones de dólares, Paul Walder defiende que hay que mencionar los 4300 millones destinados a transporte urbano, los 3400 millones gastados en aeropuertos, los 950 millones en seguridad, los 350 millones en puertos y los 200 millones gastados en telecomunicaciones. Una ingente inversión que buena parte de los brasileños ha tildado de innecesaria y que, de forma directa e indirecta, estaría subsidiando al sector privado y a las grandes empresas. Es decir, todo esto supone que se estarían socializando los costes.

Por otro lado, la ONG InspirAction ha revelado que la FIFA exigió al Estado Brasileño exenciones fiscales a las empresas que, de una u otra manera, participasen en el Mundial. Estos beneficios tributarios han supuesto una pérdida de entre 200 y 500 millones de dólares en la recaudación del estado. Es decir, a la socialización de los costes antes mencionada, hay que sumarle la otra parte del binomio neoliberal: la privatización de los beneficios. En resumidas cuentas, el Mundial ha sido organizado por la alta clase política para que las grandes empresas pudieran lucrarse, al mismo tiempo que Brasil diera una imagen al exterior de nación tranquila y próspera a fin de atraer a nuevos inversores.

Así pues, sabiendo que el de Brasil no es el primer mundial de fútbol en el que este ataque a lo público sucede, y que los mundiales de fútbol llevan años reproduciendo este patrón de actuación, podemos decir que dichos eventos son un fenómeno que contribuye a la concentración cada vez mayor de capitales en manos de unas pocas corporaciones y que resultan nocivo para la clase trabajadora dado que (entre otras muchas consecuencias) supone que se usen los recursos públicos (tan necesarios en un país como Brasil) para aplacar la sed de beneficios de las transnacionales. Esta conclusión nos lleva a tener que valorar cómo podemos luchar contra dicha injusticia.

El abordaje del problema del “Gran Fútbol” por parte de los anticapitalistas no es un camino fácil ya que muchas y muchos de nuestras y nuestros compañeras/os de izquierdas, están muy ligados emocional e identitariamente al fútbol y, a menudo, defienden que este tipo de eventos crea trabajo y por tanto riqueza para el país (lo cual, como ya hemos visto, es falso) y argumentan que se puede estar totalmente en contra de los atropellos de las corporaciones transnacionales pero aún así disfrutar viendo el evento futbolístico de turno. En lugar de chocar frontalmente con estas personas, criticando con actitud moralista su pasión por el fútbol, parece más lógico buscar la verdadera raíz del problema; la instrumentalización que los poderes económicos hacen de estos eventos. Si conseguimos que las personas que acuden a ver un partido de fútbol del próximo mundial de fútbol, acudan al día siguiente a una manifestación contra Mcdonalds o Sony visibilizando sus crímenes, habremos conseguido una importante victoria.

La segunda área de trabajo es visibilizar lo más posible las luchas que se están llevando a cabo contra esta forma de saqueo neoliberal, especialmente en el caso de aquellas que se realizan en el país donde se celebra el evento. En Brasil las protestas por un sistema de transporte público más barato y de mayor calidad supusieron la chispa que llevó a la articulación de una lucha contra los abusos que se estaban llevando a cabo con la excusa del mundial, contra el aumento de la prostitución infantil, el endurecimiento de la represión a los manifestantes que se acercaban a los estadios de fútbol… Debemos trasladar nuestra solidaridad a quienes protagonizan estas luchas y servirles de altavoz en nuestra sociedad, transmitiendo a todas las personas que siguen el mundial que ellas también pueden aportar su granito de arena, compartiendo en sus redes sociales estos movimientos de protesta y colaborando con los movimientos de apoyo las protestas de quienes sufren las consecuencias de este tipo de fenómenos mediáticos.

REFERENCIAS
1) Walder, P. (2014). El hincha, dócil cliente del fútbol neoliberal. Revista Punto final. (Se puede encontrar en http://www.rebelion.org).